Olhar Jornalístico

Filho de Edir Macedo é condenado a pagar R$ 40 mil a massagista

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Publicado em 19 setembro 2019
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Filho de Edir Macedo é condenado a pagar R$ 40 mil a massagista

Moysés Macedo xingou a mulher, que trabalhava na emissora de seu pai

 

Moysés Macedo, filho de Edir Macedo, foi condenado a desembolsar R$ 40 mil por danos morais a uma massagista que trabalhana na Rede Record, de acordo com a decisão do juiz Marcelo Augusto de Oliveira, da 41ª Vara Cível do Foro Central Cível, de São Paulo.

Em agosto, uma reportagem do site TV Foco mostrou que Moysés, que trabalha como cantor gostel, usou o Twitter para xingar a massagista. Entre os comentários estavam: "Massagem com uma p*** baiana e agora estou com nojo", "gorda, falei para ela sair de mim e disse 'boa sorte na sua carreira'", "tem HIV", entre outros insultos. 

De acordo com o portal Jota, a mulher contou que se sentiu humilhada na massagem, e depois de saber dos conteúdos das mensagens nas redes sociais, ficou emocionalmente abalada e acabou sendo demitida da empresa que prestava serviço à emissora de televisão da Barra Funda, localizada na zona oeste de São Paulo. 

"O autor, aproveitando-se da sua posição de superioridade hierárquica, difundida na condição de filho do proprietário da emissora de televisão, julgou-se no direito de fazer pouco da honradez da autora, diminuindo-a e menosprezando-a, em privado e em público, de forma ignóbil e abjeta, com a única finalidade de humilhá-la. É o bilinguis maledictus de que fala a Bíblia", afirmou o juiz.

Moysés disse que a conta do Twitter se tratava de um fake, o que foi desmentido pelo juiz, pois só tinha postagem enaltecendo o cantor. Fonte: https://revistamarieclaire.globo.com

Quarta-feira, 18 de setembro-2019. 24ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 18 setembro 2019
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1) Oração

Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho  (Lucas 7,31-35)  

31A quem compararei os homens desta geração? Com quem se assemelham? 32São semelhantes a meninos que, sentados na praça, falam uns com os outros, dizendo: Tocamos a flauta e não dançastes; entoamos lamentações e não chorastes. 33Pois veio João Batista, que nem comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Ele está possuído do demônio. 34Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: Eis um comilão e beberrão, amigo dos publicanos e libertinos. 35Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos.

 

3) Reflexão

No evangelho de hoje veremos como a novidade da Boa Nova foi avançando de tal modo que as pessoas agarradas às formas antigas da fé ficavam perdidas sem entenderem mais nada da ação de Deus. Para esconder sua falta de abertura e de compreensão elas se defendiam e buscavam pretextos infantis para justificar sua atitude de não aceitação. Jesus reage com uma parábola para denunciar a incoerência dos seus adversários "Vocês parecem crianças que não sabem o que querem!"

Lucas 7,31: Com que vou comparar vocês?

Jesus estranha a reação do povo e diz: "Com quem eu vou comparar os homens desta geração? Com quem se parecem eles?”  Quando uma coisa é evidente e as pessoas, ou por ignorância ou por má vontade, não o perceber nem querem perceber, é bom encontrar uma comparação evidente que lhes revele a incoerência e a má vontade. E Jesus é mestre em encontrar comparações que falam por si. 

Lucas 7,32: Com crianças sem juiz

A comparação que Jesus encontrou é esta. Vocês se parecem com “crianças que se sentam nas praças, e se dirigem aos colegas, dizendo: Tocamos flauta, e vocês não dançaram; cantamos música triste, e vocês não choraram”. No mundo inteiro crianças mimadas têm a mesma reação. Reclamam quando os outros não fazem e agem como elas querem. O motivo da queixa de Jesus é a maneira arbitrária como, no passado, reagiram diante de João Batista e, agora no presente, diante do próprio Jesus.

Lucas 7,33-34: A opinião deles sobre João e Jesus

“Pois veio João Batista, que não comia nem bebia, e vocês disseram: 'Ele tem um demônio!' Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e vocês dizem: Ele é um comilão e beberrão, amigo dos cobradores de impostos e dos pecadores!”  Jesus foi discípulo de João Batista, acreditava nele e se fez batizar por ele. Foi por ocasião do batismo no Jordão, que ele teve a revelação do Pai a respeito da sua missão como Messias Servo (Mc 1,10). Ao mesmo tempo, Jesus ressalta a diferença entre ele mesmo e João. João era mais severo, mais ascético, não comia nem bebia. Ficava no deserto e ameaçava o povo com os castigos do Juízo final (Lc 3,7-9). Por isso diziam que ele tinha um demônio, era possesso. Jesus era mais acolhedor, comia e bebia como todo mundo. Andava pelos povoados e entrava nas casas do povo, acolhia cobradores de impostos e prostitutas. Por isso diziam que era comilão e beberrão. Apesar de generalizar ao falar dos “homens desta geração” (Lc 7,31), provavelmente, Jesus tem em mente a opinião das autoridades religiosas que não acreditavam em Jesus (Mc 11,29-33).

Lucas 7,35: A conclusão óbvia a que Jesus chega

E Jesus termina tirando a conclusão: “Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos” A falta de seriedade e de coerência aparece claramente na opinião que emitem sobre Jesus e João. A má vontade é tão evidente que não precisa de prova. Isto faz lembrar a resposta de Jó aos amigos que pretendiam ser sábios: “Oxalá vocês ficassem calados! Seria o melhor ato de sabedoria!” (Jó 13,5).

 

4) Para um confronto pessoal

1) Quando emito opinião sobre os outros sou como os fariseus e escribas que opinavam sobre João e Jesus? Eles apenas expressavam seus próprios preconceitos e nada informavam sobre as pessoas que por eles eram julgados.

2) Você conhece grupos na igreja de hoje que mereceriam a parábola de Jesus?

 

5) Oração final

Feliz a nação que tem o Senhor por seu Deus, e o povo que ele escolheu para sua herança. O Senhor olha dos céus, vê todos os filhos dos homens (Sl 32,12-13)

Terça-feira, 17 de setembro-2019. 24ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 17 setembro 2019
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1) Oração

Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 7,11-17)

11No dia seguinte dirigiu-se Jesus a uma cidade chamada Naim. Iam com ele diversos discípulos e muito povo.12Ao chegar perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva; acompanhava-a muita gente da cidade.13Vendo-a o Senhor, movido de compaixão para com ela, disse-lhe: Não chores! 14E aproximando-se, tocou no esquife, e os que o levavam pararam. Disse Jesus: Moço, eu te ordeno, levanta-te.15Sentou-se o que estivera morto e começou a falar, e Jesus entregou-o à sua mãe.16Apoderou-se de todos o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta surgiu entre nós: Deus voltou os olhos para o seu povo.17A notícia deste fato correu por toda a Judeia e por toda a circunvizinhança.

 

3) Reflexão   Lucas 7,11-17

O evangelho de hoje traz o episódio da ressurreição do filho da viúva de Naim. É esclarecedor o contexto literário deste episódio no capítulo 7 do Evangelho de Lucas. O evangelista quer mostrar como Jesus vai abrindo o caminho, revelando a novidade de Deus que avança através do anúncio da Boa Nova. A transformação e a abertura vão acontecendo: Jesus acolhe o pedido de um estrangeiro não judeu (Lc 7,1-10) e ressuscita o filho de uma viúva (Lc 7,11-17). A maneira como Jesus revela o Reino surpreende aos irmãos judeus que não estavam acostumados com tão grande abertura. Até João Batista ficou perdido e mandou perguntar: “É o senhor ou devemos esperar por outro?” (Lc 7,18-30). Jesus chegou a denunciar a incoerência dos seus patrícios: "Vocês parecem crianças que não sabem o que querem!" (Lc 7,31-35). E no fim, a abertura de Jesus para com as mulheres (Lc 7,36-50).

Lucas 7,11-12: O encontro das duas procissões

“Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Com ele iam os discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto para enterrar; era filho único, e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade ia com ela”. Lucas é como um pintor. Com poucas palavras consegue pintar o quadro tão bonito do encontro das duas procissões: a procissão da morte que sai da cidade e acompanha a viúva que leva seu filho único para o cemitério; a procissão da vida que entra na cidade e acompanha Jesus. As duas se encontram na pequena praça junto à porta da cidade de Naim.

Lucas 7,13: A compaixão entra em ação

“Ao vê-la, o Senhor teve compaixão dela, e lhe disse: Não chore!" É a compaixão que leva Jesus a falar e a agir. Compaixão significa literalmente “sofrer com”, assumir a dor da outra pessoa, identificar-se com ela, sentir com ela a dor. É a compaixão que aciona em Jesus o poder, o poder da vida sobre a morte, poder criador.

Lucas 7,14-15: "Jovem, eu lhe ordeno, levante-se!"

Jesus se aproxima, toca no caixão e diz: "Jovem, eu lhe ordeno, levante-se!" O morto sentou-se, e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe”. Às vezes, na hora de um grande sofrimento provocado pelo falecimento de uma pessoa querida, as pessoas dizem: “Naquele tempo, quando Jesus andava pela terra havia esperança de não perder uma pessoa querida, pois Jesus poderia ressuscitá-la”. Elas olham o episódio da ressurreição do filho da viúva de Naim como um evento do passado que apenas suscita saudade e uma certa inveja. A intenção do evangelho, porém, não é suscitar saudade nem inveja, mas sim ajudar-nos a experimentar melhor a presença viva de Jesus em nós. É o mesmo Jesus, capaz de vencer a morte e a dor da morte, que continua vivo no meio de nós. Ele está hoje conosco e, diante dos problemas e do sofrimento que nos abatem, ele nos diz: “Eu lhe ordeno: levante-se!”

Lucas 7,16-17: A repercussão

“Todos ficaram com muito medo, e glorificavam a Deus, dizendo: "Um grande profeta apareceu entre nós, e Deus veio visitar o seu povo." E a notícia do fato se espalhou pela Judeia inteira, e por toda a redondeza”  É o profeta que foi anunciado por Moisés (Dt 18,15). O Deus que nos veio visitar é o “Pai dos órfãos e o protetor das viúvas” (Sl 68,6; cf. Judite 9,11).

 

4) Para um confronto pessoal

1) Foi a compaixão que levou Jesus a ressuscitar o filho da viúva. Será que o sofrimento dos outros provoca em nós a mesma compaixão? O que faço para ajudar o outro a vencer a dor e criar vida nova?

2) Deus visitou o seu povo. Percebo as muitas visitas de Deus na minha vida e na vida do povo?

 

5) Oração final

Aclamai o Senhor, por toda a terra. Servi o Senhor com alegria. Vinde, entrai exultantes em sua presença. (Sl 99,1-2)

Líder dos jesuítas admite luta na Igreja por eleição do próximo Papa

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Publicado em 17 setembro 2019
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Segundo Arturo Sosa, os ataques contra o Papa Francisco fazem parte de um 'objetivo estratégico'

 

"A luta do Papa Francisco é contra o clericalismo e o exercício do poder dentro da Igreja"

 

ROMA - O superior-geral da Companhia de Jesus, o venezuelano Arturo Sosa, admitiu nesta segunda-feira em Roma que "há uma luta política dentro da Igreja" com o objetivo de influenciar a eleição do próximo Pontífice.

