Olhar Jornalístico

QUARESMA: TEMPO DE JEJUAR

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Publicado em 28 fevereiro 2023
  • Jejuar,
  • jejuar nas sextas-feiras da Quaresma,
  • penitência
  • Arcebispo do Rio de Janeiro
  • Dai-lhes vós mesmos de comer
  • TEMPO DE JEJUAR

 

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

 

Estamos no início da Quaresma. Uma das características do tempo da Quaresma é a penitência, sobretudo no comer e no beber. Tal penitência pode consistir numa simples abstinência, que é renúncia a algum alimento, ou pode chegar ao jejum, que consiste no privar-se das refeições de modo total ou parcial. É muito importante a prática de tal forma de penitência. Aliás, eram o jejum e a abstinência que, na Igreja Antiga, davam uma fisionomia própria ao tempo quaresmal. 

É necessário compreender o sentido profundo que o cristianismo dá a essas práticas, para não ficarmos numa atitude superficial, às vezes até folclórica ou, por ignorância pura e simples, desprezarmos algo tão belo e precioso no caminho espiritual do cristão. 

O jejum nos ensina que somos radicalmente dependentes de Deus. Na Escritura, a palavra nephesh significa, ao mesmo tempo, vida e garganta. A ideia que isso exprime é que nossa vida não vem de nós mesmos, não a damos a nós próprios; nós a recebemos continuamente: ela entra pela nossa garganta com o alimento que comemos, a água que bebemos, o ar que respiramos. Jamais o homem pode pensar que se basta a si mesmo, que pode se fechar para Deus. Quando jejuamos, sentimos uma certa fraqueza e lerdeza, às vezes, nos vem mesmo um pouco de tontura. Isso faz parte da “psicologia do jejum”: recorda-nos o que somos sem esta vida que vem de fora, que nos é dada por Deus continuamente.  

A prática do jejum, impede-nos, então, da ilusão de pensar que a nossa existência, uma vez recebida, é autônoma, fechada, independente. Nunca poderemos dizer: “A vida é minha; faço como eu quero!” A vida será, sempre e em todas as suas etapas, um dom de Deus, um presente gratuito, e nós seremos sempre dependentes dele. Esta dependência nos amadurece, nos liberta de nossos estreitos e mesquinhos horizontes, nos livra da autossuficiência e nos faz compreender “na carne” nossa própria verdade, recordando-nos que a vida é para ser vivida em diálogo de amor com Aquele que no-la deu. 

O alimento é uma de nossas necessidades básicas, um de nossos instintos mais fundamentais, juntamente com a sexualidade. A abstenção do alimento nos exercita na disciplina, fortalecendo nossa força de vontade, aguçando nossa capacidade de vigilância, dando-nos a capacidade para uma verdadeira disciplina. Nossa tendência é ir atrás de nossos instintos, de nossas tendências, de nossa vontade desequilibrada. Aliás, essa é a grande fraqueza e o grande engano do mundo atual. Dizemos: “não vou me reprimir; não vou me frustrar”, e vamos nos escravizando aos desejos mais banais e às paixões mais contrárias ao Evangelho e de amor pelo próximo.  

O próprio Jesus, de modo particular, e a Escritura, de modo geral, nos exortam à vigilância e à sobriedade. O jejum e a abstinência, portanto, são um treino para que sejamos senhores de nós mesmos, de nossas paixões, desejos e vontades. Assim, seremos realmente livres para Cristo, sendo livres para realizar aquilo que é reto e desejável aos olhos de Deus! O próprio Jesus afirmou que quem comete pecado é escravo do pecado! Não adianta: sem o exercício da abstinência, jamais seremos fortes. Não basta malhar o corpo; é preciso malhar o coração! 

O jejum tem também a função de nos unir a Cristo, no seu período de quarenta dias no deserto. Quaresma de Cristo, quaresma do cristão. Faz-nos, assim, participantes da paixão do Senhor, completando em nós o que faltou à cruz de Jesus. O cristão jejua por amor a Cristo e para unir-se a ele, trazendo na sua carne as marcas da cruz do Senhor. É uma união com o Senhor que não envolve somente a alma, com seus sentimentos e afetos, mas também o corpo. É o homem todo, a pessoa na sua totalidade que se une ao Cristo. Nunca é demais recordar que o cristianismo não é uma religião simplesmente da alma, mas atinge o homem em sua totalidade. Pelo jejum, também o corpo reza, também o corpo luta para colocar-se no âmbito da vida nova de Cristo Jesus. Também o corpo necessita, como o coração, ser esvaziado do vinagre dos vícios para ser preenchido pelo mel, que é o Espírito Santo de Jesus. 

 O jejum e a abstinência, fazem-nos recordar aqueles que passam privação, sobretudo a fome, abrindo-nos para os irmãos necessitados. Há tantos que, à força, pela gritante injustiça social em nosso País, jejuam e se abstêm todos os dias, o ano todo! O jejum nos faz sentir um pouco a sua dor, tão concreta, tão real, tão dolorosa! Por isso mesmo, na tradição mística e ascética da Igreja, o jejum e a abstinência devem ser acompanhados sempre pela esmola: aquele alimento do qual me privo, já não é mais meu, mas deve ser destinado ao pobre. É por isso que os pobres, antigamente, nos dias de jejum, pediam nas portas o “meu jejum”. Eis o jejum perfeito: ele me abre para Deus e para os irmãos. Neste ponto, é enorme a insistência seja da Sagrada Escritura, seja dos Padres da Igreja (os santos doutores dos primeiros séculos do cristianismo). 

Resta-nos, agora, passar da teoria à prática. Seja nossa Quaresma rica do jejum e da abstinência, enriquecidos com o bem da caridade fraterna, da esmola, que se efetiva na atenção e preocupação ativa e concreta pelos pobres de todas as pobrezas, sempre em sintonia com a Campanha da Fraternidade: “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14,16). Fonte: https://www.cnbb.org.br

INDO COM JESUS AO DESERTO!

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Publicado em 24 fevereiro 2023
  • Quaresma,
  • tempo de Quaresma,
  • 1º Domingo da Quaresma,
  • Homilia 1º Domingo da Quaresma,
  • Jejum na Quaresma,
  • Dom Eurico dos Santos Veloso
  • Arcebispo Emérito de Juiz de Fora
  • percurso quaresmal,

Dom Eurico dos Santos Veloso

Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG) 

 

No início da nossa caminhada quaresmal, a Palavra de Deus convida-nos à “conversão” – isto é, a recolocar Deus no centro da nossa existência, a aceitar a comunhão com Ele, a escutar as suas propostas, a concretizar no mundo – com fidelidade – os seus projetos. Indo com Jesus ao deserto, aprendemos com Ele a vencer as ciladas da maldade, do demônio e a reafirmar nossa adesão ao Deus de amor e de bondade que nos leva pela sua mão. 

A primeira leitura – Gn 2,7-9;3,1-7 –  afirma que Deus criou o homem para a felicidade e para a vida plena. Quando escutamos as propostas de Deus, conhecemos a vida e a felicidade; mas, sempre que prescindimos de Deus e nos fechamos em nós próprios, inventamos esquemas de egoísmo, de orgulho e de prepotência e construímos caminhos de sofrimento e de morte. A figura da serpente, o tentador se manifesta aos nossos primeiros pais, de maneira ardilosa e vil, para induzir-lhes ao erro. Invertendo o mandamento apresentado por Deus, que tinha como finalidade preservar a vida humana e a integridade espiritual, a serpente sugere que Deus é um ser invejoso. E assegura que, caso comessem do fruto proibido, o homem e a mulher seriam como Deus. O resultado é aquilo que São Paulo desenvolve na segunda leitura de hoje: pelo pecado, a morte entrou no mundo. Os seus efeitos se estenderam a todos os homens, pois todos pecaram. 

A segunda leitura – Rm 5,12-19 – propõe-nos dois exemplos: Adão e Jesus. Adão representa o homem que escolhe ignorar as propostas de Deus e decidir, por si só, os caminhos da salvação e da vida plena; Jesus é o homem que escolhe viver na obediência às propostas de Deus e que vive na obediência aos projetos do Pai. O esquema de Adão gera egoísmo, sofrimento e morte; o esquema de Jesus gera vida plena e definitiva. Se por meio da transgressão de um só homem o gênero humano fora relegado à morte, é também por meio de um só homem, Jesus Cristo, que o dom gratuito, isto é, a graça de Deus, é derramado de  maneira vigorosamente mais abundante e superior sobre todos. Ora, se o pecado cometido por nossos primeiros pais resultou em condenação, o dom da graça, derramado por Jesus Cristo, resultou em justificação. Tudo isso, alcançado pelo preço de seu sangue, em perfeita obediência ao Pai. 

O Evangelho – Mt 4,1-11 – apresenta, de forma mais clara, o exemplo de Jesus. Ele recusou – de forma absoluta – uma vida vivida à margem de Deus e dos seus projetos. A Palavra de Deus garante que, na perspectiva cristã, uma vida que ignora os projetos do Pai e aposta em esquemas de realização pessoal é uma vida perdida e sem sentido; e que toda a tentação de ignorar Deus e as suas propostas é uma tentação diabólica e que o cristão deve, firmemente, rejeitar. Jesus venceu as tentações, as quais cederam outrora Adão e Eva, para nos devolver a possibilidade real de viver com Deus nesta vida e, depois, participar da vida divina nova e eternamente. Para tanto, precisamos vencer todas as tentações, simbolizadas pelas três propostas apresentadas pelo Tentador de Cristo. Revestido e guiado pelo Espírito Santo, Jesus  jejuou 40 dias e 40 noites – como Moisés em Ex 34,28 – e teve fome, como todo ser humano. Foi tentado e nunca cedeu às impertinências do Maligno. Jesus é provado no deserto e durante sua vida terrena sua condição de Filho e Messias até vencer completamente o mal, entregando-se na Cruz. 

Jesus nos ensina como superar as propostas enganadoras da sociedade moderna: as tentações do combate simplicista da fome, da sujeição à ambição do lucro e do uso mágico da religião e de Deus. 

Que o percurso quaresmal, em clima de sinodalidade eclesial, nos ajude a bem vivenciar nossa vocação cristã. O vigor do nosso testemunho cristão consiste em assimilar a Palavra de Deus. É ela que nos permite vencer as tentações da autorrefencialidade, da propagação dos discursos de ódio – dos quais podemos nos tornar agentes, potencializando-os nas redes sociais – , da adesão à lógica da competição, da indiferença ao clamor dos descartados que gritam por vida digna. 

Vençamos as tentações! Jesus continua nos chamando a adentrar ao deserto da nossa alma para vencer as forças demoníacas que só podem ser vencidas pela nossa abertura à Palavra da Salvação! 

Um dos gestos concretos deste domingo, bem como de toda a Quaresma, está em sintonia com a Campanha da Fraternidade em prol do combate à fome com a nossa atitude prática de oração que se transforma em ação, dando de comer a quem tem fome, a ser generoso, sobretudo neste tempo de graça, penitência e conversão. Fonte: https://www.cnbb.org.br

QUARESMA- 2023: CAMPANHA DA FRATERNIDADE

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Publicado em 21 fevereiro 2023
  • tempo de Quaresma,
  • Dai-lhes voz mesmos de comer

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

 

A Igreja Católica no Brasil, mesmo recebendo muitas críticas desleais, é uma entidade religiosa preocupada com a identidade espiritual das pessoas, mas também a vida em sua total dignidade. Justamente por isto que, a partir de 1962, vem realizando, todo ano, a Campanha da Fraternidade. Seu objetivo ultrapassa os limites da instituição para contribuir com o bem espiritual e social das pessoas. 

Muitas dessas Campanhas têm uma conotação realmente social, quase como contrapartida em relação a uma cultura que não valoriza os brasileiros como tais. A Igreja procura chegar junto para ajudar na reflexão do povo. É o que acontece neste ano de 2023, com o tema “Fraternidade e Fome”, num momento em que a fome no país tem chegado a patamares muito preocupantes.  

A oração da Quaresma precisa se transformar em ação para diminuir o sofrimento de tantas pessoas. Estamos diante de um desafio, quando o lema bíblico diz: “Dai-lhes voz mesmos de comer” (Mt 14,16). E o Brasil tem condição de sarar essa ferida angustiante da fome, usando os próprios recursos. A Campanha da Fraternidade não resolve o problema, mas é espaço de reflexão sobre o tema. 

