Presidente almoçou com o congressista do DEM que, em entrevista ao BuzzFeed, dizer que Carlos Bolsonaro pode ser 'doido à vontade'. Bolsonaro disse que teve conversa maravilhosa com o presidente da Câmara e que relação 'está 100%' entre os dois. Fonte: http://cbn.globoradio.globo.com

 

Bolsonaro parece o Jânio, que ficava mandando bilhetinho proibindo biquini

Merval Pereira

Só que os bilhetinhos do Bolsonaro são o Twitter. E ele se preocupa com coisas pequenas. O anúncio do BB, por exemplo, que ele vetou, tinha intenção de atrair os jovens. E ele não gostou de ver gente tatuada, de cabelo colorido. Não dá para ter atitude hostil às modernidades. Bolsonaro tem que entender que uma 'canelada' dele representa o país. Fonte: http://cbn.globoradio.globo.com

Ex-presidente diz que a elite brasileira deveria fazer uma autocrítica depois da eleição de Bolsonaro

Mônica Bergamo

Marlene Bergamo

Victor Parolin

ex-presidente Lula afirmou nesta sexta-feira (26), em entrevista exclusiva concedida à Folha e ao jornal El País, que o Brasil está sendo governado por "um bando de maluco". 

Depois de uma batalha judicial na qual a entrevista chegou a ser censurada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), decisão revista na semana passada pelo presidente da corte, Dias Toffoli,  o petista enfim recebeu os dois veículos, em uma sala preparada pela Polícia Federal na sede do órgão em Curitiba, onde está preso desde abril do ano passado.

Os agentes explicaram aos jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas presentes que ele seria colocado em uma mesa a uma distância de 4 metros de todos. Ninguém poderia se aproximar.

Segundo a PF, eles estavam cumprindo um protocolo de segurança comum a todos os presos.  Em duas horas e dez minutos de conversa, o ex-presidente falou da vida na prisão, da morte do neto, do governo de Jair Bolsonaro, das acusações de corrupção que sofre e da possibilidade de nunca mais sair da prisão.

"Não tem problema", afirmou, ele quando questionado sobre a possibilidade. "Eu tenho certeza de que durmo todo dia com a minha consciência tranquila. E tenho certeza de que o [procurador Deltan] Dallagnol não dorme, que o [ministro da Justiça e ex-juiz Sergio] Moro não dorme."

Reservou ao ex-magistrado, o primeiro que o condenou pelo caso do tríplex de Guarujá, algumas de suas principais ironias. "Sempre riram de mim porque eu falava 'menas'. Agora, o Moro falar 'conje' é uma vergonha", afirmou. Lula disse também acreditar que "Moro não sobrevive na política".

Já sobre o presidente Jair Bolsonaro, não foi tão taxativo. Apesar de várias críticas, afirmou que "ou ele constrói um partido sólido, ou não perdura".

Lula disse que a elite brasileira deveria fazer uma autocrítica depois da eleição de Bolsonaro. "Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é esse país estar governado por esse bando de maluco que governa o país. O país não merece isso e sobretudo o povo não merece isso", afirma.

E comparou o tratamento que a imprensa dá a ele com o que reserva ao atual presidente da República. "Imagine se os milicianos do Bolsonaro fossem amigos da minha família?", questionou, referindo-se ao fato de o filho do presidente, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), ter empregado familiares de um miliciano foragido da Justiça em seu gabinete quando era deputado estadual pelo Rio.

O ex-presidente chorou quando falou da morte do neto Artur, de 7 anos, vítima de uma bactéria, há um mês: "Eu às vezes penso que seria tão mais fácil que eu tivesse morrido. Eu já vivi 73 anos, poderia morrer e deixar o meu neto viver".

Lula disse ainda que, se sair da prisão, quer "conversar com os militares" para entender "por que esse ódio ao PT", já que seu governo teria recuperado o orçamento das Forças Armadas.
Disse que acompanha a briga de Bolsonaro com o vice-presidente, o general Hamilton Mourão. Mas afirmou que era "grato" ao general "pelo que ele fez na morte do meu neto [defender que ele fosse ao velório], ao contrário do filho do Bolsonaro [Eduardo]", que afirmou no Twitter que Lula queria se vitimar com a morte do menino.
Afirmou que o país tem hoje "o mais baixo nível de política externa que já vi na vida". E disse, em tom de brincadeira, que o ex-chanceler de seu governo, Celso Amorim, tem uma dívida por ter deixado o atual chanceler, Ernesto Araújo, seguir carreira no Itamaraty.
Questionado sobre Fernando Henrique Cardoso (PSDB), disse que o ex-presidente poderia "ter um papel de grandeza e mais respeitoso com ele mesmo, não comigo". 

O ex-presidente falou ainda da necessidade de diálogo entre partidos de esquerda. E comentou o episódio em que o senador Cid Gomes (PDT-CE), irmão de Ciro Gomes, afirmou em um encontro do PT: "Lula está preso, babaca!". O petista disse que não ficou chateado pois está mesmo preso. "Isso é uma verdade. Só não precisava chamar os outros de babaca", disse, rindo.

Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá. Ele está preso desde abril de 2018, depois de ter sido condenado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), a segunda instância da Justiça Federal.
Na última terça-feira (23), em decisão unânime, a Quinta Turma do STJ reduziu a pena do ex-presidente e abriu caminho para ele saia do regime fechado ainda neste ano. O tribunal manteve a condenação do petista, mas baixou a pena de 12 anos e 1 mês de prisão para 8 anos, 10 meses e 20 dias.

O petista já foi condenado também no caso do sítio de Atibaia (SP) —a 12 anos e 11 meses pela juíza Gabriela Hardt, na primeira instância em Curitiba, pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. O caso, porém, ainda passará pela análise do TRF-4.

O pedido de entrevista com o ex-presidente passou por um vaivém de decisões judiciais. Em julho de 2018, a juíza federal Carolina Lebbos, responsável pela execução da pena de Lula, barrou a realização da entrevista, afirmando não haver previsão constitucional que dê ao preso direito de falar com a imprensa.

Após reclamação ao STF (Supremo Tribunal Federal) feita pela Folha, o ministro Ricardo Lewandowski autorizou em 28 de setembro que a entrevista fosse realizada em Curitiba. A liminar, porém, foi derrubada no mesmo dia pelo ministro Luiz Fux, também do Supremo. Ele julgou pedido do partido Novo, que alegava que o PT apresentava Lula como candidato à Presidência da República, desinformando os eleitores. ​

O petista foi impedido de concorrer na eleição presidencial devido à Lei da Ficha Limpa, que barra candidaturas de condenados em segunda instância, e acabou substituído por Fernando Haddad, também do PT.

Ao suspender a entrevista, Fux determinou ainda que, caso já tivesse sido realizada, sua divulgação estaria censurada. A liminar de Fux foi revogada no último dia 18 pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli.

Já nesta quinta-feira (25), véspera da entrevista, a Polícia Federal tentou modificar a decisão do STF, permitindo que jornalistas de outros veículos assistissem à entrevista, conduzida pela Folha e pelo jornal El País, autores da ação judicial no Supremo.

Lewandowski, no entanto, barrou a presença de jornalistas que não sejam da Folha e do El País e considerou a iniciativa da PF uma "franca extrapolação dos limites da autorização judicial em questão". Fonte: www1.folha.uol.com.br

O ex-presidente Lula falou com exclusividade ao EL PAÍS e à 'Folha' na superintendência da Polícia Federal em Curitiba, na manhã desta sexta-feira

FLORESTAN FERNANDES JUNIOR

CARLA JIMÉNEZ

Suas mãos tremem um pouco quando começa a ler. Seu rosto fica vermelho olhando para o texto que traz um rosário de críticas contra seus julgadores. “Sei muito bem qual lugar que a história me reserva. E sei também quem estará na lixeira.” Lula critica o ex-juiz Sergio Moro, responsável pela sua condenação, a Operação Lava Jato, e o procurador Deltan Dallagnol. “Reafirmo minha inocência, comprovada em diversas ações”. O silêncio é absoluto, apesar da presença de delegados da Polícia Federal e de três oficiais armados, todos a serviço da PF, que está sob o guarda-chuva do Ministério da Justiça, conduzido por Sergio Moro.

Lula está engasgado e sabe que esta entrevista é a oportunidade para falar depois de um ano silenciado pela prisão em abril de 2018. A conversa tem início e o ex-presidente ainda mantém um semblante sério. Mas uma pergunta quebra a rigidez. Quando é questionado sobre a morte do irmão Vavá, em janeiro deste ano, e o neto, Arthur Araújo Lula da Silva, de 7anos, dois meses depois.  “Esses dois momentos foram os mais graves”, lembra ele, citando também a perda do ex-deputado Sigmaringa Seixas, morto no final do ano passado. “O Vavá é como se fosse um pai pra família toda. E a morte do meu neto foi uma coisa que efetivamente não, não, não… [pausa e chora]. Eu às vezes penso que seria tão mais fácil que eu tivesse morrido. Porque eu já vivi 73 anos, eu poderia morrer e deixar meu neto viver."

“Não tem problema que eu fique aqui para o resto da vida. Quem não dorme bem é o Moro”

Lula diz que há outros momentos que o deixam triste, com uma mágoa profunda. “Quando vejo essa gente que me condenou na televisão, sabendo que eles são mentirosos, sabendo que eles forjaram uma história, aquela história do powerpoint do Dallagnol, aquilo nem o bisneto dele vai acreditar naquilo. Esse messianismo ignorante, sabe? Então eu tenho muitos momentos de tristeza aqui. Mas o que me mantém vivo, e é isso que eles têm que saber, eu tenho um compromisso com este país, com este povo”, completa.