— A luta é entre aqueles que querem a Igreja sonhada pelo Vaticano II e aqueles que não querem — explicou numa entrevista à imprensa estrangeira o religioso, que lidera a congregação religiosa mais poderosa e numerosa da Igreja Católica desde 2016.

Cientista político e professor universitário, Sosa disse que a luta do Papa Francisco "é contra o clericalismo e o exercício do poder dentro da Igreja". Segundo ele, o atual Pontífice propõe uma Igreja sinodal (ou seja, participativa e que toma decisões coletivamente).

— O sínodo não toma decisões doutrinárias. É uma reunião pastoral, para trocar ideias, fazer recomendações para uma pastoral mais eficaz em áreas importantes, como a América Latina — acrescentou.

É o caso do sínodo convocado por Francisco para a defesa da Amazônia, que será realizado de 6 a 27 de outubro no Vaticano, e que fará um chamado à "Igreja e à sociedade para que se comprometam com uma ecologia integral", afirmou o religioso.

Sosa, que foi reitor da Universidade Católica de Táchira e diretor do centro de análise e estudos de Gumilla, considera que os ataques contra o Pontífice argentino, e especialmente contra os sínodos e assembleias de bispos que ele propôs durante seu pontificado, são antigos. É tudo um objetivo estratégico.

— Estou convencido de que não é um ataque apenas contra o Papa. Francisco está convencido de sua ação desde que foi eleito. Na verdade, é uma maneira de influenciar a eleição do próximo pontífice — disse Sosa. — É que Francisco, com a idade dele, não terá o pontificado mais longo da História. Eles apontam para sua sucessão.

Arturo Sosa, que não se considera um amigo próximo do primeiro papa jesuíta da História, não quis falar sobre suas recentes declarações controversas sobre o diabo, que ele definiu como "uma realidade simbólica" e não uma pessoa, o que gerou reações contraditórias. Fonte: https://oglobo.globo.com

Domingo, dia 15: Nossa Senhora das Dores.

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Publicado em 14 setembro 2019
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Frei Carlos Mesters, O. Carm.

1) Oração

Ó Deus, quando o vosso Filho foi exaltado, quisestes que sua Mãe estivesse ao pé, junto à cruz, sofrendo com ele. Dai à vossa Igreja, unida a Maria na paixão de Cristo, participar da ressurreição do Senhor. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Jo 19,25-27)

Naquele tempo, 25Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. 26Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. 27Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa.

 

3) Reflexão   João 19,25-27

Hoje, festa de Nossa Senhora das Dores, o evangelho do dia traz a passagem em que Maria, a mãe de Jesus, e o discípulo amado se encontram no calvário diante da Cruz. A Mãe de Jesus aparece duas vezes no evangelho de João: no começo, nas bodas de Caná (Jo 2,1-5), e no fim, ao pé da Cruz (Jo 19,25-27). Estes pois episódios, exclusivos do evangelho de João, têm um valor simbólico muito profundo. O evangelho de João, comparado com os outros três evangelhos é como quem tira raio-X onde os outros três só tiram fotografia. O raio-X da fé ajuda a descobrir dimensões nos acontecimentos que os olhos comuns não chegam a perceber. O evangelho de João, além de descrever os fatos, revela a dimensão simbólica que neles existe. Assim, nos dois casos, em Caná e na Cruz, a Mãe de Jesus representa simbolicamente o Antigo Testamento que aguarda a chegada do Novo Testamento e, nos dois casos, ela contribui para que o Novo chegue. Maria aparece como o elo entre o que havia antes e o que virá depois. Em Caná, ela simboliza o AT, percebe os limites do Antigo e toma a iniciativa para que o Novo possa chegar. Ela vai falar ao Filho: “Eles não tem mais vinho!” (Jo 2,3). E no Calvário? Vejamos:

João 19, 25: As mulheres e o Discípulo Amado junto à Cruz

Assim diz o Evangelho: “A mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estavam junto à cruz”. A “fotografia” mostra a mãe junto do filho, em pé. Mulher forte, que não se deixa abater. “Stabat Mater Dolorosa!” Ela é uma presença silenciosa que apóia o filho na sua entrega até à morte, e morte de cruz (Flp 2,8). Além disso, o “raio-X” da fé mostra como se realiza a passagem do AT para o NT. Como em Caná, a Mãe de Jesus representa o AT. O Discípulo Amado representa o NT, a comunidade que cresceu ao redor de Jesus. É o filho que nasceu do AT, a nova humanidade que se forma a partir da vivência do Evangelho do Reino. No fim do primeiro século, alguns cristãos achavam que o AT já não era necessário. De fato, no começo do segundo século, Márcion recusou todo o AT e ficou só com uma parte do NT. Por isso, muitos queriam saber qual a vontade de Jesus a este respeito.

João 19,26-28 : O Testamento ou a Vontade de Jesus

As palavras de Jesus são significativas. Vendo sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: "Mulher, eis aí o seu filho." Depois disse ao discípulo: "Eis aí a sua mãe." Os Antigo e o Novo Testamento devem caminhar juntos. A pedido de Jesus, o discípulo amado, o filho, o NT, recebe a Mãe, o AT, em sua casa. É na casa do Discípulo Amado, na comunidade cristã, que se descobre o sentido pleno do AT. O Novo não se entende sem o Antigo, nem o Antigo é completa sem o Novo. Santo Agostinho dizia: “Novum in vetere latet, Vetus in Novo patet”. (O Novo está escondido no Antigo. O Antigo desabrocha no Novo). O Novo sem o Antigo seria um prédio sem fundamento. E o Antigo sem o Novo seria uma árvore frutífera que não chegou a dar fruto.

Maria no Novo Testamento 

De Maria se fala pouco no NT, e ela mesma fala menos ainda. Maria é a Mãe do silêncio. A Bíblia conservou apenas sete palavras de Maria. Cada uma destas sete palavras é como uma janela que permite olhar para dentro da casa de Maria e descobrir como ela se relacionava com Deus. A chave para entender tudo isso é dada por Lucas nesta frase: “Felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática." (Lc 11,27-28)

1ª Palavra: "Como pode ser isso se eu não conheço homem algum!" (Lc 1,34)

2ª Palavra: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!" (Lc 1,38)

3ª Palavra: "Minha alma louva o Senhor, exulta meu espírito em Deus meu Salvador!" (Lc 1,46-55)

4ª Palavra: "Meu filho porque nos fez isso? Teu pai e eu, aflitos, te procurávamos" (Lc 2,48)

5º Palavra: "Eles não tem mais vinho!" (Jo 2,3)

6ª Palavra: "Fazei tudo o que ele vos disser!" (Jo 2,5)

7ª Palavra:  O silêncio ao pé da Cruz, mais eloqüente que mil palavras! (Jo 19,25-27)

 

4) Para um confronto pessoal

1) Maria ao pé da Cruz. Mulher forte, silenciosa. Como é minha devoção a Maria, a mãe de Jesus?

2) Na Pietà de Miguelangelo, Maria aparece bem jovem, mais jovem que o próprio filho crucificado, quando já devia ter no mínimo em torno de 50 anos. Perguntado porque tinha esculpido o rosto da Maria tão jovem, Miguelangelo respondeu: “As pessoas apaixonadas por Deus não envelhecem nunca”. Apaixonada por Deus! Existe paixão por Deus em mim?

 

5) Oração final

Quão grande é, Senhor, vossa bondade, que reservastes para os que vos temem e com que tratais aos que se refugiam em vós, aos olhos de todos. (Sl 30,20)

Sexta-feira, 13 de setembro-2019. 23ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 13 setembro 2019
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1) Oração

Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos, concedei aos que creem no Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 6,39-42)

Naquele tempo, 39 Jesus contou uma parábola aos discípulos: "Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco?  40 Nenhum discípulo é maior do que o mestre; e todo discípulo bem formado será como o seu mestre.  41 Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção na trave que há no seu próprio olho?  42 Como é que você pode dizer ao seu irmão: 'Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando você não vê a trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem, para tirar o cisco do olho do seu irmão."

 

3) Reflexão   Luca 6,39-42

O evangelho de hoje traz mais alguns trechos do discurso que Jesus pronunciou na planície depois de ter passado uma noite em oração (Lc 6,12) e de ter chamado o doze para serem seus apóstolos (Lc 6,13-14). Grande parte das frases reunidas neste discurso foram pronunciadas em outras ocasiões, mas Lucas, imitando Mateus, as reuniu aqui neste Sermão da Planície.

Lucas 6,39: A parábola do cego guiando outro cego

Jesus contou uma parábola aos discípulos: "Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco?” Parábola de uma linha só que tem muita semelhança com as advertências que, no evangelho de Mateus, são dirigidas aos fariseus: “Ai de vocês, guias cegos!” (Mt 23,16.17.19.24.26) Aqui no contexto do evangelho de Lucas, esta parábola é dirigida aos animadores das comunidades que se consideram donos da verdade, superiores aos outros. Por isso são guias cegos.

Lucas 6,40: Discípulo - Mestre 

“Nenhum discípulo é maior do que o mestre; e todo discípulo bem formado será como o seu mestre”. Jesus é Mestre. Não é professor. Professor dá aula em várias matérias, mas não convive. Mestre não dá aula, mas convive. A sua matéria é ele mesmo, o seu testemunho de vida, sua maneira de viver as coisas que ensina. A convivência com o mestre tem três aspectos:  (1) O mestre é o modelo ou o exemplo a ser imitado (cf.Jo 13,13-15).  (2) O discípulo não só contempla e imita, mas também se compromete com o destino do mestre, com a sua tentações (Lc 22,28), perseguição (Mt 10,24-25), e morte (Jo 11,16).  (3) Não só imita o modelo, não só assume o compromisso, mas chega a identificar-se: "Vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20). Este terceiro aspecto é a dimensão mística do seguimento de Jesus, fruto da ação do Espírito.

Lucas 6,41-42: O cisco no olho do irmão

“Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção na trave que há no seu próprio olho?  Como é que você pode dizer ao seu irmão: 'Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando você não vê a trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem, para tirar o cisco do olho do seu irmão".   No Sermão da Montanha, Mateus trata do mesmo assunto e explica um pouco melhor a parábola do cisco no olho. Jesus pede uma atitude criativa que nos torne capazes de ir ao encontro do outro sem julgá-lo, sem preconceitos e racionalizações, acolhendo-o como irmão (Mt 7,1-5). Esta total abertura para o outro como irmão só nascerá em nós quando soubermos relacionar-nos com Deus em total confiança de filhos (Mt 7,7-11).

4) Para um confronto pessoal

1) Cisco e trave no olho. Como eu me relaciono com os outros em casa na família, no trabalho com os colegas, na comunidade com os irmãos e as irmãs?

