Olhar Jornalístico

Ataque em escola: reflexões e lições sobre essa tragédia

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Publicado em 28 março 2023
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Vamos esperar que esses episódios não se repitam e não se tornem uma rotina no Brasil

 

Por Daniel Becker

Ontem, 27 de março, foi um dia triste, marcado por uma tragédia: um assassinato numa escola, cometido por um menino de 13 anos que atacou diversas pessoas e conseguiu matar a professora Elizabeth, a quem eu mando o meu abraço, minha solidariedade à família, uma pessoa de 71 anos, uma apaixonada pela educação, e também mando um abraço pra professora Cíntia, que conseguiu conter esse menino e evitar que esse massacre fosse pior.

É importante a gente refletir sobre isso e tentar tirar lições sobre esse episódio, que possam nos ajudar a refletir como sociedade. Nada que vá contribuir pra esclarecer esse crime, para tentar entender esse menino, mas reflexões genéricas a partir de certos elementos que essa tragédia apresenta e que são importantes que a gente pense sobre eles.

Primeiro, esse menino tinha uma conta no Twitter. É totalmente inadequado ter uma conta aos 13 anos porque o Twitter é um lugar de ódio, de violência, de ideologias radicais, de bolhas de extrema direita. É um lugar extremamente perigoso para adolescentes e ele estava solto ali. Nessa conta ele falava de misoginia, queria matar mulheres, especialmente as mais bonitas, e falava de armamentismo. Dizia que era perseguido e que ninguém falava com ele, ninguém gostava dele, e que sofreu bullying. Falou também sobre o pai dele dizendo que era um “FDP”, que o criticava e humilhava diariamente. Então vamos tentar pensar sobre essas coisas.

O que esses elementos podem nos trazer de reflexões? Primeiro lugar: é muito importante a gente vigiar o que os nossos filhos, crianças e adolescentes, estão fazendo nas redes sociais. São lugares perigosos entre outras muitas outras coisas por isso: são cheios de ideologias nocivas, odiosas que cultivam preconceitos, racismo, misoginia, onde se formam bolhas em que a criança ou adolescente não vai ter nenhum contraponto de ideologia que se oponha a esse tipo de radicalismo. Assim, ele vai mergulhar cada vez mais nesse mundo e isso favorece atitudes como essa. Já é inadequado um garoto de 13 anos estar no Twitter, muito mais ainda sem nenhum tipo de vigilância.

Em segundo lugar, falar da ideologia do armamentismo, da violência, do ódio que se espalhou na sociedade brasileira. Nos últimos quatro anos, nós vivemos o predomínio político de um grupo que esteve no poder, de um grupo de extrema direita, ultra radical, extremamente violento, ligado à milícia, à ideologia das armas e à disseminação do ódio quanto a minorias, que propalava que os adversários políticos tinham que ser fuzilados e coisas do gênero.

O armamentismo é uma praga nos Estados Unidos e esse tipo de massacre é extremamente comum lá. Há pouco tempo havia mais crianças mortas em massacres do que dias do ano em 2023. Assassinatos a bala são a principal causa de morte nos Estados Unidos de crianças. É para esse lugar que estamos querendo ir? Esse é o grande fator ligado a essas tragédias: o armamentismo.

Essa cultura do armamentismo se expandiu enormemente no nosso país nos últimos anos. Nos últimos quatro anos, para ser exato. Não só a cultura, como o próprio armamentismo, as armas se disseminaram na sociedade, os clubes de caçadores e atiradores se multiplicaram — a maior parte pra mim é fraude, são pessoas que estão comprando armas pra vender para o crime organizado, inclusive. Isso é muito grave. E a quantidade de armas duplicou na nossa sociedade, com o governo fazendo leis pra facilitar a compra de armas de uso que favorecem massacres, como fuzis, metralhadoras automáticas, e tentando passar leis pra que as munições não sejam sequer rastreáveis. Coisas absurdas. E a gente precisa combater essa ideologia da armamentismo de forma muito, muito séria.

Esse novo governo se comprometeu contra isso como uma das suas prioridades. Eu espero que isso seja levado à frente.

Em terceiro lugar, racismo e misoginia também se espalharam nas redes exatamente nesse mesmo período (possivelmente pelos mesmos motivos). A gente viu essas ideologias sairem do esgoto e se espalharem pela sociedade, disseminadas inclusive em igrejas. Isso é muito sério, a gente precisa olhar para os nossos filhos e ser exemplos pra eles, exemplos de se relacionar com as pessoas com igualdade, com amor, com respeito, tratando a todos dos da mesma maneira.

Além disso, esse menino falava em bullying. Isso é uma coisa muito séria, tendo ele ou não sofrido bullying, se ele fala nisso é importante que a gente reflita. O bullying é algo muito grave porque é perseguição sistemática, não é uma situação pontual, são humilhações e agressões diárias. Isso deixa uma criança num sofrimento monstruoso e precisa ser detectado, precisa ser trabalhado por todos, pela família, pela escola, porque uma criança que sofre bullying não fala sobre isso. Ela vai acumulando aquela dor imensa e pode explodir como uma agressão ou com uma depressão.

E, finalmente, esse menino falava de um pai violento, um pai não que batia nele mas que humilhava, agredia e criticava todos os dias. É muito importante a gente refletir sobre como cuidamos das nossas crianças. A importância da gente ter uma relação de cuidado, de amor, de afeto, de respeito com a criança desde cedo. Que a gente seja uma referência de segurança, de confiança, para que ela procure a gente quando precisar, quando estiver numa situação difícil e quiser consolo, carinho e orientação, quando ela estiver confusa e não souber o que fazer.

Nós devemos ser os esteios, os protetores dessa criança e não aqueles que acusam, que humilham, que criticam e que fazem ela se sentir cada vez pior. E é claro que essa criança provavelmente ela estava abandonada em casa, tanto que tinha uma conta no Twitter completamente livre onde ele fazia e falava das coisas mais terríveis sem que ninguém provavelmente soubesse.

Então é importante a gente refletir sobre o tipo de cuidado, de criação que a gente oferece aos nossos filhos. Lembrando da importância da gente fazer essa criação com amor, com afeto, respeito e confiança. Que a gente possa ser uma referência de amor, afeto, respeito, e confiança pros nossos filhos. E esperar que essas tragédias não se repitam e não se tornem uma rotina no Brasil. Fonte: https://oglobo.globo.com

Aluno esfaqueia e mata professora em ataque a escola em SP

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Publicado em 27 março 2023
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Testemunhas disseram que o menino que agrediu colegas e professores tinha 13 anos e uma relação problemática com os demais estudantes. Escola ficará fechada por duas semanas

 

Por Mariana Rosário — São Paulo

Alunos e professores foram esfaqueados na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo Mariana Rosário

O governo de São Paulo confirmou a morte de uma das três professoras atacadas a facadas por um aluno na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, na Zona Oeste da capital paulista.

 

Morre professora esfaqueada por aluno em SP

A informação foi confirmada na manhã desta segunda-feira em coletiva de imprensa na porta da escola com o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, e o secretário da Educação, Renato Feder.

A professora que faleceu se chama Elizabeth Tenreiro, e tinha 71 anos. Ela foi a primeira atingida pelo aluno ao entrar na sala de aula. As demais vítimas, segundo o secretário de Educação, estão fora de perigo.

— A professora foi socorrida via terrestre e evoluiu a óbito. São quatro professoras e dois alunos vítimas, temos três professoras que sofreram alguns golpes, mas encontram-se estável. E os outros dois são superficiais — disse Derrite. — Um aluno está estável, já atendido, e outro em estado de choque.

Uma das professoras, Cinthia Barbosa, de Educação Física, ajudou a imobilizar o agressor, até a chegada da ronda escolar, três minutos depois de acionada.

— Não fosse essa ação heroica da professora, certamente a tragédia seria maior. Registramos aqui nosso agradecimento — disse Derrite. — O foco agora é dar atendimento às vítimas.

As outras professoras se chamam Rita de Cássia Reis, Ana Célia Rosa e Jane Gasperini. O governo de SP informou que a escola ficará fechada por ao menos duas semanas e o recesso de julho

 

Aluno também esfaqueou colegas em ataque a escola em SP

Ainda é preciso, acrescentou o secretário, entender as motivações do crime. Testemunhas disseram que o menino que esfaqueou os colegas e professores tinha 13 anos e uma relação problemática com os demais estudantes. Ele já tinha sido aluno da instituição e pediu transferência de volta, em 15 de março.

