Fisichella nos 25 anos da Veritatis Splendor: quem critica o Papa não é fiel à tradição católica
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Passaram-se 25 anos desde a publicação da Carta Encíclica de São João Paulo II "Veritatis Splendor", dirigida a todos os bispos da Igreja Católica. Na entrevista ao Vatican News, Dom Rino Fisichella afirma que aqueles que criticam o Papa Francisco, fazendo referência também a este documento, entre outras coisas, não são fiéis à tradição da Igreja.
Amedeo Lomonaco - Cidade do Vaticano
A Carta Encíclica Veritatis Splendor reflete sobre questões fundamentais do ensinamento moral da Igreja e expõe "as razões de um ensinamento moral alicerçado na Sagrada Escritura e na viva Tradição Apostólica". "É preciso – lê-se no documento - que o homem de hoje se volte novamente para Cristo, para ter dele a resposta sobre o que é bom e o que é mal."
Nesta entrevista ao Vatican News, o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, o arcebispo Rino Fisichella recorda os aspectos mais relevantes deste Encíclica e salienta que não há nenhum "pretexto para contestar o Magistério do Papa Francisco à luz do magistério precedente".
Veritatis Splendor, a Encíclica de João Paulo II, em um transformado contexto cultural muito determinado por um secularismo e, por consequência, também por um forte relativismo filosófico, apresenta - como indica também o título de uma obra de von Balthasar "Pontos fixos" - os pontos fundamentais que permanecem como referências à doutrina cristã.
A propósito de pontos fixos, o que entende o Papa João Paulo II quando fala de verdades imutáveis, de normas morais universais?
Antes de tudo, quando falamos da verdade, devemos sempre ter dela um conceito dinâmico. A verdade não é uma dimensão fixista. A verdade, para os cristãos, é antes de tudo aquela Palavra viva que o Senhor nos deixou. Não esqueçamos Jesus que diz: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". Portanto, a dimensão da verdade se abre para um encontro pessoal: é a verdade do Evangelho, é a verdade representada pela pessoa de Jesus Cristo. Tudo aquilo que é o conteúdo que Jesus quis transmitir aos seus discípulos e que dos apóstolos chega até nós, é uma verdade que se abre mais e mais para a descoberta do mistério que foi revelado. Existem alguns pontos fundamentais que permanecem como marcos no ensino dogmático e moral da Igreja. Esses são elementos que permanecem na sua imutabilidade. Obviamente, tudo isso depois requer dos teólogos - como também a Encíclica Vertiatis Splendor - um grande trabalho de interpretação. A norma imutável é baseada na verdade do Evangelho. Aquele princípio de instância que está inserido, permanece em sua validade, em seu critério de juízo que continuamente, porém, deve ser aberto pela descoberta da verdade da Palavra de Deus.
Ou seja, estamos diante de um dinamismo de verdades permanentes, firmemente ligadas à Tradição. Então há uma continuidade que se renova sempre ...
Absolutamente. A Igreja Católica não pode aceitar, na minha opinião, uma ideia de verdade fechada em si mesma. A verdade, por sua própria natureza, refere-se à fidelidade e também à liberdade: "A verdade vos libertará". Uma verdade que se abre sempre mais é uma verdade que faz descobrir também a cada crente, a cada homem, uma liberdade mais profunda. Isso, porém, também requer uma fidelidade. O elo entre a fidelidade e a verdade é um elo típico da concepção bíblica da verdade.
Essa leitura da verdade requer, portanto, fidelidade. Alguns setores da Igreja criticam o Papa Francisco porque, na opinião deles, ele se distancia da doutrina católica e referem-se, em particular, justamente à Veritatis Splendor. O que responder?
O magistério nunca deve ser usado instrumentalmente para se colocar um contraste no desenvolvimento da doutrina. Quando há um uso instrumental, temo então que não exista o desejo de uma descoberta da verdade e que também não exista uma fidelidade à tradição da Igreja. Penso que não exista nenhum ponto de apoio para poder contestar o magistério do Papa Francisco à luz do magistério precedente. É preciso reiterar, pelo contrário, quanta continuidade há no desenvolvimento. Penso, no entanto, que também é importante ler atentamente todo o magistério do Papa Francisco e não somente algum pronunciamento: o mosaico é dado pelo conjunto das peças, não por uma única peça.
O Magistério do Papa Francisco é portanto um mosaico que não pode ser lido apenas com um olhar sobre uma peça isolada. Qual é então o rosto geral deste ensinamento, este ensinamento assim elevado por parte do Papa Francisco?