O ex-presidente Lula, durante a entrevista desta sexta-feira, na superintendência da PF em Curitiba. 

Começa a entrevista, que virou caso de Justiça. Só foi realizada após a interferência do Supremo Tribunal Federal. Uma conversa que vai durar duas horas. E o ex-presidente começa a relaxar. É o Lula de sempre. Ele está igual. Quem esperava vê-lo envelhecido ou derrotado, se frustra. Ele tem fúria. E obsessão para provar sua inocência. “Não tem problema que eu fique aqui para o resto da vida. Quem não dorme bem é o Moro, Dallagnol e o juiz do TRF-4 [que confirmou sua condenação em segunda instância].”

Os detalhes desta conversa serão publicados ao longo do dia no site e nas redes sociais do EL PAÍS. Fonte: https://brasil.elpais.com

Também nesta quinta-feira, Toffoli liberou o ex-presidente Lula de conceder entrevistas na prisão

BRASÍLIA — O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal ( STF ), recuou em decisão anterior e suspendeu, nesta quinta-feira, a censura imposta à revista "Crusoé" e ao site "O Antagonista". Segundo Moraes, novas informações comprovam que o documento mencionado pela revista na reportagem censurada, de fato, existe. Portanto, não haveria motivo para a suspensão do texto.

"Comprovou-se que o documento sigiloso citado na matéria realmente existe, apesar de não corresponder à verdade o fato que teria sido enviado anteriormente à PGR (Procuradoria-Geral da República) para investigação", explica Moraes.

O documento é o trecho de um depoimento do empresário Marcelo Odebrecht.  Ao revisar antiga declaração, o empresário informa que o "amigo do amigo do meu pai", mencionado por ele num e-mail, é o presidente do STF, Dias Toffoli. Moraes mandou censurar a matéria depois de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter afirmado, em nota, que não havia recebido o documento, como a reportagem alegava. Após a publicação, no entanto, o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná pediu que o documento fosse retirado dos autos da Lava-Jato e enviado à PGR para apuração. A 13ª Vara Federal de Curitiba autorizou o envio.

"A existência desses fatos supervenientes – envio do documento à PGR e integralidade dos autos ao STF – torna, porém, desnecessária a manutenção da medida determinada cautelarmente, pois inexistente qualquer apontamento no documento sigiloso obtido mediante suposta colaboração premiada, cuja eventual manipulação de conteúdo pudesse gerar irreversível dano a dignidade e honra do envolvido e da própria Corte, pela clareza de seus termos. Diante do exposto, REVOGO a decisão anterior que determinou ao site "O Antagonista" e à revista "Crusoé" a retirada da matéria intitulada “O amigo do amigo de meu pai” dos respectivos ambientes virtuais", escreveu Moraes na decisão.

Também nesta quinta-feira, o presidente do STF, Dias Toffoli, liberou o ex-presidente Lula para dar entrevistas a veículos de comunicação que pediram autorização para falar com ele na prisão. Em setembro do ano passado, o ministro Luiz Fux suspendeu uma liminar concedida por Ricardo Lewandowski que dava o direito da "Folha de S. Paulo" entrevistar o ex-presidente. À época, Fux declarou aidna que a entrevista estaria censurada caso já tivesse sido realizada.

A decisão de Moraes de mandar retirar a reportagem do ar gerou críticas de outros ministros do Supremo. Marco Aurélio Mello criticou em entrevistas concedidas nesta quinta-feira a decisão do colega de Corte. Em visita a Gramado, no Rio Grande do Sul, Marco Aurélio classificou como "mordaça" a decisão, em declaração à "Rádio Gaúcha".

"Mordaça, mordaça. Isso não se coaduna com os ares democráticos da Constituição de 1988. Não temos saudade do regime pretérito. E não me lembro nem no regime pretérito, que foi regime de exceção, de medidas assim, tão virulentas como foi essa", disse o ministro.

A ministra Cármen Lúcia, ex-presidente da Corte, também criticou as restrições impostas às duas empresas de comunicação. Ao GLOBO, a ministra – que costuma dizer que “o cala boca já morreu" quando questionada sobre a liberdade de noticiar da imprensa – se associou às palavras de Celso de Mello e disse que “toda censura é incompatível com a democracia”, até mesmo a decretada pelo seu colega de Corte, o ministro Alexandre de Moraes.

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), divulgou um comunicado nesta quinta-feira em que chama a censura de "prática ilegítima e intolerável". Divulgada na semana em que o ministro Alexandre de Moraes determinou que uma reportagem da revista "Crusoé" fosse tirada do ar, a mensagem não faz referência direta ao episódio, mas ressalta que, no Estado Democrático de Direito, "não há lugar possível para o exercício do poder estatal de veto (...) à transmissão de informações e ao livre desempenho da atividade jornalística".

O inquérito de Toffoli

A decisão de Moraes não interfere na continuidade do inquérito aberto pelo presidente do Supremo, Dias Toffoli,  para apurar ofensas e notícias falsas  consideradas criminosas à Corte e seus integrantes. O inquérito foi aberto por meio de portaria, e não a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), como é a praxe. Apesar de incomum, a situação está prevista no Regimento Interno do Supremo. A relatoria do inquérito ficou por conta do ministro Alexandre de Moraes, por designação de Toffoli.

O inquérito  gerou controvérsia na comunidade jurídica  e não foi considerado uma unanimidade nem entre os ministros da própria Corte. A iniciativa, no entanto, recebeu apoio de entidades como a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um ofício  mandando arquivar o inquérito sobre ataques ao STF  . Segundo Dodge, não foi delimitado o alvo da investigação, nem tampouco os alvos das apurações. A procuradora-geral argumenta ainda que a investigação não deveria ter sido aberta no tribunal, porque a suposta vítima de um crime não pode investigar e julgar os fatos.

Moraes ignorou determinação da procuradora-geral e  manteve o inquérito aberto  . E o presidente do STF concedeu mais 90 dias para as apurações serem concluídas. Na decisão, Moraes afirmou que o pedido de arquivamento da PGR “não se configura constitucional e legalmente lícito”, já que a investigação não foi solicitada pelo Ministério Público. Fonte: https://oglobo.globo.com

Douglas Garcia disse que tomou a atitude após sofrer ameaças, por ter dito que "tiraria a tapa" do banheiro homem que se sente mulher e entrasse em banheiro feminino

Marcelo Ernesto

O plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo presenciou um momento diferente na tarde desta sexta-feira. O deputado estadual, Douglas Garcia (PSL), resolveu revelar que é gay e teve como porta-voz da notícia a colega de partido, Janaína Paschoal. 
Contudo, antes de tomar a decisão, o parlamentar foi acusado de homofobia, após ter dito na sessão dessa quinta-feira que “tirara a tapa” do banheiro homem que se sente mulher e estivesse usando o banheiro feminino, se referindo a pessoas transexuais. 
Durante a sessão de hoje, Janaína foi ao microfone da casa para fazer o anúncio. “Ele tomou uma decisão e como ele está um pouco abalado, pediu para que eu faça essa comunicação por ele. Hoje depois de 25 anos ele conseguiu conversar com os pais dele é dizer que é homossexual”, contou. Do plenário, Douglas acompanhava ao momento e sorria.

A deputada disse ainda que foi procurada por Douglas Garcia que demonstrava preocupação com possíveis consequências para a bancada do partido. Após a revelação, Garcia disse que foi acolhido pelos integrantes da legenda e que o fato demonstra que a imagem do partido é deturpada. 

“Como uma questão particular minha, eu nunca quis trazer a público, porque é uma coisa de foro íntimo minha e eu nunca utilizei como bandeira política etc”, disse.

Ainda de acordo com ele, a sexualidade dele não era segredo e qe amigos mais próximos já tinham ciência. Porém, ele sentiu necessidade de dizer isso, devido a “ameaças” que recebeu após a fala violenta contra transexuais no plenário da Casa. 

“Eu ficaria o resto da minha visa resolvido, porque eu sou uma pessoa resolvida e extremamente feliz. Mas como estão chegando essas ameaças e pode ser que muito em breve exploda alguma coisa na internet eu resolvi me antecipar”, afirmou.

A revelação pública de que é gay, contudo, não parece que terá impacto nas pautas conservadoras defendidas por ele. Em postagem nas redes sociais, Douglas disse que continuará lutando contra causas como a que ele chamou de “ideologia de gênero” e outras matérias inclusivas para a população LGBTI+. “Eu sou gay, sim, Mas o movimento LGBT nunca me representou. Eu nunca neguei minha orientação sexual para ninguém”, declarou.

Sobre a acusação de homofobia, Douglas Garcia disse que usou apenas de sua imunidade para demonstrar indignação. “Usei uma figura de linguagem para demonstrar o tamanho da minha discordância, respaldado pela minha imunidade parlamentar”, disse. O episódio, no entanto, levou as bancadas do PSOL, PT e PCdoB a representar por quebra de decoro contra ele, por causa das declarações consideradas homofóbicas.

Entenda o caso

A polêmica começou na sessão dessa quinta-feira na Assembleia Legislativa de São Paulo. Após a deputada Erica Malunguinho (PSOL), primeira parlamentar trans, discursar contra o projeto de lei do deputado Altair Morais (PRB), que estabelece o sexo biológico como o único critério para definição do gênero de competidores em partidas esportivas oficiais no estado.

“Mais uma vez mais uma pessoa tentando precarizar o processo de construção de cidadania de pessoas que já estão em condição de precariedade. Isso é inconstitucional, fere a Constituição, é um absurdo”, disse Malunguinho.

