Diocese suspende causa de beatificação do padre fundador de Schoenstatt
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BERLIM, 04 mai. 22 / 03:35 pm (ACI).- A diocese alemã de Trier, liderada pelo bispo Stephan Ackermann, anunciou a suspensão da causa de beatificação do padre Joseph Kentenich, fundador do movimento internacional de Schoenstatt, informou a CNA Deustch, agência em alemão do grupo ACI, na terça-feira (3).
"As discussões dos últimos dois anos mostraram que há necessidade de uma investigação completa da pessoa e da obra de Joseph Kentenich", disse o bispo. "Por isso, acolherei as investigações correspondentes nos próximos anos", acrescentou.
"Sou consciente de que a suspensão do processo de beatificação é uma medida dolorosa para a família de Schoenstatt", disse o bispo.
Em 2020, o bispo de Trier anunciou que criaria uma comissão de historiadores para analisar a causa de beatificação do padre Kentenich, após denúncias de que ele havia agido de forma coerciva e manipuladora contra as freiras do Instituto Secular das Irmãs Marianas de Maria de Schoenstatt. Em 2021, o bispo disse que estabeleceria um "grupo de especialistas".
Segundo a diocese de Trier, a decisão de interromper o processo de beatificação foi discutida com a Congregação para as Causas dos Santos da Santa Sé.
Ao tomar conhecimento da decisão, a presidência geral da Obra Internacional de Schoenstatt publicou um comunicado no qual afirma: "Acolhemos esta decisão, sem deixar de agradecer à diocese o trabalho realizado até agora em relação a este processo. Schoenstatt aproveitará a suspensão do processo de beatificação para uma nova e intensa elaboração dos contextos históricos".
"Anteriormente era necessário reserva e sigilo devido ao processo de beatificação em curso, agora as questões e conclusões podem ser tratadas e comunicadas com a necessária abertura. Estão em curso considerações sobre o marco em que a investigação será prosseguida", acrescenta.
O padre Joseph Kentenich fundou o Movimento Apostólico de Schoenstatt na Alemanha em 1914. Ele foi para os Estados Unidos em 1951 e foi autorizado a retornar à Alemanha em outubro de 1965. Morreu três anos mais tarde e o processo de beatificação começou em 1975.
O movimento, que inclui padres, mulheres consagradas e leigos, está presente em 42 países e se concentra na formação espiritual e na espiritualidade mariana.
Schoenstatt, na diocese de Trier, ainda é a sede principal do movimento.
Em 2020, a teóloga e historiadora da Igreja Alexandra von Teuffenbach publicou uma investigação sobre o movimento de Schoenstatt.
A investigação revelou que o padre Kentenich teria um poder manipulador e coercitivo sobre as mulheres consagradas no movimento, às vezes de natureza sexual.
O movimento nega as alegações de que seu fundador era abusivo. Fonte: https://www.acidigital.com
Terça-feira, 10 de abril-2022. 4ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, celebrando o mistério da ressurreição do Senhor, possamos acolher com alegria a nossa redenção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 10, 22-30)
Naquele tempo, 22Em Jerusalém celebrava-se a festa da Dedicação. Era inverno. 23Jesus andava pelo templo, no pórtico de Salomão. 24Os judeus, então, o rodearam e disseram-lhe: “Até quando nos deixarás em suspenso? Se tu és o Cristo, dize-nos abertamente!” 25Jesus respondeu: “Eu já vos disse, mas vós não acreditais. As obras que eu faço em nome do meu pai dão testemunho de mim. 26Vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. 27As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. 28Eu lhes dou a vida eterna. Por isso, elas nunca se perderão e ninguém vai arrancá-las da minha mão. 29Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior do que todos, e ninguém pode arrancá-las da mão do Pai. 30Eu e o Pai somos um”.
3) Reflexão
Os capítulos 1 a 12 do evangelho de João são chamados “O Livro dos Sinais”. Neles acontece a revelação progressiva do Mistério de Deus em Jesus. Na mesma medida em que Jesus vai fazendo a revelação, crescem a adesão e a oposição a ele de acordo com a visão com que cada um espera a chegada do Messias. Esta maneira de descrever a atividade de Jesus não é só para informar como a adesão a Jesus acontecia naquele tempo, mas também e sobretudo como ela deve acontecer hoje em nós, seus leitores e suas leitoras. Naquele tempo, todos esperavam a chegada do Messias e tinham os seus critérios para poder reconhecê-lo. Queriam que ele fosse do jeito que eles o imaginavam. Mas Jesus não se submete a esta exigência. Ele revela o Pai do jeito que o Pai é e não do jeito que o auditório o gostaria. Ele pede conversão no modo de pensar e de agir. Hoje também, cada um de nós tem os seus gostos e preferências. Às vezes, lemos o evangelho para ver se encontramos nele a confirmação dos nossos desejos. O evangelho de hoje traz uma luz a este respeito.
João 10,22-24: Os Judeus interpelam Jesus. Era frio. Mês de outubro. Festa da dedicação que celebrava a purificação do templo feita por Judas Macabeu (2Mc 4,36.59). Era uma festa bem popular de muitas luzes. Jesus anda na esplanada do Templo, no Pórtico de Salomão. Os judeus o questionam: "Até quando nos irás deixar em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente". Eles querem que Jesus se defina e que eles possam verificar, a partir dos critérios deles, se Jesus é ou não é o Messias. Querem provas. É a atitude de quem se sente dono da situação. Os novatos devem apresentar suas credenciais. Do contrário não terão direito de falar e de atuar.
João 10,25-26: Resposta de Jesus: as obras que faço dão testemunho de mim. A resposta de Jesus é sempre a mesma: "Eu já disse, mas vocês não acreditam em mim. As obras que eu faço em nome do meu Pai, dão testemunho de mim; vocês, porém, não querem acreditar, porque vocês não são minhas ovelhas”. Não se trata de dar provas. Nem adiantaria. Quando uma pessoa não quer aceitar o testemunho de alguém, não há prova que o leve a pensar diferente. O problema de fundo é a abertura desinteressada da pessoa para Deus e para a verdade. Onde houver esta abertura, Jesus é reconhecido pelas suas ovelhas. “Quem é pela verdade escuta minha voz” dirá Jesus mais adiante a Pilatos (Jo 18,37). Esta abertura estava faltando nos fariseus.
João 10,27-28: As minhas ovelhas conhecem minha voz. Jesus retoma a parábola do Bom Pastor que conhece suas ovelhas e é conhecido por elas. Este mútuo entendimento - entre Jesus que vem em nome do Pai e as pessoas que se abrem para a verdade - é fonte de vida eterna. Esta união entre o criador e a criatura através de Jesus supera a ameaça da morte: “Elas jamais perecerão e ninguém as arrebatará de minha mão!” Estão seguras e salvas e, por isso mesmo, em paz e com plena liberdade.
João 10,29-30: Eu e o Pai somos um. Estes dois versículos abordam o mistério da unidade entre Jesus e o Pai: “Meu Pai, que tudo entregou a mim, é maior do que todos. Ninguém pode arrancar coisa alguma da mão do Pai. O Pai e eu somos um”. Esta e várias outras frases nos deixam entrever algo deste mistério maior: “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14,9). “Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 10,38). Esta unidade entre Jesus e o Pai não é automática, mas é fruto da obediência: “Eu sempre faço o que o Pai me mostra que é para fazer” (Jo 8,29; 6,38; 17,4). “Meu alimento é fazer a vontade do Pai (Jo 4,34; 5,30). A carta aos hebreus diz que Jesus teve que aprender, através do sofrimento, o que é ser obediente (Hb 5,8). “Ele foi obediente até à morte, e morte de Cruz” (Fl 2,8). A obediência de Jesus não é disciplinar, mas é profética. Ele obedece para ser total transparência e, assim, ser revelação do Pai. Por isso, ele podia dizer: “Eu e o pai somos um!” Foi um longo processo de obediência e de encarnação que durou 33 anos. Começou com o Sim de Maria (Lc 1,38) e terminou com “Tudo está consumado!” (Jo 19,30).
4) Para um confronto pessoal
1) Minha obediência a Deus é disciplinar ou profética? Revelo algo de Deus ou só me preocupa com a minha própria salvação?
2) Jesus não se submeteu às exigências dos que queriam verificar se ele era mesmo o messias. Existe em mim algo desta atitude dominadora e inquisidora dos adversários de Jesus?
5) Oração final
Deus tenha pena de nós e nos abençoe, faça brilhar sobre nós a sua face. para que se conheça na terra o teu caminho, entre todos os povos a tua salvação. (66, 2-3)
Evangelho do Dia: A Porta...
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A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO- Com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, - Direto de Angra dos Reis/RJ, deixa para você um olhar sobre o Evangelho do dia. 9 de maio-2022.): 3º Domingo da Páscoa- Ano Litúrgico C. (Jo 10,1-10)
DIA DAS MÃES
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Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Celebramos no próximo dia 8 de maio, segundo domingo de maio, o Dia das Mães aqui no Brasil e em algumas partes do mundo. O Dia das Mães aqui no Brasil ocorre no mês de maio, que é o mês mariano por excelência e quando celebramos a memória de Nossa Senhora de Fátima. Maria é o exemplo de Mãe para todas as mães e, para nós, é importante que o Dia das Mães ocorra neste mês. Todas as mães devem se espelhar no exemplo de Maria como esposa e mãe que em tudo fez a vontade de Deus.
Atualmente, há muita inversão de valores, seja pela própria crise ideológica em que não querem mais festejar esse dia, seja porque, os filhos não respeitam as suas mães, não cuidam delas na velhice e acabam esquecendo de quem os colocou no mundo. Não devemos apenas nos lembrar das mães no Dia das Mães, mas durante todos os dias do ano. Não é somente nesse dia que devemos presentear as nossas mães, mas devemos nos fazer presentes todos os dias na vida delas.
Nesse Dia das Mães, procuremos ir à celebração Eucarística com nossas mães. Se elas já faleceram, coloque o nome delas em intenção na missa. Se elas ainda estão vivas, encontrem-se com as suas mães, façam uma refeição em família, especialmente com suas mães, ou se não for possível porque resida distante, façam um telefonema ou uma chamada de vídeo pelo aplicativo do celular. O importante é não esquecer da data. É claro que o Dia das Mães é todos os dias, não somente nesse dia, essa data é mais comercial, mas é a oportunidade de agradecer a presença de nossas mães junto de nós. Faz parte de nossa psicologia humana o relacionamento com nossas mães. Mesmo na falta delas somos chamados a encontrar caminhos para compensar esse relacionamento.
As mães são muito importantes para nós, pois nos deram a vida e cuidaram de nós e sempre que precisarmos, estarão dispostas a cuidar de nós. Mesmo que os filhos saiam de casa por algum motivo, seja casamento ou morar sozinhos e não dê certo e desejam voltar para casa, as mães são as primeiras a acolher os filhos de volta de braços abertos. Por isso, as mães são de grande importância na vida dos filhos. Mesmo na velhice, na hora da dificuldade, os filhos clamam por suas mães.
Quando rezamos o terço, oferecemos rosas para Nossa Senhora, podemos durante o mês de maio rezar o terço e colocar como intenção de todas as nossas mães e assim, em cada ave-maria, oferecer rosas para elas, também. Esse é o maior e melhor presente que podemos oferecer para nossas mães, rezar por elas e agradecê-las por nos ter dado a vida.
Convivemos nos últimos dois anos com a pandemia da Covid-19, e não pudemos estar presentes como queríamos com nossas mães nesse dia dedicado a elas. Esse ano, com a pandemia um pouco mais tranquila, é a oportunidade de estarmos com elas, levarmos elas para almoçar em algum lugar ou reunir a família em casa. Reunir com elas, sobretudo, como forma de agradecer a presença delas em nossa vida.