2) Mestre e discípulo. Como sou discípulo de Jesus?

 

5) Oração final

Felizes os que habitam em vossa casa, Senhor: aí eles vos louvam para sempre. Feliz o homem cujo socorro está em vós, e só pensa em vossa santa peregrinação (Sl 83, 3)

Quinta-feira, 12 de setembro-2019. 23ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 12 setembro 2019
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1) Oração

Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos, concedei aos que creem no Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 6,27-38)

Naquele tempo, falou Jesus aos seus discípulos: 27Digo-vos a vós que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, 28abençoai os que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam. 29Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra. E ao que te tirar a capa, não impeças de levar também a túnica. 30Dá a todo o que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho reclames. 31O que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles. 32Se amais os que vos amam, que recompensa mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam. 33E se fazeis bem aos que vos fazem bem, que recompensa mereceis? Pois o mesmo fazem também os pecadores. 34Se emprestais àqueles de quem esperais receber, que recompensa mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. 35Pelo contrário, amai os vossos inimigos, fazei bem e emprestai, sem daí esperar nada. E grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, porque ele é bom para com os ingratos e maus. 36Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. 37Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; 38dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também.

 

3) Reflexão   Lucas 6,27-38  

O evangelho de hoje traz a segunda parte do “Sermão da Planície”. Na primeira parte (Lc 6,20-26), Jesus se dirigia aos discípulos (Lc 6,20). Na segunda parte (Lc 6,27-49), ele se dirige “a vocês que me escutam”, isto é, àquela multidão imensa de pobres e doentes, vinda de todos os lados (Lc 6,17-19).

Lucas 6,27-30:  Amar os inimigos!

As palavras que Jesus dirige a este povo são exigentes e difíceis: amar os inimigos, não amaldiçoar, oferecer a outra face a quem bate no rosto, não reclamar quando alguém toma o que é nosso. Tomadas ao pé da letra, estas frases parecem favorecer os ricos que roubam. Mas nem o próprio Jesus as observou ao pé da letra. Quando o soldado lhe bateu no rosto, não ofereceu a outra face, mas reagiu com firmeza. “Se falei errado, prove! Se falei certo, porque me bates?” (Jo 18,22-23). Então, como entender estas palavras? Os versículos seguintes ajudam a entender o que Jesus quer ensinar.

Lucas 6,31-36:  A Regra de Ouro! Imitar Deus

Duas frases de Jesus ajudam a entender o que ele quis ensinar. A primeira frase é a assim chamada Regra de Ouro: "O que vocês desejam que os outros lhes façam, façam vocês a eles!” (Lc 6,31). A segunda frase é: "Procurem ser misericordiosos como o Pai do céu é misericordioso!" (Lc 6,36). Estas duas frases mostram que Jesus não quer simplesmente virar a mesa ou inverter a situação, pois aí nada mudaria. Ele quer mudar o sistema. O Novo que ele quer construir vem da nova experiência de Deus como Pai cheio de ternura que acolhe a todos! As palavras de ameaça contra os ricos não podem ser ocasião para os pobres se vingarem. Jesus manda ter a atitude contrária: "Amai os vossos inimigos!" O amor não pode depender do que eu recebo do outro. O amor verdadeiro deve querer o bem do outro independentemente do que ele ou ela faz por mim. O amor deve ser criativo, pois assim é o amor de Deus por nós: "Procurem ser misericordiosos como o Pai do céu é misericordioso!".  Mateus diz a mesma coisa com outras palavras: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48). Nunca ninguém poderá chegar a dizer: Hoje fui perfeito como o Pai do céu é perfeito! Fui misericordioso como o Pai do céu é misericordioso”. Estaremos sempre abaixo da medida que Jesus colocou diante de nós.

No evangelho de Lucas, a Regra de Ouro diz: "O que vocês desejam que os outros lhes façam, façam vocês a eles!” (Lc 6,31) O evangelho de Mateus traz uma formulação um pouco diferente: "Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles” e acrescenta: “Pois nisso consistem a Lei e os Profetas" (Mt 7,12). Praticamente todas as religiões do mundo inteiro tem a mesma Regra de ouro com formulações diversas. Sinal de que aqui se expressa uma intuição ou um desejo universal que nasce do fundo do coração humano.

Lucas 6,37-38: A medida que vocês usarem para os outros, será usada para vocês.

"Não julguem, e vocês não serão julgados; não condenem, e não serão condenados; perdoem, e serão perdoados.  Dêem, e será dado a vocês; colocarão nos braços de vocês uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante. Porque a mesma medida que vocês usarem para os outros, será usada para vocês”. São quatro conselhos: dois na forma negativa: não julgar, não condenar; e dois na forma positiva: perdoar e doar com medida abundante. Quando diz “e será dado a vocês”, Jesus alude ao tratamento que Deus quer ter para conosco. Mas quando a nossa maneira de tratar os outros é mesquinha, Deus não pode usar para conosco a medida abundante e transbordante que Ele gostaria de usar.

Celebrar a visita de Deus

O Sermão da Planície ou Sermão da Montanha, desde o seu começo, leva os ouvintes a fazer uma escolha, uma opção, a favor dos pobres. No Antigo Testamento, várias vezes, Deus colocou o povo diante da mesma escolha de bênção ou de maldição. Ao povo era concedida a liberdade para escolher: "Eu lhes propus a vida ou a morte, a bênção ou a maldição. Escolha, portanto, a vida, para que você e seus descendentes possam viver" (Dt 30,19). Não é Deus quem condena, mas é o próprio povo de acordo com a escolha que fará entre a vida e a morte, entre o bem e o mal. Estes momentos de escolha são os momentos da visita de Deus ao seu povo (Gn 21,1; 50,24-25; Ex 3,16; 32,34; Jr 29,10; Sl 59,6; Sl 65,10; Sl 80,15, Sl 106,4). Lucas é o único evangelista a empregar esta imagem da visita de Deus (Lc 1,68. 78; 7,16; 19,44; At 15,16). Para Lucas Jesus é a visita de Deus que coloca o povo diante da escolha da bênção ou da maldição: "Felizes vocês, pobres!" e "Ai de vocês, ricos!" Mas o povo não reconheceu a visita de Deus (Lc 19,44).

 

4) Para um confronto pessoal

1) Será que nós olhamos a vida e as pessoas com o mesmo olhar de Jesus?

2) O que quer dizer hoje "ser misericordioso como o Pai do céu é misericordioso"?

 

5) Oração final

Senhor, vós me perscrutais e me conheceis, sabeis tudo de mim, quando me sento ou me levanto. De longe penetrais meus pensamentos. Quando ando e quando repouso, vós me vedes, observais todos os meus passos (Sl 138)

Quarta-feira, 11 de setembro-2019. 23ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 11 setembro 2019
  • Artigos do Frei Carlos Mesters,
  • Frei Carlos Mesters,
  • Biblista Frei Carlos Mesters,
  • Jacobus Gerardus Hubertus Mesters,
  • Carmelita Frei Carlos Mesters,
  • Evangelho do Dia com Frei Carlos Mesters,
  • 23ª Semana do Tempo Comum

1) Oração

Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos, concedei aos que creem no Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 6, 20-26)

Naquele tempo, 20Jesus ergueu os olhos para os seus discípulos e disse: Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus! 21Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis fartos! Bem-aventurados vós que agora chorais, porque vos alegrareis! 22Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos ultrajarem, e quando repelirem o vosso nome como infame por causa do Filho do Homem! 23Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu. Era assim que os pais deles tratavam os profetas. 24Mas ai de vós, ricos, porque tendes a vossa consolação! 25Ai de vós, que estais fartos, porque vireis a ter fome! Ai de vós, que agora rides, porque gemereis e chorareis! 26Ai de vós, quando vos louvarem os homens, porque assim faziam os pais deles aos falsos profetas!

 

3) Reflexão   Lucas 6, 20-26

O evangelho de hoje traz as quatro bem-aventuranças e as quatro maldições do Evangelho de Lucas. Há uma revelação progressiva na maneira de Lucas apresentar o ensinamento de Jesus. Até 6,16, ele disse muitas vezes que Jesus ensinava o povo, mas não chegou a relatar o conteúdo do ensinamento (Lc 4,15.31-32.44; 5,1.3.15.17; 6,6). Agora, depois de informar que Jesus viu a multidão desejosa de ouvir a palavra de Deus, Lucas traz o primeiro grande discurso que começa com as exclamações: "Felizes vocês pobres!" e "Ai de vocês, ricos!", e ocupa todo o resto do capítulo (Lc 6,12-49). Alguns chamam este discurso de "Sermão da Planície", pois, segundo Lucas, Jesus desceu da montanha e parou num lugar plano onde fez o discurso. No evangelho de Mateus, este mesmo discurso é feito na montanha (Mt 5,1) e é chamado "Sermão da Montanha". Em Mateus, o sermão traz oito bem-aventuranças, que traçam um programa de vida para as comunidades cristãs de origem judaica. Em Lucas, o sermão é mais breve e mais radical. Ele traz quatro bem-aventuranças e quatro maldições, dirigidas para as comunidades helenistas, constituídas de ricos e pobres. Este discurso de Jesus vai ser meditado no evangelho diário dos próximos dias até 13 de setembro.

Lucas 6,20: Felizes vocês, pobres!

Olhando para os discípulos, Jesus declara: "Felizes vocês pobres, porque o Reino de Deus é de vocês!" Esta declaração identifica a categoria social dos discípulos. Eles são pobres!  E a eles Jesus promete: “O Reino é de vocês!” Não é uma promessa para o futuro. O verbo está no presente. O Reino já é deles. Eles são felizes desde já. No evangelho de Mateus, Jesus explicita o sentido e diz: "Felizes os pobres em Espírito!" (Mt 5,3). São os pobres que têm o Espírito de Jesus. Pois há pobres com cabeça ou espírito de rico. Os discípulos de Jesus são pobres com cabeça de pobre. Como Jesus, não querem acumular, mas assumem a sua pobreza e, com ele, lutam por uma convivência mais justa, onde haja fraternidade e partilha de bens, sem discriminação.

Lucas 6,21-22: Felizes vocês, que agora têm fome e choram!

Na 2ª e 3ª bem-aventurança Jesus diz: "Felizes vocês que agora estão com fome, porque serão saciados! Felizes vocês que agora choram, porque vão dar risada!" Uma parte das frases está no presente e outra no futuro. Aquilo que agora vivemos e sofremos não é o definitivo. O definitivo é o Reino que estamos construindo hoje na força do Espírito de Jesus. Construir o Reino traz sofrimento e perseguição, mas uma coisa é certa: o Reino vai chegar e “vocês serão saciados e vão dar risada!”.

Lucas 6,23: Felizes serão, quando os homens os odiarem....!

A 4ª bem-aventurança se refere ao futuro: "Felizes serão vocês, quando os homens os odiarem e rejeitarem por causa do Filho do Homem! Fiquem alegres naquele dia, porque grande será a sua recompensa, porque assim também foram tratados os profetas!" Com estas palavras de Jesus, Lucas anima as comunidades do seu tempo, que estavam sendo perseguidas. O sofrimento não é estertor de morte, mas sim dor de parto. Fonte de esperança! A perseguição era um sinal de que o futuro anunciado por Jesus estava chegando para elas. Elas estavam no caminho certo.