Em nota, o governo de SP informou que a professora de 71 anos chegou a ser levada em estado grave para o Hospital Universitário da USP, mas morreu em seguida. "O Governo de SP lamenta profundamente o óbito da professora e se solidariza com as famílias dos professores e alunos vítimas do ataque. A Polícia Militar foi acionada e a Civil investiga os fatos", afirma o texto. Fonte: oglobo.globo.com

Decidi deixar o Twitter. Não desejo emprestar nome e credibilidade a uma plataforma que favorece comportamentos criminosos

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Publicado em 27 março 2023
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Por Natalia Pasternak

O fenômeno das bolhas de desinformação nas mídias sociais é conhecido há tempos. Os algoritmos reforçam a circulação de informação – e desinformação – que reforça os preconceitos e crenças comuns no interior de grupos que compartilham ideologias e estilos de vida. Dentro da bolha, é natural encontrar quem pensa parecido, e mensagens que reforçam essas semelhanças são mais compartilhadas do que mensagens que desafiam e contradizem o consenso interno.

Psicólogos sociais distinguem bolhas epistêmicas de câmaras de eco. Nas bolhas, informação divergente não existe. As pessoas talvez nem saibam que há quem pense diferente delas. Imagine, por exemplo, uma comunidade religiosa pequena e fechada, para cujos integrantes a ideia de existir um ateu no mundo é quase inconcebível.

Nas câmaras de eco, sabe-se que ideias divergentes existem, mas estas ideias são ridicularizadas. Quem as defende é atacado e difamado, há repressão e assassinatos de reputação.

Na bolha epistêmica, vozes relevantes para a diversidade do debate são excluídas acidentalmente, sua existência não é conhecida. Já nas câmaras de eco, a exclusão é deliberada, mas a divergência não só é conhecida como se torna o foco da existência do grupo, que gira em torno do discurso de ódio contra a dissidência. Segundo o filósofo Thi Nguyen, bolhas epistêmicas podem ser furadas com exposição a evidências contraditórias, mas esta intervenção requer cuidado, ou corre-se o risco de a bolha virar câmara de eco.

As câmaras, infelizmente, não têm muita chance de salvação. Tentar penetrá-las para travar um debate honesto é quase sempre inútil. O contexto social da câmara perverte o processo.

Recentemente, decidi deixar o Twitter. Toda a minha produção de conteúdo sobre ciência está em artigos de jornais e revistas, publicações científicas e programas de rádio e TV. Meu uso da plataforma tendia a limitar-se ao compartilhamento destes conteúdos. De pessoal mesmo, só fotos de gatinhos.

Com a troca de controle do Twitter, o ambiente ali deteriorou-se. Perfis que haviam sido banidos por assédio, racismo e homofobia foram convidados a retornar. A monetização do selo verificado e dos impulsionamentos de conteúdo facilitam a multiplicação de câmaras de eco, discursos de ódio, fazendas de trolls e aceleradores de desinformação. Assédio, difamação e calúnia são premiados com aplauso e visibilidade ampliada.

Durante a pandemia, considerei minha presença ali necessária. No contexto particular da emergência sanitária, o Twitter viu-se elevado a referência para o jornalismo, que acompanhava o debate entre cientistas na plataforma. Com a normalização da Covid-19, que deixa de ser uma crise, o meu trabalho volta a ser de nicho, de alertar contra o uso de pseudociência em políticas públicas e a circulação de crenças perigosas na sociedade. Sair da plataforma foi para mim, portanto, uma decisão técnica e também particular.

Técnica porque o colapso acelerado da plataforma em câmaras de eco em guerra constante, impermeáveis a fatos e argumentos, reduz muito seu valor como ferramenta de trabalho. É como um motor de carro que faz muita fumaça, muito barulho e quase não transmite energia para as rodas. E particular porque não desejo emprestar nome e credibilidade a uma plataforma que favorece comportamentos criminosos. Popularidade é útil, mas não a qualquer preço.

Como presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), professora e voz com acesso ao debate público, meu trabalho é ensinar e tornar a informação científica disponível e amigável para todos. Isso, faço em diversos veículos de mídia. O IQC, enquanto instituição, seguirá disponibilizando conteúdo nas mídias sociais enquanto ainda for possível extrair algumas migalhas de trabalho útil dessas plataformas. Fonte: https://oglobo.globo.com

Aposentado do Globo Repórter, Sérgio Chapelin diz que evita abrir a boca na rua: 'Isso me cria muito problema'

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Publicado em 25 março 2023
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Sergio Chapelin em último programa do Globo Repórter apresentado por ele - João Cotta/TV Globo

Programa que já foi comandado pelo jornalista completa 50 anos neste ano e será um dos assuntos do 'Fantástico'

 

Sérgio Chapelin pode não ser mais o apresentador do Globo Repórter, mas o programa segue em sua rotina. No próximo domingo (26), o jornalista concede uma entrevista à Renata Ceribelli, no Fantástico, sobre os 50 anos da atração jornalística, celebrados em 2023, e curiosidades de sua rotina. Na conversa, ele fala de um cuidado redobrado todas as vezes que sai de casa.

"Chapelin, você até pode passar desapercebido pela rua, mas na hora que você fala as pessoas já pensam: opa, o Globo Repórter tá aí?", brincou Renata. Chapelin, então, concordou e relatou como é a rotina: "É, realmente é assim. Isso me cria muito problema. Porque, por exemplo, eu saio com a minha mulher, saio, bota o meu bonezinho, boto meu shortzinho, minha camiseta e saio caminhando. A minha mulher fala assim: 'Não abre a boca! (risos) Não abre a boca!'".

O jornalista apresentou o Globo Repórter durante 37 dos 50 anos e tem um aprendizado que ficará para sempre. "Olha, eu não aprendi a fazer outra coisa. Então, a única coisa que eu aprendi na vida foi a ler um texto, né? Minha mãe (se emociona), minha mãe me ensinou a ler o primeiro", revela ele que se aposentou da emissora em 2019.

Os jornalistas Cid Moreira e Sérgio Chapelin, apresentadores do "Jornal Nacional" em 1972, posam para foto Reprodução

Além de Chapelin, Renata conversou com Sandra Annenberg, Ernesto Paglia e outros jornalistas envolvidos com a festividade do Globo Repórter, que começa a ser comemorada no dia 31 de março. Fonte: https://f5.folha.uol.com.br

Breve ensaio sobre o ódio

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Publicado em 24 março 2023
  • o ódio
  • quem odeia
  • A epidemia de ódios
  • Ser odiado

A epidemia de ódios entre grupos não fica só no que se vê como antagônico a suas ideias. A maior vítima é quem odeia

 

Por Nelson Motta — Rio de Janeiro

A epidemia de ódios coletivos e entre grupos e facções, do ódio minando e destruindo relações de amor, de amizade e de família, não fica só no ódio irracional e incontrolável pelo que vê como antagônico a suas ideias e valores. Claro, a maior vítima do ódio é quem odeia, porque os odiados às vezes sequer sabem que são odiados. Ser odiado por pessoas desprezíveis vale como elogio.

Ouvi dizer muitas vezes que o ódio é o reverso do amor, que onde há um há outro, que são indissociáveis. É verdade, mas o reverso do amor, para mim, são o desprezo e o esquecimento. Se ainda há ódio, rancor, ressentimento, ainda há amor, todo retorcido, mas há. Mas o desprezo é a ausência de todo amor, e até de compaixão. Vale desde a relação afetiva à amistosa e à política.

Viver em um ambiente de ódios difusos, e difundidos, públicos, devia ser cuidado pelo Ministério da Saúde Mental, porque esse ódio venenoso é levado para dentro das famílias, dos amigos, das relações amorosas, onde encontra outros motivos, velhos ressentimentos, rancores secretos, invejas enrustidas, para ser despertado e se manifestar. A resposta ao ódio não é o ódio nem o amor: é a rejeição absoluta.

Um aspecto muito interessante do ódio foi desenvolvido por Freud como o “ódio ao benfeitor”. Alguém que é ajudado por alguém em um momento de infelicidade e abandono, que odeia o benfeitor porque ele será sempre testemunha de sua incapacidade e seu fracasso — que motivou a ajuda. Se sentirá sempre devedor, mesmo que não cobrado, se sentirá inferiorizado, invejando o sucesso do benfeitor, e acaba explodindo. É muito humano e comum, em diversos níveis, tanto quanto a gratidão verdadeira, porque ninguém finge nem mente gratidão, um sentimento ainda mais nobre do que o amor, porque sem suas imperfeições.

É bonita a gratidão. Porque é sempre a resposta a um ato de amor. Obrigado é a palavra que mais falo, ao menor pretexto, um vício. Eu agradeço sempre, a Deus, aos santos e orixás, às forças da natureza, meio na fé e meio como um exercício de humildade, para me conscientizar de que tudo aquilo que te encanta e embeleza e justifica a vida não é só uma conquista sua, não é seu merecimento, mesmo porque essas forças poderosas e desconhecidas não fazem julgamentos e favorecimentos. Embora gente rasa, e pretensiosa, se acredite na lista dos “queridos preferenciais” do mistério e do desconhecido, por seus méritos humanos... e vive agradecendo rsrs.