O de uma grande abertura na obra de evangelização. O de não antecipar a norma ao anúncio. Parece-me que os grandes elementos necessariamente são estes: o encontro com a pessoa de Jesus, o anúncio constante que a Igreja deve fazer, que os pastores são chamados a fazer para chegar a todos. Esta é a ideia da Igreja em saída, e portanto, também a capacidade - como diz a Evangelii Gaudium - de acompanhar-se com o nosso contemporâneo, caminhando ao lado dele para compreendê-lo, para entender realmente aquelas que são as instâncias, e às vezes também, talvez, dar um passo atrás. Portanto, emerge esta dimensão unida à necessidade de misericórdia. O Jubileu da Misericórdia foi um sinal concreto de como o Papa Francisco identifica e direciona seu Pontificado. Fonte: www.vaticannews.va
Papa: não reduzir a religião somente à prática da Lei
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"É uma tentação comum, esta, de reduzir a religião à prática das leis, projetando em nosso relacionamento com Deus a imagem da relação entre os servos e seus patrões: os servos devem executar as tarefas que o patrão designou, para ter a sua benevolência", disse o Papa em sua alocução.
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Resistir à tentação de “reduzir a religião somente à prática das leis, projetando em nossa relação com Deus a imagem da relação entre os servos e seus patrões”.
No Angelus deste XVIII Domingo do Tempo Comum, falando aos milhares de fiéis e turistas presentes na Praça São Pedro a uma temperatura de 30º C, o Papa exortou a “cultivar nossa relação” com Jesus, “fortalecer nossa fé n’Ele, que é o "pão da vida".
Inspirado no Evangelho de João proposto pela liturgia deste domingo, o Papa recorda que “a Jesus não basta que as pessoas o procurem, ele quer que as pessoas o conheçam; quer que a busca por Ele e o encontro com Ele ultrapasse a satisfação imediata das necessidades materiais”:
“Jesus veio para nos trazer algo mais, a abrir a nossa existência a um horizonte mais amplo em relação às preocupações cotidianas do alimentar-se, vestir-se, da carreira e assim por diante. Por isso, voltando-se a multidão, exclama: «Me buscais não porque vistes sinais, mas porque comestes daqueles pães e vos saciastes»”.
Desta forma, “estimula as pessoas a darem um passo em frente, a interrogarem-se sobre o significado do milagre e não apenas para tirar proveito dele”. O milagre da multiplicação dos pães e dos peixes – explicou Francisco – “é sinal do grande dom que o Pai deu à humanidade, que é o próprio Jesus!”:
“Ele, verdadeiro "pão da vida", quer saciar não apenas os corpos, mas também as almas, dando o alimento espiritual que pode satisfazer a fome mais profunda. Por isso convida a multidão a procurar não a comida que não dura, mas aquela que permanece para a vida eterna. Trata-se de um alimento que Jesus nos dá todos os dias: sua Palavra, seu Corpo, seu Sangue”.
Também nós – como a multidão na época – ouvimos o convite de Jesus, mas não entendemos seu significado. As pessoas pensam que Jesus pede a elas “para observarem os preceitos para obter outros milagres, como a multiplicação dos pães”:
“É uma tentação comum, esta, de reduzir a religião somente à prática das leis, projetando em nossa relação com Deus a imagem da relação entre os servos e seus patrões: os servos devem executar as tarefas que o patrão determinou, para ter a sua benevolência. Isto o sabemos todos”.
À multidão que quer saber de Jesus que ações deve fazer para agradar a Deus, Jesus dá uma resposta inesperada: "A obra de Deus é que vocês acreditem naquele que ele enviou":
“Essas palavras são dirigidas também a nós hoje: a obra de Deus não consiste tanto no "fazer" coisas, mas em "crer" n’Aquele que Ele enviou. Isto significa que a fé em Jesus nos permite realizar as obras de Deus. Se nos deixarmos envolver nesta relação de amor e confiança com Jesus, poderemos fazer boas obras que perfumam de Evangelho, pelo bem e às necessidades dos irmãos”.
E se é importante preocupar-nos com o pão – disse o Papa – mais importante ainda “é cultivar nossa relação com Ele, fortalecer nossa fé n’Ele, que é o "pão da vida", vindo para saciar a nossa fome de verdade, a nossa fome de justiça, a nossa fome de amor”.
“Que a Virgem Maria – disse ao concluir - no dia em que recordamos a dedicação da Basílica de Santa Maria Maior – a Salus populi romani - em Roma, nos sustente em nosso caminho de fé e nos ajude a nos abandonarmos com alegria ao plano de Deus para nossas vidas". Fonte: www.vaticannews.va
Papa Francisco muda o parágrafo do Catecismo sobre a pena de morte
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O novo Rescrito do Papa, ou seja, a decisão papal sobre a questão da pena de morte, foi publicado na manhã desta quinta-feira, no Vaticano.
Cidade do Vaticano
O Santo Padre recebeu em audiência, no dia 11 de maio p.p., no Vaticano, o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Luís Ladaria, durante a qual aprovou a nova redação do Catecismo da Igreja Católica (n. 2267), sobre a “pena de morte”.