Logo após a fala, Douglas Garcia veio ao microfone para defender o projeto e disparou: “Eu gostaria aqui de parabenizar do projeto de lei do deputado Altair Moraes. É um projeto de lei muito eficiente. Se por acaso dentro do banheiro uma mulher, em que a minha irmã ou a minha mãe, estiver utilizando, e entrar um homem que se sente mulher, ou que pode ter alegando o que ele quiser e colocado o que quiser, porém eu não estou nem aí, eu vou tirar primeiro no tapa e depois chamar a polícia para ir levar”.

Pedido de desculpas

Ainda na sessão de ontem, o parlamentar pediu desculpas pela fala. “Muito embora eu possua imunidade parlamentar, eu gostaria de pedir desculpas caso as palavras que eu tenha proferido mais cedo tenha ofendido alguém.”

Erica Malunguinho também se pronunciou. “Discursos como você proferiu nesse plenário matam vidas todos os dias. Você mencionou aqui, e isso não existe desculpa que apague. Discursos não apagam sentimentos e construção dos seus valores”, declarou. Fonte: https://www.em.com.br

Filho de uma prostituta e pai desconhecido, David Miranda ficou órfão aos 5 anos. Foi criado pela tia na favela do Jacarezinho, Zona Norte do Rio. Morou na rua, passou fome e viu seu destino mudar aos 19, quando conheceu o amor de sua vida, o jornalista Glenn Greenwald. Anos depois, decidiu entrar para a política, também por amor. Militante dos direitos humanos, assumiu o cargo de deputado federal há dois meses, quando Jean Wyllys, de quem era suplente, deixou o Brasil

Ouvir David Miranda, 33 anos, contar sobre o dia que mudou sua vida é como entrar em uma série de Fernando Meirelles feita de episódios (quase) sempre felizes. O cenário é o Rio de Janeiro de 2005. O sol já começa a esquentar as areias de Ipanema, na altura do Posto 9, quando uma bola de futevôlei acerta um copo de caipirinha de um norte-americano recém-chegado em terras fluminenses. David, então aos 19 e autor do chute, sai para recuperar a bola e faz questão de pedir desculpas pelo acidente, mesmo que em um inglês macarrônico. O gringo, um advogado de 37 anos especialista em direito constitucional, por sua vez, se esforça em desenvolver o português rudimentar aprendido meses antes em aulas particulares.

Nenhum cuidado das partes foi por boa educação, mas “por amor”, conta David, sentado no sofá de sua casa de paredes envidraçadas no bairro da Gávea, Zona Sul da capital, enquanto segura as mãos do marido – não por acaso, Glenn Greenwald, hoje com 52 anos, o turista da caipirinha. Fonte: https://revistamarieclaire.globo.com

 

O frade católico brasileiro assumiu a direção da Juventude Estudantil Católica em 1963 e foi morar no Recife. Mudou-se para São Paulo para estudar Filosofia na Universidade de São Paulo (USP). Em outubro de 1968, foi preso por participar do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Ibiúna (SP). Fichado pela polícia, tornou-se alvo de perseguição pela repressão militar.

Preso em novembro de 1969, em São Paulo, acusado de oferecer infraestrutura a Carlos Marighella, Tito foi submetido à palmatória e choques elétricos, no Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Em fevereiro do ano seguinte, quando já se encontrava em mãos da Justiça Militar, foi retirado do Presídio Tiradentes e levado para a sede da Operação Bandeirantes (Oban).

Durante três dias, bateram sua cabeça na parede, queimaram sua pele com brasa de cigarros e deram-lhe choques por todo o corpo, em especial na boca, “para receber a hóstia”. Os algozes queriam que Tito denunciasse quem o ajudara a conseguir o sítio de Ibiúna para o congresso da UNE e assinasse depoimento atestando que dominicanos haviam participado de assaltos a bancos. Tito tentou o suicídio e foi socorrido a tempo no hospital militar, no bairro do Cambuci.

Na prisão, escreveu sobre a sua tortura. O documento correu pelo mundo e se transformou em símbolo da luta pelos direitos humanos. Em dezembro de 1970, incluído na lista de presos políticos trocados pelo embaixador suíço Giovanni Bucher, sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Tito foi banido do Brasil pelo governo Médici e seguiu para o Chile. Sob a ameaça de novamente ser preso, fugiu para a Itália. De Roma, foi para Paris, onde recebeu apoio dos dominicanos. Traumatizado pela tortura, Frei Tito submeteu-se a um tratamento psiquiátrico. Nas ruas da capital francesa, ele “viu” o espectro de seus torturadores e cometeu suicídio.

No dia 10 de agosto de 1974, um morador dos arredores de Lyon encontrou o corpo de Frei Tito suspenso por uma corda pendurada em uma árvore. Foi enterrado no cemitério dominicano do Convento Sainte-Marie de La Tourette, em Éveux.

Em 1983, o corpo de Frei Tito chegou ao Brasil. Cercado por bispos e um numeroso grupo de sacerdotes, Dom Paulo Evaristo Arns repudiou a tragédia da tortura em missa de corpo presente, acompanhada por mais de 4 mil pessoas. A missa foi celebrada em trajes vermelhos, usados em celebrações de mártires.

Vários trabalhos sobre a vida do religioso foram desenvolvidos, como o curta-metragem Frei Tito, dirigido por Marlene França, e a peça de Licínio Rios Neto Não seria o Arco do Triunfo um monumento ao pau de arara?, em memória de Tito. Em 2014, Leneide Duarte Plon e Clarisse Meireles publicaram o livro “Um homem torturado – Nos passos de Frei Tito de Alencar”.

Poema escrito por Tito em Paris, a 12 de outubro de 1972:

“Quando secar o rio da minha infância / secará toda dor. Quando os regatos límpidos de meu ser secarem / minh’alma perderá sua força. Buscarei, então, pastagens distantes / lá onde o ódio não tem teto para repousar. Ali erguerei uma tenda junto aos bosques. Todas as tardes, me deitarei na relva / e nos dias silenciosos farei minha oração. Meu eterno canto de amor: / expressão pura de minha mais profunda angústia. Nos dias primaveris, colherei flores / para meu jardim da saudade. Assim, exterminarei a lembrança de um passado sombrio”

Trecho do livro: “Um homem torturado – Nos passos de Frei Tito de Alencar”:

“No interrogatório de Tito, Fleury lhe disse:
– Ivo e Fernando foram submetidos ao soro da verdade e já falaram.
Como o frade continuasse impassível durante duas horas, Fleury mandou levarem Tito para a sala de tortura, onde se encontravam umas cinco pessoas que começaram a lhe dar socos, antes de colocá-lo no pau de arara.” Fonte: http://memoriasdaditadura.org.br

Ela atendeu a um pedido de liminar apresentado pela Defensoria Pública da União

Fábio Fabrini

BRASÍLIA

A juíza Ivani Silva da Luz, da 6ª Vara da Justiça Federal em Brasília, proibiu nesta sexta (29) o governo de Jair Bolsonaro de comemorar o aniversário de 55 anos do golpe de 1964 no próximo domingo (31). 

Ela atendeu a um pedido de liminar apresentado pela Defensoria Pública da União, que alegou risco de afronta à memória e à verdade, além do emprego irregular de recursos públicos nos eventos.

“Defiro o pedido de tutela de urgência para determinar à União que se abstenha da ordem do dia alusiva ao 31 de março de 1964, prevista pelo ministro da Defesa e comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica”, decidiu a magistrada.

Ela determinou que a Defesa seja intimada da ordem. No início da semana, Bolsonaro havia determinado à pasta que o golpe fosse comemorado nos quartéis.

Na prática, várias unidades militares anteciparam as celebrações ao movimento golpista para esta sexta (29), já que o aniversário cairá no domingo. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

*Eliane Brum 

Ao determinar a comemoração do golpe militar de 1964, o antipresidente busca manter o ódio ativo e barrar qualquer possibilidade de justiça

O próximo domingo, 31 de março, marca 55 anos do golpe militar de 1964. Em nenhum outro momento depois da retomada da democracia essa data encontrou o Brasil sob tanta tensão quanto neste ano. A memória da ditadura está sob ataque. E uma tentativa de fraudar a história, apagando os crimes cometidos pelos agentes do Estado, está em curso. Não mais como uma ofensiva pelos subterrâneos, que nunca cessou de existir, mas como ato de governo, o que faz toda a diferença. Toda.

Jair Bolsonaro (PSL) já determinou “comemorações devidas” nos quartéis. No 31 de março passado, quando ainda era só candidato a candidato, ele publicou um vídeo no Facebook: as imagens o exibiam estourando um rojão em frente ao Ministério da Defesa, com uma faixa agradecendo os militares “por não terem permitido que o Brasil se transformasse em Cuba”. “O 7 de Setembro nos deu a independência e o 31 de Março, a liberdade”, afirmou.

Sim, o atual presidente defende que a tomada do poder pela força pelos militares, deixando o Brasil sem eleições diretas para presidente de 1964 a 1989; rasgando a Constituição e estabelecendo a censura; obrigando alguns dos melhores quadros do Brasil a amargar o exílio; prendendo, sequestrando e torturando, inclusive crianças, e matando opositores é motivo de comemoração. E, como presidente da República, determinou que os crimes contra a humanidade, portanto imprescritíveis, que já deveriam ter sido devidamente punidos, sejam agora comemorados oficialmente pelas Forças Armadas.

É possível o Brasil comemorar oficialmente a tortura e o assassinato de civis e seguir reconhecido como uma democracia?

Parem de ler agora. E pensem no que significa para um país comemorar o sequestro, a tortura e o assassinato de civis por agentes do Estado, assim como o que significa comemorar um golpe infligido por parte das Forças Armadas. É possível isso acontecer, como ato de Governo, e o Brasil seguir reconhecido como uma democracia?