E para finalizar, trecho de uma letra de samba-canção lupiciniano, in progress, com Tim Bernardes, que escrevi inspirado por essas reflexões:

“O reverso do amor.”

“Engana-se muito quem pensa

que o ódio é o avesso do amor,

os dois estão juntos na gente,

como o bem e o mal, o prazer e a dor,

o reverso do verso, o inverso do afeto,

não é ódio nem raiva ou rancor,

é o desprezo e o esquecimento,

é a indiferença e o silêncio sem cor”.

Fonte: https://oglobo.globo.com

Operação no Complexo do Salgueiro (RJ) deixa 11 mortos

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Publicado em 23 março 2023
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Operação no Complexo do Salgueiro (RJ) deixa 11 mortos

Polícias buscam integrantes de uma facção criminosa do estado do Pará e envolvidos com ataques recentes a comunidades no Rio

 

Uma operação das polícias Civil e Militar deixou 11 mortos no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana, nesta quinta-feira (23), onde ocorreu uma intensa troca de tiros.

A ação conjunta da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) e do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) tinha como alvo integrantes de uma facção criminosa do estado do Pará e lideranças envolvidas com ataques recentes a comunidades da zona oeste do Rio.

Segundo a Polícia Civil, o objetivo era cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão. Entre os alvos estão os responsáveis por uma série de ataques contra agentes de segurança pública do Pará, que mataram mais de 40 policiais desde 2021.

Ainda de acordo com a investigação, os criminosos também têm ligação com um roubo em um shopping da Barra da Tijuca, em junho do ano passado, no qual um segurança foi baleado e morto.

Duas mulheres baleadas

Ao menos duas mulheres foram baleadas de raspão nas pernas durante a troca de tiros na comunidade. As vítimas, de 53 e 62 anos, foram levadas por policiais ao Hospital Estadual Alberto Torres, na mesma região, e passam por exames. Fonte: https://noticias.r7.com

Tragédia no RJ: novo vídeo mostra caminhão ao perder o controle e atingir carro de frente

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Publicado em 21 março 2023
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Pai, mãe e 4 filhos morreram após carro da família ser jogado para fora da pista por carreta no sábado (18). Outros dois filhos do casal estão internados em estado grave.

 

Por Henrique Coelho, g1 Rio

Um novo vídeo mostra outro ângulo do acidente que terminou com uma tragédia familiar na Baixada Fluminense. A câmera de um veículo que vinha atrás gravou quando um caminhão perde o controle e bate de frente com um carro que vinha na pista contrária.

O acidente matou seis parentes que estavam no carro. Outros dois foram internados em estado grave.

Um dos sobreviventes, Guilherme Lima Correa, de 14 anos, teve o protocolo de morte cerebral iniciado pelo hospital, na noite desta segunda-feira (20). Horas antes, os corpos de Leticia Gabrielle Fernandes de Lima, 32 anos, de Jhonatan Guimarães Corrêa, 35, e de quatro filhos do casal, com idades entre 2 e 10 anos, foram enterrados no Cemitério Parque Nicteroy, em São Gonçalo.

Christhian Lima Correa, de 16 anos, está entubado no CTI do Hospital Estadual Alberto Torres, após passar por cirurgias no sábado.

 

Motorista responde por homicídio culposo

A imagem parece corroborar o que disse o motorista do caminhão na 67ª Delegacia de Polícia (Guapimirim), onde foi ouvido e liberado.

Em depoimento, ele afirmou que perdeu o controle ao tentar dar espaço para a passagem de outra carreta, na BR-493, a Magé-Itaboraí, na altura do Vale das Pedrinhas, em Guapimirim, próximo ao município de Magé. O vídeo mostra o caminhão desviando parcialmente para o acostamento, onde há um desnível. Ao tentar voltar, o caminhão invade a pista contrária.

"Ela desviou, abriu um pouquinho. Ali, a pista é meio estreita, aí entrou no acostamento. Eles recapearam a pista, mas não o acostamento. Ele bate com a roda traseira nesse declive, perde a direção, foi tentar segurar e atravessou a pista", disse o delegado Antônio Silvino Teixeira, titular da 67ª DP (Guapimirim).

O exame de alcoolemia apontou que ele não havia ingerido bebida alcóolica. O motorista vai responder por seis homicídios culposos – quando não há intenção de matar.

Acidente envolvendo carro e carreta em Magé deixa seis mortos e dois feridos graves

O delegado relatou que a carreta desviou porque vinha outra carreta em sentido contrário, como dito pelo motorista em depoimento. A pista era estreita e, segundo o motorista, havia um desnível.

"Foi recapeado o asfalto, mas não foi recapeado o acostamento. Ele bate com a roda traseira no acostamento, nesse declive que existe ali, perdeu a direção, mas atravessou a pista e colheu esse gol de frente", descreveu o delegado sobre o acidente.

 

Os mortos no acidente são:

Leticia Gabrielle Fernandes de Lima, 32 anos;

Jhonatan Guimarães Corrêa, 35 anos;

Gabrielle Lima Corrêa, 10 anos;

Enzo Gabriell Lima Corrêa, 5 anos;

Isaque Lima Corrêa, 8 anos;

Larissa Lima Corrêa, 2 anos.

Segundo a avó, a família estava a caminho do aniversário de uma outra neta.

“Preparamos a piscina para eles passarem a tarde, mas eles não chegavam. Tentamos ligar, estranhei e identifiquei o carro pelo g1. Tudo batia. Eu liguei uma coisa com a outra, fui no [Hospital] Alberto Torres para saber se era o meu neto, e era ele", disse a avó Valéria de Assis Correia, mãe de Jhonatan.

"Ali sempre tem acidente porque não tem acostamento. Se der uma pane, você tem que parar no meio da estrada. Ali tinha que ter uma melhora na pista. A minha irmã me ligou desesperada e perguntou como eu estou. A ficha só caiu quando vi eles mortos. Eu peço a Deus que os meus outros dois netos se recuperem e vou criá-los como pai. Peço a Deus que eles saiam de lá", disse o avô Jaú Lima Correa.

A caçula de 2 anos, Larissa Lima Correa, chegou a ser socorrida, mas não resistiu.

Ainda nessa segunda (20), as marcas da tragédia ainda eram vistas na estrada. Os motoristas que passam por ali esperam há anos pela duplicação da pista.

Em 2014, o Governo Federal começou as obras que tinham previsão de término em 2018.

A concessionária Eco-Rio-Minas assumiu a gestão da rodovia em setembro do ano passado e diz que a obra está prevista no contrato de concessão, mas que o prazo de conclusão é até 2026. Fonte: https://g1.globo.com

Regulação das redes não é bala de prata

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Publicado em 20 março 2023
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O necessário equilíbrio na regulação das redes sociais começa por expectativas realistas. Uma nova lei não resolverá todos os problemas. Regulação rígida pode gerar novas distorções

 

Há crescente consenso da necessidade de regulação das redes sociais. O atual regime jurídico tem dado margem a muitos abusos, como se o mundo digital fosse território sem lei. Sob pretexto de liberdade de expressão, verifica-se intensa difusão de ameaças, ataques e notícias mentirosas, que tensionam o tecido social, distorcem o debate público e colocam em risco as instituições democráticas. Nesse cenário, o Judiciário tem sido instado a atuar e, apesar de indispensável para a defesa das liberdades e do Estado Democrático de Direito, sua atuação acaba por gerar novas distorções e tensões. É urgente prover um novo marco legal para as redes sociais.

No entanto, por mais evidente que seja a necessidade de regulação do setor, é preciso advertir que o desenho desse novo marco legal exige especial cuidado, começando por calibrar, de maneira realista, as expectativas em relação a seus efeitos. Os desafios sociais e políticos decorrentes das redes sociais não serão resolvidos simplesmente com uma nova lei, por mais perfeita que ela possa ser.

Por exemplo, os atos do 8 de Janeiro explicitaram e confirmaram uma vez mais o perigo que as redes sociais trazem para a democracia. Muitos dos crimes ali praticados foram incentivados, anunciados e organizados nas plataformas digitais. A ideia, bastante difundida, de que essas empresas seriam totalmente irresponsáveis pelo conteúdo publicado em seus canais permitiu a ocorrência dos crimes. Além disso, as empresas operam com algoritmos que ampliam a exposição de mensagens que geram engajamento, favorecendo a difusão de conteúdos radicais e extremistas. Na prática, as redes sociais não só foram indiferentes, como também ajudaram a construir o ambiente de desinformação e de ameaça ao regime democrático.