As mulheres são mães duas vezes, ou seja, mães e avós. Deus concedeu essa graça às mulheres. Que ensinemos aos nossos filhos a respeitarem as avós. Normalmente, são as avós que ensinam as primeiras orações aos netos, pois ficam com os netos enquanto os filhos trabalham. As avós desempenham um papel importante na vida dos netos. Que nesse Dia das Mães, os netos também possam estar com as avós e agradecer a presença delas em suas vidas.
Algumas mães partem cedo para a vida eterna, por isso, temos que aproveitar cada minuto enquanto elas estão ao nosso lado, dizer que amamos a nossa mãe enquanto estamos aqui com elas, para que depois não seja tarde demais. Não colocar as nossas mães em casa de repouso e esquecer delas, mas cuidar delas até o último momento. O próprio mandamento da lei de Deus diz que devemos honrar pai e mãe e isso se dá até a velhice.
Peçamos que Nossa Senhora, a Virgem de Fátima, proteja e abençoe todas as mães e que a exemplo da Virgem Maria as mães guardem tudo e meditem em seu coração. Que as mulheres e mães dos dias de hoje sofram menos violência e sejam mais respeitadas por seus filhos e maridos. As mães devem ser amadas e respeitadas e, ao invés de levantar as mãos para elas, devemos antes de tudo oferecer carinho e amor para elas.
Tem muitas mulheres que são mães espirituais, pois cuidam de tantas pessoas com o carinho materno. Lembremos também da presença feminina na vida das pessoas necessitadas. As mulheres demoraram para conseguir o seu espaço na sociedade, como emprego, direito a voto, entre outros. Permitamos que elas continuem com esse espaço na sociedade e que enquanto elas trabalham fora, os filhos e marido cuidem da casa.
Muitas mulheres são pais e mães, ou seja, cuidam da casa e dos filhos sozinhas, se desdobram para que tudo corra bem. Que os filhos reconheçam o esforço dessas mães e sejam reconhecidas nesse dia.
Valorize a sua mãe, esteja junto com ela, faça com que esta data para ela seja uma data alegre e feliz, e que ela se orgulhe de ter você como filho e você tenha orgulho de tê-la como mãe. Antes de comprar presente, faça-se presente na vida dela, essa é melhor forma de gesto e carinho que podemos oferecer as nossas mães.
Que Deus abençoe todas as mães e famílias do Brasil inteiro, para que sempre possam estar unidas pelo amor, se amando e se respeitando a cada dia. Amém.
Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós. Fonte: https://www.cnbb.org.br
A depressão num país deprimido
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A depressão num país deprimido
O alto índice da doença entre os brasileiros não terá relação direta com as estruturas políticas hojedeprimidas?
Flávio Tavares, O Estado de S.Paulo
O aumento dos casos de depressão no Brasil (que os especialistas qualificam como assustador) mostra algo que deveria ser entendido – ou resolvido – pela sociedade inteira, não apenas pelos diretamente afetados. Pesquisa recente do Ministério da Saúde nas 26 capitais estaduais e em Brasília aponta que mais de 11% dos brasileiros sofrem de depressão. A cifra supera, inclusive, os afetados por diabetes, que nos últimos anos aparecia como doença em avassaladora expansão.
Não busco substituir-me à psicanálise ou aos psicanalistas nem ser um panfletário Freud perscrutando os desvãos do inconsciente. Tento apenas chamar a atenção para as causas sociais de um distúrbio provocado, também, pelo ambiente cotidiano.
Sim, pois estamos cercados pelas atraentes e perigosas quinquilharias da sociedade de consumo. Não foi ao acaso que a pesquisa constatou que o endividamento pessoal tornou-se a principal causa da depressão, afetando mais do que tudo as mulheres. A compulsão por comprar “todas as novidades” – até as inalcançáveis – afeta todas as classes sociais, mas tem crescido nos setores médios, superando em muito os orçamentos domésticos.
Em consequência, surge o endividamento familiar e as dívidas crescem com os escorchantes juros bancários.
Os endividados buscam aliviar-se do peso da dívida e passam a beber, numa (falsa, mas habitual) tentativa de fugir do problema. O arco perigoso se completa, então, e surge o alcoolismo, estimulado pela tonitruante propaganda para consumir cerveja e similares. Com outros ingredientes, repete-se a situação dos anos 1930-1970 em que fumar era visto como elegante e de bom tom. Quando o cancioneiro argentino arrebatava o mundo ocidental, surgiu até um tango que pregava “fumar é um prazer”.
A pretendida e falsa fuga do endividamento através da bebida abre portas para os estados depressivos gerados pelo alcoolismo. O torpor típico dos deprimidos, que passam na cama todo tempo possível, agrava o quadro pela falta de exercícios físicos.
A pesquisa constatou, ainda, que as mulheres – aparentemente por problemas hormonais – têm o dobro do risco dos homens para desenvolverem a depressão.
A pandemia agravou e expandiu o quadro geral da depressão ao restringir a convivência e o contato pessoal. O distanciamento e o “trabalho em casa” nos protegem da covid-19, mas geram, igualmente, a solidão que alimenta o deprimido.
Hoje, especialmente nas grandes cidades, os psicanalistas vêm constatando um forte aumento dos casos de depressão entre os adolescentes. A vida tensa nas grandes cidades é uma das faces do problema, ao qual se juntam outros criados pela competição desenfreada da sociedade de consumo, em que, desde tenra idade, somos levados até a esmagar e destruir o outro para “vencer na vida”.
Trata-se, inclusive, da perda total da visão cristã que manda “amar ao próximo como a ti mesmo”. A ânsia de vencer passou a dominar a própria vida, não só o desporto, que é competição em si. Chegamos a competir conosco mesmos, gerando angústias que acabam em depressão.
Desconheço se a situação se resume ao Brasil ou se é, como penso, um fenômeno mundial gerado (ou agravado) pela ansiedade de consumir.
Entre nós, tudo cresceu a partir de janeiro de 2019, quando os atos iniciais do novo governo federal mostraram a confusa balbúrdia que aumentou nos tempos seguintes. As armas passaram a ter prioridade sobre o amor. Armai-vos uns aos outros substituiu o preceito que os Evangelhos resumem no “amai-vos uns aos outros”.
Em paralelo ao quadro geral de incentivo ao ódio, surgiu a pandemia, com o presidente da República desmobilizando a população nos cuidados com o novo coronavírus, que Jair Bolsonaro chamava de “gripezinha” sem importância.
Armou-se no País, desde então, uma situação de medo geral, quase pânico, com o presidente da República inventando, até, que a vacinação anticovid provocava aids.
A sucessão de disparates verbais veio acompanhada de um crescente aumento de preços dos bens essenciais de consumo, dos alimentos aos combustíveis. O índice geral de preços cresce a cada dia, tal qual o desemprego, que chega a mais de 11 milhões de brasileiros, mais que o dobro da população do Uruguai.
O fantasma da inflação reaparece como se fosse maldição da qual não podemos fugir. No recente 1.º de maio, porém, o Dia do Trabalho nada reivindicou aos trabalhadores nem expôs as penúrias do desemprego. Grupos bolsonaristas se concentraram nas ruas pedindo a dissolução do Supremo Tribunal Federal e a intervenção militar. Ou seja, reivindicaram a ditadura, num absurdo dos absurdos.
Não será isso – indago – uma inusitada forma de depressão generalizada, que abarca até o ambiente político, num país em que os partidos se transformaram em meros aglomerados de pessoas em busca de poder pessoal ou de negociatas? O alto índice de depressão não terá relação direta com as estruturas políticas hoje deprimidas?
* JORNALISTA E ESCRITOR, PRÊMIO JABUTI DE LITERATURA 2000 E 2005, PRÊMIO APCA 2004, É PROFESSOR APOSENTADO DA UnB. Fonte: https://opiniao.estadao.com.br
Quinta-feira, 05 de abril-2022. 3ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus eterno e onipotente, que nestes dias vos mostrais tão generoso, dai-nos sentir mais de perto o vosso amor paterno para que, libertados das trevas do erro, sigamos com firmeza a luz da verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 6, 44-51)
Naquele tempo, disse Jesus às multidões: 44Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrair. E eu o ressuscitarei no último dia. 45Está escrito nos Profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o ensinamento do Pai e o aprendeu vem a mim. 46Ninguém jamais viu o Pai, a não ser aquele que vem de junto de Deus: este viu o Pai. 47Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê, tem a vida eterna. 48Eu sou o pão da vida. 49Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. 50Aqui está o pão que desce do céu, para que não morra quem dele comer. 51“Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, entregue pela vida do mundo”.
3) Reflexão
Até agora, o diálogo era entre Jesus e o povo. Daqui para a frente, os líderes judeus começam a entrar na conversa, e a discussão se torna mais tensa.
João 6,44-46: Quem se abre para Deus, aceita Jesus e a sua proposta. A conversa torna-se mais exigente. Agora são os judeus, os líderes do povo, que murmuram: "Esse não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como é que ele pode dizer que desceu do céu?" (Jo 6,42) Eles pensavam conhecer as coisas de Deus. Na realidade, não as conheciam. Se fossem realmente abertos e fiéis a Deus, sentiriam dentro de si o impulso de Deus atraindo-os para Jesus e reconheceriam que Jesus vem de Deus, pois está escrito nos Profetas: 'Todos serão instruídos por Deus'. Todo aquele que escuta o Pai e recebe sua instrução vem a mim.
João 6,47-50: Vossos pais comeram o maná e morreram. Na celebração da páscoa, os judeus lembravam o pão do deserto. Jesus os ajuda a dar um passo. Quem celebra a páscoa, lembrando só o pão que os pais comeram no passado, vai acabar morrendo como todos eles! O verdadeiro sentido da Páscoa não é lembrar o maná que caiu do céu, mas sim aceitar Jesus como o novo Pão da Vida e seguir pelo caminho que ele ensinou. Agora já não se trata de comer a carne do cordeiro pascal, mas sim de comer a carne de Jesus, para que não pereça quem dele comer, mas tenha a vida eterna!
João 6,51: Quem comer deste pão viverá eternamente. E Jesus termina dizendo: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha a vida." Em vez do maná e em vez do cordeiro pascal do primeiro êxodo, somos convidados e comer o novo maná e o novo cordeiro pascal que é o próprio Jesus que se entregou na Cruz pela vida de todos.
O novo Êxodo. A multiplicação dos pães aconteceu perto da Páscoa (Jo 6,4). A festa da páscoa era a memória perigosa do Êxodo, a libertação do povo das garras do faraó. Todo o episódio narrado neste capítulo 6 do evangelho de João tem um paralelo nos episódios relacionados com a festa da páscoa, tanto com a libertação do Egito quanto com a caminhada do povo no deserto em busca da terra prometida. O Discurso do Pão da Vida, feito na sinagoga de Cafarnaum, está relacionado com o capítulo 16 do livro do Êxodo que fala do Maná. Vale a pena ler todo este capítulo 16 de Êxodo. Percebendo as dificuldades do povo no deserto, podemos compreender melhor os ensinamentos de Jesus aqui no capítulo 6 do evangelho de João. Por exemplo, quando Jesus fala de “um alimento que perece” (Jo 6,27) ele está lembrando o maná que estragava e perecia (Ex 16,20). Da mesma forma, quando os judeus “murmuram” (Jo 6,41), eles fazem a mesma coisa que os israelitas faziam no deserto, quando duvidavam da presença de Deus no meio deles durante a travessia (Ex 16,2; 17,3; Nm 11,1). A falta de alimentos fazia com que o povo duvidasse de Deus e começasse a murmurar contra Moisés e contra Deus. Aqui também os judeus duvidam da presença de Deus em Jesus de Nazaré e começam a murmurar (Jo 6,41-42).