Não. Simplesmente não é possível. Bolsonaro, é preciso dizer, nunca fingiu ser o que não é. Há vídeos dele dizendo que os militares mataram foi pouco. “Tinham que ter matado pelo menos uns 30 mil” e “se morrerem inocentes tudo bem”, afirma num deles. Seu herói declarado, Carlos Alberto Brilhante Ustra, é um torturador, reconhecido pela justiça brasileira como torturador, que chegou a levar crianças para ver os pais nus e arrebentados. Bolsonaro, quando candidato, ameaçou mandar opositores para a “ponta da praia”, referindo-se a uma base da Marinha usada como local de tortura e desova de cadáveres pelo regime de exceção. Disse também que faria uma “faxina” e que os opositores de seu Governo ou “vão para fora ou vão para a cadeia”.

Pelo menos três opositores já afirmaram publicamente que foram obrigados a deixar o Brasil por ameaças de morte. Polícia, Ministério Público e judiciário se mostraram incapazes de protegê-los e garantir a sua segurança. Nesta área, Bolsonaro está fazendo exatamente o que disse que faria. Ele nunca deu motivos para que a população duvide do que diz que fará com os opositores.

O que as instituições vão fazer diante do anúncio de Bolsonaro? Apequenar-se, como de hábito?

A questão, agora, é o que as instituições vão fazer com o anúncio de Bolsonaro, apresentado pelo seu porta-voz, general Otávio Rêgo Barros. É possível ainda esperar algo das instituições amedrontadas, quando não coniventes? Como esperar algo quando o Supremo Tribunal Federal é presidido por Dias Toffoli, que no ano passado corrompeu a história ao declarar que o que aconteceu em 1964 e cassou os direitos da população brasileira foi um “movimento”, não um golpe?

A Defensoria Pública da União e a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão já se manifestaram. Mas ainda é pouco. E ainda é tímido, diante da enormidade do que significa comemorar o crime como ato de Governo. Não apenas um crime comum, mas aquele que é considerado crime contra a humanidade. A Comissão da Verdade concluiu que a ditadura matou ou desapareceu com 434 suspeitos de dissidência política e com mais de 8.000 indígenas. Entre 30 e 50 mil pessoas foram torturadas.

Se as instituições e a sociedade brasileiras assistirem apáticas ao presidente, Governo e Forças Armadas comemorarem o golpe militar que sequestrou a democracia por 21 anos e deixou um rastro de mais de 200 pessoas desaparecidas, cujos pais e filhos não têm sequer um corpo para enterrar, alcançaremos um outro nível de nosso trajetória acelerada rumo ao autoritarismo. Daí em diante, qualquer pessoa que ousar dizer que esse país vive numa democracia estará desrespeitando a inteligência e a dignidade de uma nação inteira. Daí em diante, qual será o limite para aqueles que fazem apologia do crime ocupando cargos públicos? Qual será o limite para um presidente que faz golden shower na lei?

Uma pesquisa do Ibope mostrou que Bolsonaro já é o presidente mais impopular em início de primeiro mandato desde 1995. Os 89 milhões de brasileiros que não votaram em Bolsonaro, seja porque votaram no candidato de oposição, seja porque se abstiveram de votar ou votaram branco ou nulo, somados ao expressivo contingente que já se arrependeu do voto no capitão reformado, terá que compreender que a luta pela democracia é difícil – e não pode ser terceirizada. É isso. Ou aceitar que a exceção, que já se infiltrou no cotidiano e avança rapidamente, siga tomando conta da vida até o ponto em que já se tenha perdido inclusive o direito aos fatos, como Bolsonaro e os militares pretendem neste 31 de Março.

Bolsonaro e suas milícias digitais criaram a autoverdade, mas ela só será imposta a um país inteiro se a população se submeter a ela

Não queiram viver num país em que a autoverdade, aquela que dá a cada um a prerrogativa de inventar seus próprios fatos, impere. Bolsonaro e suas milícias digitais criaram a autoverdade, mas ela só será imposta a um país inteiro se a população brasileira se submeter a ela. Afirmar que o golpe de 1964 não foi um golpe é mentira de quem ainda teme responder pelos crimes que cometeu, como seus colegas responderam em países que construíram democracias mais fortes e onde a população conhece a sua história. Não há terror maior do que ser submetido a uma realidade sem lastro nos fatos, uma narrativa construída por perversos. O corpo de cada um passa a pertencer inteiramente aos carcereiros.

Bolsonaro precisa manter o país queimando em ódio. Essa foi sua estratégia para ser eleito, essa segue sendo a sua estratégia para se manter no poder. Ele não tem outra. Se deixar de ser o incendiário que é e virar presidente, ele se arrisca a perder sua popularidade. Sua estratégia é governar apenas para as suas milícias, capazes de manter o terror, parte delas somente por diversão.

Bolsonaro tornou-se o antipresidente: aquele que boicota seu próprio programa e enfraquece seu próprio ministério

Depois de ser o candidato “antissistema”, Bolsonaro é agora o antipresidente. Esta novidade, a do antipresidente, é inédita no Brasil. O antipresidente Bolsonaro é aquele que boicota seu próprio programa e enfraquece seu próprio ministério, mantendo, também dentro do Governo, como definiu o jornalista Afonso Benites, a guerra do todos contra todos.

Bolsonaro só pode existir num país mergulhado numa guerra interna. Então, trata de alimentar essa guerra. A determinação oficial de comemorar o golpe de 1964 é parte dessa estratégia. Vamos ver o quanto os generais estrelados do seu governo são capazes de enxergar a casca de banana. Ou se, ao contrário, escolherão deslizar por ela apenas como desagravo aos anos em que ficaram acuados, temendo que o Brasil finalmente fizesse justiça, julgando os crimes da ditadura como fizeram os países vizinhos.

O atual presidente do Brasil é o mesmo político que, em 2009, botou um cartaz na porta do seu gabinete: “Desaparecidos do Araguaia. Quem procura osso é cachorro”. A imagem era a de um cachorro com um osso atravessado entre os dentes. Na época, uma década atrás, o ato de Bolsonaro era noticiado com o aposto: “o único parlamentar do Congresso que defende abertamente a ditadura”. Não mais, como é possível constatar.

A frase foi lembrada por manifestantes no Chile, na semana passada. Os chilenos protestavam contra a visita de Bolsonaro ao seu país e queriam despachá-lo imediatamente de volta para casa. Essa casa é o Brasil, onde defensores da ditadura não só são aceitos como também são eleitos e chamados de “mito”.

Os chilenos, que mandaram seus ditadores e torturadores para a cadeia, consideraram inaceitável que um defensor da ditadura fosse recebido pelo presidente Sebastián Piñera. Deputados chilenos pediram que Bolsonaro fosse declarado “persona non grata”. O presidente do Senado, Jaime Quintana Leal, recusou-se comparecer a um almoço em homenagem ao brasileiro. “Admiradores de Pinochet não são bem vindos no Chile”, afirmou. Bolsonaro já disse no passado que o general ditador Augusto Pinochet “fez o que devia ter feito”. Ou seja: assassinar 3.000 civis.

Diante dos protestos, Bolsonaro afirmou: “Protestos assim existem onde quer que eu vá, mas o importante é que, no meu país, fui eleito por milhares de brasileiros”. Milhões, já que devemos respeitar os números. Para os brasileiros que o elegeram, a sugestão de que os ossos das mais de 200 pessoas desaparecidas do regime estão na boca de um cachorro foi – e continua sendo – aceitável. Não sentem nenhuma empatia pelos pais, mães, maridos, esposas e filhos que não têm sequer um túmulo onde chorar suas perdas. E que foram torturados por essa imagem de absoluto desrespeito. Mostram-se incapazes de compreender que um dia poderão ser os ossos de suas mães ou de seus filhos na boca do cachorro. Já os chilenos têm espanto. E têm vergonha. Vergonha por nós que aceitamos o inaceitável.

Sebastián Piñera, um presidente de direita, buscou manter distância das declarações pró-ditadura de Bolsonaro. “Essas frases são tremendamente infelizes”, afirmou. Sua posição política, como prefere, é assim definida por ele: “centro-direita mais diversa, mais tolerante, mais moderna e sintonizada com a cidadania”.

A parcela dos brasileiros que se declara “antiesquerdista” precisa compreender algo com urgência. O ponto do bolsonarismo não é ser de esquerda ou ser de direita. O que Bolsonaro faz seguidamente é apologia ao crime e incitação à violência. Isso não tem nada a ver com ser de esquerda ou ser de direita. Uma pessoa de direita, mas com decência e respeito à lei, não faz apologia ao crime nem incitação à violência. Uma pessoa de esquerda, mas com decência e respeito à lei, também não faz apologia ao crime nem incitação à violência.

Não se trata de esquerda ou de direita, mas de apologia ao crime e incitação à violência

O que Bolsonaro pratica é de outra ordem – e não é do jogo democrático. É essa diferença que o presidente chileno, reconhecidamente de direita, fez questão de marcar antes de ser contaminado pela truculência de uma ideologia com a qual não se identifica. No Brasil, infelizmente, parte da direita tem aceitado o inaceitável e demora a perceber que pagará caro por isso.

Os brasileiros adoecem também de apatia. Só assim para explicar como o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, pode fazer apologia do crime duas vezes numa só semana, assim como ameaçar e chantagear uma nação inteira, e rigorosamente nada acontecer. Ao defender a reforma da Previdência, o ministro de Bolsonaro afirmou: “O Chile lá atrás teve que dar um banho de sangue para aprovar princípios macroeconômicos”.