Ao mesmo tempo, seria ingenuidade achar que uma adequada regulação das redes sociais resolva – ou deva resolver – todos os problemas sociais e políticos envolvidos no 8 de Janeiro. Não é só uma questão de expectativa irreal, o que depois vai gerar frustração. O problema é mais grave. Essa expectativa desequilibrada modifica a própria ideia do que deve ser uma adequada regulação das redes sociais.

Há quem proponha, por exemplo, que empresas como Google ou Facebook recebam o mesmo tratamento jurídico que as companhias de comunicação, que têm uma responsabilidade muito mais acentuada sobre o conteúdo publicado. A proposta, que talvez possa entusiasmar muita gente – seria um modo imediato de acabar com a circulação irresponsável de conteúdo criminoso –, ignora, no entanto, o fenômeno específico das redes sociais, inviabilizando seu funcionamento. Seja para qual setor for, uma adequada regulação jurídica tem como condição indispensável o conhecimento do seu modus operandi. A lei não pode ignorar a realidade.

Relacionada com a primeira proposta, outra ideia, que vez por outra se ventila, consiste em conceder às plataformas digitais poder irrestrito para retirada de conteúdo, sem necessidade de decisão judicial. Diz-se que essa autorização proveria a tão sonhada agilidade na contenção de conteúdos criminosos. O mecanismo acarreta, no entanto, problemas sérios em relação à liberdade de expressão, com riscos de abusos e distorções ainda maiores no debate público.

Há de se conceder razão, portanto, ao presidente da Câmara, Arthur Lira, quando defendeu a necessidade de “encontrar o caminho do meio para legislar sobre e julgar questões envolvendo liberdade de expressão, redes e democracia”. No dia 13 de março, em evento sobre o tema, Lira reconheceu que se trata de “equilíbrio delicado”, que “envolve valores inestimáveis para a vida pública brasileira”. E advertiu: “Esse equilíbrio não é uma utopia, mas uma necessidade”.

Com suas duas Casas, o Legislativo existe precisamente para esses casos: quando, diante de muitos interesses e perspectivas possíveis, o País precisa de um marco jurídico equilibrado, que expresse os vários anseios da população, respeite a Constituição e defenda a democracia. Não se espera menos do Congresso. Fonte: https://www.estadao.com.br

Há vida além do Facebook

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Publicado em 15 março 2023
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Há vida além do Facebook

Apaguei meu perfil do FB. Foi um banho de sal grosso digital. Mantive o Instagram. Eu me tornei menor no mundo digital. Mas muito mais autêntica

 

Por Martha Batalha — Rio de Janeiro

Passei nos últimos dias uma quantidade vergonhosa de horas tentando apagar meu perfil no Facebook. A intenção era deixar de ser pessoa para me tornar uma página de autora, mas a mudança, possível de se realizar com dois ou três cliques, escondia-se sob camadas inúteis de informação.

Segundo a página de ajuda, as instruções estavam no account center (meu FB é em inglês). E onde estaria o account center? Depende, dizia a página. Ele poderia estar tanto no topo da tela quanto abaixo e à esquerda. Achei estranho, um account center com direitos de locomoção, mas eu estava disposta a relevar se ao menos ele EXISTISSE. Não era o caso.

Em resumo, para apagar meu perfil a regra era: apaga no account center, que não existe, logo, não apaga, mas, se quiser apagar, vai ao account center, que não existe. É como estar numa festa, perguntar pelo banheiro e ouvir do anfitrião — pega esse corredor. Se o quadro com andorinhas estiver pendurado, dobre à direita. Mas, se for o calendário asteca, dance a “Macarena”.

O FB, com essa interface inocente de pracinha com coreto, de local de encontro, reencontro e troca de ideias, é na verdade um labirinto do Minotauro, um ardil 22, uma narrativa de Gogol ou de Kafka, e se o leitor está atordoado com tanta referência é porque desejo mostrar o que essa pracinha capciosa, o álbum de figurinhas do Instagram e o pula-pula do TikTok fazem com a minha cabeça. Eu me sinto bombardeada com muito mais do que posso absorver, e isso, eu descobri, me faz infeliz.

Mas eis outro ardil: preciso estar on-line para divulgar o que faço e preciso estar off-line para fazer o que eu faço. Leitura e escrita, as duas atividades que nutrem o melhor em mim, só se dão com qualidade em longos períodos e longe de ruídos.

Resolvi o dilema após ler o livro “Minimalismo digital”, de Cal Newport. É um manual para quem achou que usaria as redes sociais, e passou a se sentir usado por elas. Minimalismo digital, segundo o autor, se define por “usar o tempo on-line em um pequeno número de sites e atividades cuidadosamente selecionadas e que endossam os valores da pessoa, e perder feliz todo o resto.”

Não uso mais Twitter, apaguei aplicativos supérfluos no celular e meu perfil pessoal do FB (venci, Zuckerberg). Foi assim, um descarrego. Um banho de sal grosso digital. Mantive o Instagram, mas não me submeto à ditadura da rede que exige posts diários para aumento de visibilidade. Eu me tornei menor no mundo digital. Mas muito mais autêntica.

Não posso dizer que as redes sociais são nocivas para todo mundo. Pegue uma Cora Rónai, um Eduardo Affonso. São pequenas empresas de sólido conteúdo e público fiel. Mas para mim não estava funcionando. Sou ansiosa demais para expor constantemente meu ego ao número de curtidas e corações, eu que desde sempre estou num aprendizado para não julgar, me colocava inteira e vulnerável para ser julgada por um algoritmo.

Fora da pracinha o mundo é bom. Gosto dos dedos escurecidos por tinta depois de ler o jornal, de segurar a caneta Bic para anotar as margens do livro brochura, da rotação de títulos na mesinha de cabeceira. Gosto de solidão e silêncio e de cantos pequenos. Não é para onde o mundo está indo, mas é que me proporciona contentamento, essa espécie de primo renegado da felicidade, menos sexy e mais satisfatório. Fonte: https://oglobo.globo.com

Perfis conservadores espalham conspiração que culpa Carnaval por chuvas no Brasil

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Publicado em 14 março 2023
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Perfis conservadores espalham conspiração que culpa Carnaval por chuvas no Brasil

Em vídeos, tragédias e destruição são associadas a 'representações satânicas' em desfiles de escolas de samba

 

Manuela Ferraro

Diversos perfis estrangeiros e religiosos estão espalhando nas redes sociais uma teoria da conspiração que associa a "ira divina" provocada pelo Carnaval às inundações, destruição e tragédias causadas pelas chuvas no Brasil. Nesta segunda (13), "Brazil" esteve nos assuntos mais comentados no Twitter, com mais de 34 mil tuítes.

Em inglês, as publicações trazem vídeos e fotos que criticam as representações religiosas cristãs em desfiles de escolas de samba, como a encenação entre entre Jesus e o diabo no desfile da Gaviões da Fiel em 2019 e o carro alegórico do Salgueiro que trazia, este ano, um gigantesco boneco representando o demônio.

As imagens dos carnavais brasileiros são alternadas com vídeos de chuvas e inundações que arrastam veículos e derrubam casas, mas que não especificam onde, nem quando, tais episódios aconteceram. Os usuários que divulgam os vídeos evocam uma suposta "justiça dos céus" contra o que chamam de "festejo satânico".

"Os brasileiros zombaram de Deus durante o Carnaval realizado em 18 de fevereiro de 2023, o que provocou Deus e também os cristãos no Brasil a exigir justiça. Portanto, Deus atingiu o Brasil com grandes tempestades e uma inundação", diz uma das publicações.

Alguns vídeos trazem ainda imagens de tragédias brasileiras que não aconteceram após o Carnaval deste ano. Um vídeo divulgado pelo perfil de um cantor gospel no YouTube, por exemplo, traz imagens de desfiles, mas mostra, em seguida, imagens da chuva que matou 104 pessoas em Petrópolis (RJ) em fevereiro de 2022.

O narrador do vídeo diz que o desastre aconteceu porque "zombaram de Deus". A publicação, feita há cerca de duas semanas, tem mais de 760 mil visualizações. O blog #Hashtag tentou contato com o dono do perfil, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

Outros tuítes chegam a divulgar fotos e vídeos de carros alegóricos do Carnaval que acontece nas cidades alemãs de Düsseldorf e Colônia, na Alemanha, afirmando que as imagens se referem à festa brasileira. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

35 anos depois do crime, Justiça confirma condenação de assassino de missionário indigenista

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Publicado em 14 março 2023
  • missionário indigenista
  • ex-delegado da Polícia Civil do Mato Grosso Ronaldo Antônio Osmar
  • missionário jesuíta Vicente Cañas,
  • Kiwxí
  • município de Juína

Delegado foi acusado de organizar emboscada contra Vicente Cañas, que vivia com os Enawenê-Nawê

 

Por O Globo

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) confirmou a condenação do ex-delegado da Polícia Civil do Mato Grosso Ronaldo Antônio Osmar por intermediar a emboscada em que foi morto o missionário jesuíta Vicente Cañas, conhecido como Kiwxí. O crime foi em abril de 1987, na terra indígena Enawenê-Nawê, no município de Juína (MT).