Lucas 6,24-25:  Ai de vocês, ricos!  Ai de vocês que agora têm fartura e riem!

Após as quatro bem-aventuranças a favor dos pobres e excluídos, seguem quatro ameaças ou maldições contra os ricos e os que passam bem e são elogiados por todos. As quatro ameaças têm a mesma forma literária que as quatro bem-aventuranças. A 1ª está no presente. A 2ª e a 3ª têm uma parte no presente e outra no futuro. E a 4ª se refere inteiramente ao futuro. Estas ameaças só se encontram no evangelho de Lucas e não no de Mateus. Lucas é mais radical na denúncia da injustiça.

Diante de Jesus, naquela planície não havia ricos. Só havia gente pobre e doente, vinda de todos os lados (Lc 6,17-19). Mesmo assim, Jesus diz: "Ai de vocês, ricos!" É que Lucas, ao transmitir estas palavras de Jesus, estava pensando mais nas comunidades do seu tempo. Nelas havia ricos e pobres, e havia discriminação dos pobres pelos ricos, a mesma que marcava a estrutura do Império Romano (cf. Tg 5,1-6; Apc 3,17-19). Jesus faz uma crítica dura e direta aos ricos: Vocês, ricos, já têm sua consolação! Vocês têm fartura, mas vão passar fome! Vocês estão rindo, mas vão ficar aflitos e vão chorar! Sinal de que para Jesus, a pobreza não é uma fatalidade, nem é fruto de preguiça, mas é fruto de enriquecimento injusto dos outros.

Lucas 6,26:  Ai de vocês quando todos os elogiarem!

“Ai de vocês quando todos os elogiarem, porque assim seus pais tratavam os falsos profetas!” Esta quarta ameaça se refere aos filhos dos que no passado elogiavam os falsos profetas. É que algumas autoridades dos judeus usavam o seu prestígio e a sua autoridade para criticar Jesus.

 

4) Para um confronto pessoal

1-Será que nós olhamos a vida e as pessoas com o mesmo olhar de Jesus? Dentro do seu coração, o que você acha: uma pessoa pobre e faminta é realmente feliz? As novelas da Televisão e a propaganda do comércio, qual o ideal de felicidade que elas nos apresentam?

2-Dizendo “Felizes os pobres”, será que Jesus estava querendo dizer que os pobres devem continuar na pobreza?

 

5) Oração final

O Senhor é clemente e justo, o nosso Deus é misericordioso. O Senhor protege os simples: eu era fraco e ele me salvou (Sl 114, 5-6)

Terça-feira, 10 de setembro-2019. 23ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 10 setembro 2019
  • Reflexão do Evangelho do Dia,
  • Artigos do Frei Carlos Mesters,
  • Frei Carlos Mesters,
  • Biblista Frei Carlos Mesters,
  • Evangelho do Dia com Frei Carlos Mesters,
  • EVANGELHO DO DIA-LECTIO DIVINA,
  • 23ª Semana do Tempo Comum
  • 10 de setembro

1) Oração

Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos, concedei aos que creem no Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 6, 20-26)

Naquele tempo, 20Jesus ergueu os olhos para os seus discípulos e disse: Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus! 21Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis fartos! Bem-aventurados vós que agora chorais, porque vos alegrareis! 22Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos ultrajarem, e quando repelirem o vosso nome como infame por causa do Filho do Homem! 23Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu. Era assim que os pais deles tratavam os profetas. 24Mas ai de vós, ricos, porque tendes a vossa consolação! 25Ai de vós, que estais fartos, porque vireis a ter fome! Ai de vós, que agora rides, porque gemereis e chorareis! 26Ai de vós, quando vos louvarem os homens, porque assim faziam os pais deles aos falsos profetas!

 

3) Reflexão   Lucas 6, 20-26

O evangelho de hoje traz as quatro bem-aventuranças e as quatro maldições do Evangelho de Lucas. Há uma revelação progressiva na maneira de Lucas apresentar o ensinamento de Jesus. Até 6,16, ele disse muitas vezes que Jesus ensinava o povo, mas não chegou a relatar o conteúdo do ensinamento (Lc 4,15.31-32.44; 5,1.3.15.17; 6,6). Agora, depois de informar que Jesus viu a multidão desejosa de ouvir a palavra de Deus, Lucas traz o primeiro grande discurso que começa com as exclamações: "Felizes vocês pobres!" e "Ai de vocês, ricos!", e ocupa todo o resto do capítulo (Lc 6,12-49). Alguns chamam este discurso de "Sermão da Planície", pois, segundo Lucas, Jesus desceu da montanha e parou num lugar plano onde fez o discurso. No evangelho de Mateus, este mesmo discurso é feito na montanha (Mt 5,1) e é chamado "Sermão da Montanha". Em Mateus, o sermão traz oito bem-aventuranças, que traçam um programa de vida para as comunidades cristãs de origem judaica. Em Lucas, o sermão é mais breve e mais radical. Ele traz quatro bem-aventuranças e quatro maldições, dirigidas para as comunidades helenistas, constituídas de ricos e pobres. Este discurso de Jesus vai ser meditado no evangelho diário dos próximos dias até 13 de setembro.

Lucas 6,20: Felizes vocês, pobres!

Olhando para os discípulos, Jesus declara: "Felizes vocês pobres, porque o Reino de Deus é de vocês!" Esta declaração identifica a categoria social dos discípulos. Eles são pobres!  E a eles Jesus promete: “O Reino é de vocês!” Não é uma promessa para o futuro. O verbo está no presente. O Reino já é deles. Eles são felizes desde já. No evangelho de Mateus, Jesus explicita o sentido e diz: "Felizes os pobres em Espírito!" (Mt 5,3). São os pobres que têm o Espírito de Jesus. Pois há pobres com cabeça ou espírito de rico. Os discípulos de Jesus são pobres com cabeça de pobre. Como Jesus, não querem acumular, mas assumem a sua pobreza e, com ele, lutam por uma convivência mais justa, onde haja fraternidade e partilha de bens, sem discriminação.

Lucas 6,21-22: Felizes vocês, que agora têm fome e choram!

Na 2ª e 3ª bem-aventurança Jesus diz: "Felizes vocês que agora estão com fome, porque serão saciados! Felizes vocês que agora choram, porque vão dar risada!" Uma parte das frases está no presente e outra no futuro. Aquilo que agora vivemos e sofremos não é o definitivo. O definitivo é o Reino que estamos construindo hoje na força do Espírito de Jesus. Construir o Reino traz sofrimento e perseguição, mas uma coisa é certa: o Reino vai chegar e “vocês serão saciados e vão dar risada!”.

Lucas 6,23: Felizes serão, quando os homens os odiarem....!

A 4ª bem-aventurança se refere ao futuro: "Felizes serão vocês, quando os homens os odiarem e rejeitarem por causa do Filho do Homem! Fiquem alegres naquele dia, porque grande será a sua recompensa, porque assim também foram tratados os profetas!" Com estas palavras de Jesus, Lucas anima as comunidades do seu tempo, que estavam sendo perseguidas. O sofrimento não é estertor de morte, mas sim dor de parto. Fonte de esperança! A perseguição era um sinal de que o futuro anunciado por Jesus estava chegando para elas. Elas estavam no caminho certo.

Lucas 6,24-25:  Ai de vocês, ricos!  Ai de vocês que agora têm fartura e riem!

Após as quatro bem-aventuranças a favor dos pobres e excluídos, seguem quatro ameaças ou maldições contra os ricos e os que passam bem e são elogiados por todos. As quatro ameaças têm a mesma forma literária que as quatro bem-aventuranças. A 1ª está no presente. A 2ª e a 3ª têm uma parte no presente e outra no futuro. E a 4ª se refere inteiramente ao futuro. Estas ameaças só se encontram no evangelho de Lucas e não no de Mateus. Lucas é mais radical na denúncia da injustiça.

Diante de Jesus, naquela planície não havia ricos. Só havia gente pobre e doente, vinda de todos os lados (Lc 6,17-19). Mesmo assim, Jesus diz: "Ai de vocês, ricos!" É que Lucas, ao transmitir estas palavras de Jesus, estava pensando mais nas comunidades do seu tempo. Nelas havia ricos e pobres, e havia discriminação dos pobres pelos ricos, a mesma que marcava a estrutura do Império Romano (cf. Tg 5,1-6; Apc 3,17-19). Jesus faz uma crítica dura e direta aos ricos: Vocês, ricos, já têm sua consolação! Vocês têm fartura, mas vão passar fome! Vocês estão rindo, mas vão ficar aflitos e vão chorar! Sinal de que para Jesus, a pobreza não é uma fatalidade, nem é fruto de preguiça, mas é fruto de enriquecimento injusto dos outros.

Lucas 6,26:  Ai de vocês quando todos os elogiarem!

“Ai de vocês quando todos os elogiarem, porque assim seus pais tratavam os falsos profetas!” Esta quarta ameaça se refere aos filhos dos que no passado elogiavam os falsos profetas. É que algumas autoridades dos judeus usavam o seu prestígio e a sua autoridade para criticar Jesus.

 

4) Para um confronto pessoal

1-Será que nós olhamos a vida e as pessoas com o mesmo olhar de Jesus? Dentro do seu coração, o que você acha: uma pessoa pobre e faminta é realmente feliz? As novelas da Televisão e a propaganda do comércio, qual o ideal de felicidade que elas nos apresentam

2-Dizendo “Felizes os pobres”, será que Jesus estava querendo dizer que os pobres devem continuar na pobreza?

 

5) Oração final

O Senhor é clemente e justo, o nosso Deus é misericordioso. O Senhor protege os simples: eu era fraco e ele me salvou (Sl 114, 5-6)

25ª edição do Grito dos Excluídos reforça tema da primeira edição: “A vida em primeiro lugar”

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Publicado em 09 setembro 2019
  • Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ,
  • dom Antônio Fernando Saburido,
  • 25ª edição do Grito dos Excluídos
  • Dom Sérgio Castriani,

A 25ª edição do Grito dos Excluídos contabilizou a realização de ações em mais em 200 localidades espalhadas pelo Brasil por ocasião deste 7 de Setembro. Seis cidades registraram atos já no dia 6 de setembro, como é o caso de Manaus no qual cerca de 3 mil pessoas caminharam até a Ponto do Rio Negro, local simbólico para aqueles que defendem a vida dos povos da floresta. Dom Sérgio Castriani, arcebispo de Manaus caminhou ao lado de crianças, religiosos, mulheres, migrantes e jovens até a ponte.

Na capital pernambucana, o arcebispo de Olinda e Recife (PE), dom Antônio Fernando Saburido, e seu bispo auxiliar e referencial para a Comissão para a Ação Sociotransformadora do Regional Nordeste 2 da CNBB, dom Limacêdo Antonio, foram à concentração do ato na praça do Derby, na abertura do ato.