O novo Rescrito do Papa, ou seja, a decisão papal sobre a questão da pena de morte, foi publicado na manhã desta quinta-feira, no Vaticano:
“Durante muito tempo, o recurso à pena de morte, por parte da legítima autoridade, era considerada, depois de um processo regular, como uma resposta adequada à gravidade de alguns delitos e um meio aceitável, ainda que extremo, para a tutela do bem comum”.
No entanto, hoje, torna-se cada vez mais viva a consciência de que a dignidade da pessoa não fica privada, apesar de cometer crimes gravíssimos. Além do mais, difunde-se uma nova compreensão do sentido das sanções penais por parte do Estado. Enfim, foram desenvolvidos sistemas de detenção mais eficazes, que garantem a indispensável defesa dos cidadãos, sem tirar, ao mesmo tempo e definitivamente, a possibilidade do réu de se redimir.
Por isso, a Igreja ensina, no Novo Catecismo, à luz do Evangelho, que “a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa, e se compromete, com determinação, em prol da sua abolição no mundo inteiro”. Fonte: www.vaticannews.va
Papa: livre-se de todos os ídolos, jogue-os pela janela
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"Reconhecer as próprias idolatrias é um início da graça e coloca no caminho do amor. De fato, o amor é incompatível com a idolatria: se algo se torna absoluto e intocável, então é mais importante do que um cônjuge, de um filho, ou de uma amizade. O apego a um objeto ou a uma ideia nos deixa cegos para o amor. Levem isso no coração, os ídolos nos roubam o amor. Os ídolos nos tornam cegos ao amor. E para amar verdadeiramente, é preciso ser livres de todos os ídolos.
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano (01/09/2018)
Um ídolo é uma “visão” que tende a tornar-se uma obsessão, exige culto e rituais, e por fim, escraviza. Ao retomar a tradicional Audiência Geral das quartas-feiras, o Papa Francisco dedicou sua catequese à idolatria, explicando toda a sua dinâmica, e convidando-nos a tirar os ídolos de nossa vida e a jogá-los pela janela.
Entre os 7 mil participantes do tradicional encontro, realizado na Sala Paulo VI devido ao forte calor, havia grupos das Equipes de Nossa Senhora de Mogi das Cruzes e São José do Rio Preto, e peregrinos de Taubaté e de outras localidades do Brasil.
Idolatria, um tema atual
"Não terás outros deuses diante de mim". A passagem do Livro do Êxodo foi o ponto de partida para a catequese de Francisco sobre a idolatria, um tema sobre o qual “se deve insistir”, pois “é de grande importância e atualidade”.
A ordem – explicou o Papa - proíbe fazer ídolos ou imagens de qualquer tipo de realidade. “Tudo, de fato, pode ser usado como um ídolo”, ressaltou. “Estamos falando de uma tendência humana que não poupa crentes, nem ateus”.
Neste sentido, nós cristãos poderíamos nos perguntar então: “Quem é realmente o meu Deus? É o Amor Uno e Trino ou é minha imagem, meu sucesso pessoal, talvez dentro da Igreja?”, questiona Francisco, fazendo menção ao Catecismo, onde diz que “a idolatria não diz respeito somente aos falsos cultos do paganismo. Ela é uma tentação constante da fé. Consiste em divinizar o que não é Deus" (n. 2113).
Um "deus" no plano existencial, “é o que está no centro da própria vida e do qual depende o que se faz e se pensa”:
“Pode-se crescer em uma família nominalmente cristã, mas centrada, na realidade, em pontos de referência estranhos ao Evangelho. O ser humano não vive sem centrar-se em alguma coisa. Então eis que o mundo oferece o "supermercado" dos ídolos, que podem ser objetos, imagens, ideias, papeis”.
“Nós devemos rezar a Deus, nosso Pai”, disse então Francisco, ao chamar a atenção para a “oração que se faz aos ídolos”. Para tal, recordou que quando atravessava um parque deslocando-se de uma paróquia à outra, viu mais de 50 mesas com duas pessoas sentadas uma diante da outra, jogando o tarot: “Iam ali rezar ao ídolo. Ao invés de rezar a Deus que é providência do futuro, iam ali botar as cartas para ver o futuro. Esta é uma idolatria de nossos tempos”:
“Eu pergunto a vocês. Quantos de vocês foram ler as cartas para ver o futuro? Quantos de vocês, por exemplo, foram ler as mãos para ver o futuro, ao invés de rezar ao Senhor. Esta é a diferença. O Senhor é vivo, os outros são ídolos, idolatrias que não servem”.
A dinâmica da idolatria
O Papa então passa a explicar como se desenvolve uma idolatria.