Os chilenos se revoltaram. Ivan Flores, presidente da Câmara dos Deputados do Chile, afirmou que as declarações de Onyx são "um desatino sem paralelo" e uma grave ofensa às vítimas da ditadura de Pinochet. “A menção deste porta-voz do presidente Bolsonaro, um personagem importante do Governo brasileiro, a um ‘banho de sangue’ no Chile, é uma afronta a todas as pessoas que perderam familiares, a todos que sofreram com as violações de direitos humanos”. O parlamentar, que também se recusou a almoçar com Bolsonaro, afirmou que acreditava jamais "ter experimentado algo parecido" antes.

Os brasileiros não se ofendem. Convivem. À direita e à esquerda, a população tem se submetido à administração do ódio praticada pelo bolsonarismo. É esta a maior derrota. Não para a direita ou para a esquerda, mas para a civilização, para que qualquer um possa dar bom dia para o vizinho sem temer ser agredido. Ou para que um estudante possa ir à escola e ter certeza que vai sair dela vivo.

À direita e à esquerda, a população tem se submetido à administração do ódio praticada pelo bolsonarismo

A cada agressão do presidente ou de sua turma, um espasmo. E outra agressão. E outro espasmo. E tudo vai se banalizando. O que é uma anomalia vira normal. Bolsonaro é sintoma dessa normalização da exceção que é muito anterior a ele. Ele soube crescer e se tornar útil dentro dela e a ampliou a níveis inéditos. Ele e sua turma sabem também usar a deformação da democracia brasileira a seu favor e, ao governar pela administração do ódio, justificar tanto a incompetência demonstrada nos primeiros três meses no poder quanto criar inimigos para se manter necessários ao país. Enquanto não arranjarem uma guerra externa, vão mantendo a guerra viva aqui dentro.

O discurso dos pesos e contrapesos é bonito, soa bem nos salões. Parece até funcionar razoavelmente bem em alguns países. No Brasil, porém, as instituições já demonstraram ser incapazes de proteger a democracia. Bolsonaro, que se elegeu fazendo apologia ao crime e incitando o ódio às minorias, é a prova mais enfática da fragilidade das instituições.

A oposição, por sua vez, submeteu-se ao jogo de guerra do bolsonarismo e parece estar dominada por ele. Como a população, a oposição parece só conseguir reagir com outro espasmo. E reagir sem organização mínima, ocupada com suas próprias brigas internas. A esquerda, e também a direita que não é bandida, precisam responder com projetos, precisam convencer as pessoas que sua ideia é melhor para a vida, precisam mostrar qual é a diferença.

A oposição está dominada pelo jogo de guerra do bolsonarismo: só sabe reagir

Como apontou a filósofa Tatiana Roque, em entrevista a este jornal, é preciso contrapor à reforma da Previdência de Bolsonaro uma outra reforma da Previdência que reforme o que precisa ser reformado, sem tornar a vida dos mais pobres ainda pior. Não adianta ficar apenas gritando contra a reforma da Previdência. É preciso, sim, fazer uma reforma da Previdência. Mas não essa que está aí. Então qual? O que as pessoas querem saber é como a vida pode ficar melhor. Parte da crise global das democracias se deve à incapacidade de democratas e de governos democráticos de tornar melhor a vida da população ou de apontar claramente como podem fazer isso.

Com instituições fracas e uma oposição sem projeto, diante de um governo em que o mais moderado é um general que já defendeu um autogolpe com o apoio das Forças Armadas, a barbárie dos dias se acentua. Tudo indica que vai piorar. Porque está piorando. A incompetência explícita do bolsonarismo faz com que a necessidade de ampliar a violência “contra todos os que não são iguais a mim”, com o objetivo de ampliar a sensação de guerra interna, também aumente. Sem projeto consistente, o governo que aí está só pode apostar no ódio para se manter. E vai seguir apostando. O ódio não é o oposto do amor, mas sim da justiça. É justiça que Bolsonaro não quer.

O ódio não é o oposto do amor, mas sim da justiça

Os brasileiros vão precisar compreender que a democracia terá que ser defendida por cada um, se colocando junto com o outro. Às vezes só dá mesmo para gritar. Mas é preciso fazer um esforço maior para responder com projetos, com propostas, com ação que não seja apenas uma reação, mas uma alternativa que permita a vida e promova vida no espaço público. Será assim, ou não será. Não é que tenha outro. Só tem você mesmo. Com o outro.

Podemos aprender algo com a artista russa Nadya Tolokonnikova .“A ação não deve ser uma reação, mas uma criação”, ela escreveu. Nadya é uma das integrantes da banda Pussy Riot que foi presa em 2012 pelo Governo do déspota Vladimir Putin. Entre as músicas tocadas em suas intervenções de ação direta, em espaços públicos de Moscou, uma delas era: “Putin se mijou na calça”. Não há nada que os déspotas temem mais do que aqueles que riem deles. Para manter o medo e o ódio ativos é preciso banir o riso e o humor. Nadya aprendeu a rir de seus carcereiros nos dois anos em que ficou na prisão por ousar confrontar o autoritarismo do regime, provocando um movimento de solidariedade global.

“A ação não deve ser uma reação, mas uma criação”

Na abertura do livro Pussy Riot, um guia punk para o ativismo político, a artista de 29 anos parece estar escrevendo para os brasileiros que vivem sob a administração do ódio de Bolsonaro e de suas milícias digitais. O livro, traduzido para o português por Jamille Pinheiro Dias e Breno Longhi, com ilustrações de Roman Durov, será lançado no Brasil em 22 de abril, pela editora Ubu. Antes, a banda fará dois shows no Brasil, em 19 (Recife) e 20 (São Paulo).

Nadya se refere a Donald Trump, que tem Bolsonaro como um pet exótico do sul do mundo:

“Quando Trump ganhou a eleição presidencial, as pessoas ficaram profundamente chocadas. Na verdade, o que aconteceu no dia 8 de novembro de 2016 foi a ruptura do paradigma do contrato social – a ideia de que podíamos viver confortavelmente sem sujar as mãos nos envolvendo com política, de que bastava um voto a cada quatro anos (ou voto nenhum: o pressuposto de que se está acima da política) para resguardar as próprias liberdades. Essa crença – a de que as instituições estão aqui para nos proteger e zelar por nós, e de que não precisamos nos preocupar em proteger essas instituições da corrupção, de lobistas, dos monopólios, do controle corporativo e governamental sobre nossos dados pessoais – veio abaixo. Nós terceirizávamos a luta política da mesma forma que terceirizávamos as vagas de trabalho mais mal remuneradas e as guerras.

“Não dá para continuar vivendo achando que é possível não ‘sujar as mãos com a política’ ou acreditando estar acima da política”

Os sistemas atuais não conseguiram oferecer respostas aos cidadãos, de modo que as pessoas começaram a buscar soluções fora do espectro político dominante. Essas insatisfações estão agora sendo usadas por políticos de direita, xenófobos, oportunistas, corruptos e cínicos. Os mesmos que ajudaram a criar e a agravar esse cenário vêm agora nos oferecer salvação. Esse é o jogo deles. É a mesma estratégia de cortar os fundos de um programa ou uma agência reguladora dos quais eles queiram se livrar e depois usar a ineficácia resultante disso como prova de que essas iniciativas ou órgãos precisam ser desfeitos”.

Basta trocar a data para 28 de outubro de 2018, dia da eleição de Bolsonaro, e o nome do presidente. E a análise segue com alta precisão, ainda que Bolsonaro seja muito mais autoritário do que Trump e as instituições brasileiras muito mais frágeis do que as americanas.

Bolsonaro é tão tosco que até mesmo a ultradireitista Fox News achou melhor tornar explícito que não compactuava com o pensamento do antipresidente brasileiro: afirmou que os comentários de Bolsonaro sobre a comunidade LGBTQI eram “incompatíveis com os valores americanos”. Ao entrevistar o antipresidente brasileiro, perguntou diretamente sobre o assassinato de Marielle Franco e a ligação da bolsomonarquia com as milícias cariocas. Ou seja: Bolsonaro é um constrangimento mesmo nos redutos mais direitistas do país que mais ama, os Estados Unidos. Seu suposto nacionalismo, como a visita aos Estados Unidos provou, é de chorar de rir.

Em outro trecho do livro, a artista também parece falar diretamente com os brasileiros que pensam em desistir ou acham que já chegaram ao seu limite: “As condenações de ativistas políticos foram naturalizadas na opinião pública. Quando pesadelos se tornam constantes, as pessoas param de agir. É assim que a apatia e a indiferença triunfam”. Em seguida, finca as unhas: “As dificuldades e os fracassos não são razão suficiente para renunciarmos ao ativismo. Sim, porque as mudanças sociais e políticas não se dão de forma linear. Às vezes é preciso lutar por anos para obter um resultado mínimo”.

Quando pesadelos se tornam constantes, as pessoas param de agir: a apatia e a indiferença triunfam

A autoridade de suas palavras é conferida por um dos mais fortes ativismos deste século. Quase dois anos de prisão e trabalhos forçados não a fizeram recuar nem perder a ingenuidade, para ela um valor ético e também estético. “Se tivéssemos que apontar um inimigo, eu diria que nosso maior inimigo é a apatia. Se não estivéssemos de mãos atadas pela ideia de que é impossível mudar as coisas, seríamos capazes de alcançar resultados fantásticos. O que nos falta é a confiança de que as instituições podem realmente funcionar melhor e de que nós somos capazes de fazê-las funcionar melhor. As pessoas não acreditam no enorme poder que elas têm. Este poder que, por algum motivo, não usam”.

Neste momento, a novíssima geração, a que nasceu depois da geração das integrantes da Pussy Riot, está criando um movimento global espantoso. A juventude pelo clima, inspirada por uma sueca de 16 anos com diagnóstico de Asperger, colocou 1,5 milhão de estudantes secundaristas nas ruas de cidades do mundo em 15 de março para denunciar a falta de ação dos governos diante da crise climática. Oito meses antes, nada disso existia. Em agosto de 2018, Greta Thunberg fez greve da escola e se postou sozinha diante do parlamento sueco. Agora, o movimento é uma potência.