No Santuário de Aparecida (SP), o já tradicional ato começou às margens do rio onde a imagem da padroeira do Brasil foi encontrada em 1717, no Porto de Itaguaçu. Cerca de 130 mil pessoas participaram do ato. Ali, há 25 anos, iniciava o Grito dos Excluídos, realizado sempre em conjunto com a Romaria dos Trabalhadores, em sua 32ª edição.

O lema do grito foi “Este sistema não Vale! Lutamos por justiça, direitos e liberdade”. A Romaria reforçou a relação de Nossa Senhora com os trabalhadores, com o tema “Mãe Aparecida, a classe trabalhadora clama por justiça e direitos”.

Participação cidadã – Na abertura, o bispo de Jales (SP) e membro da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Andrieta, agradeceu a dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida, igreja que acolhe permanentemente evento.

O bispo de Jales reforçou a necessária participação cidadã nos rumos da sociedade tendo em vista um aprimoramento da democracia. “É a radicalidade da plenitude da participação cidadã na sociedade. O que há de errado na participação dos cidadãos?”, perguntou.

A CNBB, segundo o membro da Comissão para a Ação Sociotransformadora, propõe a participação dos setores excluídos da sociedade. “Estamos vendo setores já excluídos de nossa sociedade serem muito mais lesados em seus direitos. Isto significa perder condições de vida. Nós estamos não no progresso, mas vendo retrocessos”, disse.

Segundo o religioso, a ordem dos valores está invertida e a vida humana, dos trabalhadores e trabalhadoras, não está em primeiro lugar. “O que importa é o bem comum, o que importa são as condições dignas de vida para todos. Não os interesses particulares”, apontou.

O bispo disse que é desejo da Igreja que os valores do Evangelho se façam presentes em toda a realidade desde as relações pessoais à organização social. “É necessário pensar um projeto social, baseado no diálogo, que desfaça as polaridades e divisões”

Em Aparecida (SP), o Grito e a Romaria, que reuniram participantes de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, chamaram a atenção para as tragédias/crimes como de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, que se sucedem, soterrando vidas e histórias, o solo, os rios e as florestas.

O ato começou às 6h30, com concentração em Porto de Itaguaçu, onde foi encontrada, em 1717, a imagem de Nossa Senhora. Às 7h50, teve o início da caminhada até o Santuário, com o grupo refletindo sobre a realidade dos trabalhadores no país. Às 9h10 foi a realização propriamente dita do Grito, na Tribuna Papa Bento XVI, seguida da Missa dos romeiros trabalhadores na Basílica – Santuário de Aparecida, às 10h30.

O Grito dos Excluídos foi idealizado inicialmente pela CNBB, em 1995, através das pastorais sociais. Na edição deste ano, o ato reforça o tema da primeira edição do evento: “A vida em primeiro lugar”. Fonte: http://www.cnbb.org.br

Bispos do Sínodo da Amazônia dizem ser criminalizados 'como inimigos da pátria'

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Publicado em 09 setembro 2019
  • Sínodo da Amazônia
  • governo Jair Bolsonaro
  • cardeal d. Cláudio Hummes,

Bispos do Sínodo da Amazônia dizem ser criminalizados 'como inimigos da pátria'

Carta encomendada pelo cardeal Dom Cláudio Hummes rebate acusações do governo de Jair Bolsonaro

 

Felipe Frazão, enviado especial a Belém, O Estado de S.Paulo

BELÉM - A Igreja Católica afirmou nesta sexta-feira, 30, lamentar que os bispos envolvidos no Sínodo da Amazônia sejam “criminalizados" e tratados como "inimigos da pátria". Eles decidiram escrever uma carta para rebater acusações do governo Jair Bolsonaro e de alas conservadoras do clero, que veem na pauta do Sínodo ameaças à soberania nacional. 

“Lamentamos imensamente que hoje, em vez de serem apoiadas e incentivadas, nossas lideranças são criminalizadas como inimigos da pátria”, protestaram na carta, publicada após três dias de reuniões a portas fechadas na capital do Pará. Cerca de 120 religiosos católicos participaram do encontro de estudos preparatórios da assembleia de bispos marcada para outubro, em Roma.  

A carta foi encomendada pelo cardeal d. Cláudio Hummes, nomeado pelo papa Francisco como relator do Sínodo e porta-voz do pontífice para o tema, para desfazer o que os bispos consideram visões distorcidas sobre as intenções do Vaticano. Na única entrevista que deu após sua nomeação, d. Cláudio disse que o papa quer "pressionar" os governos locais a agir, entre eles o Estado brasileiro, e defende a participação de outros países também afetados pelas queimadas "criminosamente provocadas", nas palavras da Igreja. 

Bolsonaro já se demostrou refratário à ideia. Além da desconfiança da ala militar quanto aos objetivos do Vaticano, ele não aceitou todas as ofertas de ajuda - financeira ou material - que chegaram ao País por vias diplomáticas, entre elas US$ 20 milhões articulados pela França.

O presidente mandou a Polícia Federal investigar a autoria dos incêndios, depois de lançar, sem provas, suspeitas sobre o envolvimento de organizações não-governamentais. A apuração foi determinada depois de reportagens apontarem que houve incêndios provocados por pelo menos um movimento organizado de fazendeiros, anunciado no Pará como "dia do fogo" e não debelado a tempo pelo poder público.

A carta final do encontro dos bispos da Amazônia reitera que o Vaticano defende a soberania brasileira sobre seu território amazônico. "A soberania brasileira sobre essa parte da Amazônia é para nós inquestionável. Entendemos, no entanto, e apoiamos a preocupação do mundo inteiro a respeito deste macro-bioma que desempenha uma importantíssima função reguladora do clima planetário. Todas as nações são chamadas a colaborar com os países amazônicos e com as organizações locais que se empenham na preservação da Amazônia, porque desta macrorregião depende a sobrevivência dos povos e do ecossistema em outras partes do Brasil e do continente."   

No texto, eles registram a presença secular dos católicos na Amazônia e as contribuições dos religiosos para o estabelecimento da sociedade na região. “Quantas escolas, hospitais, oficinas, obras sociais se construíram e foram mantidas durante séculos em todos os rincões da Amazônia. Vilas e cidades se edificaram a partir das ‘missões’ da nossa Igreja. Quanto sangue, suor e lágrimas foram derramados na defesa dos direitos humanos e da dignidade, especialmente dos mais pobres e excluídos da sociedade, dos povos originários e do meio ambiente tão ameaçados”, anotaram os participantes do encontro dos bispos da Amazônia.

 

Pressão política

O “currículo” da Igreja na Região Norte virou um argumento dos bispos para justificar a participação deles num movimento de pressão política para mobilizar o governo a intervir na crise ambiental da floresta, agravada pelos recentes incêndios florestais. O arcebispo metropolitano de Belém, d. Alberto Taveira Corrêa, diz que a Igreja é a instituição, dentre todas na sociedade, que tem mais conhecimento dos problemas amazônicos, um recado indireto aos militares que questionaram a preparação do Sínodo.

"Junto com o papa Francisco, defendemos de modo intransigente a Amazônia e exigimos medidas urgentes dos governos frente à agressão violenta e irracional à natureza, à destruição inescrupulosa da floresta que mata a flora e a fauna milenares com incêndios criminosamente provocados", afirmam bispos, padres, religiosos e leigos no documento.

A redação da carta foi coordenada pelo bispo emérito do Xingu (PA), d. Erwin Krautler. O documento relata que os bispos estão angustiados com a degradação ambiental e horrorizados com a violência na Amazônia. E afirma que foram eles quem solicitaram ao papa uma assembleia especial dedicada à floresta tropical.

 

 

Leia abaixo a íntegra da Carta do Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia

 

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

Comissão Episcopal Especial para a Amazônia

Carta do Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia

“Cristo aponta para a Amazônia”

São Paulo VI

 Reunidos em Belém do Pará, com o objetivo de estudar o Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia, nós, bispos, padres, religiosas e religiosos, leigas e leigos das Igrejas amazônicas, como também irmãs e irmãos que compartilham a caminhada ecumênica, queremos manifestar nossas preocupações com a “Casa Comum” e uma missão evangelizadora encarnada, samaritana e ecológica.

Desde 1952, os bispos da Amazônia se reúnem periodicamente para se posicionar sobre a missão da Igreja na realidade peculiar da Amazônia. “Cristo aponta para a Amazônia” é a expressão profética e programática do Papa São Paulo VI que em 1972 repercutiu no Encontro de Santarém. A nossa Igreja assumiu, então, o compromisso de se “encarnar, na simplicidade”, na realidade dos povos e de empenhar-se para que por meio da ação evangelizadora se tornasse cada vez mais nítido o rosto de uma Igreja amazônica, comprometida com a realidade dos povos e da terra. No encontro de 1990, em Belém-Icoaraci, os bispos da Amazônia foram os primeiros a advertir o mundo para um iminente desastre ecológico com “consequências catastróficas para todo o ecossistema (que) ultrapassam, sem dúvida, as fronteiras do Brasil e do Continente” (Documento “Em defesa da Vida na Amazônia”).

Novamente reunidos em Icoaraci/PA em 2016, os bispos da Amazônia dirigiram uma carta ao Papa Francisco pedindo um Sínodo para a Amazônia. Acolhendo o desejo da Igreja nos nove países amazônicos, o Papa convocou em 15 de outubro de 2017 a “Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Pan-Amazônia”, com o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

A Igreja Católica desde o século XVII está presente na Amazônia preocupando-se com a evangelização e a promoção humana ao mesmo tempo. Quantas escolas, hospitais, oficinas, obras sociais se construíram e foram mantidas durante séculos em todos os rincões da Amazônia. Vilas e cidades se edificaram a partir das “missões” da nossa Igreja. Quanto sangue, suor e lágrimas foram derramados na defesa dos direitos humanos e da dignidade, especialmente dos mais pobres e excluídos da sociedade, dos povos originários e do meio ambiente tão ameaçados. Lamentamos imensamente que hoje, em vez de serem apoiadas e incentivadas, nossas lideranças são criminalizadas como inimigos da Pátria. 

Junto com o Papa Francisco, defendemos de modo intransigente a Amazônia e exigimos medidas urgentes dos Governos frente à agressão violenta e irracional à natureza, à destruição inescrupulosa da floresta que mata a flora e a fauna milenares com incêndios criminosamente provocados.

Ficamos angustiados e denunciamos o envenenamento de rios e lagos, a poluição do ar pela fumaça que causa perigosa intoxicação, especialmente das crianças, a pesca predatória, a invasão de terras indígenas por mineradoras, garimpos e madeireiras, o comércio ilegal de produtos da biodiversidade.

A violência, que ultimamente cresceu de maneira assustadora, nos causa horrores e exige também o engajamento da nossa Igreja para que a paz e o respeito, a fraternidade e o amor prevaleçam.  