“ A palavra "ídolo" em grego deriva do verbo "ver". Um ídolo é uma "visão" que tende a se tornar uma fixação, uma obsessão ”. O ídolo – observa o Pontífice - é uma projeção de si mesmo em objetos ou projetos:
“Desta dinâmica se serve, por exemplo, a publicidade: eu não vejo o objeto em si, mas percebo o carro, o smartphone, aquele papel - ou outras coisas - como um meio para realizar-me e responder às minhas necessidades essenciais. E eu procuro por ele, falo dele, penso nele; a ideia de possuir esse objeto ou de realizar esse projeto, alcançando aquela posição, parece um caminho maravilhoso para a felicidade, uma torre para alcançar o céu, e tudo se torna funcional para esse objetivo”.
Não te prostrarás diante deles
Os ídolos exigem um culto, rituais, disse o Papa, ao explicar a segunda fase da idolatria. “Para eles nos prostramos e sacrificamos tudo. Nos tempos antigos, sacrifícios humanos eram feitos para os ídolos, mas também hoje”:
“Pela carreira – fale com um carreirista - se sacrificam seus filhos, negligenciando-os ou simplesmente não os gerando; a beleza exige sacrifícios humanos. Quantas horas diante do espelho, alguém, alguma mulher gasta para maquiar-se. Esta também é uma idolatria. Mas não é mal maquiar-se. Mas normalmente, não para tornar-se uma deusa. A beleza pede sacrifícios humanos. A fama exige a imolação de si mesmos, da própria inocência e da autenticidade. Os ídolos pedem sangue. O dinheiro rouba a vida e o prazer leva à solidão. As estruturas econômicas sacrificam vidas humanas por lucros maiores”.
E o Papa pensa nas tantas pessoas sem trabalho, muitas vezes porque o empreendedor de uma empresa decidiu despedir as pessoas para ganhar mais dinheiro, “o ídolo do dinheiro”:
“Vive-se na hipocrisia, fazendo e dizendo o que os outros esperam, porque o deus da própria afirmação impõe isso. E vidas são arruinadas, famílias são destruídas e jovens são abandonados nas mãos de modelos destrutivos, apenas para aumentar o lucro. Também a droga é um ídolo. Quantos jovens arruínam a sua saúde, até mesmo a vida, adorando este ídolo da droga”.
Terceiro estágio: não os servirá
O terceiro estágio é o “mais trágico” – afirma o Santo Padre - pois “os ídolos escravizam. Eles prometem felicidade, mas não a dão; e nos encontramos vivendo para aquela coisa ou para aquela visão, presos em um vórtice autodestrutivo, esperando por um resultado que não chega nunca”:
“Os ídolos prometem vida, mas na realidade eles a tiram. O Deus verdadeiro não tira vida, mas a dá. O Deus verdadeiro não oferece uma projeção do nosso sucesso, mas ensina a amar. O Deus verdadeiro não pede filhos, mas dá seu Filho por nós. Os ídolos projetam hipóteses futuras e fazem desprezar o presente; o Deus verdadeiro ensina a viver na realidade de cada dia, concreto, não com ilusões sobre o futuro. A concretude do Deus verdadeiro contra a liquidez dos ídolos”.
E o Santo Padre pergunta: “Eu convido vocês a pensar hoje: quantos ídolos eu tenho ou qual é o meu ídolo preferido? Pois reconhecer as próprias idolatrias é reconhecer a graça. De fato, o amor é incompatível com a idolatria: se algo se torna absoluto e intocável, então é mais importante do que um cônjuge, de um filho, ou de uma amizade. O apego a um objeto ou a uma ideia nos deixa cegos para o amor”.
“Levem isso no coração – foi sua exortação final - os ídolos nos roubam o amor. Os ídolos nos tornam cegos ao amor. E para amar verdadeiramente, é preciso ser livres de todos os ídolos. Qual é o meu ídolo. Tire-o e jogue-o pela janela”. Fonte: www.vaticannews.va
17º DOMINGO DO TEMPO COMUM: “Nunca colocar fora a comida que sobra, reutilizar ou doar a quem precisa”.
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A passagem do Evangelho da multiplicação dos pães e dos peixes proposta pela liturgia deste domingo, inspirou a reflexão do Papa Francisco, que alertou para o desperdício e o colocar comida fora quando tantos passam fome.
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
“O ícone do jovem corajoso que dá o pouco que tem para saciar a fome de uma grande multidão” e a frase que é “um questionamento, um exame de consciência: o que se faz em casa com a comida que sobra?”.
Antes de rezar o Angelus com os milhares de fiéis e turistas reunidos na Praça São Pedro, o Papa Francisco já havia alertado que “diante do grito de fome - todos os tipos de "fome" - de tantos irmãos e irmãs em todas as partes do mundo, não podemos permanecer como espectadores distantes e tranquilos”. E falando de improviso, chamou a atenção para o desperdício e para o destino da comida que sobra em nossas refeições.