De acordo com o processo, além de orientar os executores do crime sobre o modo de execução e realizar o pagamento pelo serviço, o ex-delegado também dificultou o andamento da investigação que buscava esclarecer a morte do missionário.

Em 2006, Ronaldo Antônio foi absolvido pelo Tribunal do Júri do Mato Grosso. O MPF recorreu da decisão e, em 2015, o TRF-1 anulou o júri, por considerar a decisão manifestamente contrária à prova dos autos, determinando a realização de um novo julgamento.

Em 2018, o acusado foi submetido a novo júri e condenado a mais de 14 anos de prisão em regime inicial fechado. Após nova etapa do processo, a defesa apresentou recurso.

O trâmite da ação, que levou mais de 30 anos para se chegar à condenação do agenciador, foi cercado por muitos entraves. Além do tempo decorrido, o que dificultava a coleta de provas, as principais testemunhas não queriam mais falar do assunto, que foi traumático para eles.

— Foi necessário um trabalho intenso de convencimento para tranquilizá-los, assegurando que seria a última vez — diz o procurador da República Ricardo Pael.

O banco das testemunhas também contou com a participação do antropólogo Rinaldo Arruda, estudioso da cultura Enawenê-Nawê. Na ocasião, ele explicou aos jurados que Vicente Cañas havia sido batizado pelos indígenas, era um deles, por isso nunca seria assassinado por um “irmão”. Vicente Cañas viveu parte de sua vida como um Enawenê-Nawê.

Aa confirmação da condenação do ex-delegado Ronaldo Antônio tem mais um significado para os indígenas da etnia. O crânio de Kiwxí permanece até hoje vinculado ao processo, como prova do crime. Para os Enawenê-Nawê, enquanto todo o corpo não é submetido ao funeral, o espírito não descansa.

Eles esperam que com a confirmação da condenação em segunda instância, o crânio seja finalmente liberado para ser levado ao território Enawene, com a concordância dos familiares espanhóis de Vicente, onde será sepultado com o restante do corpo dando descanso ao seu espírito.

O trabalho de Cañas foi fundamental também para o início do processo de demarcação da terra indígena dos Enawenê-Nawê. O missionário denunciava constantemente a presença de fazendeiros e madeireiros nas áreas dos povos indígenas que viviam no noroeste do Mato Grosso.

Além disso, de 1985 até seu assassinato, ele era integrante do grupo de trabalho da Funai que atuava nos estudos de demarcação do território dos Enawenê-Nawê. Diante disso, eram comuns os relatos de ameaças de morte dirigidas ao missionário espanhol e a outros voluntários que o ajudavam.

Em abril de 1987, Cañas foi surpreendido enquanto se preparava para voltar à aldeia dos Enawenê-Nawê, que na época, era chamada de Salumã. Os assassinos o atacaram quando ele voltava do rio, onde estava tomando banho. Em seu barraco, às margens do Rio Juruena, o missionário foi agredido e assassinado.

O corpo foi encontrado cerca de 40 dias depois por indígenas e pelo padre Thomaz de Aquino Lisboa, que na década de 1970, atuou nos primeiros contatos com os índios Enawenê-Nawê. A perícia constatou sinais de violência no local e um orifício na barriga da vítima aparentemente causado por arma branca. Fonte: https://oglobo.globo.com

O fim do artigo 19 do Marco Civil da Internet

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Publicado em 14 março 2023
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Dispositivo estabelece que plataformas de mídia social não podem ser responsabilizadas pelos danos decorrentes de postagens dos usuários

 

Por Pablo Ortellado

O seminário na Fundação Getulio Vargas (FGV) reuniu ministros do Supremo, o ministro da Justiça e o presidente da Câmara para discutir a regulação das mídias sociais. O evento consolidou entre as elites políticas o consenso de que o atual regime de responsabilização das plataformas por conteúdos publicados pelos usuários está obsoleto e deve ser substituído em breve. Se isso se confirmar, será a mais importante mudança no regime de regulação das mídias sociais desde a aprovação do Marco Civil da Internet.

O ponto mais discutido das intervenções foi o artigo 19 do Marco Civil da Internet. Esse artigo estabelece que plataformas de mídia social como o Facebook não podem ser responsabilizadas pelos danos decorrentes de postagens dos usuários. Isso significa que se um usuário do Twitter atacar a honra de alguém, a responsabilidade por essa postagem será do usuário e não da plataforma.

Desde que foi concebido, em 2014, esse regime foi sendo relativizado para certos tipos de conteúdos — aqueles que violam direitos autorais e aqueles que contêm nudez não consentida (revenge porn). O que as lideranças dos três Poderes sinalizam agora é que esse regime deve ser definitivamente enterrado.

Embora não sejam obrigadas a retirar conteúdos ilegais (a não ser por ordem judicial), as plataformas se autorregulam moderando postagens, isto é, apagando e restringindo o alcance de conteúdos de usuários que violam regras das suas comunidades.

Depois do 8 de janeiro, porém, se formou um consenso que essa autorregulação é insuficiente. O novo modelo que será proposto pelo governo federal — e que deve ser incorporado pelo Legislativo e respaldado pelo Judiciário — é que essa autorregulação seja por sua vez regulada, numa forma híbrida conhecida como “autorregulação regulada”.

Neste modelo, a lei estabelece parâmetros para certos tipos de conteúdos — o ministro Flávio Dino (Justiça) mencionou os casos dos discursos de ódio, ataques à democracia, terrorismo e proteção à infância — e as empresas passariam a ter a obrigação de agir para moderar esses conteúdos. Essas ações das plataformas seriam documentadas em relatórios de transparência, e uma autoridade regulatória avaliaria o seu alcance, podendo impor sanções se forem consideradas insuficientes.

Essa forma de regulação indireta está sendo implementada em toda a Europa, o que deve diminuir resistências. Apesar disso, é quase certo que para enfrentar esse novo modelo veremos a formação de uma aliança inusitada entre as plataformas que não querem esse tipo de regulação, bolsonaristas que temem ser “censurados” e ONGs que não aceitam o fim do artigo 19 do Marco Civil. Fonte: https://oglobo.globo.com

É preciso apostar nas mulheres

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Publicado em 08 março 2023
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  • Dia Internacional das mulheres,
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  • No dia 8 de março de 1917,
  • dia 8 de março

Não deixa de ser uma prova de coragem sustentar seus desejos

 

Betty Milan

Escritora e psicanalista, é autora de “O Papagaio e o Doutor” e “Baal”; membro da Academia Paulista de Letras

No dia 8 de março de 1917, 90 mil operárias russas percorreram as ruas reivindicando melhores condições de trabalho e se manifestando contra as ações do czar Nicolau 2º, o último imperador da Rússia. O evento ficou conhecido como "Pão e Paz" porque as manifestantes também lutavam contra as dificuldades decorrentes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

A luta das mulheres e as suas conquistas não cessou e, em 1975, o Dia Internacional da Mulher foi definitivamente instituído pela ONU, e o dia 8 de março escolhido em homenagem às operárias russas.

No Brasil, duas datas são particularmente relevantes na história da luta das mulheres: 1932, ano em que foi adquirido o direito ao voto —durante o governo de Getúlio Vargas—, e 2006, ano em que foi sancionada a Lei Maria da Penha, que assegura o direito de proteção à mulher sujeita à violência doméstica.

Talvez seja necessário sancionar uma lei para assegurar o direito de proteção às esculturas que são símbolos da mulher e estão sujeitas à violência urbana. Digo isso por ter visto, no dia 12 de fevereiro a imagem da escultura de Brecheret, "Depois do Banho", jogada por vândalos no chão do largo do Arouche, no centro de são Paulo. Uma imagem tão revoltante quanto a que nós vimos no dia 8 de janeiro.

Poucos dias antes, esta Folha havia publicado texto sobre as obras do escultor. Ocorreu-me que podia ser uma vingança contra um jornal que não apoiou o ex-presidente e os atos golpistas. Mas não é só disso que se trata porque, antes de ser jogada no chão, a escultura foi, durante um bom tempo, o mictório do largo do Arouche, sem que a prefeitura, que é a responsável legal, tomasse providências.