Defendemos vigorosamente a Amazônia, que abrange quase 60% do nosso Brasil. A soberania brasileira sobre essa parte da Amazônia é para nós inquestionável. Entendemos, no entanto, e apoiamos a preocupação do mundo inteiro a respeito deste macro-bioma que desempenha uma importantíssima função reguladora do clima planetário. Todas as nações são chamadas a colaborar com os países amazônicos e com as organizações locais que se empenham na preservação da Amazônia, porque desta macrorregião depende a sobrevivência dos povos e do ecossistema em outras partes do Brasil e do continente. 

O Sínodo, convocado pelo Papa Francisco, chega num momento crucial de nossa história. Queremos identificar novos caminhos para a evangelização dos povos que habitam a Amazônia. Ao mesmo tempo, a Igreja se compromete com a defesa desse chão sagrado que Deus criou em sua generosidade e que devemos zelar e cultivar para as presentes e futuras gerações.   

Cabe um agradecimento especial à Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM por todo o esforço dedicado no importante processo de ESCUTA das comunidades e no envolvimento dos diversos segmentos do Povo de Deus, especialmente mulheres e com forte participação das juventudes e dos povos originários.

Pedimos que rezem por nós, irmãs e irmãos, para que a caminhada sinodal reflita “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e das mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem” (GS 1). 

Que Maria de Nazaré, expressão da face materna de Deus no meio de nosso povo, por sua intercessão, acompanhe os passos da Igreja de seu Filho nas terras e águas amazônicas para que ela seja sinal e presença do Reino de Deus. Que ajude, com sua missão evangelizadora e humanizadora, a dignificar cada vez mais a vida em nossa região.   

 Participantes do Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia. Fonte: https://politica.estadao.com.br

 

 

 

AO VIVO- SANTA MISSA COM FREI PETRÔNIO,O. CARM/ RJ. 23º Domingo do Tempo Comum.

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Publicado em 08 setembro 2019
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23º Domingo do Tempo Comum - Ano C.

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Publicado em 07 setembro 2019
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  • 8 de setembro-2019

“Jesus Cristo não é apenas doce de coco, mas também jiló”. Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, Padre Carmelita e Jornalista/RJ. www.isntagram.com/freipetronio

 

A liturgia deste domingo convida-nos a tomar consciência de quanto é exigente o caminho do "Reino". Optar pelo "Reino" não é escolher um caminho de facilidade, mas sim aceitar percorrer um caminho de renúncia e de dom da vida.

É, sobretudo, o Evangelho que traça as coordenadas do "caminho do discípulo": é um caminho em que o "Reino" deve ter a primazia sobre as pessoas que amamos, sobre os nossos bens, sobre os nossos próprios interesses e esquemas pessoais. Quem tomar contacto com esta proposta tem de pensar seriamente se a quer acolher, se tem forças para a acolher... Jesus não admite meios-termos: ou se aceita o "Reino" e se embarca nessa aventura a tempo inteiro e "a fundo perdido", ou não vale a pena começar algo que não vai levar a lado nenhum (porque não é um caminho que se percorra com hesitações e com "meias tintas").

EVANGELHO: ATUALIZAÇÃO

Jesus não é um demagogo que faz promessas fáceis e cuja preocupação é juntar adeptos ou atrair multidões a qualquer preço. Ele é o Deus que veio ao nosso encontro com uma proposta de salvação, de vida plena; no entanto, essa proposta implica uma adesão séria, exigente, radical, sem "paninhos quentes" ou "meias tintas". O caminho que Jesus propõe não é um caminho de "massas", mas um caminho de "discípulos": implica uma adesão incondicional ao "Reino", à sua dinâmica, à sua lógica; e isso não é para todos, mas apenas para os discípulos que fazem séria e conscientemente essa opção. Como é que eu me situo face a isto? O projeto de Jesus é, para mim, uma opção radical, que eu abracei com convicção e a tempo inteiro ou um projeto em que eu vou estando, sem grande esforço ou compromisso, por inércia, por comodismo, por tradição?

A forma exigente como Jesus põe a questão da adesão ao "Reino" e à sua dinâmica faz-nos pensar na nossa pastoral - vocacionada para ser uma pastoral de massas - e na tentação que sentem os agentes da pastoral no sentido de facilitar as coisas, de não serem exigentes... Às vezes, interessa mais que as estatísticas da paróquia apresentem um grande número de batizados, de casamentos, de crismas, de comunhões, do que propor, com exigência, a radicalidade do Evangelho e dos valores de Jesus... O caminho cristão é um caminho de facilidade, onde cabe tudo, ou é um caminho verdadeiramente exigente, onde só cabem aqueles que aceitam a radicalidade de Jesus? A nossa pastoral deve facilitar tudo, ou ir pelo caminho da exigência?

Às vezes, as pessoas procuram a comunidade cristã por tradição, por influências do meio social ou familiar, porque "a cerimônia religiosa fica bonita nas fotografias"... Sem recusarmos nada, devemos, contudo, fazê-las perceber que a opção pelo batismo ou pelo casamento religioso é uma opção séria e exigente, que só faz sentido no quadro de um compromisso com o "Reino" e com a proposta de Jesus.

Dentro do quadro de exigências que Jesus apresenta aos discípulos, sobressai a exigência de preferir Jesus à própria família. Isso não significa, evidentemente, que devamos rejeitar os laços que nos unem àqueles que amamos... No entanto, significa que os laços afetivos, por mais sagrados que sejam, não devem afastar-nos dos valores do "Reino". As pessoas têm mais importância para mim do que o "Reino"? Já me aconteceu renunciar aos valores do "Reino" por causa de alguém?

Outra exigência que Jesus faz aos discípulos é a renúncia à própria vida e o tomar a cruz do amor, do serviço, do dom da vida. O que é mais importante para mim: os meus interesses, os meus valores egoístas, ou o serviço dos irmãos e o dom da vida?

Uma terceira exigência de Jesus pede aos candidatos a discípulos a renúncia aos bens. Os bens, a procura da riqueza são, para mim, uma prioridade fundamental? O que é mais importante: a partilha, a solidariedade, a fraternidade, o amor aos outros, ou o ter mais, o juntar mais?

*Leia o Evangelho na integra. Clique no link ao LADO- EVANGELHO DO DIA.

Pátria e cidadania: Dom Walmor.

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Publicado em 07 setembro 2019
  • Dom Wlamor Oliveira,

Nota da CNBB- Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, sobre a problemática das queimadas na Amazônia. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 7 de setembro-2019.

Sexta-feira, 6 de setembro-2019. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 06 setembro 2019
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  • 6 de setembro

1) Oração

Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 5,33-39) (Mc 2,18-22)

Naquele tempo, 33os fariseus e os mestres da lei disseram a Jesus: Os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam com freqüência e fazem longas orações, mas os teus comem e bebem... 34Jesus respondeu-lhes: Porventura podeis vós obrigar a jejuar os amigos do esposo, enquanto o esposo está com eles? 35Virão dias em que o esposo lhes será tirado; então jejuarão. 36Propôs-lhes também esta comparação: Ninguém rasga um pedaço de roupa nova para remendar uma roupa velha, porque assim estragaria uma roupa nova. Além disso, o remendo novo não assentaria bem na roupa velha. 37Também ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo arrebentará os odres e entornar-se-á, e perder-se-ão os odres; 38mas o vinho novo deve-se pôr em odres novos, e assim ambos se conservam. 39Demais, ninguém que bebeu do vinho velho quer já do novo, porque diz: O vinho velho é melhor. - Palavra da salvação.

 

3) Reflexão  Lucas 5,33-39

No evangelho de hoje vamos ver de perto mais um conflito entre Jesus e as autoridades religiosas de época, escribas e fariseus (Lc 5,3). Desta vez, o conflito é em torno da prática do jejum. Lucas relata vários conflitos em torno das práticas religiosas da época: o perdão dos pecados (Lc 5,21-25), comer com pecadores (Lc 5,29-32), o jejum (Lc 5,33-36), e mais dois conflitos em torno da observância do sábado (Lc 6,1-5 e Lc 6,6-11).

Lucas 5,33: Jesus não insiste na prática do jejum

Aqui, o conflito é em torno da prática do jejum. O jejum é um costume muito antigo, praticado por quase todas as religiões. O próprio Jesus o praticou durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas ele não insiste com os discípulos para que façam o mesmo. Deixa a eles a liberdade. Por isso, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem saber por que motivo Jesus não insiste no jejum.

Lucas 5,34-35: Enquanto o noivo está com eles não precisam jejuar

Jesus responde com uma comparação. Enquanto o noivo está com os amigos do noivo, isto é, durante a festa do casamento, estes não precisam jejuar. Jesus se considera o noivo. Durante o tempo em que ele, Jesus, estiver com os discípulos, é festa de casamento. Um dia, porém, o noivo vai ser tirado. Aí, se quiserem, podem jejuar. Jesus alude à sua morte. Ele sabe e sente que, se ele continuar neste caminho de liberdade, as autoridades vão querer matá-lo.

No Antigo Testamento, várias vezes, o próprio Deus se apresenta como sendo o noivo do povo (Is 49,15; 54,5.8; 62,4-5; Os 2,16-25). No Novo Testamento, Jesus é visto como o noivo do seu povo (Ef 5,25). O Apocalipse faz o convite para a celebração das núpcias do Cordeiro com sua esposa a Jerusalém celeste (Ap 19,7-8; 21,2.9).

Lucas 5,36-39: Vinho novo em odre novo!

Estas palavras meio soltas sobre o remendo novo em pano velho e sobre o vinho novo em odre novo devem ser entendidas como uma luz que joga sua claridade sobre os vários conflitos, relatados por Lucas, antes e depois da discussão em torno do jejum. Elas esclarecem a atitude de Jesus com relação a todos os conflitos com as autoridades religiosas. Colocados em termos de hoje seriam conflitos como estes: casamento de pessoas divorciadas, amizade com prostitutas e homossexuais, comungar sem estar casado na igreja, faltar à missa no domingo, não fazer jejum na Sexta-feira Santa, etc.

Não se coloca remendo de pano novo em roupa velha. Na hora de lavar, o remendo novo repuxa o vestido velho e o estraga mais ainda. Ninguém coloca vinho novo em odre velho, porque o vinho novo pela fermentação faz estourar o odre velho. Vinho novo em odre novo! A religião defendida pelas autoridades religiosas era como roupa velha, como odre velho. Não se deve querer combinar o novo que Jesus trouxe com os costumes antigos. Ou um, ou outro! O vinho novo que Jesus trouxe faz estourar o odre velho. Tem que saber separar as coisas. Muito provavelmente, Lucas traz estas palavras de Jesus para orientar as comunidades dos anos 80. Havia um grupo de judeu-cristãos que queriam reduzir a novidade de Jesus ao tamanho do judaísmo de antes. Jesus não é contra o que é “velho”. O que ele não quer é que o velho se imponha ao novo e, assim, o impeça de manifestar-se. Seria o mesmo que, na Igreja Católica, reduzir a mensagem do Concílio Vaticano II ao tamanho da igreja de antes do concílio, como hoje muita gente parece estar querendo.