A inspirar sua reflexão, a passagem do Evangelho da multiplicação dos pães e dos peixes, que alimentaria à saciedade a multidão que seguia Jesus nas proximidades do lago de Tiberíades. E dela, o Papa destaca a atitude corajosa do rapaz que, vendo a multidão faminta, “coloca à disposição tudo o que tem: cinco pães e dois peixes:
“Bravo rapaz! Ele, também ele, via a multidão; também via os cinco pães. Disse: "Mas eu tenho isto, se serve está à disposição". Este rapaz nos faz pensar um pouco em nós... Aquela coragem: os jovens são assim, têm coragem. Devemos ajudá-los a levar em frente esta coragem”.
Seguindo a reflexão, Francisco aponta mais uma vez para a coragem e a sensibilidade do rapaz, que a exemplo de Jesus, viu a grande multidão e entendeu a compaixão, dizendo: "Ah, pobre gente.... Eu tenho isto". A compaixão o levou a oferecer o que tinha.”
Jesus atento às necessidades básicas das pessoas
A narrativa de João mostra Jesus atento às necessidades primárias das pessoas: “as pessoas têm fome e Jesus envolve seus discípulos, para que essa fome seja saciada. Este é o fato concreto”:
“Para as multidões, Jesus não se limitou a dar isto - ofereceu a sua Palavra, a sua consolação, a sua salvação e finalmente a sua vida - mas certamente fez também isso: cuidou da comida para o corpo. E nós, seus discípulos, não podemos fazer de conta não saber nada. Somente ouvindo as demandas mais simples das pessoas e colocando-se ao lado de suas situações existenciais concretas, se poderá ser escutados quando se fala de valores mais elevados”.
“O amor de Deus pela humanidade faminta de pão, de liberdade, de justiça, de paz e, acima de tudo da sua graça divina, nunca falha”, reiterou o Santo Padre, recordando que Jesus continua também hoje a satisfazer a fome, a tornar-se uma presença viva e consoladora”, através de nós.
O Evangelho nos convida a sermos disponíveis e atuantes, como aquele rapaz que se dá conta de ter cinco pães e diz: 'Mas, eu dou isto, depois tu verás’".
“Diante do grito de fome - todos os tipos de "fome" - de tantos irmãos e irmãs em todas as partes do mundo não podemos permanecer como espectadores distantes e tranquilos”.
A ação de proximidade e de caridade para com os pobres, os fracos, os últimos, os indefesos, é a melhor forma de comprovar a qualidade de nossa fé, tanto a nível pessoal como a nível comunitário, pois “o anúncio de Cristo, pão da vida eterna, requer um generoso compromisso de solidariedade” para com eles.
O destino da comida que sobra
Outra passagem da narrativa de João destacada por Francisco, foi a frase de Jesus aos discípulos, após a multidão ter sido saciada: "Recolham os pedaços que sobraram, para que nada seja perdido". O Papa propôs esta mesma frase aos presentes na Praça São Pedro, chamando a atenção para o desperdício de comida, quando tantos passam fome:
“Penso nas pessoas que têm fome e em quanta comida que sobra que botamos fora... Cada um de nós pense: a comida que sobra no almoço, na janta, para onde vai? Na minha casa, o que se faz com a comida que sobra? Se joga fora? Não. Se você tem este costume, dou a você um conselho: fale com seus avós, que viveram no pós-guerra, e pergunte a eles o que faziam com a comida que sobrava. Nunca jogar fora a comida que sobra. Se reutiliza ou se dá a quem possa comê-la, a quem tem necessidade. Nunca colocar fora a comida que sobra. Este é um conselho e também um exame de consciência: o que se faz em casa com a comida que sobra?”.
“Rezemos a Virgem Maria - disse ao concluir - para que no mundo prevaleçam os programas dedicados ao desenvolvimento, à alimentação, à solidariedade e não àqueles do ódio, dos armamentos e da guerra”.
Após rezar o Angelus, o Papa Francisco saudou os grupos presentes na Praça São Pedro, em particular, os fiéis brasileiros vindos do Rio de Janeiro, Nova Friburgo, Viseu, Quixadá e Fortaleza. Fonte: www.vaticannews.va
*FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO: Homilia do Papa Francisco.
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Praça São Pedro
Sexta-feira, 29 de junho de 2018
As leituras proclamadas permitem-nos entrar em contacto com a Tradição Apostólica, que «não é transmissão de coisas ou de palavras, uma coleção de coisas mortas. A Tradição é o rio vivo que nos liga às origens, o rio vivo no qual as origens sempre estão presentes» (Bento XVI, Catequese, 26 de abril de 2006) e oferecem-nos as chaves do Reino dos Céus (cf. Mt 16, 19). Tradição perene e sempre nova, que acende e revigora a alegria do Evangelho, consentindo-nos assim de confessar com os nossos lábios e o nosso coração: «“Jesus Cristo é o Senhor”, para glória de Deus Pai» (Flp 2, 11).