4) Para um confronto pessoal
1) A eucaristia me ajuda a viver em estado permanente de Êxodo? Estou conseguindo?
2) Quem é aberto para a verdade encontra em Jesus a resposta. Hoje, muita gente se afasta e já não encontra a resposta. Culpa de quem? Das pessoas que não quer escutar? Ou de nós cristãos que não sabemos apresentar o evangelho como uma mensagem de vida?
5) Oração final
Vinde e escutai, vós todos que temeis a Deus, porque quero narrar-vos o que ele fez para mim. A ele gritei com minha boca e a minha língua o exaltou. (Sl 65, 16-17)
Quarta-feira, 04 de maio-2022. 3ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Permanecei, ó Pai, com vossa família e, na vossa bondade, fazei que participem eternamente da ressurreição do vosso Filho aqueles a quem destes a graça da fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 6, 35-40)
Naquele tempo, 35disse Jesus às multidões: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede. 36Contudo, eu vos disse que me vistes, mas não credes. 37Todo aquele que o Pai me dá, virá a mim, e quem vem a mim eu não lançarei fora, 38porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 39E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. 40Esta é a vontade do meu Pai: quem vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia”.
3) Reflexão
João 6,35-36: Eu sou o pão da vida. Entusiasmado com a perspectiva de ter o pão do céu de que falava Jesus e que dá vida para sempre (Jo 6,33), o povo pede: "Senhor, dá nos sempre desse pão!" (Jo 6,34). Pensavam que Jesus estivesse falando de um pão especial. Por isso, interesseiramente pede: “Dá-nos sempre desse pão!” Este pedido do povo faz lembrar a conversa de Jesus com a Samaritana. Jesus tinha dito que ela poderia ter dentro de si a fonte de água que brota para a vida eterna, e ela interesseiramente pedia: "Senhor, dá-me dessa água!" (Jo 4,15). A Samaritana não percebeu que Jesus não estava falando da água material. Da mesma maneira, o povo não se deu conta de que Jesus não estava falando do pão material. Por isso, Jesus responde bem claramente: "Eu sou o pão da vida! Quem vem a mim não terá mais fome, e quem acredita em mim nunca mais terá sede”. Comer o pão do céu é o mesmo que crer em Jesus. É crer que ele veio do céu como revelação do Pai. É aceitar o caminho que ele ensinou. Mas o povo, apesar de estar vendo Jesus, não acredita nele. Jesus percebe a falta de fé e diz: “Vocês me vêem, mas não acreditam”.
João 6,37-40: Fazer a vontade daquele que me enviou. Depois da conversa com a Samaritana, Jesus tinha dito aos discípulos: "O meu alimento é fazer a vontade do Pai que está no céu!" (Jo 4,34). Aqui, na conversa com o povo a respeito do pão do céu, Jesus toca no mesmo assunto: “Eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, e sim para fazer a vontade daquele que me enviou. E a vontade daquele que me enviou é esta: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas que eu os ressuscite no último dia. Sim, esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele acredita, tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” Este é o alimento que o povo deve buscar: fazer a vontade do Pai do céu. É este o pão que sustenta a pessoa na vida e lhe dá rumo. Aí começa a vida eterna, vida que é mais forte que a morte! Se estivessem realmente dispostos a fazer a vontade do Pai, não teriam dificuldade em reconhecer o Pai presente em Jesus.
João 6,41-43: Os judeus murmuram. O evangelho de amanhã começa com o versículo 44 (Jo 6,44-51) e salta os versículos 41 a 43. No versículo 41, começa a conversa com os judeus, que criticam Jesus. Damos aqui uma breve explicação do significado da palavra judeus no evangelho de João para evitar que uma leitura superficial alimente em nós cristãos o sentimento do anti-semitismo. Antes de tudo, é bom lembrar que Jesus era Judeu e continua sendo judeu (Jo 4,9). Judeus eram seus discípulos e discípulas. As primeiras comunidades cristãs eram todas de judeus que aceitavam Jesus como o Messias. Só depois, pouco a pouco, nas comunidades do Discípulo Amado, gregos e pagãos começam a ser aceitos em pé de igualdade com os judeus. Eram comunidades mais abertas. Mas tal abertura não era aceita por todos. Alguns cristãos vindos do grupo dos fariseus queriam manter a “separação” entre judeus e pagãos (At 15,5). A situação ficou mais crítica depois da destruição de Jerusalém no ano 70. Os fariseus se tornam a corrente religiosa dominante dentro do judaísmo e começam a definir as diretrizes religiosas para todo o povo de Deus: suprimir o culto em língua grega; adotar unicamente o texto bíblico em hebraico; definir a lista dos livros sagrados eliminando os livros que estavam só na tradução grega da Bíblia: Tobias, Judite, Ester; Baruc, Sabedoria, Eclesiástico e os dois livros dos Macabeus; segregar os estrangeiros; não comer nenhuma comida, suspeita de impureza ou de ter sido oferecida aos ídolos. Todas estas medidas assumidas pelos fariseus repercutiam nas comunidades dos judeus que aceitavam Jesus como Messias. Estas comunidades já tinham caminhado muito. A abertura para os pagãos era irreversível. A Bíblia em grego já era usada há muito tempo. Não podiam voltar atrás. Assim, lentamente, cresce um distanciamento mútuo entre cristianismo e judaísmo. As autoridades judaicas nos anos 85-90 começam a discriminar os que continuavam aceitando Jesus de Nazaré como Messias (Mt 5, 11-12; 24,9-13). Quem teimava em permanecer na fé em Jesus era expulso da sinagoga (Jo 9,34) . Muitos das comunidades cristãs sentiam medo desta expulsão (Jo 9,22), já que significava perder o apoio de uma instituição forte e tradicional como a sinagoga. Os que eram expulsos perdiam os privilégios legais que os judeus tinham conquistado ao longo dos séculos dentro do império. As pessoas expulsas perdiam até a possibilidade de ter um enterro decente. Era um risco muito grande. Esta situação conflituosa do fim do primeiro século repercute na descrição do conflito de Jesus com os fariseus. Quando o evangelho de João fala em judeus não está falando do povo judeu como tal, mas está pensando muito mais naquelas poucas autoridades farisaicas que estavam expulsando os cristãos das sinagogas nos anos 85-90, época em que o evangelho foi escrito. Não podemos permitir que esta afirmações sobre os façam crescer o anti-semitismo entre os cristãos.
4) Para um confronto pessoal
1) Anti-semitismo: olhe bem dentro de você e arranque qualquer resto de anti-semitismo.
2) Comer o pão do céu é crer em Jesus. Como isto me ajuda a viver melhor a eucaristia?
5) Oração final
Aclamai a Deus, terra inteira, cantai hinos à glória do seu nome; dai glória em seu louvor. Dizei a Deus: “Como são estupendas as tuas obras! pela grandeza da tua força teus adversários se curvam diante de ti”. (Sl 65, 1-3)
Manipulação religiosa e fake news são ameaças ao processo eleitoral, diz CNBB
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BRASILIA, 29 abr. 22 / 03:24 pm (ACI).- Por ocasião do fim da etapa virtual da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a entidade divulgou a tradicional mensagem ao povo brasileiro. O texto recorda as eleições deste ano e afirma que “o cenário é de incertezas e radicalismos, mas, potencialmente carregado de esperança”. Além disso, diz que “duas ameaças merecem atenção especial”: a manipulação religiosa e a fake news.
A mensagem é assinada pelo arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, por dom Walmor Oliveira de Azevedo, pelo arcebispo de Porto Alegre (RS) e primeiro vice-presidente da entidade, dom Jaime Spengler, pelo arcebispo nomeado de Cuiabá (RS) e segundo vice-presidente, dom Mário Antônio da Silva, e pelo bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado.
A mensagem afirma que o Brasil passa por uma “complexa e sistêmica crise ética, econômica, social e política”, que foi acentuada com a pandemia de covid-19. Neste âmbito, a CNBB espera que os governantes “promovam grandes e urgentes mudanças, em harmonia com os poderes da República, atendo-se aos princípios e aos valores da Constituição de 1988”.
A mensagem ainda toca no processo eleitoral deste ano, que segundo a entidade está envolto “de incertezas e radicalismos, mas, potencialmente carregado de esperança”. A CNBB chama atenção para as ameaças ao pleito e faz um apelo pela democracia.
“Tentativas de ruptura da ordem institucional, hoje propagadas abertamente, buscam colocar em xeque a lisura do processo eleitoral e a conquista irrevogável do voto. Tumultuar o processo político, fomentar o caos e estimular ações autoritárias não são, em definitivo, projeto de interesse do povo brasileiro”, afirma a entidade.
Além disso, afirma que há a ameaça da “manipulação religiosa, protagonizada tanto por alguns políticos como por alguns religiosos, que coloca em prática um projeto de poder sem afinidade com os valores do Evangelho de Jesus Cristo”, e das fake news, que “modificam a vontade popular, afrontam a democracia e viabilizam, fraudulentamente, projetos orquestrados de poder”.
Acompanhe o texto da mensagem na íntegra:
MENSAGEM AO POVO BRASILEIRO
59ª. Assembleia Geral da CNBB
“A esperança não decepciona” (Rm 5,5).
Guiados pelo Espírito Santo e impulsionados pela Ressurreição do Senhor, unidos ao Papa Francisco, nós, bispos católicos, em comunhão e unidade, reunidos para a primeira etapa da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, de modo on-line e com a representação de diversos organismos eclesiais, dirigimos ao povo brasileiro uma mensagem de fé, esperança e corajoso compromisso com a vida e o Brasil.
Enche o nosso coração de alegria perceber a explosão de solidariedade, que tem marcado todo o País na luta pela superação do flagelo sanitário e social da COVID-19. A partilha de alimentos, bens e espaços, a assistência a pessoas solitárias e a dedicação incansável dos profissionais de saúde são apenas alguns exemplos de incontáveis ações solidárias. Gestores de saúde e agentes públicos, diante de um cenário de medo e insegurança, foram incansáveis e resilientes. O Sistema Único de Saúde-SUS mostrou sua fundamental importância e eficácia para a proteção social dos brasileiros. A consciência lúcida da necessidade dos cuidados sanitários e da vacinação em massa venceu a negação de soluções apresentadas pela ciência. Contudo, não nos esquecemos da morte de mais de 660.000 pessoas e nos solidarizamos com as famílias que perderam seus entes queridos, trazendo ambas em nossas preces.
Agradecemos ainda, de modo particular às famílias e outros agentes educativos, que não se descuidaram da educação das crianças, adolescentes, jovens e adultos, apesar de todas as dificuldades. Com certeza, a pandemia teria consequências ainda mais devastadoras, se não fosse a atuação das famílias, educadores e pessoas de boa vontade, espírito solidário e abnegado. A Campanha da Fraternidade 2022 nos interpela a continuar a luta pela educação integral, inclusiva e de qualidade.
A grave crise sanitária encontrou o nosso País envolto numa complexa e sistêmica crise ética, econômica, social e política, que já nos desafiava bem antes da pandemia, escancarando a desigualdade estrutural enraizada na sociedade brasileira. A COVID-19, antes de ser responsável, acentuou todas essas crises, potencializando-as, especialmente na vida dos mais pobres e marginalizados.