"Depois do Banho" é um símbolo da mulher e da beleza feminina, uma obra tão única como as esculturas de Maillol, expostas entre o Museu do Louvre e o Jardin des Tuileries, em Paris. São dezoito nus que simbolizam a força e a beleza, exibindo a sensualidade, a elegância do gesto e a graça. Homenagem maior não existe.

O dia 8 de março deve servir para evocar a coragem das mulheres na adversidade e para certificá-las de que tanto o espaço privado quanto público é tão delas quanto do outro sexo. Noutras palavras, o igualitarismo é um direito que pode ser conquistado.

No plano pessoal, significa que as mulheres —assim como os homens— devem dispor do seu corpo livremente e se tornarem ou não mães conforme seu desejo. Em 67 países do mundo, a gravidez pode ser interrompida com até 12 semanas da gestação. Ou seja, já existe o direito ao aborto. Segundo a Organização Mundial da Saúde, as taxas de aborto são semelhantes em países onde o procedimento é legal e em países onde não é. Nestes, o aborto é frequentemente praticado de forma danosa por mulheres pobres, com sequelas como perfuração do útero, peritonite e septicemia.

O assunto é controverso por motivos religiosos, morais e políticos. No entanto, a legalização do aborto se impõe em todos os países, não só por ser uma questão de saúde pública, mas porque o desejo é transgressor e o aborto ilegal não vai deixar de ser praticado. Não deixa de ser uma prova da coragem das mulheres que são capazes de sustentar o seu desejo, correndo inclusive graves riscos.

No plano público, o igualitarismo significa a entrada maciça das mulheres na vida profissional. Como, de um modo geral, elas são menos agressivas e mais predispostas à negociação, haverá um maior equilíbrio. Têm mais respeito pela vida —que elas dão. Podemos imaginar um cenário em que a presença das mulheres em cargos de alta responsabilidade levará a uma melhor comunicação entre os povos.

O Dia Internacional da Mulher também existe para celebrar a existência das mães, que tendem a proteger os filhos e desejam um futuro sem guerra e sem a destruição do planeta. Para ser viável, o mundo precisa apostar nas mulheres.

TENDÊNCIAS / DEBATES

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br 

Dia Internacional da Mulher: um olhar criativo e um coração terno

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Publicado em 08 março 2023
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  • Mulheres

 

"Neste dia Internacional da mulher, agradeço-lhes pelo empenho na construção de uma sociedade mais humana, através da sua capacidade de perceber a realidade com um olhar criativo e um coração terno. Este é um privilégio apenas das mulheres!"

 

Ir. Grazielle Rigotti - Cidade do Vaticano

O Dia Internacional da mulher traz em si um resgate de valores que são essencialmente femininos. Muito além de uma luta de gêneros, a data comemorativa procura ressaltar características que lhe são particulares. Em sua Audiência Geral desta manhã o Papa Francisco relembra em sua catequese, de forma especial, a celebração de hoje:

Neste dia Internacional da mulher, agradeço-lhes pelo empenho na construção de uma sociedade mais humana, através da sua capacidade de perceber a realidade com um olhar criativo e um coração terno. Este é um privilégio apenas das mulheres! Uma bênção especial para todas as mulheres presentes na praça. E uma salva de palmas para as mulheres! Elas merecem!’

De fato, olhar para a mulher neste dia, faz retomar as características divinas que levam à afirmação de que Deus é Pai, e também é Mãe. E pensando à maternidade divina, se confirmam estas duas características humanas: a criatividade e a ternura.

A criatividade como dom do Espírito, que faz ver com olhar potencialmente confiante a criatura divina, por vezes reduzida aos limites da própria realidade. Discorrendo ainda sobre o tema da Evangelização, o Papa relembrou a responsabilidade de cada evangelizador e evangelizadora em anunciar com a criatividade que é característica própria da vida cristã. Nesta missão, muitas mulheres doam suas vidas no caminho do seguimento de Jesus, iniciado no batismo.

Também à imagem de Deus que ama a todos os seus filhos com coração grande e terno, vemos ressoar nas mulheres o desafio de acolher a humanidade, principalmente os mais pobres e sofredores, com a característica própria do coração de Deus: sua ternura infinita com a qual abraça a todos os seus filhos, e a cada um em particular.

Diante de Nossa Senhora, nosso espelho e modelo de vida cristã, está refletida a imagem do sonho de Deus para todo ser humano, por isso, de modo especial neste dia, o apelo seja adentrar no espaço sagrado do próprio interior com olhos novos, sempre mais inspiradas e inspirados pelo Espírito, pela Santa Ruah, que guia e dá dinamismo e feminilidade à vida cristã. Fonte: https://www.vaticannews.va

Vereadora de Juazeiro do Norte (CE) e namorado morreram por asfixia, aponta laudo

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Publicado em 07 março 2023
  • feminicídio
  • Rickson Pinto,
  • Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará
  • Yury do Paredão
  • Yanny Brena,

Casal foi encontrado morto na sexta-feira (3); principal linha de investigação é de feminicídio seguido de suicídio

 

Catarina Scortecci

A vereadora de Juazeiro do Norte (a 492 km de Fortaleza) Yanny Brena, 26, e seu namorado, Rickson Pinto, 27, morreram por asfixia, de acordo com laudo da Pefoce (Perícia Forense do Estado do Ceará). Eles foram encontrados mortos na última sexta-feira (3) em um imóvel onde moravam no bairro Lagoa Seca, em Juazeiro do Norte.

A causa das mortes foi divulgada nesta terça-feira (7) pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará.

O caso está a cargo da Delegacia de Defesa da Mulher de Juazeiro do Norte e a principal linha de investigação é de feminicídio seguido de suicídio.

A delegacia já ouviu 20 pessoas até o momento e segue realizando diligências e oitivas.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social afirma que outros laudos ainda são aguardados pela delegacia. "São laudos solicitados à Pefoce sobre o local de crime e de imagens de câmeras de segurança, além do laudo de pesquisa de substâncias em amostras de sangue e urina."

Yanny é irmã do deputado federal Yury Bruno, conhecido como Yury do Paredão (PL-CE). Ela estava filiada ao PL e exercia seu primeiro mandato na Câmara de Juazeiro do Norte.

Foi eleita no pleito de 2020 com 3.956 votos, a segunda maior votação da Casa naquela disputa. No início deste ano, assumiu a cadeira de presidente da Câmara de Vereadores.

"Fico muito grata e honrada em ser a segunda mulher a presidir a Câmara Municipal de Juazeiro do Norte. Quero fazer um mandato de muita transparência, aproximando o Legislativo do povo, do Executivo e, acima de tudo, um mandato em prol da população de Juazeiro do Norte", escreveu ela, em seu perfil no Twitter, onde publicava com frequência.

O corpo da vereadora foi enterrado no sábado (4), em Juazeiro do Norte. Já o enterro de Rickson Pinto foi realizado em uma cidade próxima, Aurora. Ele tinha uma filha e, em rede social, se apresentava como atleta de vaquejada. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Brutalidade na terra do vinho

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Publicado em 05 março 2023
  • Serra Gaúcha,
  • Bento Gonçalves,
  • condições análogas à escravidão
  • trabalhadores brasileiros
  • desigualdades,

A escravização de trabalhadores no RS já é repugnante em si, mas conseguiram adicionar insulto à injúria

 

A notícia de que mais de 200 trabalhadores estavam sendo mantidos em condições análogas à escravidão no serviço terceirizado de colheita para vinícolas de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, já é repugnante em si mesma. Mas houve quem conseguisse adicionar insulto à injúria.

Um obscuro vereador de Caxias do Sul, por exemplo, saltou do merecido anonimato para a ribalta nacional ao discursar, na Câmara local, aconselhando os empresários da região a não mais contratar ninguém da Bahia, Estado de origem dos trabalhadores escravizados, porque os baianos são um povo que “vive na praia tocando tambor” e está “acostumado com festa e carnaval”. Defendeu que os agricultores passassem a contratar argentinos, que são “limpos, trabalhadores e corretos”. Nem é preciso dizer que o verboso parlamentar é orgulhoso seguidor do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Mas não é só a ralé bolsonarista que torna o caso ainda mais revoltante. O episódio também serviu para que o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), malgrado ter inequivocamente condenado as “práticas inaceitáveis” verificadas em Bento Gonçalves, encontrasse ocasião para atacar as políticas assistenciais do País, responsabilizando-as pela falta de mão de obra na cidade.

“Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade”, diz uma “nota de posicionamento” divulgada pela associação empresarial. Depreende-se que o recurso ao trabalho terceirizado, sem controle, seria consequência da falta de pessoas da região dispostas a trabalhar, pois quem tem “plenas condições produtivas” prefere o ócio dependente de auxílio do Estado.