 

4) Para um confronto pessoal

1-Quais os conflitos em torno de práticas religiosas que, hoje, trazem sofrimento para as pessoas e são motivo de muita discussão e polêmica? Qual a imagem de Deus que está por trás de todos estes preconceitos, normas e proibições?

2-Como entender hoje a frase de Jesus: “Não colocar remendo de pano novo em roupa velha”? Qual a mensagem que você tira de tudo isto para a sua vida e a vida da sua comunidade?

 

5) Oração final

Confia ao Senhor a tua sorte, espera nele, e ele agirá. Como a luz, fará brilhar a tua justiça; e como o sol do meio-dia, o teu direito (Sl 36, 2)

Quinta-feira, 5 de setembro-2019. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 05 setembro 2019
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  • 22ª Semana do Tempo Comum
  • 5 de setembro-2019

1) Oração

Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 5,1-11)

Naquele tempo, 1Estando Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a palavra de Deus. 2Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago, - pois os pescadores haviam descido delas para consertar as redes -, 3subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo. 4Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar. 5Simão respondeu-lhe: Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede. 6Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia. 7Acenaram aos companheiros, que estavam na outra barca, para que viessem ajudar. Eles vieram e encheram ambas as barcas, de modo que quase iam ao fundo. 8Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador. 9É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados por causa da pesca que haviam feito. 10O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus companheiros. Então Jesus disse a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens. 11E atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram.

 

3) Reflexão Lucas 5,1-11

O evangelho de hoje conta como Pedro foi chamado por Jesus. O evangelho de Marcos situa o chamado dos primeiros discípulos logo no início do ministério público de Jesus (Mc 1,16-20). Lucas o situa depois que a fama de Jesus já se havia espalhado por toda a região (Lc 4,14). Jesus já havia curado muita gente (Lc 4,40) e pregado nas sinagogas de todo o país (Lc 4,44). O povo já o procurava em massa e a multidão o apertava por todos os lados para ouvir a Palavra de Deus (Lc 5,1). Lucas torna o chamado mais compreensível. Primeiro, Pedro pôde escutar as palavras de Jesus ao povo. Em seguida, presenciou a pesca milagrosa. Foi só depois desta dupla experiência surpreendente, que veio o chamado de Jesus. Pedro atendeu, largou tudo e se tornou “pescador de gente”.

Lucas 5,1-3: Jesus ensina a partir da barca.

O povo busca Jesus para ouvir a Palavra de Deus. É tanta gente que se junta ao redor de Jesus, que ele fica comprimido. Jesus busca ajuda com Simão Pedro e mais alguns companheiros que acabavam de voltar de uma pescaria. Ele entra no barco deles e, de lá, responde à expectativa do povo, comunicando-lhe a Palavra de Deus. Sentado, Jesus tem a postura e a autoridade de um mestre, mas ele fala a partir da barca de um pescador. A novidade consiste no fato de ele ensinar não só na sinagoga para um público selecionado, mas em qualquer lugar onde tem gente que queira escutá-lo, até mesmo na praia.

Lucas 5,4-5: "Pela tua palavra lançarei as redes!"

Terminada a instrução ao povo, Jesus se dirige a Simão e o anima a pescar de novo. Na resposta de Simão transparecem frustração, cansaço e desânimo: "Mestre, pelejamos a noite toda e não pescamos nada!". Mas, confiantes na palavra de Jesus, eles voltam a pescar e continuam a peleja. A palavra de Jesus teve mais força do que a experiência frustrante da noite!

Lucas 5,6-7: O resultado é surpreendente.

A pesca é tão abundante que as redes quase se rompem e as barcas ameaçam afundar. Simão precisa da ajuda de João e Tiago, que estão na outra barca. Ninguém consegue ser completo sozinho. Uma comunidade deve ajudar a outra. O conflito entre as comunidades, tanto no tempo de Lucas como hoje, deve ser superado em vista do objetivo comum, que é a missão. A experiência da força transformadora da Palavra de Jesus é o eixo em torno do qual as diferenças se abraçam e se superam.

Lucas 5,8-11: "Seja pescador de gente!"

A experiência da proximidade de Deus em Jesus faz Simão perceber quem ele é: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador!" Diante de Deus somos todos pecadores! Pedro e os companheiros sentem medo e, ao mesmo tempo, se sentem atraídos. Deus é um mistério fascinante: mete medo e, ao mesmo tempo, atrai. Jesus afasta o medo: "Não tenha medo!"  Ele chama Pedro e o compromete na missão, mandando que seja pescador de gente. Pedro experimenta, bem concretamente, que a Palavra de Jesus é como a Palavra de Deus. Ela é capaz de fazer acontecer o que ela afirma. Em Jesus aqueles rudes trabalhadores fizeram uma experiência de poder, de coragem e de confiança. Então, "deixaram tudo e seguiram a Jesus!". Até agora, era só Jesus, que anunciava a Boa Nova do Reino. Agora, outras pessoas vão sendo chamadas e envolvidas na missão. Esse jeito de Jesus trabalhar em equipe é também uma Boa Nova para o povo.

O episódio da pesca no lago mostra a atração e a força da Palavra de Jesus. Ela atrai o povo (Lc 5,1). Leva Pedro a oferecer o seu barco para Jesus poder falar (Lc 5,3). A Palavra de Jesus é tão forte que vence a resistência de Pedro, leva-o a lançar de novo a rede e faz acontecer a pesca milagrosa (Lc 5,4-6). Vence nele a vontade de se afastar de Jesus e o atrai para ser "pescador de gente!" (Lc 5,10) É assim que a Palavra de Deus atua em nós até hoje!

 

4) Para um confronto pessoal

1) Onde e como acontece hoje a pesca milagrosa, realizada em atenção à Palavra de Jesus?

2) Eles largaram tudo e seguiram Jesus. O que devo largar para poder seguir Jesus?

 

5) Oração final

Quem será digno de subir ao monte do Senhor? Ou de permanecer no seu lugar santo? O que tem as mãos limpas e o coração puro, cujo espírito não busca as vaidades nem perjura para enganar seu próximo (Sl 23, 3)

MÊS DA BÍBLIA- CURIOSIDADES-01.

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Publicado em 04 setembro 2019
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POR QUE A MAÇÃ É O FRUTO PROIBIDO SE ELA NEM SEQUER É CITADA NA BÍBLIA?

 

No terceiro capítulo de Gênesis, o primeiro livro Bíblico, uma serpente persuade Eva e Adão a comerem o fruto proibido da árvore que está no meio do Jardim do Éden. Deus havia liberado todos os outros frutos, menos o dessa árvore específica. Em nenhum momento, entretanto, fica explícito qual seria esse fruta. Então, por que a maçã acabou se tornando o símbolo do proibido?

Tudo aconteceu por conta de um escritor e poeta inglês chamado John Milton. Em 1667, ele lançou uma de suas obras-primas: “Paraíso Perdido”. Trata-se de um poema épico escrito na época em que Milton já estava cego, entre 1658 e 1664. Acredita-se que a cegueira do autor tenha sido causada por um deslocamento de retina ou por um glaucoma, mas o motivo exato é incerto.

Nesse longo poema, que tem mais de 10 mil linhas, Milton fala de uma das principais histórias da Bíblia, justamente a de Adão e Eva. Na obra, por duas vezes, o autor cita o fruto proibido como sendo a maçã, por mais que isso não seja falado na Bíblia. E isso aconteceu por conta de um problema de tradução.

Voltando mais no tempo, o papa Dâmaso I, que teve o pontificado entre os anos 366 e 384 d.C., solicitou que um de seus principais escribas, Jerônimo, traduzisse a Bíblia hebraica para o latim. Acontece que, nessa língua, tanto “mal” quanto “maçã” possuem a mesma grafia: “malus”.

Antes disso, o fruto proibido era encarado sob a forma de diferentes frutas: figo, romã, uva, damasco e cidra são algumas delas. Até mesmo o trigo podia ser o responsável pela expulsão de Adão e Eva do Paraíso. Na Bíblia hebraica, a palavra original é “peri”, que é realmente traduzível como “fruto”.

Aconteceu que Jerônimo resolveu traduzir essa expressão como “malus”, já que, poderia tanto significar o “mal” quanto a “maçã”, ainda que pudesse fazer referência, na época, a outros frutos carnudos, como a pera e o figo. O Teto da Capela Sistina, uma das obras-primas de Michelangelo, traz uma serpente enrolada em uma figueira. Essa obra foi pintada entre 1508 e 1512.

Um pouquinho antes, em 1504, o desenhista alemão Albrecht Dürer representou o primeiro casal ao lado de uma macieira e acabou se tornando uma referência para os futuros retratistas da Bíblia. A publicação de “Paraíso Proibido”, no século seguinte, consolidou a figura da maçã com o “verdadeiro” fruto do pecado original, sem que, é claro, isso seja especificado na Bíblia. Fonte: https://www.megacurioso.com.br

Quarta-feira, 4 de setembro-2019. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 04 setembro 2019
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  • 4 de setembro

1) Oração

Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 4,38-44)

Naquele tempo, 38Saindo Jesus da sinagoga, entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta; e pediram-lhe por ela. 39Inclinando-se sobre ela, ordenou ele à febre, e a febre deixou-a. Ela levantou-se imediatamente e pôs-se a servi-los. 40Depois do pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias lhos traziam. Impondo-lhes a mão, os sarava. 41De muitos saíam os demônios, aos gritos, dizendo: Tu és o Filho de Deus. Mas ele repreendia-os severamente, não lhes permitindo falar, porque sabiam que ele era o Cristo. 42Ao amanhecer, ele saiu e retirou-se para um lugar afastado. As multidões o procuravam e foram até onde ele estava e queriam detê-lo, para que não as deixasse. 43Mas ele disse-lhes: É necessário que eu anuncie a boa nova do Reino de Deus também às outras cidades, pois essa é a minha missão. 44E andava pregando nas sinagogas da Galileia.

 

3) Reflexão   Lucas 4,38-44 (Mc 1,29-39)

O evangelho de hoje traz quatro assuntos diferentes: a cura da sogra de Pedro (Lc 4,38-39), a cura de muitos doentes à noite, depois do sábado (Lc 4, 40-41), a oração de Jesus num lugar deserto (Lc 4,42) e a sua insistência na missão (Lc 4,43-44). Com pequenas diferenças Lucas segue e adapta as informações que tirou do evangelho de Marcos.

Lucas 4,38-39:  Jesus restaura a vida para o serviço

Depois de participar da celebração do sábado, na sinagoga, Jesus entra na casa de Pedro e cura a sogra dele. A cura faz com que ela se coloque imediatamente de pé. Com a saúde e a dignidade recuperadas, ela se põe a serviço das pessoas. Jesus não só cura, mas cura para que a pessoa possa colocar-se a serviço da vida.