O ser humano é “ser vivente”, que depende da natureza, da fertilidade do “jardim do Édem” (cf. Gn 2,7-8), onde deve existir fartura de alimento e o necessário para a sobrevivência. Ninguém deveria morrer de fome e nem passar fome em terras brasileiras com tantos recursos naturais e capacidade humana para o trabalho. A Campanha quer mostrar que alguma coisa está errada neste cenário. 

É interessante uma frase bíblica, que diz: “A transgressão de um só levou a multidão humana à morte” (Rm 5,15). O problema da fome no Brasil não seria fruto de transgressões e de pouca visão social e fraterna de muitos? Não é por falta de alimento, porque o país é privilegiado no setor da agricultura. Talvez a culpa, se assim podemos dizer, não estaria numa política mal gerida? 

Diz que Jesus “jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, e, depois disso, teve fome” (Mt 4,2). Muitos brasileiros jejuam muito mais, chegando até morrer por isso. É uma das realidades que precisa sensibilizar a todos, porque o direito à vida não pode ser privilégio de uns em detrimento de outros. Por isto a Campanha da Fraternidade quer provocar a capacidade da partilha fraterna. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Igrejas armam blocos evangélicos para lutar contra 'trevas de Carnaval'

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Publicado em 19 fevereiro 2023
  • Assembleia de Deus Vitória em Cristo,
  • igrejas evangélicas
  • blocos evangélicos
  • neopentecostalismo brasileiro
  • pastor Eric Vianna,

Ensaio da bateria da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, no Rio de Janeiro - Tércio Teixeira/Folhapress

 

Fiéis e pastores colocam o bloco de Deus na rua, mas estratégia divide opiniões entre as denominações

 

Anna Virginia Balloussier

SÃO PAULO

Mal se avizinhava o Carnaval e soava o alarme dentro das igrejas evangélicas: corram para as montanhas! Bom, não precisava ser literalmente montanhas, mas a praxe entre fiéis era procurar retiros cristãos para se blindar do clima de profanação desvairada que eles acreditavam tomar conta das ruas.

Mas espera aí, não foi Jesus Cristo quem disse "ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura"? Qual o sentido em bater em retirada justamente na semana mais convidativa ao pecado da carne e outros tantos?

Nenhum, concluíram em 2006 membros de uma igreja então novata no neopentecostalismo brasileiro. Criada menos de uma década antes, já famosa por usar pranchas de surf como púlpito, a Bola de Neve lançou naquele ano sua bateria, a Batucada Abençoada, lembra o pastor Eric Vianna, 48.

"O que era a igreja antes? Ela se reunia em acampamentos cristãos durante o Carnaval. Mas a retirada da igreja entregava a cidade para toda sorte de malignidades que acontece durante o período", disse em depoimento. "Jesus nos diz que somos a luz do mundo, e não existe melhor momento de brilhar a luz do que nas trevas de Carnaval."

O fuzuê momesco, afirma o pastor à Folha, é impulsionado por "muitas pessoas que vivem suas vidas como se não houvesse amanhã e extrapolam seus limites como se fosse o último dia de suas vidas". Aí já viu: disparam os índices de acidente de carro, criminalidade, gravidez indesejada e problemas de saúde.

"A intenção da Batucada Abençoada é mostrar que existe uma opção para isso", diz o pastor. "Mostrar que é possível se divertir e se alegrar sem a necessidade de aditivos como bebidas alcoólicas ou drogas, e sem as consequências que perduram até mesmo pelo resto da vida."

A Bola de Neve ainda é exceção. A maioria das igrejas vê com maus olhos a incorporação de elementos seculares, externos à religiosidade evangélica, ainda que na melhor das intenções —essa seria usar as armas do inimigo contra ele e expandir ainda mais a evangelização, como propõe o pastor Eric.

Um artigo do pastor e conferencista Renato Vargens no Pleno News, portal conservador acompanhado por crentes, resume bem esse repúdio à ideia de meter Deus no meio da festa pagã.

"Com o intuito de pregar o Evangelho no Carnaval, evangélicos de denominações diferentes criaram blocos e até mesmo escolas de samba cujo objetivo final é pregar aos foliões. Segundo os sambistas de Jesus, essa é uma maneira de evangelizar os perdidos que se encontram absortos em iniquidade e que precisam desesperadamente de Cristo."

Ledo engano, diz Vargens. "O que me preocupa efetivamente não é o desejo de evangelizar, tampouco a vontade de pregar as Boas Novas da Salvação Eterna aos que se perdem, e sim a forma escolhida para o desenvolvimento dessa missão."

Por mais nobre que seja o motivo, adotar símbolos carnavalescas "abre portas ao mundanismo, paganismo e à ausência de santidade", e isso não é bom, argumenta. "A Igreja foi chamada para pregar Cristo e o arrependimento de pecados e não um tipo de evangelho palatável, cujo foco principal é a satisfação humana." Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Card. Steiner apresenta a Campanha da Fraternidade em Manaus

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Publicado em 17 fevereiro 2023
  • Campanha da Fraternidade,
  • QUARTA-FEIRA DE CINZAS,
  • Campanha da Fraternidade 2023
  • apresentação da Campanha da Fraternidade 2023
  • tempo da conversão
  • Cardeal Leonardo Steiner
  • Cardeal Steiner

“A fome é consequência de um sistema económico que nos atinge no Brasil, um descaso em relação aos pobres", são palavras do Cardeal Leonardo Steiner na coletiva de apresentação da Campanha da Fraternidade 2023

 

Vatican News

A Campanha da Fraternidade acompanha a vida da Igreja do Brasil durante a Campanha da Fraternidade desde há quase 60 anos. Um tempo para refletir e encontrar caminhos de conversão em torno a realidades presentes na sociedade brasileira. Em 2023, a Campanha da Fraternidade tem como tema “Fraternidade e Fome”, e como lema “Dai-lhes vós mesmos de comer”.

No Brasil 33 milhões de pessoas passam fome, uma realidade que também está presente na cidade de Manaus, denunciou o Cardeal Leonardo Steiner em coletiva de imprensa. Uma campanha que tem a sua história, segundo o Arcebispo de Manaus que acontece no “tempo da conversão, o tempo da penitencia, o tempo do jejum, o tempo da esmola, essa tentativa de nos aprofundarmos no Mistério Salvífico de Deus em Jesus Cristo, na sua Paixão, Morte e Ressurreição”.

Dom Leonardo insistiu em que “a Campanha da Fraternidade deseja entrar nessa dinâmica de conversão, de mudança, de transformação”. O Cardeal afirmou que “comer não é um direito, comer faz parte do humano, é mais do que direito. Sem comer o ser humano não subsiste, não vive”. Ele denunciou o que está a acontecer com o Povo Yanomami, que “por falta de comida, por uma desnutrição enorme, eles perdem o ânimo e a capacidade de viver, eles perdem o desejo de viver, perdem o desejo de ser”.

A fome é uma realidade preocupante em um país que em 2022 só 41,3% dos domicílios no Brasil tinham seus moradores em segurança alimentar, o que faz com que mais de 58% dos domicílios brasileiros, 125 milhões de pessoas, vivessem em algum nível de insegurança alimentar, sendo 15,5% os que conviviam com a fome, 33 milhões, um número repetido por 3 vezes pelo cardeal. Ele disse esperar que “essa Campanha da Fraternidade nos desperte”, chamando a entender que “ninguém é excluído do amor de Deus”, algo que contrasta com o fato de que “nós estamos deixando irmão e irmãs a passar fome”.

Uma realidade que “é consequência de um sistema económico que nos atinge no Brasil, um descaso em relação aos pobres”, ressaltou Dom Leonardo. Uma situação que tinha sido superada no passado, definindo a situação atual como uma amostra de que no Brasil “estamos perdendo a fraternidade, estamos perdendo a capacidade humana de nos ajudarmos, de nos auxiliarmos, de termos emprego suficiente para todos, de termos um sistema econômico que seja a favor de todas as pessoas e não apenas do sistema de mercado”. Diante disso ele chamou a refletir, mas também a realizar ações concretas em favor das pessoas que passam fome.

Algo que demanda “um pacto global na sociedade, entre as instituições, Igreja, mas também os governos, as empresas” em vista da superação da fome, segundo o Padre Geraldo Bendaham. Ele insistiu em que “tem saída, tem caminhos, a gente precisa mudar”, buscando uma economia solidária onde ocorra a partilha. O Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Manaus ligou a questão da fome com outras realidades, água, saneamento básico, educação...

O Padre Geraldo chamou a refletir sobre o desperdício de alimentos, algo que quer ser expressado no fato da Arquidiocese de Manaus realizar o lançamento da Campanha, que será realizado na Quarta-feira de Cinzas, no entorno da feira, abrindo assim as atividades que irão levar às comunidades a aprofundar nesse tema ao longo da Quaresma. Junto com isso, ele denunciou que “a sociedade tem criatividade, capacidade para superar a fome”, demandando políticas públicas que ajudem a superar a fome e fazer com que as desigualdades desapareçam no Brasil, um país que tem alimentos, mas onde muitas pessoas passam fome, algo que considera vergonhoso e que deve ser levado a sério pelos governos, “porque se trata de pessoas, seres humanos, nossos semelhantes”.

A Igreja de Manaus vem realizando diferentes iniciativas para ajudar a superar a fome, segundo o diácono Afonso Brito. Durante a pandemia a Arquidiocese ajudou 100 mil pessoas a superar a fome, um trabalho que continua e que está sendo coordenado pela Caritas Arquidiocesana e as Caritas Paroquiais. O objetivo é ajudar às famílias que passam fome a ter o mínimo possível, algo que é realizado com a doação de pessoas anônimas e de instituições públicas.

O Cardeal Steiner colocou como algo necessário “discutirmos e refletirmos sobre o sistema econômico que tem levado tantas pessoas a esse estado de fome”. Ele ressaltou outros elementos relacionados com a fome, como é a educação, a saúde, a cultura, os espaços de lazer. Manaus é um cidade onde é possível apalpar a fome, insistiu o Arcebispo, com situações muito difícil, uma realidade que se repete nas periferias das cidades brasileiras. Diante disso, ele disse esperar que a Campanha da Fraternidade possa ajudar a “abrir os olhos das pessoas, para que haja mais partilha, mas também haja uma reflexão e uma discussão sobre o próprio sistema econômico e a falta de políticas públicas que tem levado a essa situação”. Fonte: https://www.vaticannews.va

QUARESMA: TEMPO DE RENOVAÇÃO

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Publicado em 17 fevereiro 2023
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  • Campanha da Fraternidade 2023
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  • Evangelho de São Mateus,

 

Dom Jaime Vieira Rocha 

Arcebispo de Natal (RN)

 

Prezados/as leitores/as, 

A Igreja, dentro do Ano Litúrgico, dará uma pausa no Tempo Comum, neste ano na 7ª semana, dia 22 de fevereiro, quarta-feira de cinzas, para iniciar outro tempo litúrgico, o Tempo da Quaresma. Serão 40 dias de experiência de conversão, de exortação para que o nosso espírito esteja purificado para celebrar o centro do Ano Litúrgico: a Páscoa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, este ano a 9 de abril. Viveremos, como Igreja no Brasil, a experiência da Campanha da Fraternidade com o tema: “Fraternidade e fome” e lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). 

O Tempo da Quaresma é pura graça para nós. Não se trata de fazer violência ao nosso corpo, de atitudes grosseiras com a nossa condição humana. Pelo contrário, trata-se de cuidar de nossa vida para que entendamos o imenso amor de Deus por nós, manifestado em Jesus Cristo. Trata-se de um tempo em que somos chamados a nos desvencilhar do que é supérfluo, do que nos maltrata, nos humilha e nos deixa nas trevas, humilhando e maltratando nossos semelhantes e até a nossa casa comum. É uma verdadeira graça de conversão, de fortalecer-nos para enfrentarmos as tentações que nos fazem andar sem sentido num mundo marcado por tantas orientações desnorteadoras.  