O quadro atual é gravíssimo. O Brasil não vai bem! A fome e a insegurança alimentar são um escândalo para o País, segundo maior exportador de alimentos no mundo, já castigado pela alta taxa de desemprego e informalidade. Assistimos estarrecidos, mas não inertes, os criminosos descuidos com a Terra, nossa casa comum. Num sistema voraz de “exploração e degradação” notam-se a dilapidação dos ecossistemas, o desrespeito com os direitos dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, a perseguição e criminalização de líderes socioambientais, a precarização das ações de combate aos crimes contra o meio ambiente e projetos parlamentares desastrosos contra a casa comum.
Tudo isso desemboca numa violência latente, explícita e crescente em nossa sociedade. A crueldade das guerras, que assistimos pelos meios de comunicação, pode nos deixar anestesiados e desapercebidos do clima de tensão e violência em que vivemos no campo e nas cidades. A liberação e o avanço da mineração em terras indígenas e em outros territórios, a flexibilização da posse e do porte de armas, a legalização do jogo de azar, o feminicídio e a repulsa aos pobres, não contribuem para a civilização do amor e ferem a fraternidade universal.
Diante deste cenário, esperamos que os governantes promovam grandes e urgentes mudanças, em harmonia com os poderes da República, atendo-se aos princípios e aos valores da Constituição de 1988, já tão desfigurada por meio de Projetos de Emendas Constitucionais. Não se permita a perda de direitos dos trabalhadores e dos pobres, grande maioria da população brasileira. A lógica do confronto que ameaça o estado democrático de direito e suas instituições, transforma adversários em inimigos, desmonta conquistas e direitos consolidados, fomenta o ódio nas redes sociais, deteriora o tecido social e desvia o foco dos desafios fundamentais a serem enfrentados.
Nesse contexto, iremos este ano às urnas. O cenário é de incertezas e radicalismos, mas, potencialmente carregado de esperança. Nossas escolhas para o Executivo e o Legislativo determinarão o projeto de nação que desejamos. Urge o exercício da cidadania, com consciente participação política, capaz de promover a “boa política”, como nos diz o Papa Francisco. Necessitamos de uma política salutar, que não se submeta à economia, mas seja capaz de reformar as instituições, coordená-las e dotá-las de bons procedimentos, como as conquistas da Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar 135 de 2010, que afasta do pleito eleitoral candidatos condenados em decisões colegiadas, e da Lei 9.840 de 1999, que criminaliza a compra de votos. Não existe alternativa no campo democrático fora da política com a ativa participação no processo eleitoral.
Tentativas de ruptura da ordem institucional, hoje propagadas abertamente, buscam colocar em xeque a lisura do processo eleitoral e a conquista irrevogável do voto. Tumultuar o processo político, fomentar o caos e estimular ações autoritárias não são, em definitivo, projeto de interesse do povo brasileiro. Reiteramos nosso apoio às Instituições da República, particularmente aos servidores públicos, que se dedicam em garantir a transparência e a integridade das eleições.
Duas ameaças merecem atenção especial. A primeira é a manipulação religiosa, protagonizada tanto por alguns políticos como por alguns religiosos, que coloca em prática um projeto de poder sem afinidade com os valores do Evangelho de Jesus Cristo. A autonomia e independência do poder civil em relação ao religioso são valores adquiridos e reconhecidos pela Igreja e fazem parte do patrimônio da civilização ocidental. A segunda é a disseminação das fake news, que através da mentira e do ódio, falseia a realidade. Carregando em si o perigoso potencial de manipular consciências, elas modificam a vontade popular, afrontam a democracia e viabilizam, fraudulentamente, projetos orquestrados de poder. É fundamental um compromisso autêntico com a verdade e o respeito aos resultados nas eleições. A democracia brasileira, ainda em construção, não pode ser colocada em risco.
Conclamamos toda a sociedade brasileira a participar das eleições e a votar com consciência e responsabilidade, escolhendo projetos representados por candidatos e candidatas comprometidos com a defesa integral da vida, defendendo-a em todas as suas etapas, desde a concepção até a morte natural. Que também não negligenciem os direitos humanos e sociais, e nossa casa comum onde a vida se desenvolve. Todos os cristãos somos chamados a preocuparmo-nos com a construção de um mundo melhor, por meio do diálogo e da cultura do encontro, na luta pela justiça e pela paz.
Agradecemos os muitos gestos de solidariedade de nossas comunidades, por ocasião da pandemia e dos desastres ambientais. Encorajamos as organizações e os movimentos sociais a continuarem se unindo em mutirão pela vida, especialmente por terra, teto e trabalho. Convidamos a todos, irmãos e irmãs, particularmente a juventude, a deixarem-se guiar pela esperança e pelo desejo de uma sociedade justa e fraterna. Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, obtenha de Deus as bênçãos para todos nós. Fonte: https://www.acidigital.com
Evangelho Dominical: 3º Domingo da Páscoa (1º de maio-2022)
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A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO- Com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm- Direto do Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ, deixa para você um olhar sobre o Evangelho desde domingo, 1º de maio-2022.): 3º Domingo da Páscoa- Ano Litúrgico C. (Jo 21,1-19)
1º DE MAIO: Hoje é a festa de São José Operário, padroeiro dos trabalhadores
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Hoje, 1º de maio, a Igreja celebra a festa de são José Operário, padroeiro dos trabalhadores, coincidindo com o Dia Mundial do Trabalho. Esta celebração litúrgica foi instituída em 1955 pelo papa Pio XII, diante de um grupo de trabalhadores reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano.
Naquela ocasião, o papa pediu que “o humilde operário de Nazaré, além de encarnar diante de Deus e da Igreja a dignidade do trabalho manual, seja também o providente guardião de vocês e suas famílias”.
Pio XII desejou que o santo custódio da Sagrada Família “seja para todos os trabalhadores do mundo, especial protetor diante de Deus e escudo para proteger e defender nas penalidades e nos riscos de trabalho”.
Por sua vez, João Paulo II, em sua encíclica “Laborem Exercens”, sublinhou que, “mediante o trabalho, o homem não somente transforma a natureza, adaptando-a às suas próprias necessidades, mas também se realiza a si mesmo como homem e até, num certo sentido, ‘se torna mais homem’”.
Mais tarde, no Jubileu dos Trabalhadores, em 2000, o papa da família disse: “Queridos trabalhadores, empresários, cooperadores, homens da economia: uni os vossos braços, as vossas mentes e os vossos corações a fim de contribuir para a construção de uma sociedade que respeite o homem e o seu trabalho”.
“O homem vale pelo que é e não pelo que possui. Tudo o que se realiza ao serviço de uma justiça maior, de uma fraternidade mais ampla e de uma ordem mais humana nas relações sociais conta muito mais do que qualquer progresso no âmbito técnico”, acrescentou.
Oração a são José Operário
Glorioso são José, modelo de todos os que se dedicam ao trabalho, obtende-me a graça de trabalhar com espírito de penitência para expiação de meus numerosos pecados;
De trabalhar com consciência, pondo o culto do dever acima de minhas inclinações;
De trabalhar com recolhimento e alegria, olhando como uma honra empregar e desenvolver pelo trabalho os dons recebidos de Deus;
De trabalhar com ordem, paz, moderação e paciência, sem nunca recuar perante o cansaço e as dificuldades;
De trabalhar, sobretudo com pureza de intenção e com desapego de mim mesmo, tendo sempre diante dos olhos a morte e a conta que deverei dar do tempo perdido, dos talentos inutilizados, do bem omitido e da vã complacência nos sucessos, tão funesta à obra de Deus!
Tudo por Jesus, tudo por Maria, tudo à vossa imitação, oh, patriarca são José! Tal será a minha divisa na vida e na morte. Amém. Fonte: https://www.acidigital.com
Sexta-feira, 29 de abril-2022. 2ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Concedei. ó Deus, aos vossos servos a graça da ressurreição, pois quisestes que o vosso Filho sofresse por nós o sacrifício da cruz para nos libertar do poder do inimigo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 6, 1-15)
Naquele tempo, 1Jesus foi para o outro lado do mar da GaliléEa, ou seja, de Tiberíades. 2Uma grande multidão o seguia, vendo os sinais que ele fazia a favor dos doentes. 3Jesus subiu a montanha e sentou-se lá com os seus discípulos. 4Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. 5Levantando os olhos e vendo uma grande multidão que vinha a ele, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que estes possam comer?” 6Disse isso para testar Filipe, pois ele sabia muito bem o que ia fazer. 7Filipe respondeu: “Nem duzentos denários de pão bastariam para dar um pouquinho a cada um”. 8Um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse: 9“Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas, que é isso para tanta gente?” 10Jesus disse: “Fazei as pessoas sentar- se”. Naquele lugar havia muita relva, e lá se sentaram os homens em número de aproximadamente cinco mil. 11Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. 12Depois que se fartaram, disse aos discípulos: “Juntai os pedaços que sobraram, para que nada se perca!” 13Eles juntaram e encheram doze cestos, com os pedaços que sobraram dos cinco pães de cevada que comeram. 14À vista do sinal que Jesus tinha realizado, as pessoas exclamavam: “Este é verdadeiramente o profeta, aquele que deve vir ao mundo”. 15Quando Jesus percebeu que queriam levá-lo para proclamá-lo rei, novamente se retirou sozinho para a montanha.
3) Reflexão
Hoje começa a leitura do capítulo 6 do evangelho de João que se prolongará por vários dias. Sinal da importância deste capítulo para a vivência da nossa fé. O capítulo 6 traz dois sinais ou milagres: a multiplicação dos pães (Jo 6,1-15) e a caminhada sobre as águas (Jo 6,16-21). Em seguida, traz o longo diálogo sobre o Pão da Vida (Jo 6,22-71). João situa o fato perto da festa de Páscoa (Jo 6,4). O enfoque central é o confronto entre a antiga Páscoa do Êxodo e a nova Páscoa que se realiza em Jesus. O diálogo sobre o pão da vida vai esclarecer a nova páscoa que se realiza em Jesus.
João 6,1-4: A situação. Na antiga páscoa, o povo atravessou o Mar Vermelho. Na nova páscoa, Jesus atravessa o Mar da Galileia. Uma grande multidão seguia a Moisés. Uma grande multidão segue Jesus neste novo êxodo. No primeiro êxodo, Moisés subiu a Montanha. Jesus, o novo Moisés, também sobe à montanha. O povo seguia Moisés que realizou grandes sinais. O povo segue a Jesus porque tinha visto os sinais que ele fazia para os doentes.
João 6,5-7: Jesus e Filipe. Vendo a multidão, Jesus confronta os discípulos com a fome do povo e pergunta a Filipe: "Onde vamos comprar pão para esse povo poder comer?" No primeiro êxodo, Moisés tinha conseguido alimento para o povo faminto. Jesus, o novo Moisés, irá fazer a mesma coisa. Mas Filipe, em vez de olhar a situação à luz da Escritura, olhava a situação com os olhos do sistema e respondeu: "Duzentos denários não bastam!" Um denário era o salário mínimo de um dia. Filipe constata o problema e reconhece a sua total incapacidade para resolvê-lo. Faz o lamento, mas não apresenta nenhuma solução.
João 6,8-9: André e o menino. André, em vez de lamentar, busca solução. Ele encontra um menino com cinco pães e dois peixes. Cinco pães de cevada e dois peixes eram o sustento diário do pobre. O menino entrega o seu sustento! Ele poderia ter dito: "Cinco pães e dois peixes, o que é isso para tanta gente? Não vai dar para nada! Vamos partilhá-los aqui entre nós com duas ou três pessoas!" Em vez disso, ele teve a coragem de entregar os cinco pães e os dois peixes para alimentar 5000 pessoas (Jo 6,10)! Quem faz isso, ou é louco ou tem muita fé, acreditando que, por amor a Jesus, todos se disponham a partilhar sua comida como fez o menino!