Ou seja, para uns, os trabalhadores brasileiros são indolentes que preferem viver de esmolas estatais a pegar no batente; para outros, os trabalhadores brasileiros são culturalmente mais afeitos à vagabundagem. Entre uns e outros, estão duas centenas de brasileiros submetidos a uma rotina de trabalho que, segundo denúncias, incluía jornadas exaustivas, confinamento, comida estragada, assédio moral e atrasos nos pagamentos, entre outras violações. E não é um caso isolado.

Se a escravidão, em si mesma, já deveria causar horror, mais repulsiva ainda é a tentativa de justificá-la. Nenhuma sociedade que se pretende saudável pode ficar indiferente à escravidão ou, pior, encontrar argumentos para considerá-la como consequência quase natural de um desequilíbrio na oferta de mão de obra.

Ora, nem os trabalhadores brasileiros são sujos e malandros nem os programas de transferência de renda são financiadores de vadiagem. O Brasil é um país de profundas desigualdades, que empurram milhões de cidadãos para um mercado de trabalho desumano, quando não frontalmente criminoso, e os tornam totalmente dependentes de caraminguás oficiais. Quando há quem seja incapaz de compreender essa realidade, embora esteja brutalmente à vista de todos, percebe-se o tamanho do fosso moral em que o Brasil caiu. Fonte: https://www.estadao.com.br

Ódio à razão

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Publicado em 03 março 2023
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Ódio à razão

Depois da tragédia do antagonismo que vivemos com a divisão nas famílias, nos colegas, sinto que estamos voltando ao modo educação, civilidade, respeito

 

Por Nelson Motta — Rio de Janeiro

Depois da tragédia do antagonismo que vivemos com a divisão, e separação, nas famílias, nos amigos, nos colegas de trabalho, sinto que a Terra voltou a ser redonda e que estamos voltando, lentamente, ao modo back to basics: educação, civilidade, respeito — não só às instituições democráticas, à Constituição e às leis, mas principalmente ao outro, seja quem for o outro.

Amar o próximo como a si mesmo é um exagero cristão psicanaliticamente inalcançável, mas respeitá-lo como a si próprio não é tão difícil assim (chama-se civilização), embora muita gente não se respeite, esculhambando seu corpo, suas ideias, sua vida e tentando esculhambar a dos outros. Qual a graça de criticar e reprimir comportamentos e atitudes que em nada afetam a sua vida, ou da comunidade? Então qual é o problema de duas mulheres se beijando no bar, de homens de mãos dadas, de um grupo de jovens fumando um baseado ? Como eles interferem na sua felicidade? Me sinto um idiota escrevendo coisas tão óbvias há tanto tempo, e só um período de regressão como o que vivemos explica tanta resistência, e ódio, ao império da razão.

Agora vejo que passamos por um processo de destruição da razão, como método, para tornar um boçal um mito e estabelecer uma linguagem tosca e grosseira em que verdade e mentira se confundem, em nome do slogan salazarista Deus, Pátria e Família. Só que a família é assunto privado, Deus, cada um tem o seu, e alguns, nenhum, e Pátria não é o Estado oprimindo, controlando e explorando o cidadão que paga impostos para sustentá-lo.

Quanto a Bolsonaro, entendo que o reverso do amor não é o ódio e o rancor — mas o desprezo e o esquecimento.

Busões negreiros

Que estupidez, ou forças satânicas, levam uma vinícola rica e poderosa do Rio Grande do Sul a importar mão de obra barata, e preta certamente, da Bahia, para trabalhar no frio, em uma cultura que não conhecem? Os gaúchos já não querem trabalhar por salários tão baixos em condições tão duras, os uruguaios, nem pensar, mas só um racismo estrutural e perverso explica os busões-negreiros Salvador-Bento Gonçalves. Os catarinas e os paranaenses lourinhos estão mais próximos e também precisam trabalhar... Economizariam no transporte da carga, (mal) paga, mas sempre escrava. Fonte: https://oglobo.globo.com

Em Bento Gonçalves, o trabalho não liberta

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Publicado em 02 março 2023
  • Auschwitz,
  • campo de concentração de Auschwitz,
  • Sandro Fantinel
  • vereador caxiense Sandro Fantinel
  • trabalhadores baianos
  • Serra Gaúcha,
  • Bento Gonçalves,

Seja em Auschwitz ou em vinícolas do Sul, fomos feitos para obediência e chicote

 

Jairo Malta

Designer, fotógrafo e jornalista. É autor do blog Sons da Perifa.

No portão de entrada de Auschwitz, a frase "o trabalho liberta" dava a ilusão de que, para homossexuais, testemunhas de Jeová, ciganos e a grande massa judaica que era levada até lá, bastava trabalhar para serem libertados. O fim dessa história sabemos muito bem. Um dos vários argumentos dos nazistas era o de que as vítimas deportadas para o campo de concentração polonês eram preguiçosas e antissociais.

Esse discurso e essas ideias não morreram em 1945. Na terça-feira (28), o vereador Sandro Fantinel (Patriota), de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, pediu em seu discurso na Câmara Municipal para que "não contratem mais aquela gente lá de cima", referindo-se aos trabalhadores baianos. Fantinel disse ainda que empregados vindos da Argentina são melhores porque seriam "limpos, trabalhadores, corretos".

As falas de ódio se devem aos 207 funcionários nordestinos libertados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de vinícolas de Bento Gonçalves (RS), que trabalhavam em regime análogo à escravidão e, segundo seus relatos, foram extorquidos, ameaçados, agredidos e torturados com choques elétricos e jatos de spray de pimenta.

O parlamentar afirma ainda que a "única cultura que os ‘baianos’ tem é viver na praia tocando tambor" —frase racista. Finaliza mencionando que eram bêbados e debocha do termo "análogo à escravidão". Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

O trabalho escravo permanece nas entranhas brasileiras. Chamar o baiano de festeiro e o argentino de limpinho é deixar nas entrelinhas que o branco é superior ao preto. E, como diria o influencer Negão da BL, "não adianta mentir, o racismo não vai acabar nunca".

Seja em Auschwitz ou nas vinícolas de Bento Gonçalves, para eles nós —negros, nordestinos, nortistas, indígenas e qualquer outra classe de povos originários— fomos feitos para o trabalho, para a obediência e para o chicote. E sem Carnaval, tambor ou amparo. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

‘Fui espancado com cabo de vassoura. Mandaram matar os baianos’, diz resgatado no RS sobre trabalho escravo

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Publicado em 01 março 2023
  • Trabalho Escravo,
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‘Fui espancado com cabo de vassoura. Mandaram matar os baianos’, diz resgatado no RS sobre trabalho escravo

Depoimentos à PRF mostram ainda que nos alojamentos havia apenas quatro banheiros para mais de 200 pessoas

 

Por Ana Flávia Pilar — Rio

No dia 21 de fevereiro, três trabalhadores da Fênix Prestação de Serviços decidiram encaminhar um vídeo de denúncia no grupo da empresa. Nas imagens, eles apareciam encharcados e mostravam o que haviam recebido para o almoço. O menu era sempre o mesmo: arroz, feijão e frango com cheiro azedo.

Quando voltaram da colheita, cinco “capangas” do administrador da empresa já os aguardavam na porta do alojamento. Os funcionários foram agredidos com mordidas, choques, socos, cadeiradas nas costas e “gravatas”.

Em depoimentos ao Ministério do Trabalho, aos quais O GLOBO teve acesso, trabalhadores resgatados na semana passada no Rio Grande do Sul contam mais detalhes sobre o cotidiano nas dependências da Fênix. A empresa fornecia mão de obra terceirizada para vinícolas da região, como Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi.

Os seis relatos confirmam que os funcionários chegaram em Bento Gonçalves, vindos da Bahia, e assinaram um contrato de prestação de serviços no valor de R$ 3 mil por 45 dias de trabalho, o período da safra de uvas. Estava acordado que a jornada diária seria de 15 horas. Nenhum deles foi pago.

 

Falta de equipamentos

Eles receberam apenas R$ 400 para gastar em um mercadinho que pertencia ao dono da empresa, onde eram vendidos itens básicos a preços muito mais acima do normal. Um pacote de biscoito água e sal, por exemplo, custava R$ 15.

Além disso, havia apenas quatro privadas para mais de 200 trabalhadores, que viviam amontados em beliches, separados em quartos pequenos sem manutenção ou limpeza.

Em depoimento à PRF, X., de 36 anos, conta que os trabalhadores tinham de usar sua própria roupa de cama e travesseiro. “Um deles não tinha travesseiro e improvisava com a mochila para dormir.” Os itens de higiene tinham de ser comprados no mercadinho do administrador da Fênix.

relata ainda que, na véspera de fugir, foi trancado no quarto por quatro capangas. “Fui espancado com spray de pimenta, gravata no pescoço, pancadas com cabo de vassoura e mordida no ombro esquerdo. Depois, dois colegas chegaram e também foram espancados.” Ele diz ainda que houve uma “ordem de matar os trabalhadores baianos.”