Neste ano em que somos conduzidos pelo Evangelho de São Mateus, Ano A, a Palavra de Deus nos apresentará a atitude de Jesus de vencer as tentações na força da Palavra. O Tempo da Quaresma é tempo de deixar que a Palavra nos fortaleça, nos anime e nos faça compreender que a vida é graça e vocação. Jesus vence as tentações com a firmeza de quem conta sempre com Deus. Eis o que dá sentido ao nosso caminhar de fé: Deus está sempre conosco. Contamos sempre com Ele. Depois, a Palavra nos iluminará com a transfiguração de Jesus. Queremos ser purificados? Ouçamos a voz da nuvem que envolveu Pedro, Tiago e João, no monte Tabor: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!”. A experiência da conversão nos coloca nesta escuta da voz do Pai. Diante de tantas vozes dissonantes, confusas, cheias de engano, a voz do Pai é agregadora, clara, certa e cheia de ternura. No terceiro domingo da Quaresma, o encontro de Jesus com a samaritana nos expõe a dinâmica da conversão: Jesus nos encontra, dialoga conosco. Ele revela a verdade de nossa vida. Não é motivado pelo desejo de humilhar-nos, de fazer-nos envergonhados, ou ainda, de maltratar-nos. O ditado “a verdade doi”, não se aplica a Jesus em relação à verdade de quem somos – Ele não entristeceu a samaritana – antes, a fez propagadora de sua mensagem. A conversão não nos faz grosseiro, amargos, tristes. Quaresma não significa encobrir o rosto, tornando nosso olhar terrificado ou apavorado. Saímos renovados quando encontramos a luz que é Jesus. No quarto domingo da Quaresma, a cura do cego de nascença nos lembra que Jesus nos liberta das trevas e nos faz homens e mulheres cheios de luz, capazes de ver a graça libertadora do Crucificado por amor. No último domingo da Quaresma, antes de entrarmos na Semana Santa, tendo como início o Domingo de Ramos, a Palavra nos apresentará a ressurreição de Lázaro. Cristo é a ressurreição e a vida. Ninguém morrerá se está com Ele. E mesmo aqueles que já experimentaram a morte, estes estão vivos para sempre com Ele.  

Durante os 40 dias desse tempo de penitência temos a graça de refletir sobre o que é a nossa vida, qual o sentido da vida, o que nos motiva a viver. Como membros da comunidade de Jesus, a Liturgia quaresmal nos levará a uma intensa experiência de retiro, isto é, de podermos fazer silêncio e escutar a voz de Deus que continua clamando: “Hoje, não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor” (Sl 94, Antífona). Eis o primeiro e fundamental modo de viver a Quaresma: “ouvir a voz do Senhor”. A sua é uma voz que esclarece nossas ideias, aponta o caminho certo e seguro, revela o sentido da vida e dá motivos para viver e ser no mundo imagem de Deus. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Novo endereço de 'quentinhas' para moradores de rua de SP deixa vizinhança em meio a briga entre igreja e prefeitura.

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Publicado em 15 fevereiro 2023
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  • Mooca,
  • Núcleo de Convivência São Martinho de Lima
  • 42 mil moradores de rua em São Paulo
  • Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social
  • Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua

Padre Júlio Lancelotti é alvo de queixas mesmo sendo contra mudança e tendo denunciado irregularidades na gestão do imóvel, que prefeitura nega. Levantamento mostra que capital tinha, no ano passado, 42.240 pessoas nas ruas

 

Por Laura Mariano* e Elisa Martins — São Paulo

Hugo Martins e Júnior dependem do Núcleo São Martinho e não aprovam mudança: “quem mora ali não nos quer” Maria Isabel Oliveira

A cena se repete todos os dias: uma fila que atravessa o salão principal e sai para a rua se forma para a distribuição de café da manhã e almoço em um prédio na Mooca, na Zona Leste da capital paulista. Cerca de 600 pessoas são beneficiadas com o fornecimento gratuito de refeições, muitas vezes a única que receberão no dia. O programa é encabeçado pelo padre Júlio Lancelotti, reconhecido por seu trabalho com a população de rua, mantido pela prefeitura, e referência em São Paulo. Mas está prestes a sofrer uma mudança de endereço que causa apreensão no padre, nos assistidos e nos novos vizinhos.

Até o fim da semana, o governo municipal planeja transferir o serviço do Núcleo de Convivência São Martinho de Lima da Rua Siqueira Cardoso para a Rua Padre Adelino. A distância de um local a outro é de apenas 400 metros. Mas a polêmica em torno disso é grande, e envolve o descontentamento da população de rua e de vizinhos do novo local, e críticas e denúncias de irregularidade pelo padre Lancelotti, que a prefeitura nega.

— Como vamos atender a todas as pessoas se o número de comidas distribuídas cairá de 600 para 400? O local não nos comporta. Tem muito carro, o galpão é menor e a população de rua será ainda mais marginalizada — critica o padre. — Nem a vizinhança nem os atendidos querem essa mudança drástica.

Lancelotti afirma receber ameaças de pessoas que atribuem a ele a mudança:

— Estou sendo responsabilizado por algo que também não quero.

Moradores de um albergue em Água Rasa, Hugo Martins e Júnior buscam alimento todos os dias no Núcleo São Martinho. Os dois fazem coro às críticas.

— O lugar novo não comporta a gente, e quem mora ali não nos quer perto — diz Júnior.

Para os dois, o melhor seria continuar “onde o atendimento já funciona”. Hugo reclama que a realocação contribuirá para que a discriminação aumente.

 

42 mil nas ruas

Levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua mostrou que, no ano passado, 42.240 pessoas moravam nas ruas de São Paulo. O número é 30% superior ao do censo da prefeitura, que estimou essa população em 32 mil pessoas.

O novo prédio que abrigará o serviço do Núcleo São Martinho de Lima ainda está fechado. Na tarde de ontem, operários trabalhavam no local. Eles se mostraram incomodados e tiraram fotos da reportagem.

Já os vizinhos do novo endereço organizam um abaixo-assinado com comerciantes para que a mudança seja revertida. Morador da rua Padre Adelino há cinco anos, Sandro Ricardo afirma que a ida do núcleo dificultará a circulação no local, impactará o comércio e a segurança.

— Mudei da região central para cá justamente pelo medo de ser assaltado, de me deparar com pontos de tráfico, e para conseguir andar livremente. Essa região tem hospitais, creches, escolas, mercados e conjuntos habitacionais novos. Não tem cabimento essa mudança — reclama Sandro.

Outro comerciante, que não quis se identificar, diz ter receio de ter que fechar seu negócio que funciona na mesma rua há 35 anos:

— Tenho medo de renovar meu contrato de locação. Já ouvi falar de pessoas que não conseguiram vender seus imóveis por aqui por causa dessa decisão da prefeitura. Você acha mesmo que o cliente vai chegar, ver a desorganização do São Martinho aqui ao lado e estacionar o carro?

A polêmica vai além da oposição de assistidos e moradores. Segundo Lancelotti, há irregularidades não esclarecidas em relação à locação e às condições do prédio atual, sobre as quais que ele diz questionar a prefeitura desde 2020.

De acordo com o religioso, a administração municipal aluga o imóvel desde 2015 por R$ 28.150,48 mensais para as atividades do Núcleo São Martinho de Lima. Até novembro de 2019, esse valor era repassado aos antigos proprietários, que então ofereceram o imóvel à Caixa Econômica Federal para o pagamento de uma dívida. O padre afirma, porém, que durante oito meses os aluguéis continuaram sendo pagos aos donos anteriores.

Ele conta que questionou a gestão de Bruno Covas, à época prefeito de São Paulo, sobre a locação. O padre afirma que recebeu a informação de que assim que a prefeitura tomou conhecimento da alteração de titularidade do prédio suspendeu o pagamento do aluguel aos antigos proprietários.

— Poderiam dar mil justificativas, mas o que explica um pagamento num valor tão alto por oito meses? Quantas pessoas no Brasil recebem esse valor por mês? Não é a maioria do povo. Eu acho muito grave. A gente acaba achando que é até mais um caixa dois por aí. Sigo buscando respostas para isso — afirma.

 

Vistoria e propriedade

Procurada pelo GLOBO, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social informou dois motivos para a mudança de endereço. O primeiro seria “em virtude da necessidade de reparos estruturais no imóvel atual constatada pela Coordenação de Engenharia e Manutenção”, após um vistoria feita em maio de 2022. Depois, acrescentou que a nova sede já estava “sendo providenciada desde abril do ano passado”, quando o novo proprietário do prédio onde funciona atualmente o serviço, e que teria adquirido o imóvel através de penhora da Caixa, fez uma solicitação do imóvel, que era locado diretamente pela pasta.

A secretaria afirmou ainda que o novo endereço terá capacidade para 400 pessoas e “continuará realizando a distribuição de café da manhã e almoço, além de manter as atividades já desenvolvidas”.

“Não haverá diminuição do atendimento para os conviventes do Núcleo de Convivência São Martinho. Atualmente, o serviço distribui até 800 refeições e atende entre 450 a 500 pessoas por dia”, completou o órgão em nota.

*Estagiária sob a supervisão de Elisa Martins. Fonte: https://oglobo.globo.com

A solidariedade da presidência da CNBB a Dom Álvarez, condenado a 26 anos de prisão

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Publicado em 15 fevereiro 2023
  • CNBB,
  • Dom Álvarez,

"Em prece, a CNBB suplica o fortalecimento dos nicaraguenses na busca pelo respeito e pela dignidade. Fraternal e solidária, reza, por nosso irmão bispo, dom Rolando Álvarez, condenado a 26 anos de prisão".

 

Vatican News

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou na tarde desta segunda-feira, 13 de fevereiro, uma mensagem na qual reafirma sua comunhão com a Igreja Católica no mundo inteiro, em especial com a Igreja que está na Nicarágua. “Em prece, a CNBB suplica o fortalecimento dos nicaraguenses na busca pelo respeito e pela dignidade. Fraternal e solidária, reza, por nosso irmão bispo, dom Rolando Álvarez, condenado a 26 anos de prisão”, diz um texto do documento.

 

Mensagem da Presidência da CNBB

Brasília-DF, 13 de fevereiro de 2023

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), comprometida com a defesa dos direitos humanos e repudiando qualquer gesto ou decisão que neguem estes mesmos direitos, reafirma sua comunhão com a Igreja Católica no mundo inteiro, em especial a Igreja que está na Nicarágua.

Onde a humanidade sofre é também dor e sofrimento da Igreja no Brasil.

A fé cristã é místico-profética, exigindo de cada discípulo e discípula de Jesus uma santa indignação frente aos cenários de desrespeito à vida, de desconsideração da sacralidade humana, templo vivo do Espírito Santo de Deus.

Em prece, a CNBB suplica o fortalecimento dos nicaraguenses na busca pelo respeito e pela dignidade. Fraternal e solidária, reza, por nosso irmão bispo, dom Rolando Álvarez, condenado a 26 anos de prisão.

A cada pessoa seja concedida a liberdade de se expressar com responsabilidade e viver sua fé. As autoridades de todo o mundo, da América Latina e, especialmente, da Nicarágua, possam se sensibilizar.

Ninguém seja indiferente à injustiça.

“Se os profetas se calarem, as pedras falarão” (Lc 19,40).

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB

 

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB

 

Dom Mário Antônio da Silva
Arcebispo de Cuiabá (MT)
Segundo Vice-Presidente da CNBB

 

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB

Fonte: CNBB/ https://www.vaticannews.va

CARTA ABERTA DE APOIO E SOLIDARIEDADE AO PADRE MOACIR PINTO.

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Publicado em 03 fevereiro 2023
  • CARTA ABERTA DE APOIO E SOLIDARIEDADE AO PADRE MOACIR PINTO.
  • indígenas yanomamis
  • PADRE MOACIR PINTO
  • morte dos indígenas yanomamis
  • Paróquia de Guriri,
  • festejos de Nossa Senhora dos Navegantes,

 

Dom Paulo Bosi Dal’Bó, o corpo clérigo da Diocese de São Mateus-ES e o povo santo de Deus vem a público repudiar as declarações de ofensas e de humilhação pública sofridas pelo Pe. Moacir Pinto durante uma homília no dia 01/02/2023 nos festejos de Nossa Senhora dos Navegantes, na Paróquia de Guriri, em São Mateus. Na ocasião, o Padre Moacir refletia sobre a situação de abandono e morte dos indígenas yanomamis no estado de Roraima, quando o Sr. Eliezer Nardoto o confrontou afirmando que ele estava fazendo campanha político/partidária dentro da Igreja.

Diante desse fato, é importante lembrar e ressaltar que toda a ação profética da Igreja em defesa da VIDA é fundamentada nas sagradas escrituras, na Doutrina Social da Igreja e no testemunho de tantos homens e mulheres de fé que doaram seu sangue para defender outras vidas. A proteção da VIDA não é pautada em nenhum viés de cunho ideológico ou partidário, uma vez que a VIDA é um dom de Deus e todo aquele que se sente cristão e é cristão tem o compromisso de defendê-la, independente do país, continente ou hemisfério que a VIDA estiver sendo ameaçada.

Dessa forma, Dom Paulo Bosi Dal’bó, o Clero e o povo santo de Deus se solidarizam com o Pe. Moacir e ratificam sua pregação profética em defesa da VIDA dos indígenas yanomamis.