João 6,10-11: A multiplicação . Jesus pede para o povo se acomodar na grama. Em seguida, multiplicou o sustento, a ração do pobre. Diz o texto: "Jesus tomou os pães e, depois de ter dado graças, distribuiu-os aos presentes, assim como os peixes, tanto quanto queriam!" Com esta frase, escrita no ano 100 depois de Cristo, João evoca o gesto da Última Ceia (1Cor 11,23-24). A Eucaristia, quando celebrada como deve, levará as pessoas à partilha como levou o menino a entregar seu sustento para ser partilhado.
João 6,12-13: A sobra dos doze cestos. O número doze evoca a totalidade do povo com suas doze tribos. João não informa se sobrou algo dos peixes. O que interessa a ele é evocar o pão como símbolo da Eucarística. O evangelho de João não tem a descrição da Ceia Eucarística, mas descreve a multiplicação dos pães como símbolo do que deve acontecer nas comunidades através da celebração da Ceia Eucarística. Se entre os povos cristãos houvesse real partilha, haveria comida abundante para todos e sobrariam doze cestos para muitos outros povos!
João 6,14-15: Querem fazê-lo rei O povo interpreta o gesto de Jesus dizendo: "Esse é verdadeiramente o profeta que deve vir ao mundo!" A intuição do povo é correta. Jesus de fato é o novo Moisés, o Messias, aquele que o povo estava esperando (Dt 18,15-19). Mas esta intuição tinha sido desviada pela ideologia da época que queria um grande rei que fosse forte e dominador. Por isso, vendo o sinal, o povo proclama Jesus como Messias e avança para fazê-lo rei! Jesus percebendo o que ia acontecer, refugia-se sozinho na montanha. Não aceita esta maneira de ser messias e aguarda o momento oportuno para ajudar o povo a dar um passo.
4) Para um confronto pessoal
1) Diante do problema da fome no mundo, você age como Filipe, como André ou como o menino?
2) O povo queria um messias que fosse rei forte e poderoso. Hoje, muitos vão atrás de líderes populistas. O que o evangelho de hoje nos tem a dizer sobre isto?
5) Oração final
O SENHOR é minha luz e minha salvação; de quem terei medo? O SENHOR é quem defende a minha vida; a quem temerei? (Sl 26, 1)
Quinta-feira, 28 de abril-2022. 2ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei, ó Deus, que vejamos frutificar em toda a nossa vida as graças do mistério pascal, que instituístes na vossa misericórdia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 3, 31-36)
Naquele tempo, João Batista disse aos seus discípulos: 31Aquele que vem do alto está acima de todos. Quem é da terra, pertence à terra e fala coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos. 32Ele dá testemunho do que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. 33Quem aceita o seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. 34De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois ele dá o espírito sem medida. 35O Pai ama o Filho e entregou tudo em suas mãos. 36Aquele que crê no Filho tem a vida eterna. Aquele, porém, que se recusa a crer no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele.
3) Reflexão
No dia 12 de janeiro deste ano meditamos João 3,22-30, que traz o último testemunho de João Batista a respeito de Jesus. Era a resposta dada por ele aos seus discípulos, e na qual reafirmou que ele, João, não é o Messias mas apenas o precursor (Jo 3,28). Naquela ocasião, João disse aquela frase tão bonita que resume o seu testemunho: "É necessário que ele cresça e eu diminua!" Esta frase é o programa de todos e de todas que querem seguir Jesus.
Os versículos do evangelho de hoje são, novamente, um comentário do evangelista para ajudar as comunidades a entender melhor todo o alcance das coisas que Jesus fez e ensinou. Temos aqui uma outra amostra daqueles três fios de que falamos ontem.
João 3,31-33: Um refrão que sempre volta. Ao longo do evangelho de João, muitas vezes aparece o conflito entre Jesus e os judeus que contestam as palavras de Jesus. Jesus fala a partir do que ele ouve do Pai. Ele é total transparência. Os seus adversários, por não se abrirem para Deus e por se agarrarem nas suas próprias ideias aqui da terra, não são capazes de entender o significado profundo das coisas que Jesus vive, diz e faz. No fim, é este mal-entendido que vai levar os judeus a prender e condenar Jesus.
João 3,34: Jesus nos dá o Espírito sem medida. O evangelho de João usa muitas imagens e símbolos para significar a ação do Espírito. Como na criação (Gn 1,1), assim o Espírito desceu sobre Jesus "como uma pomba, vinda do céu" (Jo 1,32). É o começo da nova criação! Jesus fala as palavras de Deus e nos comunica o Espírito sem medida (Jo 3,34). Suas palavras são Espírito e vida (Jo 6,63). Quando Jesus se despediu, ele disse que ia enviar um outro consolador, um outro defensor, para ficar conosco. É o Espírito Santo (Jo 14,16-17). Através da sua paixão, morte e ressurreição, Jesus conquistou o dom do Espírito para nós. Através do batismo todos nós recebemos este mesmo Espírito de Jesus (Jo 1,33). Quando apareceu aos apóstolos, soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo!" (Jo 20,22). O Espírito é como água que jorra de dentro das pessoas que crêem em Jesus (Jo 7,37-39; 4,14). O primeiro efeito da ação do Espírito em nós é a reconciliação: "Aqueles a quem vocês perdoarem os pecados serão perdoados; aqueles aos quais retiverem, serão retidos" (Jo 20,23). O Espírito nos é dado para que possamos lembrar e entender o significado pleno das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,12-13). Animados pelo Espírito de Jesus podemos adorar a Deus em qualquer lugar (Jo 4,23-24). Aqui se realiza a liberdade do Espírito de que fala São Paulo: "Onde há o Espírito do Senhor, aí está a liberdade" (2Cor 3,17).
João 3,35-36: O Pai ama o filho. Reafirma a identidade entre o Pai e Jesus. O Pai ama o filho e entregou tudo em sua mão. São Paulo dirá que em Jesus habita a plenitude da divindade (Col 1,19; 2,9). Por isso, quem aceita Jesus e crê em Jesus ele já tem a vida eterna, pois Deus é vida. Quem recusa crer em Jesus se coloca a si mesmo do lado de fora.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus nos comunica o Espírito sem medida. Você teve ou tem alguma experiência desta ação do Espírito em sua vida?
2) Quem crê em Jesus tem a vida eterna. Como isto acontece hoje na vida das famílias e das comunidades?
5) Oração final
O SENHOR está perto de quem tem o coração ferido, salva os ânimos abatidos. Muitas são as desventuras do justo, mas de todas o SENHOR o livra. (Sl 33, 19-20)
Quarta-feira, 27 de abril-2022. 2ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Imploramos, ó Deus, a vossa clemência, ao recordar cada ano o mistério pascal que renova a dignidade humana, e nos traz a esperança de ressurreição: concedei-nos acolher com amor o que celebramos com fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 3, 16-21)
Naquele tempo Jesus disse a Nicodemos: 16De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. 17Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18Quem crê nele não será condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus. 19Ora, o julgamento consiste nisto: a luz veio ao mundo, mas as pessoas amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. 20Pois todo o que pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. 21Mas quem pratica a verdade se aproxima da luz, para que suas ações sejam manifestadas, já que são praticadas em Deus.
3) Reflexão
O evangelho de João é como um tecido, feito com três fios diferentes mas parecidos. Os três combinam tão bem entre si que, às vezes, não dá para perceber quando se passa de um fio para outro. 1. O primeiro fio são os fatos e as palavras de Jesus dos anos trinta, conservados pelas testemunhas oculares que guardaram as coisas que Jesus fez e ensinou. 2. O segundo fio são os fatos da vida das comunidades. A partir da sua fé em Jesus e convencidas da presença dele em seu meio, as comunidades iluminavam a sua caminhada com as palavras e os gestos de Jesus. Isto influenciou a descrição dos fatos. Por exemplo, o conflito das comunidades com os fariseus do fim do primeiro século marcou a maneira de descrever os conflitos de Jesus com os fariseus. 3. O terceiro fio são comentários feitos pelo evangelista. Em certas passagens, é difícil perceber quando Jesus deixa de falar e o próprio evangelista começa a tecer seus comentários. O texto do evangelho de hoje, por exemplo, é uma reflexão bonita e profunda do próprio evangelista a respeito da ação de Jesus. A gente quase nem percebe a diferença entre a fala de Jesus e a fala do evangelista. De qualquer maneira, tanto uma como outra, ambas são palavra de Deus.
João 3,16:: Deus amou o mundo. A palavra mundo é uma das palavras mais freqüentes no evangelho de João: 78 vezes! Ela tem vários significados. Em primeiro lugar mundo pode significar a terra, o espaço habitado pelos seres humanos (Jo 11,9; 21,25) ou mesmo o universo criado (Jo 17,5.24). Mundo também pode significar as pessoas que habitam esta terra, a humanidade toda (Jo 1,9; 3,16; 4,42; 6,14; 8,12). Pode significar ainda um grande grupo, um grupo numeroso de pessoas, no sentido quando falamos “todo mundo” (Jo 12,19; 14,27). Aqui no nosso texto a palavra mundo tem o sentido de humanidade, todo ser humano. Deus ama a humanidade de tal modo que chegou a entregar seu filho único. Quem aceita que Deus chega até nós em Jesus, este já passou pela morte e já tem a vida eterna.
João 3,17-19: O verdadeiro sentido do julgamento. A imagem de Deus que transparece nestes três versículos é de um pai cheio de ternura e não de um juiz severo. Deus mandou seu filho não para julgar e condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem crê em Jesus e o aceita como revelação de Deus não é julgado, pois já é aceito por Deus. E quem não crê em Jesus já está julgado. Ele se excluiu a si mesmo. E o evangelista repete o que já disse no prólogo: muitas pessoas não querem aceitar Jesus, porque a sua luz revela a maldade que nelas existe (cf. Jo 1,5.10-11).
João 3,20-21: Praticar a verdade. Existe em todo ser humano uma semente divina, um traço do Criador. Jesus, como revelação do Pai, é uma resposta a este desejo mais profundo do ser humano. Quem quer ser fiel ao mais profundo de si mesmo, aceitará Jesus. Difícil você encontrar uma visão ecumênica mais ampla do que o evangelho de João expressa nestes versículos.
Completando o significado da palavra mundo no Quarto Evangelho. Outras vezes, a palavra mundo significa aquela parte da humanidade que se opõe a Jesus e à sua mensagem. Aí a palavra mundo toma o sentido de “adversários” ou “opositores” (Jo 7,4.7; 8,23.26; 9,39; 12,25). Este mundo contrário à prática libertadora de Jesus é chefiado pelo Adversário ou Satã, também chamado de “príncipe deste mundo” (Jo 14,30; 16,11). Ele representa o império romano e, ao mesmo tempo, os líderes dos judeus que estão expulsando os seguidores e as seguidoras de Jesus das sinagogas. Este mundo persegue e mata as comunidades, trazendo tribulações aos fiéis (Jo 16,33). Jesus as libertará, vencendo o príncipe deste mundo (Jo 12,31). Assim, mundo significa uma situação de injustiça, de opressão, gerando ódio e perseguição contra as comunidades do Discípulo Amado. Os perseguidores são aquelas pessoas que estão no poder, os dirigentes, tanto do império quanto da sinagoga. Enfim, todos aqueles que praticam a injustiça usando para isto o nome do próprio Deus (Jo 16,2). A esperança que o evangelho dá para as comunidades perseguidas é que Jesus é mais forte que o mundo. Por isso ele diz: “No mundo tereis tribulações. Mas tende coragem: eu venci o mundo!” (Jo 16,33).