Brasileiros de todas as idades precisam aprender, pra ontem, com as gerações mais novas. É isso ou seguir condenado a assistir à queda de braço entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia. Sério que é este o ponto alto do debate nacional, antes de vir outro do mesmo nível ou pior? É este mesmo o nosso destino? Sério mesmo que o maior crítico da militarização do governo é Olavo de Carvalho, por motivos bem outros em sua calculada disputa de poder? E é ele o maior crítico porque parte dos que poderiam criticar a militarização do governo por motivos legítimos e urgentes começam a achar que Hamilton Mourão, o vice general, é uma graça? É assim mesmo que vamos viver, esperando o que virá depois, caso exista um depois?

Como diz a Pussy Riot Nadya Tolokonnikova, “a esperança virá dos desesperados”. Espero que ela tenha razão.

*Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos, e do romance Uma Duas. Site: desacontecimentos.com Email: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. Twitter: @brumelianebrum/ Facebook: @brumelianebrum

Fonte: https://brasil.elpais.com

Ex-ministro Moreira Franco será encaminhado para batalhão da PM, em Niterói

RIO — O ex-presidente Michel Temer, preso nesta quinta-feira , vai ser levado para a Superintendência da Polícia Federal no Rio. O juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, aceitou um pedido da defesa de Temer. Inicialmente, Temer iria ser levado para o Batalhão Especial Prisional (BEP), em Niterói, onde também está preso o ex-governador Luiz Fernando Pezão.

"Entendo que o tratamento dado aos ex-presidentes deve ser isonômico, uma vez que o ex-Presidente Lula está custodiado na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba", diz Bretas na decisão.

O ex-presidente chegou ao Rio por volta das 17h20 desta quinta-feira no terminal 2 do aeroporto do Galeão. Na sequência, Temer saiu da pista, perto de onde pousam voos internacionais, a bordo de um comboio. O emedebista passou por um segundo exame de corpo de delito no aeroporto, segundo informou um agente da PF. Às 18 horas, três carros da PF deixaram o aeroporto e seguiram para escoltar o ex-presidente até a superintendência da PF.

O ex-ministro de Temer, Moreira Franco, será levado para a Unidade Prisional da Polícia Militar, no bairro do Fonseca, em Niterói.

O diretor da Polícia Federal no Rio, Ricardo Saadi, afirmou que o ex-presidente Michel Temer não vai prestar depoimento nesta quinta-feira e que será ouvido em outra oportunidade.

Logo após a prisão de Temer, do ex-ministro Moreira Franco (Minas e Energia) e do coronel reformado João Baptista Lima Filho, Bretas atendeu a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), determinando que os três fossem levados para o BEP de Niterói. Posteriormente, após receber pedido da defesa de Temer para que ele seja transferido à superintendência da PF, o magistrado oficiou a polícia para saber se há condições de o ex-presidente ficar detido na superintendência.

A expectativa inicial era de que o tratamento dado a Temer seria o mesmo dado a Pezão até o momento. O ex-governador está preso numa cela especial da Unidade Prisional da Polícia Militar, no bairro do Fonseca, em Niterói. Com 3 x 4 metros, a Sala do Estado Maior conta com uma cama, prateleira e mesa, além de banheiro com vaso sanitário, chuveiro e pia. Ele tem direito por lei de ficar na área especial por ter sido detido no exercício do cargo.

O ex-governador Sérgio Cabral chegou a pleitear que o mesmo direito lhe fosse concedido, mas a solicitação foi negada pela Justiça.

Pedido de liberdade

A defesa do ex-presidente também entrou com um pedido de liberdade no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) na tarde desta quinta-feira, após o emedebista ser preso por policiais federais. A prisão deTemer foi ordenada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro  , responsável pela  Lava-Jato  no Rio.

O recurso foi protocolado às 16h11 e distribuído para o desembargador federal Antônio Ivan Athié, que é o relator da Operação Prypiat, uma das que originou a operação de hoje. Fonte: https://oglobo.globo.com

Os agentes da Polícia Federal também prenderam Moreira Franco (MDB), ex-ministro de Minas e Energia de Temer e ex-governador do Rio de Janeiro

O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) foi preso em sua casa, em São Paulo, na manhã desta quinta-feira (21), pela força-tarefa da Lava-Jato, no Rio de Janeiro. Os agentes da Polícia Federal também prenderam Moreira Franco (MDB), ex-ministro de Minas e Energia de Temer e ex-governador do Rio de Janeiro. Ele foi preso na capital fluminense.
O ex-presidente Michel Temer responde a dez inquéritos na Justiça. Cinco deles tramitavam no Supremo Tribunal Federal (STF), abertos quando ele ainda era presidente daRepública. Ele tinha foro privilegiado em função do cargo que ocupava desde 2016, quando assumiu a presidência com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).  Esses cinco inquéritos foram encaminhados à primeira instância depois que Temer deixou o cargo.

Trata-se do segundo ex-presidente da República preso. Em abril do ano passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi preso em São Bernardo do Campo,  em São Paulo,  e transferido para a sede da Polícia Federal em Curitiba, onde cumpre prisão após condenação a 12 anos e um mês em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro.  

Reação de Temer

O ex-presidente Michel Temer reagiu à prisão afirmando tratar-se de uma "barbaridade”, conforme o jornalista Kennedy Alencar, em sua conta no Twitter. 

Também de acordo com Alencar,  o ex-presidente disse ainda que estava a caminho do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, após ser preso preventivamente, por tempo indeterminado, pelo juiz federal Marcelo Bretas, do Rio de Janeiro. Temer foi levado em um avião da Polícia Federal para a capital fluminense.  

 “Barbaridade.” Assim reagiu o presidente Michel à prisão. Ele atendeu telefonema meu e confirmou que estava a caminho do Aeroporto de Guarulhos, acompanhado por policiais federais que cumpriam mandado de prisão preventiva expedido pelo juiz federal Marcelo Bretas, do Rio.

Motivo da prisões

No ano passado, Funaro entregou à Procuradoria-Geral da República (PGR) informações complementares do seu acordo de colaboração premiada.

Entre os documentos apresentados estão planilhas que, segundo o delator, revelam o caminho de parte dos R$ 10 milhões repassados pela Odebrecht ao MDB na campanha de 2014. Fonte: https://www.em.com.br

Em jantar na casa do embaixador, presidente lembra atuação de tropas brasileiras na Segunda Guerra Mundial

Paola de Orte e Jussara Soares

WASHINGTON — Durante o jantar com pensadores da direita americana em Washington, o presidente Jair Bolsonaro disse que o “antigo comunismo não pode mais imperar neste nosso ambiente que nós vivenciamos”. A informação foi dada pelo porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros.

O jantar aconteceu na residência do embaixador brasileiro em Washington, Sergio Amaral. Estiveram presentes a comitiva do presidente, o escritor Olavo de Carvalho e pensadores da direita americana, como o ex-estrategista de Donald Trump Steve Bannon, o acadêmico Walter Rusell Mead, a colunista do Wall Street Journal Mary Anastasia O’Grady e o editor da revista literária The New Criterion, Roger Kimball.

Segundo o porta-voz, o presidente também afirmou que “democracia e liberdade são os fatores mais essenciais que unem os dois povos neste momento” . Bolsonaro também lembrou a atuação do Brasil ao lado de tropas americanas na Segunda Guerra Mundial.

Durante o jantar, foram servidos mousse com ovas de salmão, beef Wellington, purê de nabo e quindim, além de caipirinha.

Ao fim do jantar, Bannon comentou o encontro com Bolsonaro. Ele disse que foi "uma boa noite de abertura para o presidente." Quando questionado se Olavo fez as mesmas críticas que havia feito à Presidência no dia anterior, Bannon disse que não.

No sábado, Olavo afirmara que o presidente está “de mãos amarradas por militares próximos com mentalidade golpista” e advertiu sobre a necessidade de uma mudança de rumo para que o governo “não acabe daqui a seis meses”. O escritor classificou os militares, que vê associados ao que chama de “mídia oposicionista”, como um “bando de cagões”.

No jantar, no entanto, o escritor se sentou ao lado do presidente.

Bannon disse que o jantar contou com pessoas de várias linhas diferentes de pensamento. Fonte: https://oglobo.globo.com

Cerca de 50 pessoas se concentraram na tarde deste domingo em Washington, contra a presença do presidente brasileiro

Washington - Duas horas antes de o presidente Jair Bolsonaro desembarcar na capital dos Estados Unidos — ele pousou na base aérea às 15h40 — ativistas americanos e brasileiros organizaram uma manifestação dos moldes do #EleNão, que marcou a oposição ao candidato do PSL durante a campanha presidencial no ano passado. Cerca de 50 pessoas, entre ativistas e estudantes, se posicionaram no gramado da Lafayette Square, em frente à Casa Branca, se revezando ao microfone.

Entre as manifestantes estava a professora Marina Caetano, 27 anos. "A maioria da comunidade brasileira em Washington é apoiadora de Bolsonaro, busca esse sonho americano que ele prega, mas para isso, ele precisa fazer muita coisa ainda no nosso país", comentou a docente, dizendo que tem medo de voltar ao país. 

Há quase 10 anos morando nos Estados Unidos, ela foi ao evento para marcar sua luta contra "toda a formas de discriminação. "Tendo estado em Washington quando o Trump foi eleito, e depois assistir os brasileiros cometendo os mesmos erros que eles mesmos criticavam nos EUA, é muito chocante", disse a professora.