Que Deus nos ilumine e nos abençoe na missão em defesa da vida!

São Mateus, 03 de fevereiro de 2023.

 

Dom Paulo Bosi Dal’Bó

Bispo da Diocese de São Mateus.

Fonte: http://diocesedesaomateus.org.br

3 DE FEVEREIRO: SÃO BRÁS, BISPO DE SEBASTE E MÁRTIR

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Publicado em 03 fevereiro 2023
  • São Brás,
  • Protetor da garganta,
  • Bispo e médico
  • protetor da garganta e dos otorrinolaringologistas,
  • protetor dos otorrinolaringologistas,
  • Brás

Brás, Escola de Novgorod 

Sobre a vida de São Brás - protetor da garganta e dos otorrinolaringologistas, dos pecuaristas e das atividades agrícolas -dispomos de poucas notícias: a única coisa certa era a sua fé em Cristo, que manteve até à morte por decapitação, após cruéis torturas indescritíveis.

 

Bispo e médico

A tradição diz que Brás era natural de Sebaste, na Armênia, onde passou a sua juventude, dedicando-se, sobretudo, aos estudos de Medicina.

Ao tornar-se Bispo, entregou-se aos cuidados físicos e espirituais do povo, realizando, segundo a tradição, até curas milagrosas.

Naqueles anos, as condições de vida dos fiéis da fé cristã pioraram por causa dos contrastes entre o imperador do Oriente, Licínio, e do Ocidente, Constantino, que causaram novas perseguições. Brás, para fugir das violências, refugiou-se em uma caverna, no Monte Argeu, onde viveu na solidão e na oração, guiando a sua Igreja, apesar da distância, com mensagens secretas.

 

O milagre da garganta

Porém, Brás foi encontrado e preso pelos guardas do governador Agrícola e levado a julgamento. Ao longo do caminho, encontrou uma mãe desesperada, com seu filhinho nos braços, que estava sendo sufocado por um espinho ou isca de peixe cravado em sua garganta. O bispo abençoou-o e a criança recobrou imediatamente a saúde. Este fato, porém, não foi suficiente para poupá-lo do martírio, após torturas atrozes, que não conseguiram mudar seu espírito.

 

O naufrágio das relíquias

Com a sua morte, São Brás foi enterrado na catedral de Sebaste, mas, em 723, parte dos seus restos mortais foi transferida para Roma. No entanto, durante a viagem, uma tempestade repentina fez com que as relíquias permanecessem em Maratea, na costa da atual região italiana da Basilicata. Esta terra, na verdade, ainda hoje mantém uma grande devoção a São Brás.

 

O culto de São Brás

São Brás é um dos santos, cuja fama de santidade chegou a muitos lugares e, por isso, é venerado em quase todas as partes do mundo.
O milagre da garganta, que realizou em uma criança, é recordado no dia 3 de fevereiro, com um rito litúrgico particular, durante o qual o sacerdote abençoa a garganta dos fiéis com duas velas cruzadas diante da garganta. Fonte: https://www.vaticannews.va

CNBB EMITE NOTA EM SOLIDARIEDADE AOS YANOMAMI: “AS DORES DE CADA INDÍGENA SÃO TAMBÉM DA IGREJA”

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Publicado em 31 janeiro 2023
  • CIMI,
  • Conselho Indigenista Missionário,
  • dom Walmor Oliveira de Azevedo
  • CNBB EMITE NOTA EM SOLIDARIEDADE AOS YANOMAMI
  • povo Yanomami

 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta terça-feira, 31 de janeiro, uma nota intitulada “Em defesa dos povos originários” motivada pela realidade vivida pelo povo Yanomami que, segundo o documento, é a “síntese da ofensiva contra os direitos dos povos indígenas agravada nos últimos anos”. A realidade, segundo a nota, foi denunciada pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI)  em seu relatório anual.

De acordo com a nota da presidência da CNBB, “a realidade vivida pelo povo Yanomami é, pois, síntese do que apresenta o relatório do CIMI. Os povos originários, integrados à natureza, têm sido desrespeitados de modo contumaz, a partir da ganância, da exploração predatória do meio ambiente, que propaga a morte em nome do dinheiro”.

Essa realidade, defende a Conferência, deve despertar santa indignação no coração de cada pessoa, especialmente dos cristãos, que não podem fazer da defesa da vida uma simples bandeira a ser erguida sob motivação ideológica. “A vida tem que ser efetivamente defendida, não apenas em uma etapa específica, mas em todo o seu curso. E a defesa da vida humana é indissociável do cuidado com o meio ambiente”, reitera o documento. 

Na nota, a CNBB pede às autoridades um adequado tratamento dedicado ao povo Yanomami e a cada comunidade indígena presente no território brasileiro. A CNBB pede ainda que “diante da gravidade do que se verifica no Norte do País, das mortes, principalmente de crianças e de idosos, sejam apontados os responsáveis, para que a justiça prevaleça”.

A CNBB reforça que a Igreja Católica no Brasil está unida ao povo Yanomami, solidariamente, com sua rede de comunidades de fé. “As dores de cada indígena são também da Igreja, que, a partir de sua doutrina, do magistério do Papa Francisco, vem ensinando a importância dos povos originários na preservação do planeta”. Conheça, abaixo, a íntegra da nota

 

Em defesa dos povos originários

A ofensiva contra os direitos dos povos indígenas, agravada nos últimos anos, foi denunciada pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em seu relatório anual. A realidade vivida pelo povo Yanomami é, pois, síntese do que apresenta o relatório do CIMI. Os povos originários, integrados à natureza, têm sido desrespeitados de modo contumaz, a partir da ganância, da exploração predatória do meio ambiente, que propaga a morte em nome do dinheiro.

Essa realidade deve despertar santa indignação no coração de cada pessoa, especialmente dos cristãos, que não podem fazer da defesa da vida uma simples bandeira a ser erguida sob motivação ideológica. A vida tem que ser efetivamente defendida, não apenas em uma etapa específica, mas em todo o seu curso. E a defesa da vida humana é indissociável do cuidado com o meio ambiente.

A CNBB pede às autoridades um adequado tratamento dedicado ao povo Yanomami e a cada comunidade indígena presente no território brasileiro. Diante da gravidade do que se verifica no Norte do País, das mortes, principalmente de crianças e de idosos, sejam apontados os responsáveis, para que a justiça prevaleça. O genocídio dos Yanomamis seja capítulo nunca esquecido na história do Brasil, para que não se repita crime semelhante contra a vida de nossos irmãos.

A Igreja Católica no Brasil está unida ao povo Yanomami, solidariamente, com sua rede de comunidades de fé. As dores de cada indígena são também da Igreja, que, a partir de sua doutrina, do magistério do Papa Francisco, vem ensinando a importância dos povos originários na preservação do planeta.

O momento é de tristeza e desolação, mas a Igreja Católica continuará a trabalhar, intensificando sempre mais as suas ações, em união com muitos segmentos da sociedade e do poder público, para que prevaleça a esperança, confiante de que cada Yanomami será respeitado em sua dignidade de filho e filha de Deus.

Brasília-DF, 31 de janeiro de 2023

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB

 

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB

 

Dom Mário Antônio da Silva
Arcebispo de Cuiabá (MT)
Segundo Vice-Presidente da CNBB

 

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB.

Fonte: https://www.cnbb.org.br

Transfobia é mal interreligioso que vai do terreiro à igreja

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Publicado em 30 janeiro 2023
  • Dia da Visibilidade Trans,
  • transfobia e homofobia,
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  • religiosidade afrobrasileira,

Transfobia é mal interreligioso que vai do terreiro à igreja

Transgêneros contam, no Dia da Visibilidade Trans, suas experiências de preconceito em casas de fé

 

 

A reverenda trans Alexya Salvador - Eduardo Anizelli - 6.jun.18/Folhapress

 

Anna Virginia Balloussier

SÃO PAULO

Há algo que une todas as principais religiões do Brasil, e não estamos falando do amor a Deus ou a deuses, seja qual for sua crença. Aliás, amor não tem qualquer espaço aqui. A transfobia é uma fístula que lacera relações sociais em múltiplas casas de fé, do terreiro à igreja.

Mesmo religiões tidas como trincheira contra o preconceito com pessoas LGBTQIA+ têm um histórico de marginalizar transgêneros, apontam cinco deles às vésperas do Dia Nacional da Visibilidade Trans, comemorado neste domingo (29).

A modelo Ariadna Arantes, 38, primeira trans no Big Brother Brasil, fez um desabafo no dia seguinte à data que celebrou a causa em 2020. "Estou sofrendo intolerância dentro da própria religião."

Havia acabado de ser iniciada no candomblé. Virou notícia: a ex-BBB de saião, blusa e turbante brancos. Mas muita gente, inclusive nos terreiros, torceu o nariz. Se a biologia não lhe fez mulher desde sempre, ela não podia se vestir como uma, alegavam.

"Vocês são o que, professores de anatomia?", Ariadna esbravejou. Luyza Nogueira dos Santos, 24, já viu esse filme antes, e passou por maus bocados antes de conseguir seu final feliz.

Ela conhece o preconceito desde pequena. Andou com fé primeiro numa igreja pentecostal, e depois na Igreja Católica, onde chegou a fazer a primeira comunhão. Voltou a ser evangélica porque os católicos lhe pareciam mais certinhos, e ela "sentia falta do transe".

Até que se descobriu médium ao receber no templo o Caboclo Laço de Ouro, uma entidade da umbanda, diz. Os fiéis em volta se horrorizaram. "Acordei lavada de óleo de unção dos pés à cabeça."

Foi aí que Luyza encontrou a religiosidade afrobrasileira, mas sem se encontrar por completo nela, não num primeiro momento. Tinha uma tia de santo, uma parente espiritual, que apanhou com sandália da avó de santo porque havia chegada maquiada na casa.

"Era travesti declarada, mas dentro do terreiro a tratavam pelo nome morto [o que recebeu ao nascer], e vestia roupas ditas masculinas", conta.

Luyza ainda não havia feito a transição de gênero e vivia sendo amolada para se assumir gay. Mas ela era uma mulher, não um homem homossexual. E se sentia desconfortável com regras como não poder baixar entidades femininas. "Até que uma pomba-gira pegou minha cabeça, a Maria Navalha do Cabaré."

Conta que recebia ameaças, inclusive físicas, toda vez que aparecia com trajes femininos, como tranças de cabelo ou uma saia.

Para Ronan Gaia, 28, que escreveu uma tese de mestrado sobre mulheres trans no candomblé, a religiosidade afrobrasileira não está isenta de preconceitos que encharcam toda a sociedade.

"Em alguns terreiros, sobretudo os mais tradicionais, apenas mulheres dançam o xirê, ritual que antecede a evocação dos orixás. Mulheres trans são excluídas desse processo, e homens trans, inseridos".

E esse é só um exemplo. O corpo é fundamental para o rito candomblecista, diz Gaia. Daí um destaque maior para a biologia, como se os orixás só compreendessem o gênero a partir do sistema reprodutor com que a pessoa nasceu.

Para o pesquisador, ainda que reproduzam dinâmicas transfóbicas, os terreiros são redes importantes para acolher a população trans.

É como a reverenda trans Alexya Salvador, 42, vê muitas das chamadas igrejas inclusivas. Elas, ao contrário da maioria do meio evangélico, não percebem a identidade LGBTQIA+ como pecado. O problema é que esses templos não discriminam o fiel trans, mas nem sempre o aceita na liderança, diz.

Vide a amiga Jacque Chanel, que escolheu seu nome mesclando Jackie Kennedy com a grife de luxo. Após ter sua ordenação como pastora negada por uma igreja que se dizia livre de preconceitos, ela abriu a Séforas, pioneiro templo trans.

Hoje líder na Igreja da Comunidade Metropolitana, Alexya cresceu na Igreja Católica. Fora dela, era saco de pancadas de colegas. Piores que os hematomas na carne, só os deixados na alma por padres que excluíam os LGBTQIA+ da "obra de Deus".

A psicóloga e pesquisadora Cris Serra, 49, é católica praticante. E diz mais. "Foi justamente a minha experiência de sagrado a partir da sacralidade do meu corpo que permitiu que eu compreendesse minha experiência para além dessa norma cis-heterossexual tão dominante", afirma.

Ela hoje usa o pronome feminino para se referir a si, mas gosta "quando a fronteira fica confusa" e lhe tascam o masculino. Cris se define como pessoa não binária. Entende-se portanto como trans, sem se identificar com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento.