4) Para um confronto pessoal
1) Deus amou o mundo de tal modo que chegou a entregar seu próprio filho. Será que esta verdade já chegou a penetrar no mais profundo do meu eu, da minha consciência?
2) A realidade mais ecumênica que existe é a vida que Deus nos deu e pela qual Ele entregou seu próprio filho. Como vivo o ecumenismo no dia a dia da minha vida?
5) Oração final
Bendirei o SENHOR em todo tempo, seu louvor estará sempre na minha boca. Eu me glorio no SENHOR, ouçam os humildes e se alegrem. (Sl 33, 2-3)
Terça-feira, 26 de abril-2022. 2ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Fazei-nos, ó Deus todo-poderoso, proclamar o poder do Cristo ressuscitado, e, tendo recebido as primícias dos seus dons, consigamos possuí-los em plenitude. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 3, 7b-15)
Naquele tempo Jesus disse a Nicodemos: 7bÉ necessário para vós nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é também todo aquele que nasceu do Espírito”. 9Nicodemos, então, perguntou: “Como pode isso acontecer?” 10Jesus respondeu: “Tu és o mestre de Israel e não conheces estas coisas? 11Em verdade, em verdade, te digo: nós falamos do que conhecemos e damos testemunho do que vimos, mas vós não aceitais o nosso testemunho. 12Se não acreditais quando vos falo das coisas da terra, como ireis crer quando eu vos falar das coisas do céu? 13Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu: o Filho do Homem. 14Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, 15a fim de que todo o que nele crer tenha vida eterna”.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parte da conversa de Jesus com Nicodemos. Nicodemos tinha ouvido falar das coisas que Jesus realizava, ficou impressionado e queria conversar com Jesus para poder entender melhor. Ele pensava conhecer as coisas de Deus. Vivia com o livrinho do passado na mão para ver se o novo que Jesus anunciava estava de acordo. Na conversa, Jesus disse que a única maneira para ele, Nicodemos, poder entender as coisas de Deus era nascer de novo! Às vezes, nós somos como Nicodemos: só aceitamos como novo aquilo que está de acordo com as nossas antigas idéias. Outras vezes, deixamos nos surpreender pelos fatos e não temos medo de dizer: "Nasci de novo!"
Quando os evangelistas recolhem as palavras de Jesus, eles têm presente os problemas das comunidades para as quais escrevem. As perguntas de Nicodemos a Jesus eram um espelho das perguntas das comunidades da Ásia Menor do fim do primeiro século. Por isso, as respostas de Jesus a Nicodemos eram, ao mesmo tempo, uma resposta para os problemas daquelas comunidades. Era assim que os cristãos faziam a catequese naquele tempo. Muito provavelmente, o relato da conversa entre Jesus e Nicodemos fazia parte da catequese batismal, pois diz que as pessoas devem renascer da água e do espírito (Jo 3,6).
João 3,7b-8: Nascer do alto, nascer de novo, nascer do Espírito. Em grego, a mesma palavra significa de novo e do alto. Jesus tinha dito “Quem não nasce da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5). E acrescentou: "O que nasceu da carne é carne. O que nasceu do Espírito é Espírito" (Jo 3,6). Aqui, carne significa aquilo que nasce só das nossas idéias. O que nasce de nós tem o nosso tamanho. Nascer do Espírito é outra coisa! E Jesus reafirmou novamente o que tinha dito antes: “Vocês devem nascer do alto (de novo)”. Ou seja, devem renascer do Espírito que vem do alto. E ele explica que o Espírito é como o vento. Tanto no hebraico como no grego, usa-se a mesma palavra para dizer espírito e vento. Jesus diz: "O vento sopra onde quer e você ouve o seu ruído, mas você não sabe de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do espírito". O vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção. Nós percebemos a direção do vento, por exemplo, o vento Norte ou o vento Sul, mas não conhecemos nem controlamos a causa a partir da qual o vento se movimenta nesta ou naquela direção. Assim é o Espírito. "Ninguém é senhor do Espírito" (Ecl 8,8). O que mais caracteriza o vento, o Espírito, é a liberdade. O vento, o Espírito, é livre, não pode ser controlado. Ele age sobre os outros e ninguém consegue agir sobre ele. Sua origem é mistério, seu destino é mistério. O barqueiro deve, primeiro, descobrir o rumo do vento. Depois, deve colocar as velas de acordo com este rumo. É o que Nicodemos e todos nós temos de fazer.
João 3,9: Pergunta de Nicodemos: Como é que isto pode acontecer? Jesus não disse nada mais do que resumir o que o Antigo Testamento já ensinava sobre a ação do Espírito, do vento santo, na vida do povo de Deus e que Nicodemos, como mestre e doutor, devia saber. Mesmo assim, Nicodemos se espantou com a resposta de Jesus e se faz de ignorante: "Como é que isto pode acontecer?".
João 3,10-15: Resposta de Jesus: a fé nasce do testemunho e não do milagre. Jesus dá o troco: "Você é mestre em Israel e não sabe disso?" Pois para Jesus, se uma pessoa crê só quando as coisas estão de acordo com os seus próprios argumentos e ideias, ainda não é perfeita a sua fé. Perfeita, sim, é a fé da pessoa que acredita por causa do testemunho. Ela deixa de lado seus próprios argumentos e se entrega, porque crê naquele que testemunhou.
4) Para um confronto pessoal
- Você já passou por alguma experiência que lhe deu a sensação de nascer de novo? Como foi?
- Jesus compara a ação do Espírito Santo com o vento. O que esta comparação nos revela sobre a ação do Espírito de Deus em nossa vida? Você já colocou as velas do barco da sua vida de acordo com o rumo do vento, do Espírito?
5) Oração final
O SENHOR reina, de esplendor se veste, o SENHOR se reveste e se cinge de poder; está firme o mundo, jamais será abalado. Dignos de fé são teus testemunhos; a santidade convém à tua casa por dias sem fim, ó SENHOR! (Sl 92, 1.5)
Pastor é preso após confessar manter relação com menina de 12 anos em SP
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Pastor é preso após confessar manter relação com menina de 12 anos em SP
Vítima revelou ter feito sexo sem preservativo com o religioso de 38 anos que pregava em Itanhaém, no litoral de São Paulo.
Por Nicole Leslie, g1 Santos
Um pastor de 38 anos, de uma igreja evangélica em Itanhaém, no litoral de São Paulo, foi preso nesta segunda-feira (25), após confessar manter relações sexuais com uma menina de 12 anos que frequentava o templo religioso no bairro Jardim Coronel. Segundo o homem, os dois se envolviam há aproximadamente dois meses.
De acordo com informações obtidas pelo g1 nesta terça-feira (26), o caso chegou ao 2° Distrito Policial de Itanhaém na manhã de segunda (25). O caso foi apresentado por duas testemunhas para quem o pastor revelou manter o relacionamento amoroso, que inclusive julgou ser errado.
De acordo com a polícia, o pastor é casado, tem uma filha, e a família não sabia sobre o envolvimento dele com a menor. Diante da situação, as testemunhas teriam informado sobre o relacionamento à mãe da vítima e, depois, seguido à unidade policial.
A partir do relato que configura crime, equipes de polícia foram até o endereço da família da vítima de 12 anos. A mãe conversou com a filha, que confirmou a situação, afirmando ter mantido relações sexuais, sem preservativo, com o pastor em dois encontros.
Segundo o investigador à frente do caso, o religioso se encontrava com a menor nos fundos de uma casa em construção, que fica em frente à residência da vítima.
Após a menina confirmar o crime, mãe, vítima, testemunhas e o pastor foram encaminhados ao Distrito Policial, onde foi registrada a ocorrência.
Segundo informações obtidas pelo g1, inicialmente o pastor não quis confessar o crime, mas, depois de ser indagado e ver provas sobre o caso, admitiu manter o relacionamento amoroso com a menina e afirmou que este acontecia há aproximadamente dois meses.
Conforme descrito pelo investigador à frente do caso ao g1, o homem teria demonstrado estar verdadeiramente apaixonado pela criança.
Após o registro e a confissão do pastor, o caso foi encaminhado ao Ministério Público, que expediu o mandado de prisão preventiva contra o homem de 38 anos. Ele foi detido e encaminhado à cadeia pública de Peruíbe ainda na segunda-feira. O g1 contatou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem. Fonte: https://g1.globo.com
Sexta-feira, 22 de abril-2022. OITAVA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que no Sacramento pascal restaurastes vossa aliança, reconciliando convosco a humanidade, concedei-nos realizar em nossa vida o mistério que celebramos na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 21, 1-14)
Naquele tempo, 1Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Gêmeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos dele. 3Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Nós vamos contigo”. Saíram, entraram no barco, mas não pescaram nada naquela noite. 4Já de manhã, Jesus estava aí na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Ele perguntou: “Filhinhos, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”. 6Ele lhes disse: “Lançai a rede à direita do barco e achareis”. Eles lançaram a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7Então, o discípulo que Jesus mais amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu e arregaçou a túnica (pois estava nu) e lançou-se ao mar. 8Os outros discípulos vieram com o barco, arrastando as redes com os peixes. Na realidade, não estavam longe da terra, mas somente uns cem metros. 9Quando chegaram à terra, viram umas brasas preparadas, com peixe em cima e pão. 10Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”. 11Então, Simão Pedro subiu e arrastou a rede para terra. Estava cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rasgou. 12Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.
3) Reflexão
O Capítulo 21 do evangelho de São João parece um apêndice que foi acrescentado mais tarde depois que o evangelho já estava terminado. A conclusão do capítulo anterior (Jo 20,30-31) ainda deixa perceber que se trata de um acréscimo. De qualquer maneira, acréscimo ou não, é Palavra de Deus que traz uma bonita mensagem de ressurreição para esta sexta-feira da semana de Páscoa.
João 21,1-3: O pescador de homens volta a ser pescador de peixes. Jesus morreu e ressuscitou. No fim daqueles três anos de convivência com Jesus, os discípulos voltaram para a Galileia. Um grupo deles está de novo diante do lago. Pedro retoma o passado e diz: “Eu vou pescar!” Os outros disseram: “Nós vamos com você!” Assim, Tomé, Natanael, João e Tiago junto com Pedro saíram de barco e foram pescar. Retomaram a vida do passado como se nada tivesse acontecido. Mas algo aconteceu. Algo estava acontecendo! O passado não voltou! “Não pagaram nada!” Voltaram à praia cansados. Foi uma noite frustrante.
João 21,4-5: O contexto da nova aparição de Jesus. Jesus estava na praia, mas eles não o reconheceram. Jesus pergunta: “Moços, por acaso vocês alguma coisa para comer?” Responderam: “Não!” Na resposta negativa reconheceram que a noite tinha sido frustrante e que não pescaram nada. Eles tinham sido chamados para serem pescadores de homens (Mc 1,17; Lc 5,10), e voltaram a ser pescadores de peixes. Mas algo mudou em suas vidas! A experiência de três anos com Jesus provocou neles uma mudança irreversível. Já não era possível voltar para atrás como se nada tivesse acontecido, como se nada tivesse mudado.
João 21,6-8: Lancem a rede do lado direito do barco e vocês vão encontrar. Eles fizeram algo que, provavelmente, nunca tinham feito na vida. Cinco pescadores experimentados obedecem a um estranho que mandou fazer algo que contrastava com a experiência deles. Jesus, aquela pessoa desconhecida que estava na praia, mandou que jogassem a rede do lado direito do barco. Eles obedeceram, jogaram a rede, e foi um resultado inesperado. A rede ficou cheia de peixes! Como era possível! Como explicar esta surpresa fora de qualquer previsão? O amor faz descobrir. O discípulo amado diz: “É o Senhor!” Esta intuição clareou tudo. Pedro se jogou na água para chegar mais depressa perto de Jesus. Os outros discípulos vieram mais devagar com o barco arrastando a rede cheia de peixes.