Lucas 4,40-41: Jesus acolhe e cura os marginalizados

Ao cair da tarde, na hora do aparecimento da primeira estrela no céu, terminado o sábado, Jesus acolhe e cura os doentes e os possessos que o povo tinha trazido. Doentes e possessos eram as pessoas mais marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem recorrer. Ficavam entregues à caridade pública. Além disso, a religião as considerava impuras. Elas não podiam participar na comunidade. Era como se Deus as rejeitasse e as excluísse. Jesus as acolhe e as cura impondo a mão em cada um. Assim, aparece em que consiste a Boa Nova de Deus e o que ela quer atingir na vida da gente: acolher os marginalizados e os excluídos e reintegrá-los na convivência.

De muitas pessoas saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus”. Jesus os ameaçava e não os deixava falar, porque os demônios sabiam que ele era o Messias”. Naquele tempo, o título Filho de Deus ainda não tinha a densidade e a profundidade que o título tem hoje para nós. Significava que o povo reconhecia em Jesus uma presença todo especial de Deus. Jesus não deixava os demônios falar. Ele não queria propaganda fácil por meio do impacto de expulsões espetaculares.  

Lucas 4,42a: Permanecer unido ao Pai pela oração 

“Ao raiar do dia, Jesus saiu, e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam, e, indo até ele, não queriam deixá-lo que fosse embora”. Aqui Jesus aparece rezando. Ele faz um esforço muito grande para ter o tempo e o ambiente apropriado para rezar. Levantou mais cedo que os outros e foi para um lugar deserto, para poder estar a sós com Deus. Muitas vezes, os evangelhos nos falam da oração de Jesus no silêncio (Lc 3,21-22; 4,1-2.3-12; 5,15-16; 6,12; 9,18; 10,21; 5,16; 9,18; 11,1; 9,28;23,34; Mt 14,22-23; 26,38; Jo 11,41-42; 17,1-26; Mt  Mc 1,35; Lc  3,21-22). É através da oração que ele mantém viva em si a consciência da sua missão.

Lucas 4,42b-44: Manter viva a consciência da missão e não se fechar no resultado

Jesus tornou-se conhecido. O povo ia atrás dele e não queria que ele fosse embora. Jesus não atendeu ao pedido e disse: "Devo anunciar a Boa Notícia do Reino de Deus também para as outras cidades, porque para isso é que fui enviado." Jesus tem muito clara a sua missão. Não se fecha no resultado já obtido, mas quer manter bem viva a consciência da sua missão. É a missão recebida do Pai que o orienta na tomada das decisões. Foi para isto que fui enviado! E aqui no texto esta consciência tão viva aparece como fruto da oração.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Jesus tirava tempo para poder rezar e estar a sós com o Pai? Eu tiro tempo para rezar e estar a sós com Deus?

2) Jesus mantinha viva a consciência da sua missão. E eu, será que, como cristã ou cristão, tenho consciência de alguma missão ou vivo sem missão?

 

5) Oração final

Nossa alma espera no Senhor, porque ele é nosso amparo e nosso escudo. Nele, pois, se alegra o nosso coração, em seu santo nome confiamos (Sl 32)

Mês da Bíblia: um jeito dinâmico de evangelizar e formar discípulos missionários

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Publicado em 03 setembro 2019
  • Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ,
  • Mês da Bíblia,
  • Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética
  • estudo da Primeira Carta de João
  • irmã Maria Aparecida Barboza,
  • São Jerônimo,

No dia 30 de setembro a Igreja celebra a memória de São Jerônimo, um grande biblista que a pedido do papa Dâmaso (366-384) preparou a tradução da Bíblia em latim, a partir do hebraico e do grego, a chamada Vulgata. O santo foi o responsável por ter tornado referência o mês de setembro para o estudo e a contemplação da Palavra de Deus.

Este ano, 2019, a Igreja no Brasil comemora o Mês da Bíblia, em sintonia com a Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dando continuidade ao ciclo do tema “Para que n’Ele nossos povos tenham vida”, propondo o estudo da Primeira Carta de João com destaque para o lema “Nós amamos porque Deus primeiro nos amou” (1Jo 4,19).

O autor do texto-base, Cláudio Vianney, afirma que o verbo amar é a palavra-chave da Primeira Carta de João. Ele garante ainda que o lema recorda que o amor provém de Deus e chega a todas as criaturas. “O amor é convite que pede uma resposta, que é amar. Assim, a resposta ao amor de Deus é o amor aos irmãos”, diz.

Claudio explica que a primeira Carta de João nasceu como uma homilia escrita. Nela, o autor se dirige a seus interlocutores chamando-os de amados e filhinhos. “Os leitores de hoje, numa leitura atenta e amorosa da Carta, acolhem essas palavras como dirigidas também para eles”, conta Claudio.

No passado, o autor queria encorajar sua comunidade a perseverar na prática do mandamento de Jesus Cristo, a Palavra da Vida, que é desde o princípio, depois de a comunidade ter passado por uma experiência dolorosa de conflito e separação. Também hoje, Claudio reitera que a Carta continua a encorajar seus leitores a reviverem essa experiência de perseverança.

Ainda de acordo com ele, na Carta o autor afirma que “Deus é luz” e que “Deus é amor”, convidando seus interlocutores a caminhar na luz e a permanecer no amor. Também salienta que Jesus Cristo é o Justo, e que todo aquele que pratica a justiça nasceu de Deus.

Círculos Bíblicos

No mês da Bíblia, uma forma bem concreta desta experiência na Igreja do Brasil são os Círculos Bíblicos, considerados pela autora, a irmã Maria Aparecida Barboza, religiosa da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, um jeito dinâmico de evangelizar e formar discípulos missionários de Jesus Cristo. “Por meio da pedagogia-mística da Leitura Orante, os participantes gradativamente vão se familiarizando com a Palavra e despertando o gosto pela Leitura, Meditação, Oração e Contemplação para uma melhor vivência na caminhada discipular”, garante.

Segundo irmã Maria, a Igreja no Brasil movida pelo desejo de crescimento na fé bíblica, desenvolveu toda uma prática de leitura e reflexão da Bíblia que muito contribui para o sustento da fé e da caminhada das pessoas. Para ela, os Círculos Bíblicos, grupos de reflexão, grupos de rua, são alguns sinais dessa presença viva da Bíblia no meio do povo, formas criativas de tornar mais próxima a Palavra da Escritura.

O texto-base do Mês da Bíblia poder ser adquirido no site da Editora da CNBB. Fonte: http://www.cnbb.org.br

Terça, 3 de setembro-2019. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 03 setembro 2019
  • Frei Carlos Mesters,
  • Carmelita Frei Carlos Mesters,
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  • LECTIO DIVINA DO EVANGELHO DO DIA,
  • Evangelho do Dia com Frei Carlos Mesters,
  • EVANGELHO DO DIA-LECTIO DIVINA,
  • Lectio Divina com Frei Carlos Mesters,
  • 22ª Semana do Tempo Comum
  • 3 de setembro

1) Oração

Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Lucas 4,31-37)

Naquele tempo, 31Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e ali ensinava-os aos sábados. 32Maravilharam-se da sua doutrina, porque ele ensinava com autoridade. 33Estava na sinagoga um homem que tinha um demônio imundo, e exclamou em alta voz: 34Deixa-nos! Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: o Santo de Deus! 35Mas Jesus replicou severamente: Cala-te e sai deste homem. O demônio lançou-o por terra no meio de todos e saiu dele, sem lhe fazer mal algum. 36Todos ficaram cheios de pavor e falavam uns com os outros: Que significa isso? Manda com poder e autoridade aos espíritos imundos, e eles saem? 37E corria a sua fama por todos os lugares da redondeza.

 

3) Reflexão   Lucas 4,31-37

No evangelho de hoje, vamos ver de perto dois assuntos: a admiração do povo pela maneira de Jesus ensinar e a cura de um homem possuído por um demônio impuro. Nem todos os evangelistas contam os fatos do mesmo jeito. Para Lucas, o primeiro milagre é a calma com que Jesus se livrou da ameaça de morte da parte do povo de Nazaré (Lc 4,29-30) e a cura do homem possesso (Lc 4,33-35). Para Mateus, o primeiro milagre é a cura de uma porção de doentes e endemoninhados (Mt 4,23) ou, mais especificamente, a cura de um leproso (Mt 8,1-4). Para Marcos, foi a expulsão de um demônio (Mc 1,23-26). Para João, o primeiro milagre foi em Caná, onde Jesus transformou água em vinho (Jo 2,1-11). Assim, na maneira de contar as coisas, cada evangelista mostra qual foi, segundo ele, a maior preocupação de Jesus.

Lucas 4,31:  A mudança de Jesus para Cafarnaum

“Jesus foi a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e aí ensinava aos sábados”. Mateus diz que Jesus foi morar em Cafarnaum (Mt 4,13). Mudou de residência. Cafarnaum era uma pequena cidade junto ao entroncamento de duas estradas importantes: uma que vinha da Ásia Menor e ia para Petra no sul da Transjordânia, e a outra que vinha da região dos rios Euphrates e Tigris e descia para o Egito. A mudança para Cafarnaum facilitava o contato com o povo e a divulgação da Boa Nova.

Lucas 4,32:  Admiração do povo pelo ensino de Jesus

A primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. “Jesus falava com autoridade”. Marcos acrescenta que, por este seu jeito diferente de ensinar, Jesus criava consciência crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebia e comparava: Ele ensina com autoridade, diferente dos escribas” (Mc 1,22.27). Os escribas da época ensinavam citando autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida. 

Lucas 4,33-35:  Jesus combate o poder do mal

O primeiro milagre é a expulsão de um demônio. O poder do mal tomava conta das pessoas e as alienava. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade. E ele o faz pelo poder da sua palavra: "Cale-se, e saia dele!"  Ele dizia em outra ocasião: “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês” (Lc 11,20). Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do governo e do comércio. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações e ameaçada pelos cobradores. Acha que não vive direito enquanto não comprar aquilo que a propaganda anuncia. Não é fácil expulsar este poder que hoje aliena tanta gente, e devolver as pessoas a si mesmas!

Lucas 1,36-37: A reação do povo: ele manda nos espíritos impuros primeiro impacto

Além do jeito diferente de Jesus ensinar as coisas de Deus, o outro aspecto que causava admiração no povo era o seu poder sobre os espíritos impuros: "Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros com autoridade e poder, e eles saem". Jesus abre um novo caminho para o povo poder conseguir a pureza através do contato com ele. Naquele tempo, uma pessoa impura não podia comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida a Abraão. Teria que purificar-se, primeiro. Havia muitas leis e normas que dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita gente como impura. Mas agora, purificadas pela fé em Jesus, as pessoas podiam comparecer novamente na presença de Deus e rezar a Ele, sem necessidade de recorrer àquelas complicadas e, muitas vezes, dispendiosas normas de pureza.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Jesus provocava a admiração do povo. A atuação da nossa comunidade aqui no bairro provoca alguma admiração no povo? Qual?

2) Jesus expulsava o poder do mal e devolvia as pessoas a si mesmas. Hoje, muita gente vive alienada de si mesma e de tudo. Como devolve-las a si mesmas?

 

5) Oração final

 O Senhor é clemente e compassivo, longânime e cheio de bondade. O Senhor é bom para com todos, e sua misericórdia se estende a todas as suas obras (Sl 144, 1)

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