Sabe da longa ficha corrida do Vaticano na transfobia. Recentemente, um post nas redes sociais ilustrou bem do que Cris está falando: lamentava "ver travecão comungando" nas missas modernas.

Papa Francisco, nesse sentido, emite sinais dúbios. Na quarta (25), declarou que a homossexualidade não é crime, mas é pecado. Imagina então o que acham deles, se perguntam os transgêneros.

Em 2016, o pontífice disse que a teoria de gênero, "grande inimiga" do casamento tradicional e da família, quer propagar a "colonização ideológica". Alas conservadoras da Igreja vibraram.

O mesmo Francisco já recepcionou um homem trans em audiência e lavou os pés de uma travesti numa Quinta-Feira Santa. "Para além de encarar com otimismo ou pessimismo gestos do papa", diz Cris, "trata-se de construir uma Igreja com ênfase mais no acolhimento pastoral e menos em teologias normativas e descoladas das realidades concretas das pessoas".

Lembra de dom Luciano Bergamin, bispo-emérito de Nova Iguaçu (RJ). Certo dia, veio até ele o pai de uma jovem trans, "muito atordoado com a situação da filha, chamando-a várias vezes pelo nome morto, masculino". O bispo, "com bom humor, perguntou como era o nome dela e, rindo e alegando estar surdo, fez o grupo todo repetir o nome [feminino] várias vezes, cada vez mais alto".

Ser homossexual, em casos extremos, já rendeu pena de morte em nações de maioria muçulmana. Não que trans sejam plenamente aceitos, mas a transfobia pode ser mais branda a depender do país, aponta a antropóloga Francirosy Campos Barbosa, coordenadora do Gracias (Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos), da USP.

O Irã permite a cirurgia de redesignação sexual desde 1983. Há inclusive relatos de gays pressionados a mudar de sexo para escapar da execução pelo Estado, isso porque as autoridades religiosas toleram a ideia de que uma pessoa nascida no corpo errado, mas não de relações homoafetivas.

Já os pares religiosos de Lilyth Ester Grove, 31, se incomodava menos "quando eu era bicha", segundo essa antropóloga judia. Até ela perceber que não era um homem gay e fazer a transição de gênero. Aí já era demais.

No fim, a comunidade judaica reflete a sociedade como um todo, diz Lilyth. "Sobre o Brasil em particular, a visão da travesti é muito precarizada. Somos vistas como apenas trabalhadoras de sexo, barraqueiras. É mais aceitável ser um homem gay do que uma pessoa trans."

Para Alexya, a pastora evangélica, a força maior que transgêneros podem mostrar "é que nossos corpos também são templos de Deus". Os incomodados que se mudem. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

SER IGREJA DOS BEM-AVENTURADOS.

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Publicado em 27 janeiro 2023
  • BEM-AVENTURADOS,
  • Dom Adimir Antonio Mazali
  • SER IGREJA DOS BEM-AVENTURADOS
  • Mandamentos da Igreja

Dom Adimir Antonio Mazali

Bispo de Erexim (RS) 

 

Minha saudação aos irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Ao celebrarmos o 4º. Domingo do Tempo Comum, refletimos a centralidade da proposta de Jesus, ou seja, o Reino de Deus expresso no texto das Bem-aventuranças como programa de vida a todo cristão. Todos chamados a ser bem-aventurados, sinônimo de santidade e compromisso na construção do Reino. 

Caríssimos irmãos e irmãs! Jesus Cristo propõe uma vida de santidade e esta não se vive no isolamento, na indiferença, no individualismo. Esta é uma proposta de vida de fé em comunidade. Uma comunidade que forma a Igreja, que tem por missão aperfeiçoar os meios para facilitar a vivência cristã no caminho da salvação. Por isso, quero aproveitar mais uma vez, neste retorno de férias, na retomada das atividades paroquiais, no início de um novo ano, refletir sobre os Mandamentos da Igreja, e, como tenho dito com frequência, muitas vezes eles estão esquecidos por nós. Eles nos indicam a importância de nossa participação consciente na comunidade cristã e na vivência dos valores do Reino de Deus inaugurado por Jesus Cristo. 

Em breve explicação que retomo do ano passado, os Mandamentos da Igreja são: 

 

1-Participar da missa inteira aos domingos e dias santos de guarda: Este é um compromisso para todos os cristãos que tem uso da razão, entendendo a importância da missa e da comunidade, consciente de ser pecado a não participação por preguiça ou qualquer desculpa que não se justifique. A pandemia passou e é tempo de participar; 

 

2-Confessar-se ao menos uma vez cada ano: Esta confissão é o mínimo que se pede ao cristão, mas que consciente deve buscar mais vezes ao longo do ano. A confissão também é curativa para a alma e nos restaura na graça de Deus. Confessar é sinal de confiança na misericórdia de Deus por nós e compromisso de vida nova; 

 

3-Comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição: A Eucaristia é um mistério de fé e de amor. É o centro da nossa participação na vida de Cristo e a Igreja nos aponta para a importância de comungar frequentemente. A Eucaristia é o alimento para a vida eterna. Deve ser, como disse o Beato Carlo Acutis, “nossa autoestrada para o céu”; 

 

4-Jejuar e abster-se de carne quando manda a Santa Mãe Igreja: isto é, na quarta-feira de cinzas e sexta-feira santa. Aprendemos a controlar nossos impulsos e desejos e compartilhamos do sofrimento de Cristo e de nossos irmãos e irmãs, com quem devemos partilhar a nossa própria vida; 

 

5-Doar o Dízimo, segundo o costume: O dízimo é expressão de comunhão eclesial; da capacidade madura de partilhar com a vida da comunidade. O dízimo não é pagamento, mas doação segundo a generosidade do coração. Este possui a dimensão religiosa, expressão de gratidão a Deus; a dimensão eclesial para a manutenção das celebrações e da vida da comunidade paroquial; a dimensão missionária e evangelizadora da Igreja, e a dimensão caritativa que tem como preocupação a ajuda aos mais necessitados. 

Prezados irmãos e irmãs. Entendemos que os Mandamentos da Igreja são orientações que nos ajudam a viver o valor do bem comum e da comunidade cristã, como resposta aos desafios de hoje. Eles ajudam na construção de um mundo de bem-aventurados, sinais do Reino de Deus. 

Que Maria, a fiel discípula de Jesus e primeira Bem-Aventurada, nos ensine a fazermos a vontade de seu Filho Jesus e a empenharmo-nos mais no cumprirmos dos Mandamentos da Igreja como mediação para as bem-aventuranças do Evangelho.  

Que Deus abençoe a todos e um bom domingo. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Não basta ser contra o aborto, é preciso falar sobre sexualidade, diz bispo que casou Lula

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Publicado em 22 janeiro 2023
  • legalização do aborto,
  • Marisa Letícia Lula da Silva,
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  • sexualidade,
  • Dom Angélico
  • bispo emérito de Blumenau
  • LULA E IGREJAS

Dom Angélico fala sobre relação com o presidente da República, diz rezar por Bolsonaro e afirma nunca ter visto tanta miséria no país em 90 anos de vida

 

Bianka Vieira

Dom Angélico Sândalo Bernardino afirma já ter vivido diversas fases de um mesmo Brasil. Do país predominante rural que tateou reformas ao que repousou sob a penumbra de uma ditadura militar, do que foi palco das greves do ABC paulista ao que se redemocratizava e via, novamente, a sua população ir às ruas e reivindicar melhores condições de vida. De todos eles, o clérigo guarda histórias e a lembrança de preservar um voto de fé. "Eu sempre, teimosamente, tenho esperança", diz ele.

O bispo emérito de Blumenau (SC) recebeu a coluna em sua casa no Jardim Primavera, na zona norte da capital paulista, um dia após completar 90 anos de idade —ou 90 anos e nove meses, como se apressa em corrigir. "Somados os nove meses no ventre da Dona Catarina, minha mãe querida", explica.

Ao longo do dia de celebração, conta, não pôde desgrudar do telefone. "Foi gente da Espanha, do povo, de favela, de quando eu morei em Ribeirão Preto, gente branca, gente japonesa, gente negra. Ô, meu Deus do céu", diz ele, entre um sorriso e um suspiro, ao revisitar as ligações que recebeu na quinta-feira (19).

"Um deles [dos que telefonaram] é meu amigo de quando eu era bispo da Pastoral Operária e ele era do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ficamos amigos. Batizei o filho dele, o neto dele... Quando a segunda esposa estava no hospital —a primeira foi para o céu—, me perguntou: ‘Dom Angélico, o senhor viria aqui benzer a minha esposa?’. ‘É claro’. Quando ela morreu, fui abençoar o corpo. Depois, se casou. ‘Dom Angélico, viria celebrar o casamento?’. ‘É claro’", emenda, antes de confirmar que o amigo de longa data a quem se refere é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Amigo do petista desde os anos 1970, quando comandava a Pastoral Operária, o bispo esteve ao lado de Lula em momentos de alegria, como o casamento com a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, no ano passado, e de perdas irreparáveis. Um deles foi o sacramento dado a dona Marisa Letícia na véspera de sua morte, ocorrida em 2017.

"Lula estava com as mãos postas, em silêncio, ao lado da cama. O salão [quarto] estava repleto de pessoas. Eu fiz a cerimônia da unção dos enfermos. Ao término, peguei a mão da esposa dele e pus a mão no ombro do Lula. Rezamos o Pai Nosso, que é a oração que Jesus nos ensina", relembra o bispo.

Nascido em Saltinho, no interior paulista, Dom Angélico cursou filosofia e teologia e atuou como jornalista em publicações como os jornais "Diário de Notícias" e "O São Paulo", ambos de natureza católica. Nesta última profissão não chegou a se graduar, mas guarda até hoje, dentro de sua carteira, o seu registro junto ao Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

Nesta conversa com a coluna, o bispo emérito defende que, diante da perda de fiéis no Brasil, o catolicismo atue "corajosamente na evangelização" e lance mão de meios modernos de comunicação, diz rezar constantemente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirma nunca ter visto tanta miséria no país e defende que a Igreja e a sociedade discutam mais sobre sexualidade e alternativas ao aborto.

"Nós precisamos nos aprofundar. Nós não falamos claramente a respeito de pênis, a respeito de vagina, a respeito de bumbum, a respeito do prazer, a respeito da evolução", afirma.

O Brasil do tempo da minha ordenação de padre era um Brasil que estava crescendo. Era um Brasil de muita esperança, de muita luta pacífica. Depois, conhecemos a ditadura —ou melhor, o golpe militar, que foi dado porque havia já movimentos reivindicatórios por condições melhores de vida, de maneira particularmente especial no campo. Eu era jornalista e diretor do jornal Diário de Notícias, da arquidiocese de Ribeirão Preto. A gente estava ao lado dos trabalhadores rurais.

Já naquele tempo, era um Brasil de luta, mas também um Brasil de sofrimento e de repressão.

Fui nomeado bispo em 1974 pelo grande papa Paulo 6º. Naquela ocasião, eu morava na periferia. Sempre fui um bispo da periferia de São Paulo. Primeiro na Vila Carvalho, depois na Vila Fraternidade, e assim por diante.

Fui nomeado bispo-auxiliar em São Paulo e integrei, meu Deus do céu, a equipe de dom Paulo Evaristo [Arns]. Minha ordenação aconteceu na Catedral da Sé, em 1975. Era o Brasil de muita luta, de muita organização, e dom Paulo me encarregou, então, da Pastoral Operária. Fiquei durante 25 anos nela.

Quantas vezes não saímos da periferia, da praça do Forró lá em São Miguel, e caminhávamos —olhe!—, milhares de pessoas, até a praça da Sé.

Diminuiu muito o número das comunidades eclesiais de base. O que aconteceu? Irmãos evangélicos começaram a montar pequenas igrejas de culto na periferia. Dom Angélico, bispo emérito

Tive contato com o [ex-governador de São Paulo] Mario Covas [do PSDB]. E ele disse: "Vou lá numa assembleia de vocês". Nós, então, esperamos. Havia muitas pessoas reunidas, reivindicando sarjeta na calçada, creche, saúde e uma porção de coisas de que tinham necessidade. Era o Brasil de então. Vi o povão, mas o Mario Covas não apareceu. Falei: "Ele não veio". Daqui a pouco, ele chega e fala: "Eu tô aqui" [risos]. Ficamos amigos caminhando juntos.