O Evangelho inteiro quer responder à pergunta que se abrigava no coração do Povo de Israel e que, mesmo hoje, não cessa de habitar em tantos rostos sedentos de vida: «És Tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?» (Mt 11, 3). Pergunta que Jesus retoma e coloca aos seus discípulos: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» (Mt 16, 15).
Pedro, tomando a palavra, atribui a Jesus o título maior com que O podia designar: «Tu és o Messias» (Mt 16, 16), isto é, o Ungido, o Consagrado de Deus. Apraz-me saber que foi o Pai a inspirar esta resposta a Pedro, que via como Jesus «ungia» o seu povo. Jesus, o Ungido que caminha, de aldeia em aldeia, com o único desejo de salvar e levantar quem era tido por perdido: «unge» o morto (cf. Mc 5, 41-42; Lc 7, 14-15), unge o doente (cf. Mc 6, 13; Tg 5, 14), unge as feridas (cf. Lc 10, 34), unge o penitente (cf. Mt 6, 17). Unge a esperança (cf. Lc 7, 38.46; Jo 11, 2; 12, 3). Numa tal unção, cada pecador, cada vencido, doente, pagão – no ponto onde se encontrava – pôde sentir-se membro amado da família de Deus. Com os seus gestos, Jesus dizia-lhe de maneira pessoal: tu pertences-Me. Como Pedro, também nós podemos confessar com os nossos lábios e o nosso coração não só aquilo que ouvimos, mas também a experiência concreta da nossa vida: fomos ressuscitados, acudidos, renovados, cumulados de esperança pela unção do Santo. Todo o jugo de escravidão é destruído graças à sua unção (cf. Is 10, 27). A nós não é lícito perder a alegria e a memória de nos sabermos resgatados, aquela alegria que nos leva a confessar: «Tu és (…) o Filho de Deus vivo» (Mt 16, 16).
Entretanto é interessante notar o seguimento desta passagem do Evangelho onde Pedro confessa a fé: «A partir desse momento, Jesus Cristo começou a fazer ver aos seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer muito, da parte dos anciãos, dos sumos-sacerdotes e dos doutores da Lei, ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar» (Mt 16, 21). O Ungido de Deus leva o amor e a misericórdia do Pai até às extremas consequências. Este amor misericordioso exige ir a todos os cantos da vida para alcançar a todos, ainda que isso custe o «bom nome», as comodidades, a posição... o martírio.
Perante anúncio tão inesperado, Pedro reage: «Deus Te livre, Senhor! Isso nunca Te há de acontecer» (Mt 16, 22) e transforma-se imediatamente em pedra de tropeço no caminho do Messias; e, pensando defender os direitos de Deus, sem se dar conta transforma-se em seu inimigo (Jesus chama-o «Satanás»). Contemplar a vida de Pedro e a sua confissão significa também aprender a conhecer as tentações que hão de acompanhar a vida do discípulo. À semelhança de Pedro, como Igreja, seremos sempre tentados por aqueles «sussurros» do maligno que serão pedra de tropeço para a missão. Digo «sussurros» porque o demônio seduz veladamente, fazendo com que não se reconheça a sua intenção, «comporta-se como um ser falso, que quer ficar escondido e não ser descoberto» (Santo Inácio de Loyola, Exercícios Espirituais, n. 326).
Pelo contrário, participar na unção de Cristo é participar na sua glória, que é a própria Cruz: Pai, glorifica o teu Filho... «Pai, manifesta a tua glória!» (Jo 12, 28). Glória e cruz, em Jesus Cristo, caminham juntas e não se podem separar; porque, quando se abandona a cruz, ainda que entremos no deslumbrante esplendor da glória, enganar-nos-emos porque aquela não será a glória de Deus, mas a pantomina do adversário.
Várias vezes sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor. Jesus toca a miséria humana, convidando-nos a estar com Ele e a tocar a carne sofredora dos outros. Confessar a fé com os nossos lábios e o nosso coração exige – como o exigiu a Pedro – identificar os «sussurros» do maligno; aprender a discernir e descobrir as «coberturas» pessoais e comunitárias que nos mantêm à distância do drama humano real, impedindo-nos de entrar em contacto com a existência concreta dos outros e, em última análise, de conhecer a força revolucionária da ternura de Deus (cf. Evangelii gaudium, 270).
Jesus, não separando da cruz a glória, quer resgatar os seus discípulos, a sua Igreja, de triunfalismos vazios: vazios de amor, vazios de serviço, vazios de compaixão, vazios de povo. Quer resgatá-la duma imaginação sem limites que não sabe criar raízes na vida do Povo fiel ou, pior ainda, crê que o serviço ao Senhor lhe pede para se livrar das estradas poeirentas da história. Contemplar e seguir a Cristo exige deixar que o coração se abra ao Pai e a todos aqueles com quem Ele próprio Se quis identificar (cf. João Paulo II, Novo millennio ineunte, 49), e isto na certeza de saber que não abandona o seu povo.