Y., de 23 anos, diz que a marmita — “arroz, feijão e um pedaço de frango, geralmente com cheiro desagradável e azedo” — não vinha com talheres. Quem não tivesse tinha de usar a tampa da marmita. A água também era por conta dos trabalhadores.

W., de 20 anos, diz que os capangas “davam choque com laser para acordar” alguns trabalhadores. Quanto aos equipamentos de proteção, ele recebeu apenas um par de luvas e um par de botas. “As luvas eram de pano. Rasgaram em dois dias e não foram trocadas. As botas rasgaram em uma semana e não foram trocadas. No contrato dizia que receberíamos óculos de sol e protetor solar, o que não aconteceu.”

Um deles relata ter desmaiado durante a colheita. Foi levado de carro a um hospital por um funcionário da empresa, mas na volta teve de caminhar quatro quilômetros. Outro trabalhador viu dois colegas se esfaquearem. No dia seguinte, ambos foram trabalhar normalmente.

“Presenciei também o espancamento de um colega pelos motoristas e por mais um segurança. Todos andavam armados o tempo todo”, conta Z., de 22 anos. Pouco depois, ele e um colega foram levados a uma sala e “agredidos com uma cadeira de ferro na cabeça e socos na cabeça e nos braços. Durante as agressões, fomos ameaçados de morte.”

Veio então a decisão de fugir. No dia 22 de fevereiro, eles pularam a janela do alojamento, a uma distância de dois metros até uma laje. Depois, se jogaram diante de outros cinco metros de altura até o chão. Como caíram em um jardim, não se machucaram.

Um dos homens no grupo tinha um celular escondido, que foi usado para pedir dinheiro às famílias e chamar um carro de aplicativo. Os trabalhadores foram de carro até um posto de gasolina em Garibaldi e se esconderam no banheiro.

Pouco depois, pegaram outro carro de aplicativo até a rodoviária, onde compraram passagens para Caxias do Sul. No caminho, eles contataram agentes em um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

 

Vinícolas repudiam

Procuradas, as vinícolas foram unânimes em repudiar os fatos relatados. A Cooperativa Garibaldi e a Salton ressaltaram ter encerrado imediatamente seus contratos com a Fênix após a revelação de que esta mantinha trabalhadores em condições análogas à escravidão.

A Salton informou ainda que “está adotando medidas austeras para que os fatos sejam devidamente esclarecidos e que não se repitam” e que “intensificou a fiscalização de fornecedores e prestadores de serviço”.

A Aurora afirmou que se solidariza com as vítimas e ressaltou que nenhum dos fatos relatados aconteceu dentro de suas instalações. A empresa disse ainda que “se colocou à disposição das autoridades competentes e vem atuando em conjunto com o Ministério Público do Trabalho.”

A Garibaldi informou que está prestando solidariedade aos trabalhadores e seus familiares, e reiterou que “jamais aceitará tais conduções em suas relações de trabalho.”

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi procurada para saber se compra vinho canônico de alguma dessas vinícolas. A entidade afirmou em nota que, para a celebração da missa, devem ser buscados “vinhos de proveniência sobre a qual não existam dúvidas a respeito dos critérios éticos na sua produção.”. Fonte: https://oglobo.globo.com

Cem anos da morte de Ruy Barbosa

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Publicado em 01 março 2023
  • Senado Federal,
  • Cem anos da morte de Ruy Barbosa
  • Ruy Barbosa

O jurista tinha pautas que transcenderam o seu tempo e estão presentes no debate hodierno, o que comprova a genialidade do patrono do Senado da República

 

Rodrigo Pacheco

Ruy Barbosa é, até os dias de hoje, o político jurista mais notável da história nacional. Nascido na Bahia, em 1849, faleceu há exatos cem anos, em 1.º de março de 1923, no exercício de seu quinto mandato como senador da República. O baiano foi recordista de mandatos legislativos: passou 45 anos de sua vida no exercício de cargos eletivos, sendo 32 deles no Senado Federal. Dizia que “o senador é a personificação eletiva de um Estado”, ao ponderar que a Câmara Alta era composta de representantes da Federação.

Barbosa foi tanto para o desenvolvimento da República brasileira que é difícil de elencar tudo o que realizou sem cometer a injustiça de deixar algum feito no esquecimento. Ruy viveu muitas vidas em uma, além de colecionar postos públicos de grande relevância e de deixar como legado muitas reflexões que até hoje se fazem oportunas. Foi advogado, jornalista, diplomata, orador, ministro da Fazenda e da Justiça, deputado, senador na primeira legislatura da República, candidato à Presidência do Brasil, coautor da primeira Constituição republicana, membro fundador da Academia Brasileira de Letras e representante do Brasil na Conferência de Haia, o que lhe rendeu o apelido de “Águia de Haia”.

Patrono do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União e da advocacia brasileira, é lembrado em tribunais, em discursos políticos e em faculdades de Direito no Brasil inteiro. Reconhecimento merecido e justo. Afinal, foi Barbosa quem estabeleceu os pilares da República Democrática de Direito do nosso país, dedicou-se a criar uma consciência política na população brasileira e atuou fortemente em projetos que visavam à melhoria da qualidade do ensino no Brasil.

No Senado Federal, o baiano só deixou a Casa quando veio a falecer, aos 73 anos de idade. É uma figura tão distinta para o Poder Legislativo brasileiro que seu busto reside solitário no plenário da Câmara Alta brasileira, acima da Mesa. É uma espécie de guardião das leis da nossa República, exercendo até hoje o papel que se dispôs a realizar em vida. Estava lá, inclusive, quando as sedes dos Poderes da República foram invadidas em 8 de janeiro de 2023, dia triste e marcante para a nossa República, mas se manteve firme, assim como nossa democracia.

Aliás, sobre o regime democrático, Barbosa foi seu defensor, por considerar que a democracia representa poder do povo, igualdade e progresso. De fato, é dele a brilhante frase “o princípio do futuro é a democracia”. Hoje, quando olhamos para o nosso passado, podemos ver claramente que governos autoritários representaram retrocessos e que a democracia simboliza avanço civilizatório, de modo que, sim, podemos dizer que o começo do progresso é o estabelecimento de um governo democrático, e que Barbosa estava certo.

Além de defender a democracia, a “Águia de Haia” alertou para a necessidade de respeitar a legislação. O patrono do Senado é autor de uma célebre frase que resume a necessidade de submissão ao Estado de Direito, ao defender que é necessário agir “com a lei, pela lei e dentro da lei; porque fora da lei não há salvação”. Barbosa concluiu que esta lição, relativa ao respeito às leis, era “o programa da República”.

Grande orador, era conhecido por proferir discursos inflamados, e usou a tribuna do Senado diversas vezes para pronunciar verdadeiras aulas de política. O conteúdo de sua oratória era tão rico que, até hoje, sua vida e obra são objeto de pesquisa do Setor Ruiano. No plenário do Senado Federal, em 1911, mostrou que usava a palavra e o direito como armas de sua luta por um país justo e igualitário. Disse: “Não podia trazer a esta tribuna nem uma carabina nem uma espada. Trago ao recinto dos legisladores apenas um volume das nossas leis. Infelizmente bem fracas nestes tempos, têm sido sempre a minha única arma”.

Em Oração aos moços, seu discurso mais famoso, que escreveu como paraninfo de formatura da turma de 1920 da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, Barbosa confidenciou: “Tudo envidei por inculcar ao povo os costumes da liberdade e à República as leis do bom governo, que prosperam os Estados, moralizam as sociedades e honram as nações. Preguei, demonstrei, honrei a verdade eleitoral, a verdade constitucional, a verdade republicana”.

Barbosa foi um divisor de águas na política brasileira, trabalhando arduamente para plantar uma semente de consciência político-eleitoral na população brasileira. Para tanto, defendia a necessidade de que a população tivesse acesso à educação e à imprensa. Dizia que “os meios de educar a opinião não são outros senão a escola e a imprensa, dois sacerdócios sublimes”. É notório que o jurista tinha pautas que transcenderam o seu tempo e estão presentes no debate hodierno, o que comprova a genialidade do patrono do Senado da República.

Por tudo o que representou para o Parlamento brasileiro e para o Brasil, o Senado Federal realizará, às 10 horas deste 1.º de março, sessão solene em homenagem aos cem anos da morte desta personalidade que viveu à frente de seu tempo e cujos ensinamentos ecoam nos ambientes jurídico e político até a atualidade.

* PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL.Fonte: https://www.estadao.com.br

 

 

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