Quando questionada sobre a legitimidade do processo democrático pelo qual Bolsonaro foi eleito, em outubro do ano passado, Mariana cita os votos brancos e nulos e diz que se somados ao votos contrários a ele no pleito, a maioria do país não quer o atual presidente no poder.   

Sob gritos de "Lula Livre" e "Bolsonaro Fascista", os manifestantes prometeram continuar o protesto enquanto o presidente brasileiro estiver em terras norte-americanas.  

Entre os assuntos abordados pelos manifestantes, estava a execução da vereadora carioca Marielle Franco, brutalmente assassinada com quatro tiros na cabeça em 14 de março do ano passado.  Fonte: www.correiobraziliense.com.br

*João Vicente Goulart, em artigo para a Fórum, analisa a viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos

A viagem da comitiva do presidente Bolsonaro, neste domingo (17), parece ser o êxtase do orgasmo estratégico da política externa de submissão gratuita do Brasil aos Estados Unidos da América. E bota continência nisso, puxa-saquismo, entreguismo, e comprometimento lacaio à política de guerra silenciosa, de guerra tarifária, que o Tio Sam vem travando com o mundo, com a China, com os países emergentes, entre eles o Brasil, e que pode comprometer nossa soberania de uma forma irreversível.

Será que veremos a dupla, Bolsonaro e o Beato Salú se curvar ante a Casa Branca gratuitamente, com aqueles discursos idiotas de que o aquecimento global é coisa do marxismo internacional, que o tratado do clima de Paris é coisa para ecologistas fanáticos e aderir a Trump para sair do acordo?

Sabemos que o discurso do nosso presidente, quase um mantra repetitivo de banir o comunismo, o socialismo, de metralhar adversários políticos, acabar com a ideologia de gênero e assim por diante é muito efetivo para seus fanáticos seguidores que ainda não desceram do palanque, mas pode ser um mico para imprensa ágil e ferina americana; pode ser um mico.

Mas tudo é suportável pela política externa americana, quando se trata de intervir nos países alheios, como fez repetidamente o Departamento de Estado americano, com sua política de instalar ditaduras na América Latina nos anos 60, 70 e 80.

Hoje, é claro com uma nova receita intervencionista: golpes parlamentários, títeres como presidentes do “mercado” internacional, bloqueios econômicos à semelhança do bloqueio de Cuba que dura quase 60 anos, apoio a presidentes autoproclamados, que ilegalmente acumulam duas presidências, legislativo e executivo, e se nada der certo, intervenção militar na soberania de outros povos. Invasões militares, bombas “democráticas”, assassinatos, bases militares e roubalheira do petróleo de outros povos.

E aí, também nesse entreguismo, está o grave acordo, que não conhecemos e que será assinado sobre a nossa base de Alcântara.

Entregar parte do território nacional à maior potência militar do mundo é colocar em nosso quintal alguém que, no futuro, não poderemos tirar. É colocar no seio de nossa Pátria o conflito do mundo, é tornarmos, daqui para frente, aliados incondicionais do servilismo da política externa americana e submeter o nosso pacífico e multicultural povo a ser alvo do terrorismo internacional, é termos que amanhã colocar a vida de brasileiros a serviço de intervenções armadas em países latino-americanos para entregar, de graça, o petróleo de outros povos irmãos, ao império do Tio Sam.

“Democraticamente”, através de guerras, tiros e bombas, os EUA dominam o petróleo do mundo em países que não cederam a sua “diplomacia”. Iraque, Síria, Iêmen, Somália, Líbia, Níger; isso recentemente, pois começou em 1953 no Irã, quando derrubaram o presidente Mossadegh para implantar uma capitania hereditária com o Reza Pahlavi.

Esse é o país ao qual o servilismo de nosso presidente e do ministro Ernesto Araújo, desprezado no Itamaraty e comicamente apelidado de Beato Salú, entregará de bandeja nossa soberania.

Seria melhor que explicassem ao presidente Trump nossa diversidade cultural, nossa religiosidade multifacetada, nossa alegria de um povo pacífico, livre e soberano; mas sabemos que os nossos dirigentes d suas respectivas sapiências sequer alcançam a explicação de um “golden shower”. Sequer sabem que o mundo e a política externa olham o Brasil bolsonarista como sabujos do Império.

*João Vicente Goulart

Filósofo, poeta e escritor. Autor dos livros “Entre Anjos e Demônios, poemas do exílio” e “Jango e eu: memórias de um exílio sem volta”, este foi finalista do prêmio de literatura Jabuti na categoria Biografia. Preside o Instituto João Goulart desde 2004. É colunista da Revista Fórum.

Cai sobre nossa consciência de adultos a infâmia de transformar em piadas baratas, em ironia e sarcasmo a dor de um avô pela perda de seu neto

JUAN ARIAS

Sabíamos que no Brasil majoritariamente solidário, sensível à dor alheia e que ama seus pequenos, existiam monstros de ódio. Confesso, no entanto, que ignorava que fossem tantos e com tanta carga de sadismo. Estão sendo revelados pelos comentários sórdidos e até blasfemos, já que invocam a Deus como motivo da morte de Arthur, de sete anos, neto inocente de Lula, condenado e preso por corrupção.

Uma criança ainda não teve tempo de conhecer a que abismos de cegueira tanto a política como a ideologia podem conduzir. E cai sobre nossa consciência de adultos a infâmia de transformar em piadas baratas, em ironia e sarcasmo nas redes sociais a dor de um avô pela perda de seu neto. Lula, mesmo condenado e na cadeia, não perdeu nem sua dignidade de pessoa nem seu pedaço de história positiva que deixa escrita neste país.

Aqueles que se alegram pela perda do neto de Lula, que seria o castigo de Deus por ter apoiado como presidente governos como o da Venezuela que hoje mata de fome suas crianças, como li aqui mesmo neste jornal, estão revelando a que ponto de cegueira e insensibilidade humana pode chegar o soberbo Homo sapiens.

Essa ausência de empatia e decência chegou a infectar até políticos com responsabilidade, como o filho do presidente Bolsonaro, o deputado federal Eduardo, que tudo o que soube escrever na Internet sobre a triste morte do neto de Lula é que este deveria estar "em uma prisão comum, como um prisioneiro comum", sem uma única palavra de piedade ou pelo menos de respeito por seu inimigo político. Como resposta, Fernando Lula Negrão escreveu que as palavras do filho do presidente "eram emblemáticas do caráter, da criação, dos complexos, da falta de misericórdia, dos ódios, das angústias e da falta de amor que é típica dos psicopatas, dos serial killers e dos covardes...” Um duro julgamento que, tenho certeza, tem o aplauso dos milhões de brasileiros que não perderam a capacidade de mostrar solidariedade com a dor dos outros.

E também Alexandre Braga, certamente outro dos milhões de brasileiros sãos, não envenenado pela ideologia, lhe respondeu com sensatez: "Perdeu a chance (Eduardo) de ficar calado. Lula já está acabado e preso. Respeite a dor do avô, basta desse ódio malvado e vamos pensar no Brasil".

Tentando lembrar tempos sombrios da História em que o ser humano chegou a se degradar a ponto de não só não respeitar a inocência da infância, como também fazer dela carne da infâmia, só me vieram à memória aqueles campos de concentração nazistas onde as crianças eram queimadas vivas porque "não serviam para trabalhar". Foi em um desses campos que um de seus dirigentes dedicava para a rega das flores de seu jardim a pouca água que havia, deixando as crianças morrerem de sede.

Para aqueles que como eu dedicaram tantos artigos a louvar o positivo da alma brasileira que tanto me ensinou e confortou nos momentos em que não é difícil perder a confiança no ser humano, ler os comentários sem alma, sem empatia, de ódio ou sarcasmo e até mesmo regozijando-se pela morte de um inocente, tão somente por ódio a Lula, seria preferível não ter vivido este dia.

Estou entre os jornalistas que criticaram na época o fato de Lula, que chegou com a esperança de renovar a política, ter acabado se contaminando pelos afagos dos poderosos e pela política fácil da corrupção. Hoje, porém, diante desses caminhões de lixo que as redes estão vomitando contra ele e até contra o neto inocente que perdeu, eu me atrevo a lhe pedir perdão em nome dos milhões de brasileiros que ainda não se venderam ao ódio fácil e ainda sabem manter sua dignidade perante o mistério da morte de um inocente.

Houve quem escrevesse que depois dos campos de concentração do nazismo não seria possível continuar acreditando em Deus. E depois desses ódios e insultos imundos despejados contra Lula por causa de sua dor por ter perdido o neto, é possível continuar acreditando no Brasil? O Brasil dos esgotos, que hoje manchou gratuitamente a alma de uma criança inocente, passará, como o nazismo passou. O outro Brasil, o anônimo, aquele que hoje ficou horrorizado vendo os monstros soltos desfilando nas redes sociais, o majoritário, acabará — ou será somente a minha esperança? — dominando os monstros que hoje nos assustam para assim abrir caminho aos anjos da paz. Fonte: https://brasil.elpais.com

Ex-presidente foi autorizado a se despedir do pequeno Arthur Araújo Lula da Silva que morreu nesta sexta, 1, vítima de meningite meningocócica

O ex-presidente Lula chegou ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, por volta das 8h30 deste sábado, 2. O petista deixou Curitiba, onde está preso na Operação Lava Jato, para comparecer ao velório do neto Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos, que morreu na sexta-feira, 1, vítima de meningite meningocócica.

Do aeroporto de Congonhas, Lula vai embarcar em outro helicóptero da PF em direção a São Bernardo. A cremação de Arthur está marcada para 12h no cemitério Parque da Colina, onde também foi cremada a avó do garoto, Marisa Letícia, morta em 2017.