João 21,9-14: A delicadeza de Jesus. Chegando em terra, viram que Jesus tinha aceso umas brasas e que estava assando peixe e pão. Ele pediu que trouxessem mais uns peixes. Imediatamente, Pedro subiu no barco, arrastou a rede com cento e cinquenta e três peixes. Muito peixe, e a rede não se rompeu. Jesus chamou a turma: “Venham comer!” Ele teve a delicadeza de preparar algo para comer depois de uma noite frustrada sem pescar nada. Gesto bem simples que revela algo do amor com que o Pai nos ama. “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14,9). Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. E evocando a eucaristia, o evangelista João completou: “Jesus se aproximou, tomou o pão e distribuiu para eles”. Sugere assim que a eucaristia é o lugar privilegiado para o encontro com Jesus ressuscitado.
4) Para um confronto pessoal
1) Já aconteceu com você ter que te pediram jogar a rede do lado direito do barco da sua vida, contrariando toda a sua experiência? Você obedeceu? Jogou a rede?
2) A delicadeza de Jesus. Como é a sua delicadeza nas coisas pequenas da vida?
5) Oração final
Celebrai o SENHOR, porque ele é bom; pois eterno é seu amor. Que Israel diga: eterno é seu amor. Que a casa de Aarão diga: eterno é seu amor. Digam os que temem o SENHOR: eterno é seu amor. (Sl 117, 1-4)
Quarta-feira, 20 de abril-2022. OITAVA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que nos alegrais todos os anos com a solenidade da ressurreição do Senhor, concedei-nos, pelas festas que celebramos nesta vida, chegar às eternas alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 24, 13-35)
13Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, a uns dez quilômetros de Jerusalém. 14Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. 15Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo. 17Então Jesus perguntou: “O que andais conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, 18e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “És tu o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?” 19Ele perguntou: “Que foi?” Eles responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo. 20Os sumos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de madrugada ao túmulo 23e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. 24Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu”. 25Então ele lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! 26Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?” 27E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele. 28Quando chegaram perto do povoado para onde iam, ele fez de conta que ia adiante. 29Eles, porém, insistiram: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Ele entrou para ficar com eles. 30Depois que se sentou à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu- o e deu a eles. 31Neste momento, seus olhos se abriram, e eles o reconheceram. Ele, porém, desapareceu da vista deles. 32Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” 33Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos. 34E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” 35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.
3) Reflexão Luca 24,13-35
O evangelho de hoje traz o episódio tão conhecido da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Lucas escreve nos anos 80 para as comunidades da Grécia que na sua maioria eram de pagãos convertidos. Os anos 60 e 70 tinham sido muito difíceis. Houve a grande perseguição de Nero em 64. Seis anos depois em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Em 72, em Massada no deserto de Judá, foi o massacre dos últimos judeus revoltosos. Nesses anos todos, os apóstolos, testemunhas da ressurreição, foram desaparecendo. O cansaço ia tomando conta da caminhada. Onde encontrar força e coragem para não desanimar? Como descobrir a presença de Jesus nesta situação tão difícil? A narração da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús procura ser uma resposta para estas perguntas angustiantes. Lucas quer ensinar as comunidades como interpretar a Escritura para poder redescobrir a presença de Jesus na vida.
Lc 24,13-24: 1º Passo: partir da realidade. Jesus encontra os dois amigos numa situação de medo e de descrença. As forças de morte, a cruz, tinham matado neles a esperança. Era a situação de muita gente no tempo de Lucas e continua sendo a situação de muitos hoje em dia. Jesus se aproxima e caminha com eles, escuta a conversa e pergunta: "De que estão falando?" A ideologia dominante, isto é, a propaganda do governo e da religião oficial da época, impedia-os de enxergar. "Nós esperávamos que ele fosse o libertador, mas...". Qual é hoje a conversa do povo que sofre?
O primeiro passo é este: aproximar-se das pessoas, escutar sua realidade, sentir seus problemas; ser capaz de fazer perguntas que ajudem as pessoas a olhar a realidade com um olhar mais crítico.
Lc 24,25-27: 2º Passo: usar a Bíblia para iluminar a vida. Jesus usa a Bíblia e a história do povo de Deus para iluminar o problema que fazia sofrer os dois amigos, e para esclarecer a situação que eles estavam vivendo. Usa-a também para situá-los dentro do conjunto do projeto de Deus que vinha desde Moisés e os profetas. Ele mostra assim que a história não tinha escapado da mão de Deus. Jesus usa a Bíblia não como um doutor que já sabe tudo, mas como o companheiro que vem ajudar os amigos a lembrar o que estes tinham esquecido. Jesus não provoca complexo de ignorância nos discípulos, mas procura despertar neles a memória: “Como vocês demoram para entender o que os profetas anunciaram!”.
O segundo passo é este: com a ajuda da Bíblia, ajudar as pessoas a descobrir a sabedoria que já existe dentro delas mesmas, e transformar a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Aquilo que as impedia de caminhar, torna-se agora força e luz na caminhada. Como fazer isto hoje?
- Lc 24,28-32: 3º Passo: partilhar na comunidade. A Bíblia, ela por si, não abre os olhos. Apenas faz arder o coração. O que abre os olhos e faz enxergar, é a fração do pão, o gesto comunitário da partilha, rezar juntos, a celebração da Ceia. No momento em que os dois reconhecem Jesus, eles renascem e Jesus desaparece. Jesus não se apropria da caminhada dos amigos. Não é paternalista. Ressuscitados, os discípulos são capazes de caminhar com seus próprios pés.
O terceiro passo é este: saber criar um ambiente de fé e de fraternidade, de celebração e de partilha, onde possa atuar o Espírito Santo. É ele que nos faz descobrir e experimentar a Palavra de Deus na vida e nos leva a entender o sentido das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,13).
- Lc 24,33-35: O resultado: Ressuscitar e voltar para Jerusalém. Os dois criam coragem e voltam para Jerusalém, onde continuavam ativas as mesmas forças de morte que tinham matado Jesus e que tinham matado neles a esperança. Mas agora tudo mudou. Se Jesus está vivo, então nele e com ele está um poder mais forte do que o poder que o matou. Esta experiência os faz ressuscitar! Realmente tudo mudou! Coragem, em vez de medo! Retorno, em vez de fuga! Fé, em vez de descrença! Esperança, em vez de desespero! Consciência crítica, em vez de fatalismo frente ao poder! Liberdade, em vez de opressão! Numa palavra: vida, em vez de morte! Em vez da má noticia da morte de Jesus, a Boa Notícia da sua Ressurreição! Os dois experimentam a vida, e vida em abundância! (Jo 10,10). Sinal do Espírito de Jesus atuando neles!
4) Para um confronto pessoal
- Os dois disseram: “Nós esperávamos, mas….!” Você já viveu uma situação de desânimo que o levou a dizer: “Eu esperava, mas...!”?
- Como você lê, usa e interpreta a Bíblia? Já sentiu arder o coração ao ler e meditar a Palavra de Deus? Lê a Bíblia sozinho ou faz parte de algum grupo bíblico?
5) Oração final
Celebrai o SENHOR, invocai seu nome, manifestai entre as nações suas grandes obras. Cantai em sua honra, tocai para ele, recordai todos os seus milagres. Gloriai-vos do seu santo nome, alegre-se o coração dos que buscam o SENHOR. (Sl 104, 1-3)
Terça-feira, 19 de abril-2022. OITAVA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que nos concedestes a salvação pascal, acompanhai o vosso povo com vossos dons celestes, para que, tendo conseguido a verdadeira liberdade, possa um dia alegra-se no céu, como exulta agora na terra. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 20, 11-18)
Naquele tempo, 11Maria tinha ficado perto do túmulo, do lado de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para olhar dentro do túmulo. 12Ela enxergou dois anjos, vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras”. Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. 14Dizendo isto, Maria virou-se para trás e enxergou Jesus, de pé, mas ela não sabia que era Jesus. 15Jesus perguntou- lhe: “Mulher, por que choras? Quem procuras?” Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo”. 16Então, Jesus falou: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: “Rabûni!” (que quer dizer: Mestre). 17Jesus disse: “Não me segures, pois ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. 18Então, Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor”, e contou o que ele lhe tinha dito.
3) Reflexão
O evangelho de hoje descreve a aparição de Jesus a Maria Madalena. A morte do seu grande amigo levou Maria a uma perda do sentido da vida. Mas ela não desistiu da busca. Foi ao sepulcro para reencontrar aquele que a morte lhe tinha roubado. Há momentos na vida em que tudo desmorona. Parece que tudo acabou. Morte, desastre, doença, decepção, traição! Tantas coisas que podem tirar o chão debaixo dos pés e jogar-nos numa crise profunda. Mas também acontece o seguinte. Como que de repente, o reencontro com uma pessoa amiga pode refazer a vida e nos fazer redescobrir que o amor é mais forte do que a morte e a derrota.
O Capítulo 20 de João, além da aparição de Jesus a Madalena, traz vários outros episódios que revelam a riqueza da experiência da ressurreição: (1) do discípulo amado e de Pedro (Jo 20,1-10); (2) de Maria Madalena (Jo 20,11-18); (3) da comunidade dos discípulos (Jo 20,19-23) e (4) do apóstolo Tomé (Jo 20,24-29). O objetivo da redação do Evangelho é levar as pessoas a crer em Jesus e, acreditando nele, ter a vida (Jo 20,30-3).
Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena transparecem as etapas da travessia que ela teve de fazer, desde a busca dolorosa até o reencontro da Páscoa. Estas são também as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em direção a Deus e na vivência do Evangelho.
João 20,11-13: Maria Madalena chora, mas busca. Havia um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na cruz. Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para estar no lugar onde tinha encontrado o Amado pela última vez. Mas, para a sua surpresa, o sepulcro estava vazio! Os anjos perguntam: "Por que você chora?" Resposta: "Levaram meu senhor e não sei onde o colocaram!" Maria Madalena buscava o Jesus, o mesmo Jesus, que ela tinha conhecido e com quem tinha convivido durante três anos.
João 20,14-15: Maria Madalena conversa com Jesus sem reconhecê-lo. Os discípulos de Emaús viram Jesus mas não o reconheceram (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Ela vê Jesus, mas não o reconhece. Pensa que é o jardineiro. Como os anjos, Jesus pergunta: "Por que você chora?" E acrescenta: "A quem está procurando?" Resposta: "Se foi você que o levou, diga-me, que eu vou buscá-lo!" Ela ainda busca o Jesus do passado, o mesmo de três dias atrás. É a imagem de Jesus do passado que a impede de reconhecer o Jesus vivo, presente na frente dela.
João 20,16: Maria Madalena reconhece Jesus. Jesus pronuncia o nome: "Maria!" Foi o sinal de reconhecimento: a mesma voz, o mesmo jeito de pronunciar o nome. Ela responde: "Mestre!" Jesus tinha voltado, o mesmo que tinha morrido na cruz. A primeira impressão é que a morte foi apenas um incidente doloroso de percurso, mas que agora tudo tinha voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com força. Era o mesmo Jesus que ela tinha conhecido e amado. Realiza-se o que dizia a parábola do Bom Pastor: "Ele as chama pelo nome e elas conhecem a sua voz". - "Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem" (Jo 10,3.4.14).