Queridos irmãos, continua a habitar em milhões de rostos a pergunta: «És Tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?» (Mt 11, 3). Confessemos com os nossos lábios e com o nosso coração: Jesus Cristo é o Senhor (cf. Flp 2, 11). Este é o nosso cantus firmus que somos convidados a entoar todos os dias. Com a simplicidade, a certeza e a alegria de saber que «a Igreja não brilha de luz própria, mas da de Cristo; extrai de tal modo o seu esplendor do Sol de justiça, que pode dizer: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 20)» (Santo Ambrósio, Hexaemeron, IV, 8, 32).
*SANTA MISSA E BÊNÇÃO DOS PÁLIOS PARA OS NOVOS ARCEBISPOS METROPOLITANOS
Fonte: http://w2.vatican.va
Papa aos novos cardeais: colocar-se aos pés dos outros para servir
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No Consistório Ordinário Público para a criação de 14 novos cardeais, o Papa exortou a não cair nos ciúmes, invejas e intrigas, mas a voltar o olhar, os recursos, as expectativas e o coração para o que conta: a missão para com os irmãos.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco presidiu, na tarde desta quinta-feira (28/06/2018), na Basílica de São Pedro, no Vaticano, o Consistório Ordinário Público para a criação de catorze novos cardeais. O Pontífice iniciou a sua homilia, com a seguinte passagem do Evangelho de Marcos: “Estavam a caminho, subindo para Jerusalém. Jesus ia na frente deles.”
“O início desta passagem paradigmática de Marcos sempre nos ajuda a ver como o Senhor cuida do seu povo com uma pedagogia incomparável. No caminho para Jerusalém, Jesus não Se esquece de preceder os seus.”
Francisco frisou que “Jerusalém representa a hora das grandes resoluções e decisões. Todos sabemos que, na vida, os momentos importantes e cruciais deixam falar o coração e manifestam as intenções e as tensões que vivem em nós”.
“Tais encruzilhadas da existência nos interpelam e fazem surgir questões e desejos nem sempre transparentes do coração humano; é o que nos mostra, com grande simplicidade e realismo, o texto do Evangelho que acabamos de ouvir.”
Não aos ciúmes, invejas e intrigas
“Em contraponto ao terceiro e mais duro anúncio da Paixão, o Evangelista não teme desvendar alguns segredos do coração dos discípulos: busca dos primeiros lugares, ciúmes, invejas, intrigas, ajustes e acordos; esta lógica não só desgasta e corrói a partir de dentro as relações entre eles, mas os fecha e envolve em discussões inúteis e de pouca importância.”
“Entretanto Jesus não Se detém nisso, mas continua adiante, os precede e diz-lhes vigorosamente: ‘Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo’. Com este comportamento, o Senhor procura centrar de novo o olhar e o coração de seus discípulos, não permitindo que discussões estéreis e autor referenciais tenham espaço na comunidade.
Que adianta ganhar o mundo inteiro, se se fica corroído por dentro? Que adianta ganhar o mundo inteiro, se todos vivem prisioneiros de asfixiantes intrigas que secam e tornam estéril o coração e a missão? Nesta situação – como alguém observou –, poder-se-iam já vislumbrar as intrigas de palácio, mesmo nas cúrias eclesiásticas”, disse ainda o Papa.
A missão
“Não deve ser assim entre vós”: é a resposta do Senhor, que constitui primeiramente um convite e uma aposta para recuperar o que há de melhor nos discípulos e, assim, não se deixarem arruinar e se prender por lógicas mundanas que afastam o olhar daquilo que é importante. ‘Não deve ser assim entre vós’: é a voz do Senhor que salva a comunidade de se fixar demasiado em si mesma, em vez de dirigir o olhar, os recursos, as expectativas e o coração para o que conta, a missão.”
“Deste modo, Jesus nos ensina que a conversão, a transformação do coração e a reforma da Igreja são feitas, e sempre devem ser, em chave missionária, pois pressupõem que se deixe de olhar e cuidar dos interesses próprios para olhar e cuidar dos interesses do Pai.”
“A conversão dos nossos pecados, dos nossos egoísmos não é nem será jamais um fim em si mesma, mas visa principalmente crescer em fidelidade e disponibilidade para abraçar a missão; e isto de tal maneira que na hora da verdade, especialmente nos momentos difíceis dos nossos irmãos, estejamos claramente dispostos e disponíveis para acompanhar e acolher a todos e cada um e não nos transformemos em ótimos repelentes por termos vistas curtas ou, pior ainda, por estarmos pensando e discutindo entre nós quem será o mais importante”, disse ainda o Papa. “ Quando nos esquecemos da missão, quando perdemos de vista o rosto concreto dos irmãos, a nossa vida fecha-se na busca dos próprios interesses e seguranças. ”
E, assim, começam a crescer o ressentimento, a tristeza e a aversão. Pouco a pouco diminui o espaço para os outros, para a comunidade eclesial, para os pobres, para escutar a voz do Senhor. Deste modo perde-se a alegria, e o coração acaba na aridez.”