A Polícia Militar de São Paulo fez um esquema especial de segurança antes da chegada do ex-presidente ao velório do neto. Ao todo, seis PMs armados estão na capela onde o corpo do menino está vendo velado. Além disso, mais de dez viaturas estão no entorno do local e uma barreira feita na entrada do cemitério causou incômodo a família de Lula.

Durante a noite de ontem e a madrugada de hoje parentes, amigos da família e aliados de Lula estiveram no local para prestar solidariedade à família. Entre eles a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, os ex-ministros Alexandre Padilha, Gilberto Carvalho e Paulo Vannuchi, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto e o médido Roberto Kallil Filho. Hoje de manhã chegaram o deputado estadual Emido de Souza e o advogado Marco Aurélio Carvalho.

O clima no velório era de profunda tristeza. Sandro, filho caçula de Lula e pai de Arthur, chorava em uma cadeira ao lado do caixão branco do garoto sob o qual foram postos um par de chuteiras e uma bola de futebol.

Lula deixou a Superintendência da Polícia Federal, na capital paranaense por volta das 7h em um helicóptero. A aeronave levou o ex-presidente ao aeroporto do Bacacheri, onde o petista embarcou em um avião para São Paulo.

A juíza Carolina Lebbos, da 12.ª Vara Federal, autorizou na sexta-feira, 1.º, que o ex-presidente fosse à cerimônia do neto. Após o pedido da defesa, o processo em que corre a Execução Penal de Lula entrou em sigilo.

Carolina autorizou a participação de Lula no velório, mas ordenou o sigilo sobre os detalhes do deslocamento “a fim de preservar a intimidade da família e garantir não apenas a integridade do preso, mas a segurança pública”. A força-tarefa da Lava Jato havia se manifestado de forma favorável à ida do ex-presidente ao velório.

Lula chegou a São Paulo em um avião oficial do governo do Paraná. Em nota, na sexta, o governador Ratinho Jr. (PSD) informou que atendeu a um pedido da Polícia Federal.

“O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguirá para São Paulo em avião do governo do Paraná. A aeronave foi liberada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, atendendo a pedido da superintendência da Polícia Federal no Paraná”, informou o governo.

O menino de 7 anos era um dos netos mais próximos do ex-presidente. Era de Arthur um tablet apreendido pela PF durante a busca e apreensão nas casa de Lula em 2016. Além da preocupação com Sandro, seu filho, Lula lamentou por Marlene, mãe de Arthur. Depois da morte de Marisa Letícia, em 2017, Marlene ajudou a preencher o espaço criado pela ausência da ex-primeira-dama. Ela e Sandro dormiam com frequência  no apartamento de Lula e tentavam manter a proximidade do avô com os netos.

Descrita por petistas como uma “mulher de grande iniciativa” cujo temperamento forte contrastava com a introspecção de Sandro, Marlene dava ordens na casa e no entorno do presidente. No dia que antecedeu a prisão de Lula, por exemplo, era ela quem tirava o ex-presidente das rodas políticas e o levava para perto da família. Ela aparece conversando com Marisa Letícia sobre assuntos domésticos em um grampo divulgado pela Lava Jato.

O ex-presidente está preso desde 7 de abril do ano passado na Polícia Federal, em Curitiba, alvo da Lava Jato. O petista foi condenado no caso triplex por corrupção e lavagem de dinheiro a uma pena de 12 anos e um mês de reclusão.

Fonte: https://politica.estadao.com.br

Crivella estava em um carro oficial da prefeitura, que foi atingido por outro veículo

Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - O prefeito Marcelo Crivella sofreu um acidente de carro, na manhã desta sexta-feira, na Estrada das Paneiras, no Alto da Boa Vista. O veículo em que estava o prefeito seguia em direção à Tijuca, na Zona Norte do Rio. Ninguém ficou ferido.

O prefeito tinha acabado de sair de casa e estava a caminho de uma reunião sobre o carnaval. O carro em que ele estava foi atingido por outro, que vinha logo atrás.

Após o acidente, Crivella embarcou em outro automóvel e seguiu em direção à viagem e já está na reunião agenda para esta manhã. Fonte: https://odia.ig.com.br

Equipe teve câmeras e material gravado confiscado após Maduro se irritar ao ser questionado sobre a falta de democracia na Venezuela e ver vídeo de homens comendo lixo em Caracas. Ao registrar movimentação no hotel, outro jornalista foi levado por homens armados e passou sete horas incomunicável.

Os seis jornalistas da emissora Univision Noticias que ficaram detidos no Palácio Miraflores, sede do governo venezuelano, foram deportados para os Estados Unidos nesta terça-feira (26). Outro jornalista, desta vez da Telemundo Noticias, que registrava a movimentação no hotel onde os colegas estavam, também foi detido e passou sete horas incomunicável.

O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP) da Venezuela informou que a equipe de TV foi escoltada até o aeroporto pelo Serviço de Inteligência venezuelano, que os vigiou durante toda a noite no hotel em que estavam hospedados, depois de saírem do palácio presidencial de Miraflores.

Um integrante da equipe publicou vídeo do momento em que iam para o avião.

No vídeo, o jornalista Jorge Ramos denuncia que tiveram suas câmeras e o material que tinham gravado "roubado" pelas autoridades chavistas.

A ordem para que eles ficassem retidos no Palácio Miraflores e o material da equipe fosse apreendido partiu do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de acordo com a emissora, a maior rede de televisão hispânica dos Estados Unidos. O chefe de Estado se irritou com as perguntas e um vídeo mostrado pela equipe.

Ramos, um âncora veterano nascido no México, disse em entrevista à emissora que perguntou a Maduro sobre a falta de democracia na Venezuela, a tortura de presos políticos e a crise humanitária do país.

Depois de ver um vídeo de jovens venezuelanos comendo restos de alimentos retirados de um caminhão de lixo, Maduro interrompeu a gravação, mandou confiscar o equipamento e deter os profissionais.

Detenções curtas e deportações se tornaram comuns na Venezuela, especialmente quando repórteres que enfrentam atrasos para conseguir permissões oficiais para trabalhar no país buscam atalhos para exercer a atividade jornalística.

Ao menos sete jornalistas estrangeiros foram presos no país em janeiro depois que o líder da oposição Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino, impondo a Maduro o seu maior desafio político desde que sucedeu a Hugo Chávez no poder.

Em 2015, Ramos foi expulso durante uma entrevista coletiva com Donald Trump, então pré-candidato à presidência dos EUA.

Ramos, que já tinha entrado em choque com Trump sobre temas como imigração e deportação, se levantou para fazer uma pergunta e foi ignorado pelo magnata, que cedeu a palavra a outro jornalista. Ele insistiu e Trump se irritou: "desculpe-me, mas o senhor não foi chamado, sente-se".

"Tenho o direito de fazer uma pergunta", retrucou Ramos, ao que Trump respondeu: "volte para a Univisión". Ramos foi então retirado da sala pelos seguranças.

Outro jornalista

Na manhã desta terça-feira, o jornalista Daniel Garrido, da Telemundo Noticias, foi capturado ao fotografar viaturas do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência da Venezuela) na porta do hotel onde estavam hospedados os jornalistas da Univision, deportados para os EUA.

Segundo um comunicado da Telemundo, o caso está sendo tratado como sequestro, porque o jornalista foi levado por um grupo de homens armados que não se identificaram, o forçaram a entrar em um veículo, colocaram um capuz em sua cabeça e o retiraram do local. Ele então foi interrogado durante seis horas e liberado sem qualquer explicação, e sem ter seu equipamento devolvido.

Garrido chegou a ser dado como desaparecido depois de ficar sete horas sem dar notícias, e o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa divulgou um pedido de notícias de seu paradeiro no Twitter.

O jornalista Luis Fernandez, também da Telemundo, informou depois que Garrido havia entrado em contato por email, avisando que foi liberado, mas que seu material tinha sido confiscado, incluindo seus telefones. Fonte: https://g1.globo.com

Homens tentam atacar ovos em Jean Wyllys durante palestra em Portugal: "Nunca tive medo dos covardes”

Dupla foi retirada por seguranças imediatamente após o ataque

Seguranças da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) retiraram dois homens que tentaram atacar Jean Wyllys com ovos na tarde desta terça-feira (26) em Portugal, onde o ex-deputado estava para uma palestra.

De acordo com a revista portuguesa “Sábado”, um dos homens que estava no auditório da instituição saiu de seu assento, desceu alguns degraus e atirou um ovo em direção ao ex-deputado, mas não o atingiu. Ele foi retirado por seguranças do local assim como outro que tentou fazer a mesma coisa na sequência.

Convidados que assistiam à palestra passaram a gritar “tira, tira” para que os seguranças retirassem os homens. Segundo o jornal "Correio da Manhã", ambos os manifestantes pertenciam ao partido de extrema-direita PNR.

"Não peçam para tirar. Nunca tive medo dos covardes", afirmou Jean Wyllys após o ataque. "Qualquer fascista covarde, que se queira manifestar, em vez de atirar ovos ou tiros, por favor, vamos aos argumentos. Levantem-se, manifestem-se, falemos”. Segundo ele, as pessoas que tentaram atirar ovos "são compostas por esse ódio que não permite a diversidade".

A conferência em Coimbra na qual aconteceu o ataque tem como tema "Discursos de ódio e fake news da extrema direita e seus impactos nos modos de vida de minorias sexuais, étnicas e religiosas - o caso do Brasil".

Jean Wyllys anunciou no início do ano que havia deixado o Brasil e desistido de seu mandato como deputado federal após Brasil após receber ameaças de morte. "Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que o façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração", escreveu ele no Twitter. Fonte: https://revistamarieclaire.globo.com