 

A BALA ASSASSINA

Foi um tempo de muita luta na Pastoral Operária. Eu tive na equipe, por exemplo, trabalhadores que foram presos. Eles não tinham nada a ver com subversão, e não eram subversivos, apenas reivindicavam trabalho e salário justo para todo trabalhador. E eu cito de maneira especial o Santo Dias [metalúrgico assassinado por um policial militar quando participava de uma das primeiras greves da categoria em São Paulo]. Ele era da minha equipe de Pastoral Operária.

Dom Paulo chegou e falou: "Angélico, o corpo do Santo Dias está lá no Instituto Médico Legal. Vamos até lá?". Eu falei: "Vamos". Dom Paulo chegou, foi abrindo caminho, e eu atrás dele. Um dos corpos era do Santo Dias. Nu. E varado o corpo pela bala do repressor.

Tenho dito pelo Brasil afora: nunca vi a imagem de Jesus com o peito varado pela lança como naquele momento vi o corpo do Santo Dias, militante da Pastoral Operária. Varado pela bala assassina.
Era o Brasil de muita luta. E ressalto e insisto: mas luta pacífica. Nunca armados, a não ser alimentados por Jesus, que é o nosso mestre.

 

MINHA TEIMOSIA

Eu sempre, teimosamente, tenho esperança. Naqueles tempos de luta, dom Paulo sempre dizia o seguinte: "Coragem, vamos avante. De esperança em esperança, na esperança sempre".

Eu, teimosamente, cultivo o positivo nas pessoas e na sociedade. Vejo erros enormes, mas, de esperança em esperança, vou caminhando.

Agora, o mundo de hoje, que tristeza a guerra da Ucrânia, a maldita guerra da Ucrânia. E depois o mundo dos armamentos militares, inclusive o Brasil entra nisso. O dinheiro que é gasto em armas de destruição no mundo não tem cabimento. Se uma parcela mínima fosse destinada para o pão, para o alimento, para a moradia, saúde, educação, todos os bens que Deus ensinou a todos, e que se acumulam nas mãos de poucos, não haveria miséria no mundo.

No Brasil, querido e amado, nós vemos também muita dificuldade, muita miséria. Na minha vida de 90 anos, nunca vi tanta miséria, tanto morador de rua, tanta gente batendo na porta [perguntando] "tem um pãozinho aí? Tem alguma coisa?". Nunca vi também violência tamanha —contra a mulher, na família, na sociedade.

"Não tenho nenhum partido político, eu tenho opções quando voto". Dom Angélico, bispo emérito

Por isso, nós gritamos com Jesus. E eu repito com alegria aquilo que o meu amigo pessoal, o arcebispo de Aparecida [dom Orlando Brandes], já disse e por isso foi até desrespeitado: o Brasil precisa de "amai-vos", e não "armai-vos".

Sempre tenho esperança de um mundo e de um Brasil diferente. Mas eu tenho muita esperança no Brasil de agora.

 

O CATOLICISMO EM BAIXA

Precisamos nos renovar como igreja. A igreja, antes de tudo, tem a missão de ser comunidade de Jesus, atenta ao que Jesus manda. E ser uma igreja em saída, que vá realmente às periferias. Bispos, padres, religiosos, religiosas, leigos e leigas formando realmente uma comunidade evangelizadora, anunciadora do Reino de Deus, que é feito de Justiça, amor e paz.

Diminuiu muito o número das comunidades eclesiais de base. O que aconteceu? Irmãos evangélicos começaram a montar pequenas igrejas de culto na periferia. E em atendimento a que, prioritariamente? Às necessidades básicas do povo.

Eu sempre digo que eu não sou filho da igreja, eu sou cria, porque eu não me compreendo a não ser na igreja.

Sempre acho que nós, cristãos, precisamos nos converter constantemente àquilo que Jesus quer de nós. Porque muitas vezes a gente fica mais preocupado com edifícios, com organizações, isso e mais aquilo, quando o templo vivo do Espírito Santo é cada pessoa.

Tenho confiança de que as igrejas cristãs se renovem, e que, inclusive, certas igrejas que se proliferam nas periferias também sejam atentas não a promessas eleitoreiras, simplesmente alienantes, mas que se comprometam como nós, Igreja Católica, com as reais necessidades do povo.

A igreja precisa entrar corajosamente na evangelização, inclusive se utilizando desses meios moderníssimos de comunicação.

 

RELAÇÃO COM A POLÍTICA

Eu não tenho nenhum partido político, eu tenho opções quando voto. Isso eu tenho. Tenho amigos de diversos partidos e faço questão de valorizar a política.

Nós não estamos atrelados, como Igreja, a nenhum candidato. Não. Nós somos favoráveis àqueles candidatos que realmente lutam para que haja emprego para todos, salário justo, trabalho para todos, moradia, saúde. Aí nós apoiamos. E é nesse ímpeto que eu caminho também.

Quando me convidam, por exemplo, para a posse política disso e daquilo, eu digo não. Agora, para um ato religioso, eu vou. Preciso fazer essas distinções fundamentais.

Fui batizar o filho do Lula? Fui. O neto, a bisneta? Fui. Por quê? Eu sou ministro. Fui dar unção dos enfermos para a esposa do Lula, fui ao funeral? Fui. Marquei presença. Fui convidado para o casamento? É claro, estou lá, presente, com alegria. Querem que eu benza a casa onde vão morar? Conte comigo.

 

ABORTO

[Dom Angélico é questionado sobre revogações feitas pelo governo Lula de portarias que dificultavam o acesso ao aborto legal] Eu vi pelos jornais e não aprofundei ainda com a própria CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil]. O que eu faço votos é que esse governo dê muita esperança para esse país. Tenho confiança de que esse governo realmente seja favorável plenamente à vida.

A igreja —de uma forma, eu digo, até radical— é a favor, e não contra isso ou aquilo. Ela é a favor. E, nesse caso, a igreja é a favor da vida.

Na questão do aborto também é preciso que nós mudemos. Nós temos que mudar, mudar a educação na família, na escola, nos seminários, nos colégios e assim por diante. A respeito do quê? Da afetividade e da sexualidade.

Nós precisamos nos aprofundar. Nós não falamos claramente a respeito de pênis, a respeito de vagina, a respeito de bumbum, a respeito do prazer, a respeito da evolução. Quando nós ficamos jovens, adolescentes, na puberdade, vem a fecundidade. Nós precisamos falar da fecundidade. E qual é a finalidade e a prioridade disso tudo? É a vida.

Como é o funcionamento do sexo num casal? Um celibatário é diferente, como eu, mas como é que funciona a questão sexual? Nós não falamos sobre isto. Nós somos, afetiva e sexualmente, uma sociedade de tabus. Não se conversa. Então só é "eu sou contra aborto, eu sou favorável". Espera um pouquinho.

Nós também precisamos nos perguntar se alguém que engravidou, se engravidou muitas vezes sendo profanada na própria família, aquela menina, aquela jovenzinha... Então engravidou, vai abortar? Não, a gente pode perguntar: não há outros meios de a gente adotar aquela criança e efetivamente apoiar aquela aquela mãe?

A gente precisa se perguntar qual é o amparo que se dá a uma menina que muitas vezes é profanada dentro da própria família e comete um aborto.

 

LULA E IGREJAS

O Lula realmente é católico, respeita profundamente todas as religiões e tem proclamado que o governo dele respeita o culto religioso. Essa é a posição dele. Vamos separar, não vamos instrumentalizar a religião. Não vamos usar o nome santíssimo de Deus em vão.

"Rezo constantemente pela saúde do ex-presidente [Jair Bolsonaro]. Rezo, também, para que ele possa, quem sabe, mudar a maneira de agir". Dom Angélico, bispo emérito

Nós precisamos respeitar os Poderes para que não aconteça esse desastre que aconteceu no dia 8 [de janeiro], em que vimos realmente depredações verdadeiramente criminosas. Em nome de quê?

Não é por aí. Temos que respeitar realmente o voto popular, mesmo que seja contra o nosso candidato.

 

JAIR BOLSONARO

Quando vejo que atacam o Bolsonaro dessa forma ou daquela forma, muitas vezes com desrespeito à pessoa, eu tenho dito: rezo constantemente pela saúde do ex-presidente. Rezo, também, para que ele possa, quem sabe, mudar a maneira de agir. Por quê? Porque eu reconheço, não estando de acordo com as ideias e atitudes dele, que ele é filho de Deus, é meu irmão. Somos todos irmãos, porque somos filhos do mesmo pai.

O Lula é meu irmão, meu amigo. Tem gente que diz: "Ah, mas ele é comunista". É lamentável.

Nós precisamos, nos seminários, entre nós, bispos, evoluir no conhecimento da doutrina social da igreja. A igreja não é a favor do comunismo nem a favor do capitalismo que está aí. A igreja anuncia uma sociedade numa economia verdadeiramente solidária. Não é possível que a riqueza se acumule vergonhosamente nas mãos de poucos, e multidões não tenham saúde, educação, moradia, não tenham nada.

A igreja prega isto porque porque ela é fiel à mensagem de Jesus, de tal forma que aí nós precisamos evoluir no conhecimento e na prática da doutrina social da igreja.

 

A ALEGRIA DE CADA DIA

Para mim, é preciso que a gente viva. O que Jesus diz? Ele não diz "se preocupe com o passado" ou "se preocupe com o futuro". Não. A cada dia, basta o seu peso, basta o seu fardo. Então, o meu empenho é viver diariamente com alegria e com entusiasmo.

Eu tenho dor, "ai", na perna, e fico muitas vezes "ai, minha coluna". Agora, quando me perguntam "como vai, dom Angélico?", a minha resposta é a seguinte: eu vou bem, graças a Deus. Nas mãos de Deus que é Pai, forte e alegre, e vamos para frente.

É assim que procuro viver a cada dia. E tendo um companheiro que nunca me abandona, que é o caminho, a verdade e a vida: Jesus. Eu repito e grito a honra que eu tenho na vida. Eu devo tudo, mas tudo, a Ele. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br 

Evangélicos racharam em apoiar ou resistir à ditadura militar

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Publicado em 22 janeiro 2023
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Boa parte das igrejas endossaram regime ou se omitiram, mas fiéis também foram vítimas

 

Anivaldo Padilha, ex-preso político, durante reunião da Comissão Nacional da Verdade, em 2012 - Silva Junior/Folhapress

 

Anna Virginia Balloussier

SÃO PAULO

Em 1969, dois fiéis delataram membros da própria igreja para a ditadura militar. Informantes do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), um dos órgãos mais violentos do regime, o pastor e o bispo acusaram jovens metodistas de "subverter e doutrinar para a esquerda".

Anivaldo Padilha foi um desses delatados. Estudante de ciências sociais da USP, acabou preso meses depois e recepcionado na sala de interrogação com um soco no estômago. "Começaram, então, a aplicar em mim o ‘telefone’, que consiste em golpear os ouvidos da vítima com as duas mãos ao mesmo tempo."

O pior ainda estava por vir. Nas sessões de tortura que se seguiram, conheceu a "cadeira do dragão", revestida com folhas de metal conectadas a um regulador de voltagem. "Fui colocado nu, com mãos e pés amarrados. Exigiram que desse todas as informações que possuía. A cada negativa, o torturador girava a manivela para aumentar a intensidade dos choques. Para tornar os efeitos mais fortes, colocaram uma toalha úmida sob minhas nádegas."

De volta à cela, foi apresentado a uma outra forma de tortura: a fome. A janta, muitas vezes única refeição do dia, eram sobras do quartel trazidas em caldeirões. Arroz, feijão e tomate picado. Com as mãos inchadas, que mal conseguiam segurar a colher, tinha dificuldade para engolir a comida.

No ano seguinte, o líder da juventude metodista, que também militava na AP (Ação Popular) contra a ditadura, partiu para o exílio. Não conseguiu assistir ao nascimento, naquele mesmo 1971, de Alexandre Padilha, filho recém-empossado ministro de Relações Institucionais do governo Lula.

O depoimento foi dado ao Brasil: Nunca Mais, projeto ecumênico idealizado por um católico (dom Paulo Evaristo Arns), um presbiteriano (reverendo Jaime Wright) e um judeu (rabino Henry Sobel). O octogenário Anivaldo também é um dos quatro autores de "As Igrejas Evangélicas na Ditadura Militar - Dos Abusos do Poder à Resistência Cristã".

Organizado pelo Coletivo Memória e Utopia, o livro recupera o engajamento evangélico contra e a favor do período militar num momento em que boa parte das igrejas se acastela no bolsonarismo, abertamente simpático àqueles anos.