- João 20,17-18: Maria Madalena recebe a missão de anunciar a ressurreição aos apóstolos. De fato, é o mesmo Jesus, mas a maneira de ele estar junto dela já não é mais a mesma. Jesus lhe diz: "Não me segure, porque anda não subi para o Pai!" Ele vai para junto do Pai. Maria Madalena deve soltar Jesus e assumir sua missão: anunciar aos irmãos que ele, Jesus, subiu para o Pai. Jesus abriu o caminho para nós e fez com que Deus ficasse, de novo, perto de nós.
4) Para um confronto pessoal
- Você já passou por uma experiência que lhe deu um sentimento de perda e de morte? Como foi? O que foi que lhe trouxe vida nova e lhe devolveu a esperança e a alegria de viver?
- Qual a mudança que se operou em Maria Madalena ao longo do diálogo? Maria Madalena buscava Jesus de um jeito e o reencontrou de outro jeito. Como isto acontece hoje na nossa vida?
5) Oração final
Nossa alma espera pelo SENHOR, é ele o nosso auxílio e o nosso escudo. SENHOR, esteja sobre nós a tua graça, do modo como em ti esperamos. (Sl 32, 20.22)
Quarta-feira, 13 de abril-2022. SEMANA SANTA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que fizestes vosso Filho padecer o suplício da cruz, para arrancar-nos à escravidão do pecado, concedei aos vossos servos a graça da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 26, 14-25)
14Um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes 15e disse: “Que me dareis se eu vos entregar Jesus?” Combinaram trinta moedas de prata. 16E daí em diante, ele procurava uma oportunidade para entregá-lo. 17No primeiro dia dos Pães sem fermento, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?” 18Jesus respondeu: “Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a ceia pascal em tua casa, junto com meus discípulos’”. 19Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a ceia pascal. 20Ao anoitecer, Jesus se pôs à mesa com os Doze. 21Enquanto comiam, ele disse: “Em verdade vos digo, um de vós me vai entregar”. 22Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a perguntar-lhe: “Acaso sou eu, Senhor?” 23Ele respondeu: “Aquele que se serviu comigo do prato é que vai me entregar. 24O Filho do Homem se vai, conforme está escrito a seu respeito. Ai, porém, daquele por quem o Filho do Homem é entregue! Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido!” 25Então Judas, o traidor, perguntou: “Mestre, serei eu?” Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes”. Palavra da salvação.
3) Reflexão
Ontem o evangelho falou da traição de Judas e da negação de Pedro. Hoje, fala novamente da traição de Judas. Na descrição da paixão de Jesus do evangelhos de Mateus acentua-se fortemente o fracasso dos discípulos. Apesar da convivência de três anos, nenhum deles ficou para tomar a defesa de Jesus. Judas traiu, Pedro negou, todos fugiram. Mateus conta isto, não para criticar ou condenar, nem para provocar desânimo nos leitores, mas para ressaltar que o acolhimento e o amor de Jesus superam a derrota e o fracasso dos discípulos! Esta maneira de descrever a atitude de Jesus era uma ajuda para as Comunidades na época de Mateus. Por causa das freqüentes perseguições, muitos tinham desanimado e abandonado a comunidade e se perguntavam: "Será que é possível voltar? Será que Deus nos acolhe e perdoa?" Mateus responde sugerindo que nós podemos romper com Jesus, mas Jesus nunca rompe conosco. O seu amor é maior do que a nossa infidelidade. Esta é uma mensagem muito importante que colhemos do evangelho durante a Semana Santa.
Mateus 26,14-16: A Decisão de Judas de trair Jesus. Judas tomou a decisão, depois que Jesus não aceitou a crítica dos discípulos a respeito da mulher que gastou um perfume caríssima só para ungir Jesus (Mt 26,6-13). Ele foi até os sacerdotes e perguntou: “Quanto vocês me pagam se eu o entregar?” Combinaram trinta moedas de prata. Mateus evoca as palavras do profeta Zacarias para descrever o preço combinado (Zc 11,12). Ao mesmo tempo, a traição de Jesus por trinta moedas evoca a venda de José pelos seus próprios irmãos, avaliado pelos compradores em vinte moedas (Gn 37,28). Evoca ainda o preço de trinta moedas a ser pago pelo ferimento a um escravo (Ex 21,32).
Mateus 26,17-19: A Preparação da Páscoa. Jesus era da Galileia. Não tinha casa em Jerusalém. Ele passava as noites no Horto das Oliveiras (cf. Jo 8,1). Nos dias da festa de páscoa a população de Jerusalém triplicava por causa da quantidade enorme de peregrinos que vinham de toda a parte. Não era fácil para Jesus encontrar uma sala ampla para poder celebrar a páscoa junto com os peregrinos que tinham vindo com ele desde a Galileia. Ele manda os discípulos encontrar uma pessoa em cuja casa decidiu celebrar a Páscoa. O evangelho não oferece ulteriores informações e deixa que a imaginação complete o que falta nas informações. Era um conhecido de Jesus? Um parente? Um discípulo? Ao longo dos séculos, a imaginação dos apócrifos soube completar a falta de informação, mas com pouca credibilidade.
Mateus 26,20-25: Anúncio da traição de Judas. Jesus sabe que vai ser traído. Apesar de Judas fazer as coisas em segredo, Jesus está sabendo. Mesmo assim, ele faz questão de se confraternizar com o círculo dos amigos, do qual Judas faz parte. Estando todos reunidos pela última vez, Jesus anuncia quem é o traidor. É "aquele que põe a mão no prato comigo". Esta maneira de anunciar a traição acentua o contraste. Para os judeus a comunhão de mesa, colocar juntos a mão no mesmo prato, era a expressão máxima da amizade, da intimidade e da confiança. Mateus sugere assim que, apesar da traição ser feita por alguém muito amigo, o amor de Jesus é maior que a traição!
O que chama a atenção é a maneira de Mateus descrever estes fatos. Entre a traição e a negação ele colocou a instituição da Eucaristia (Mt 26,26-29): a traição de Judas, antes (Mt 25,20-25); a negação de Pedro e a fuga dos discípulos, depois (Mt 25,30-35). Deste modo, ele destaca para todos nós a inacreditável gratuidade do amor de Jesus, que supera a traição, a negação e a fuga dos amigos. O seu amor não depende do que os outros fazem por ele.
4) Para um confronto pessoal
1) Será que eu seria capaz de ser como Judas e de negar e trair a Deus, a Jesus, aos amigos e amigas?
2) Na semana santa é importante eu reservar algum momento para compenetrar-me da inacreditável gratuidade do amor de Deus por mim.
5) Oração final
Quero louvar com um cântico o nome de Deus e exaltá-lo com ações de graças; “Vede, humildes e alegrai-vos! Vós que buscais a Deus, vosso coração reviva! Pois o SENHOR atende os pobres, não despreza os seus cativos. (Sl 68, 31.33-34)
Kiev, seminário saqueado. O reitor: não só os russos, mas também moradores famintos
- Detalhes

Bombardeado duas vezes desde o início da guerra, o seminário católico de Vorzel foi saqueado. Tudo foi levado embora, desde panelas até o cálice com o qual João Paulo II celebrou a missa na Ucrânia em 2001. Padre Ruslan Mykhalkiv: "Acho que também fomos roubados por pessoas que vivem na área. Elas estão com fome e tudo está fechado. Tem comida aqui e se alimentaram. Isso é justo, o resto não".
Salvatore Cernuzio – Vatican News
"Foram os militares russos", "nos disseram os vizinhos aos quais distribuímos ajuda. Mas foram também os moradores locais. Eles estão desesperados, estão com fome, tudo está fechado aqui, então tiveram esta ideia de vir e levar nossa comida. Melhor assim, pelo menos puderam se alimentar." Não há traços de rancor nas palavras do padre Ruslan Mykhalkiv, reitor do seminário teológico católico de Vorzel, na região de Kiev, que foi em parte destruído em dois ataques ("talvez mísseis, talvez bombas", disse ele) e saqueado. Tudo foi levado embora, desde o cálice, relíquia de João Paulo II, até os sapatos velhos do reitor.
O cargo do bispo
A notícia do saque se espalhou graças a um post no Facebook do bispo da diocese católica latina de Kiev, dom Vitalii Kryvytsky, que também publicou algumas fotos. Numa se vê a imagem de Nossa Senhora decapitada. Quase parecia um gesto de profanação, na realidade é outro, mais um efeito da devastação que tomou conta da Ucrânia desde 24 de fevereiro passado.
A fuga e o bombardeio
No dia seguinte ao ataque russo, o reitor levou embora os seminaristas e também os residentes do orfanato ali próximo, duas religiosas e cinco crianças. "Estávamos prontos há dias para que algo acontecesse como realmente aconteceu." A área foi ocupada pelo exército. O grupo se refugiou num local a poucos quilômetros de distância, na estrada que de Kiev leva a Bucha, famosa tristemente pelo que o Papa definiu de "massacre" de civis. Apenas o padre espiritual permaneceu no seminário, padre Igor, também pároco do território. O sacerdote ficou lá até poucos dias atrás, mesmo depois de um ataque que quebrou as janelas e destruiu uma pequena casa de hóspedes ao lado. “Eram mísseis ou bombas, não grandes. Foram lançados no quarto dia desde o início da guerra. Eu sei porque o padre espiritual nos enviou as fotos”.
Colocar no lugar
Pouco depois que o padre Igor também deixou o seminário, outro ataque de "armas pesadas" atingiu a estrutura, criando caos internamente e externamente. "O exército russo bloqueou a entrada do território", disse o padre Ruslan, "só pudemos voltar na quinta-feira passada e descobrimos imediatamente que a porta principal tinha sido aberta. Fomos avisados por voluntários e trabalhadores da Caritas que foram a Bucha e, na volta, passaram lá. Tentaram fechar tudo, mas sem entrar”. Embora a estrutura esteja desprovida de água, eletricidade e gás, o reitor e outros sacerdotes concordaram em voltar para colocá-la de volta no lugar. "Quando voltamos, encontramos tudo aberto novamente e, por dentro, percebemos que não tinha sido apenas os bombardeios."
Tudo roubado
Tudo foi levado embora do seminário: panelas, roteadores, máquinas de lavar roupa, computadores, ar condicionado e pequenas ferramentas. "Mesmo coisas que não são preciosas, mas que parecem preciosas... Roubaram muitos objetos litúrgicos e o cálice de prata que João Paulo II usou numa missa durante sua visita apostólica à Ucrânia em 2001. Para nós era uma espécie de relíquia que usávamos nas grandes festas. O bispo também falou sobre o meu tênis que eu usava para correr. Este é o último dos meus pensamentos. Até mesmo os seminaristas tiveram seus sapatos e roupas roubados".
"Estavam com fome ..."
A despensa foi esvaziada: “Tínhamos algo para viver, batatas, massas, outras conservas. Não sobrou nada”, disse o reitor. "Graças a Deus", completou. "Sabemos que foram os russos que saquearam o seminário porque as pessoas que levamos comida nos contaram. Elas nos disseram que usaram uma técnica específica para abrir o portão e esmagar as portas. Mas acho que também fomos roubados pelas pessoas que moram aqui. Algumas pessoas desesperadas fizeram isso no passado, roubaram pequenos utensílios de cozinha. Agora, levaram toda a comida. Ok... Aqui tinha comida e as pessoas estavam com fome. Tudo está fechado, onde poderiam conseguir as coisas? Tiveram essa ideia, que pode não ser de acordo com a consciência, mas precisamos entender o contexto da guerra, da ocupação. Sabiam que podiam se alimentar. É justo…". Ou melhor, esclarece o reitor, “isso é justo, o resto não”. Fonte: https://www.vaticannews.va
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