A obra lembra sete vítimas evangélicas da ditadura. A história delas passou pela Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, extinta por Jair Bolsonaro (PL) no apagar das luzes de seu governo e recomposta por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Heleny Telles Ferreira Guariba, fiel da Igreja Metodista Central de São Paulo, desapareceu aos 30 anos. Inês Etienne Romeu, tida como única sobrevivente da Casa da Morte, centro de tortura em Petrópolis (RJ) onde por três dias recebeu choques elétricos na vagina, testemunhou acreditar que uma das colegas de cativeiro era Heleny.

Outro caso emblemático é o do presbiteriano Paulo Stuart Wright, filho de missionários americanos eleito deputado estadual por Santa Catarina e cassado no primeiro ano da ditadura por "falta de decoro parlamentar" —não usava paletó e gravata.

Militante da AP, ele desapareceu em 1973. Dois anos depois, o pastor Jaime Wright, seu irmão, participou do culto em memória a Vladimir Herzog, também assassinado pelo Estado.

Coautora do livro, Magali Cunha aponta três posturas distintas de líderes evangélicos ante o recrudescimento autoritário daqueles tempos. "A mais prevalente foi de silêncio e indiferença, o que acaba se configurando em apoio. Eles se omitiram diante de perseguições", afirma.

Houve também uma minoria progressista entre fiéis e outros que, mesmo sem alinhamento ideológico à esquerda, "por princípios éticos se colocaram contra a ditadura". Alguns foram denunciados ao governo opressor pelos próprios pastores, como o pai do ministro Alexandre Padilha.

Por fim, uma parcela evangélica apoiou contida ou explicitamente os golpistas.

Mesmo antes do golpe, o segmento já se agitava contra o que via como ameaça esquerdista. O pastor batista Enéas Tognini narrou ter ouvido em 1963, de um oficial do serviço secreto do Exército, que os evangélicos eram a esperança para "salvar o Brasil das garras do comunismo", uma "força espiritual do diabo".

A adesão fica clara com uma leitura de jornais de igrejas.

Em março de 1964, na porta do golpe, O Estandarte Evangélico, da Assembleia de Deus no Pará, publicou: "Nós podemos comparar [o comunismo] a um monstro horrível que subjuga 900 milhões de pessoas em sua cortina de ferro. Tudo isto é o cumprimento das Escrituras. O final dos tempos chegou".

No mês seguinte, com a tomada de poder pelos generais, o presidente da igreja enviou uma mensagem de congratulações à Junta Militar.

O Brasil Presbiteriano expressou em junho de 1964 sua confiança no governo militar, merecedor do "apoio dos cristãos". "Cremos que os presbiterianos, seja qual for o partido, devem a si mesmo, a Cristo e a Nação uma atitude positiva de participação nas tarefas que aguardam o país."

Magali Cunha lembra que, com o endurecimento do regime, igrejas promoveram expurgos de membros progressistas demais para o gosto da cúpula.

Para a pesquisadora do Iser (Instituto de Estudos da Religião), o momento é oportuno para que evangélicos tirem lições do passado. As lembranças, diz, "têm que ser avivadas para que nós percebamos que apoiar regimes não democráticos é uma questão incompatível com a memória do que significa o protestantismo no mundo". Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Religiões afro ainda são maior alvo de intolerância, apesar de pretensa cristofobia

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Publicado em 20 janeiro 2023
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  • Assessoria de Direitos Humanos e Diversidade Religiosa
  • Diversidade Religiosa

Religiões afro ainda são maior alvo de intolerância, apesar de pretensa cristofobia

Estudo lançado do Dia de Combate à Intolerância Religiosa sugere aparelhamento de canal de denúncias nos anos Bolsonaro

 

 

Anna Virginia Balloussier

SÃO PAULO

Não era um lugar agradável de se estar, mas ano após ano adeptos de crenças afrobrasileiras permaneciam inabaláveis como as principais vítimas de intolerância religiosa no Brasil. Não mais. Dados do Disque 100, serviço do governo federal para receber casos de violações contra os direitos humanos, mostram que, desde 2020, a maioria das denúncias passou a vir de cristãos.

Não, o Brasil não virou um celeiro de cristofobia. Sim, as religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé, ainda são os alvos preferenciais de discriminação por conta de fé —em boa parte vinda de evangélicos. O que aconteceu, segundo especialistas em estudos religiosos, tem outro nome: distorção de dados.

O governo Jair Bolsonaro confeccionou uma narrativa de perseguição que ajudou a inflar o número de denunciantes cristãos no canal oficial, afirmam os estudiosos.

Com lançamento marcado para este sábado (21), não por acaso o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, um levantamento do Iser (Instituto de Estudos da Religião) com o data_labe revela que cristãos agora aparecem na frente como alvos de intolerância. Entre o segundo semestre de 2020 e o primeiro semestre de 2022, os que procuraram o Disque 100 eram 46% católicos, 30% evangélicos, 3% espíritas e 2% afrorreligiosos. Uma parcela de 12% não especificou uma religião, e o resto se dividiu entre outras fés.

No Relatório sobre Intolerância e Violência Religiosa no Brasil, feito pela Assessoria de Direitos Humanos e Diversidade Religiosa com dados de 2011 a 2015, a porção cristã (8% de católicos e 16% de evangélicos) era inferior à de quem informou ter uma religião afrobrasileira (27%). Uma em cada três pessoas não quis identificar uma crença. O estudo não foi repetido nos anos seguintes.

Estatísticas do mesmo Disque 100 contabilizam, em 2018, 506 denúncias de discriminação religiosa, entre as quais 30% vinham de religiões de matriz africana, enquanto o bloco cristão somava 13%. Metade do grupo preferiu omitir a filiação religiosa.

O ano precede a chegada de Bolsonaro à Presidência. Quando discursou na Assembleia-Geral da ONU de 2020, o então presidente fez um apelo pelo "combate à cristofobia". A aversão a crentes em Jesus Cristo é real em vários países e provoca até assassinatos, mas residual no Brasil, onde 8 em cada 10 pessoas são cristãs.

Damares Alves, sua ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, cimentou essa versão em diversos momentos, como ao postar, em 2020, a foto de uma igreja incendiada durante protestos no Chile. A pastora questionou se "ainda existem dúvidas sobre a cristofobia" e pregou: "Somos o povo que prega o amor, o respeito e a paz".

Amor, respeito e paz inexistiram nos atentados em série sofridos por terreiros nos últimos anos, de autoria quase sempre evangélica. A violência é praticada por uma minoria do segmento, mas a demonização de crenças afro é popular em igrejas, o que colabora para um clima de desconfiança generalizada com a minoria religiosa.

Para se ter uma ideia, de acordo com o censo de 2010, 0,3% da população se identificava como praticante de umbanda ou candomblé. E mesmo assim eles sempre correspondiam à maior fatia das vítimas dos intolerantes.

Para a antropóloga Lívia Reis, pesquisadora do Iser, Bolsonaro deu legitimidade estatal à falsa trama de que cristãos brasileiros são acossados pelo que creem. "Para comprovar esse ponto, fez-se necessário que o governo estimulasse o uso de canais de denúncia entre pessoas cristãs, de modo que as estatísticas corroborassem essa narrativa."

A alta de cristãos acionando o Disque 100 também está, segundo Reis, "intimamente ligada à forma negacionista como o governo federal encarou a pandemia de Covid-19, desencorajando medidas sanitárias de prevenção à doença, entre elas o fechamento das igrejas". Ordens para suspender cultos foram tomadas como um ataque à liberdade religiosa.

"Houve manipulação do Disque 100, isso é óbvio", afirma o babalaô Ivanir dos Santos, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

A má qualidade dos dados é outro problema, afirma Reis. "É uma lacuna que precisa ser sanada com urgência. As delegacias estaduais nas quais as denúncias são feitas muitas vezes não sistematizam dados básicos como a religião da vítima, por exemplo."

Em alguns casos, as denúncias de intolerância são tipificadas como racismo. No caso de crenças afrobrasileiras, não deixam de ser, diz a antropóloga. "Mas ao mesmo tempo isso ajuda a invisibilizar o dado."

São altas as expectativas sobre o novo governo, e aqui a comparação com o anterior ajuda. Para Reis, a nomeação de pessoas negras, especialmente as afrorreligiosas, na chefia de ministérios "já é um aceno importante de que esse debate não apenas será retomado, como será retomado de forma séria no âmbito federal". A posse de Anielle Franco na pasta da Igualdade Racial e de Sonia Guajajara na dos Povos Indígenas, por exemplo, teve saudação a Xangô, o orixá da Justiça.

Para Ivanir dos Santos, a troca de um presidente que proclamava frases como "o Estado é laico, mas eu sou cristão", ou "a minoria vai se curvar à maioria", já é um passo de elefante. "Agora temos ministros com sensibilidade e compromisso com essa causa."

O primeiro sinal veio após o presidente Lula sancionar, semana passada, uma legislação que endurece penas para crimes de intolerância religiosa. Condenados por eles terão a pena ampliada: antes era de 1 a 3 anos, agora, de 2 a 5 anos. A mudança faz parte de uma recauchutagem na Lei de Crime Racial, de 1989, e fala em "racismo religioso".

Ivanir dos Santos só pede zelo com o cumprimento das leis que criminalizam o preconceito por motivos de fé. Do que elas adiantam se há falhas lá na ponta? "Tem problema no treinamento dos operadores de direito. Se na delegacia o policial não registra como intolerância, não vira processo."

O caso de Juliana Arcanjo Ferreira, 34, virou, mas pela razão avessa. O Ministério Público de São Paulo a acusou de lesão corporal e violência doméstica após mãe e filha participarem de um ritual de iniciação no candomblé.

Elas passaram 21 dias juntas, no chamado quarto de santo, território sagrado para a crença. O cômodo tinha banheiro, e elas faziam três refeições fixas por dia: às 4h, um mingau, e às 12h e às 18h, arroz, feijão e carne, diz Juliana. Nos intervalos, pãozinho, biscoitos e chá.

Também integravam a liturgia pequenos cortes na pele das duas, vistos como cura no preceito candomblecista.

A maior parte do tempo elas passaram no quarto, com exceções diárias para banho. "E a mãe de santo a liberou duas vezes pra ver desenho", conta a mãe.

O pai da menina, que segundo Juliana é evangélico, tentou enquadrá-la em cárcere privado, maus-tratos e violência doméstica. A Justiça já absolveu Juliana duas vezes, e mesmo assim ela não conseguiu reaver a guarda da filha, retirada dela em janeiro de 2021. O pai ainda recorre da decisão. Procurada, a Promotoria não respondeu.

A Folha também tentou falar com representantes da gestão Bolsonaro, como a senadora eleita Damares (Republicanos-DF). Também não obteve resposta.

O Dia do Combate à Intolerância Religiosa homenageia mãe Gilda de Ogum, ialorixá de um terreiro na Bahia alvejada pela Igreja Universal. O jornal da instituição neopentecostal publicou uma foto sua no texto "Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes".

A saúde de mãe Gilda andava frágil após as agressões e até uma invasão de seu terreiro que se seguiram à publicação. Ela infartou aos 65 anos e morreu no dia 21 de janeiro de 2000. Fone: https://www1.folha.uol.com.br

Presos por atos antidemocráticos recusaram vacinas para Covid, hepatite, tétano e tríplice viral.

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Publicado em 18 janeiro 2023
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Sistema prisional do DF recebeu mais de 900 pessoas em virtude dos atos antidemocráticos

 

Por Nelson Lima Neto

Bolsonaristas são presos após invasão ao Planalto Infoglobo

Um detalhamento encaminhado pela Secretaria de Saúde do DF à Justiça apontou o resultado inicial do processo de vacinação de presos em virtude dos atos antidemocráticos em Brasília.

Entre os dias 9 e 11 de janeiro, cinco servidores vacinaram 134 pessoas - dos 904 encaminhados ao Centro de Detenção Provisória II, na Papuda.

Dos 134 vacinados, 64 presos negaram receber uma dose da vacina contra a Covid-19. Também foram registrados 19 casos de recusas para hepatite B, tétano e tríplice viral.

Ao repassar o relatório à Justiça do DF, a Secretaria de Saúde informou que a imunização de presos acontecia de "forma gradual", diante da "necessidade de pesquisa do histórico do esquema vacinal individual". Fonte: https://oglobo.globo.com

Nigéria, um sacerdote católico morto e outro ferido em sua casa paroquial

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Publicado em 15 janeiro 2023
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  • Atentado na Nigéria,
  • sacerdote católico morto
  • padre Isaac Achi
  • padre Collins

 

Padre Isaac Achi, morto na manhã de domingo na Nigéria, no ataque à sua casa paroquial 

 

Segundo a polícia do país africano, o padre Isaac Achi teria morrido no incêndio causado por bandidos que tentaram entrar na residência da paróquia de São Pedro e Paulo, em Kafin-Koro, na região de Paikoro, enquanto o padre Collins teria sido ferido nas costas ao tentar fugir. Iniciadas as investigações para prender os agressores.

 

Vatican News

Neste de domingo (15/01), na Nigéria, um grupo de bandidos atacou, na madrugada, a casa paroquial da Igreja católica dos santos São Pedro e Paulo, em Kafin-Koro, na região de Paikoro, matando o padre Isaac Achi e ferindo o pe. Collins nas costas enquanto tentava fugir. Com a chegada das forças de segurança, os agressores saíram da casa incendiando-a e causando a morte do pe. Achi.

 

Morto no incêndio causado por bandidos

Confirmando o violento e trágico ataque, ocorrido por volta das 3h da manhã, o chefe de relações públicas da polícia do Estado, Wasiu Abiodun, declarou que "os bandidos tentaram entrar na residência, mas não conseguiram, e atearam fogo na casa, e o sacerdote morreu carbonizado”. Equipes táticas da polícia de Kafin-Koro, relatou Abiodun, "foram imediatamente enviadas ao local, mas os bandidos fugiram antes de elas chegarem".

 

O que resta da casa paroquial da igreja dos santos Pedro e São Paulo após o ataque de bandidos

 

O sacerdote ferido foi levado ao hospital para tratamento

O corpo sem vida do padre Isaac foi recuperado, "enquanto o padre Collins foi levado ao hospital para ser tratado". O comissário de Polícia, do Comando do Estado, Ogundele Ayodeji, enviou uma equipe de reforço para a área "e esforços estão sendo feitos para prender os agressores. Foi iniciada a investigação sobre o trágico ataque". Fonte: https://www.vaticannews.va/

EIS O CORDEIRO DE DEUS

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Publicado em 14 janeiro 2023
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  • Pregação de João Batista,
  • João Batista faz crescer a esperança do povo,
  • Voz de João Batista,
  • São João Batista
  • A Festa do Batismo do Senhor,
  • Dom Rodolfo Weber

Dom Rodolfo Weber

Arcebispo de Passo Fundo (RS)

 

Celebradas as festividades do Natal, a liturgia inicia o Tempo Comum com o início da vida pública e as pregações de Jesus Cristo. Quando João Batista viu Jesus aproximar-se (João 1,29-34), dá testemunho do Messias apresentando de imediato as suas credenciais: Jesus é o “Cordeiro de Deus que tira o pecado o mundo”. “Eu vi o Espírito descer, como uma pomba do céu, e permanecer sobre ele”. Ele “é quem batiza com o Espírito Santo”. “Este é o Filho de Deus”. Sem rodeios, João Batista realiza sua missão de testemunhar que o Salvador estava entre eles e era hora de ouvir e acolher os seus ensinamentos, reconhecer os sinais e crer nele. 

Em todas as celebrações eucarísticas proclamamos Jesus o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. A expressão no contexto cultural e religioso judaico e para os primeiros cristãos de origem judaica era muito conhecida e muito bem compreendida. Era um dos títulos messiânicos aplicados a Jesus conforme o profeta Isaías 53,7. “Como cordeiro que é levado ao matadouro ou como ovelha, que emudece diante do tosquiador, ele não abriu a boca”. 

Para nós hoje e na nossa cultura temos algumas dificuldades em compreender a profundidade da afirmação de João Batista. A expressão faz parte da liturgia e é muito rica em ressonâncias bíblicas. Ela refere-se ao cordeiro pascal da libertação do Egito (Êxodo 12). A noite da libertação foi marcada pelo sacrifício do cordeiro para servir de ceia e o sangue aspergido na porta era sinal de identificação e proteção. A partir daquela data, todos os anos a Páscoa judaica, isto é a Passagem, será realizada desta forma. Tradição se mantém viva na Páscoa Judaica. A segunda referência está nos sacrifícios habituais de cordeiros realizados no templo para a expiação dos pecados do povo, conforme Êxodo 29,38 e Levítico 16,21. Estes sacrifícios de cordeiros aconteciam regularmente no Templo de Jerusalém realizados pelos sacerdotes do Antigo Testamento. 

Jesus é o novo Cordeiro pascal imolado no dia da Páscoa e na hora em que eram sacrificados os cordeiros pascais no templo. Ele é o sacrifício da Nova Aliança que supera e anula o sangue dos sacrifícios animais (Hebreus 10,1-18). Ele é a nova Vítima e o Sacerdote, simultaneamente (Hb 7,27). “Nele, e por seu sangue, obtemos a redenção e recebemos o perdão de nossas faltas” (Efésios 1,7). “Tende consciência que fostes resgatados da vida fútil, transmitida pelos antepassados, não ao preço de coisas perecíveis, como a prata ou o ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo, cordeiro sem defeito e sem mancha. (1Pedro 1,18-19). 

João Batista apresenta Jesus como o libertador do homem. O grande mal e a fonte de todos os males é o pecado. A afirmação é feita no singular “o pecado”, pois engloba todos os pecados numericamente, mas principalmente acentua do pecado do mundo que escraviza o homem. 

A realidade do pecado se faz presente entre nós e dentro de cada um nós, hoje como ontem e como sempre. É verdade que fomos redimidos e vocacionados para a santidade como nos ensina São Paulo na segunda leitura da liturgia dominical. “Aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos junto com todos os que, em qualquer invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1 Coríntios 1,1-3). O sangue de Cristo não nos torna impecáveis. O pecado está no meio de nós, embora a palavra “pecado” pareça defasada. Basta lançar um olhar ao redor para percebermos que o pecado abunda na sociedade, no ambiente de trabalho, na família e no plano pessoal. Convivemos com estruturas que induzem as pessoas ao mal, basta acompanhar os fatos anunciados e as conversas. O caminho da libertação passa por Jesus Cristo, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.  Fonte: https://www.cnbb.org.br

O TESTEMUNHO DE SÃO JOÃO BATISTA

Detalhes
Publicado em 14 janeiro 2023
  • Batismo do Senhor,
  • Eis o Cordeiro de Deus,
  • São João Batista
  • dom Vital Corbellini,
  • A Festa do Batismo do Senhor,
  • homilia do Batismo de Jesus
  • Cordeiro de Deus

Dom Vital Corbellini

Bispo de Marabá (PA)

 

A pessoa de São João Batista esteve muito presente nos evangelhos e na pregação da Igreja antiga. Ele ganhou considerações da parte de Jesus, por ser ele o precursor do Messias, preparando as pessoas para que Jesus fosse bem acolhido entre o povo. A liturgia lhe concedeu leituras que são proclamadas nas comunidades para serem aprofundadas, meditadas no tempo do advento, do natal e no tempo comum. No mundo atual é fundamental dar testemunho de Jesus, da Igreja, porque é preciso viver a Palavra de Jesus na família, na comunidade e na sociedade. Como João, testemunhamos o Senhor na realidade atual.  

 

Testemunho da Luz. 

É fundamental a compreensão da palavra testemunho que vem do verbo latino: testificari, do substantivo testimonium cujo significado é testemunhar, atestar, pessoa que viu, assistiu o fato e declara a verdade das coisas1. João testemunhou Jesus. O Prólogo de São João (Jo 1,6-8) fala que houve um homem enviado por Deus, chamado João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da Luz, para que todas as pessoas cressem por meio dele. O fato era claro que ele não era a luz, mas ele testemunhou em favor da Luz. João Batista testemunhou Jesus Cristo, a luz verdadeira que ilumina todo o ser humano. Os padres da Igreja diziam que ele era uma lâmpada diante da Luz, o Senhor que dissipou todas as trevas do erro e da maldade. João testemunhou Jesus Cristo, luz verdadeira.  

 

Cordeiro de Deus. 

São João Batista é também conhecido pela expressão usada na liturgia eucarística, antes da comunhão: Cordeiro de Deus. Quando ele viu Jesus que estava vindo ao seu encontro ele disse que Jesus era o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1,29). Sendo uma expressão de fé dita a Jesus por João, é a objetividade da pessoa do Senhor, o Cordeiro de Deus, único, imolado, sem mancha de pecado, na cruz para a salvação da humanidade. Muitos animais e cordeiros eram imolados por ocasião da Páscoa judaica. Mas com a vinda do Senhor e depois com o cristianismo não será mais necessária a imolação de animais, mas as atenções são dadas à imolação de Jesus como Cordeiro de Deus que na cruz ocorreu a maior manifestação do amor de Deus ao mundo. O evangelista São João coincidiu a morte de Jesus na cruz com a imolação de animais no Templo para dizer que daquele momento em diante o verdadeiro Cordeiro é Jesus, imolado para a redenção da humanidade.  

 

Filho de Deus. 

João também testemunhou que Jesus era o Filho de Deus. Esta definição é sem dúvida uma das maiores manifestações que as pessoas diziam a Jesus, encontrando-se, as referências nos evangelhos. Jesus veio do Pai ao mundo, sendo gerado desde sempre por Ele. Ele é o Filho de Deus. O prólogo de São João colocou o dado que a visão de Deus não foi vista por ninguém, no entanto o Deus Unigênito que está no seio do Pai ele no-lo revelou (Jo 1, 18). Diante do pedido do discípulo Filipe que Jesus mostrasse o Pai, o Senhor respondeu que quem o viu, viu o Pai (Jo 14, 8-9). Jesus continuou a sua palavra em relação a Filipe que Jesus está no Pai e o Pai está nele (Jo 14,11). Marta também disse que Jesus era o Filho de Deus, diante do fato da morte de Lázaro, irmão seu e de Maria, pois, na ocasião, o Senhor disse que ele era a ressurreição, a vida e que ele ressurgiria Lázaro, morto já alguns dias (Jo 11, 25-27). Na morte de cruz, o centurião romano disse que Jesus era o Filho de Deus (Mc 15, 39). João Batista esteve na linha das grandes profissões de fé, de amor ditas a Jesus, como Filho de Deus na carne.  

João disse a Jesus que ele deveria ser batizado pelo Cristo 

São Gregório de Nazianzo, bispo de Constantinopla, século IV tendo como base o evangelho de Mateus, disse que João relutou quando Jesus se aproximou dele para ser batizado, pois ele desejava ser batizado pelo Senhor (Mt 3,14). Se João tentou resistir, Jesus insistiu. Jesus não tinha pecado, mas ele assumiu com o seu batismo o pecado da humanidade. Ele santificou as águas do Jordão, para assim iniciar a todos nos sacramentos mediante o Espírito e na água. São Gregório de Nazianzo disse também que João era uma lâmpada diante do Sol, a voz à Palavra, o amigo ao Esposo, o maior entre todos os nascidos de mulher ao Primogênito de toda a criatura, aquele que estremeceu de alegria no seio materno de Isabel ao que fora adorado no seio de Maria, sua Mãe, o Precursor diante do Salvador2; 

 

João Batista e Elias. 

Jesus pediu o silêncio aos discípulos Pedro, Tiago e João ao descerem da montanha, quando Jesus foi lá para a transfiguração solicitando a eles que não contassem a ninguém até que Ele tivesse ressuscitado dos mortos. No entanto os discípulos perguntaram a Jesus o fato de que primeiro deveria vir Elias, que eram as afirmações dos escribas, segundo eles. Mas Jesus afirmou aos seus discípulos que Elias restaurará tudo e tinha vindo, mas ele não recebeu o reconhecimento. As autoridades fizeram tudo com ele com o que desejavam dele. Jesus disse que também o Filho do Homem sofreria por causa deles. Os discípulos entenderam que Jesus lhes falava de João Batista (Mt 17,9-13). Elias veio primeiro, na pessoa do Precursor, João Batista e o Senhor passará pelo sofrimento, a cruz, para chegar à glória da ressurreição.  

 

João e Jesus. 

Jesus disse às multidões que João Batista era uma pessoa simples, mais que um profeta, porque ele foi mandado por Deus para preparar o caminho do Senhor. Ele seria o maior entre os nascidos de mulher, no entanto o menor no Reino dos céus era maior do que ele (Mt 11, 7-11). Jesus é maior que João Batista, porque ele veio de Deus para redimir a toda a humanidade.  

O testemunho de João Batista reforça sempre a necessidade de viver a Palavra de Jesus no mundo de hoje. O testemunho coloca a necessidade para a realização do bem na família, na comunidade e na sociedade. Nós somos chamados a amar a Deus, ao próximo como a si mesmo.  Fonte: https://www.cnbb.org.br

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