“'Não deve ser assim entre vós – diz o Senhor – (…) e quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos'. É a bem-aventurança e o magnificat que somos chamados a entoar todos os dias. É o convite que o Senhor nos faz, para não esquecermos que a autoridade na Igreja cresce com esta capacidade de promover a dignidade do outro, ungir o outro, para curar as suas feridas e a sua esperança tantas vezes ofendida.
É lembrar que estamos aqui porque fomos enviados para ‘anunciar a Boa-Nova aos pobres, proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; para mandar em liberdade os oprimidos, para proclamar um ano favorável da parte do Senhor’.”
Colocar-se aos pés dos outros para servir a Cristo
Amados irmãos cardeais e novos cardeais! Estando nós na estrada para Jerusalém, o Senhor caminha à nossa frente para nos lembrar mais uma vez que a única autoridade crível é a que nasce do se colocar aos pés dos outros para servir a Cristo. É a que deriva de não esquecer que Jesus, antes de inclinar a cabeça na cruz, não teve medo de Se inclinar diante dos discípulos e lavar os seus pés.
Esta é a mais alta condecoração que podemos obter, a maior promoção que nos pode ser dada: servir Cristo no povo fiel de Deus, no faminto, no esquecido, no recluso, no doente, no toxicodependente, no abandonado, em pessoas concretas com as suas histórias e esperanças, com os seus anseios e decepções, com os seus sofrimentos e feridas. Só assim a autoridade do pastor terá o sabor do Evangelho e não será «como um bronze que soa ou um címbalo que retine» (1 Cor 13, 1). Nenhum de nós deve se sentir ‘superior’ aos outros. Nenhum de nós deve olhar os outros de cima para baixo; só podemos olhar assim uma pessoa, quando a ajudamos a se levantar.
Testamento espiritual de São João XXIII
"Gostaria de recordar convosco uma parte do testamento espiritual de São João XXIII que, já adiantado no caminho, pôde dizer: «Nascido pobre, mas de gente honrada e humilde, sinto-me particularmente feliz por morrer pobre, tendo distribuído, segundo as várias exigências e circunstâncias da minha vida simples e modesta a serviço dos pobres e da Santa Igreja que me alimentou, tudo o que me chegou às mãos – em medida, aliás, muito limitada – durante os anos do meu sacerdócio e do meu episcopado.
Aparências de fartura encobriram, muitas vezes, espinhos ocultos de pobreza aflita que me impediram de dar mais do que eu gostaria. Agradeço a Deus por esta graça da pobreza, de que fiz voto na minha juventude, pobreza de espírito, como Padre do Sagrado Coração, e pobreza real; e por me sustentar para nunca pedir nada, nem lugares, nem dinheiro, nem favores, nunca, nem para mim nem para os meus parentes ou amigos» (29 de junho de 1954).". Fonte: https://www.vaticannews.va
CATEQUESE DO PAPA SOBRE OS MANDAMENTOS: “Os Mandamentos são um caminho de libertação”.
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"Colocar a lei antes da relação com Deus não ajuda o caminho de fé", disse o Papa ao comentar o texto inicial do Decálogo.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano (27/06/2018)
Cerca de 15 mil fiéis enfrentaram o calor do verão romano para participar da Audiência Geral na Praça S. Pedro. A primeira etapa da Audiência foi na Sala Paulo VI, onde os doentes foram acomodados justamente devido ao sol e ali puderam saudar o Pontífice. “O Senhor reserva um lugar especial no seu coração para quem apresenta qualquer tipo de deficiência e assim é para o Sucessor de São Pedro”, disse o Papa.
Já na Praça, Francisco deu continuidade ao ciclo sobre os Mandamentos, falando do texto inicial do Decálogo. Os Dez Mandamentos começam com a seguinte frase: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fiz sair do Egito, da casa da servidão” (Ex, 20,2).
Deus salva, depois pede
O Decálogo, explicou o Papa, começa com a generosidade de Deus. “Deus jamais pede sem dar antes. Primeiro salva, depois pede. Assim é o nosso Pai”, afirmou.
“Eu sou o Senhor teu Deus.” Há um possessivo, uma relação. Deus não é um estranho: é o teu Deus. Isso ilumina todo o Decálogo e revela também o segredo do agir cristão, porque é a mesma atitude de Jesus, que diz: “Assim como o Pai me amou, também eu vos amei” (Gv 15,9). Ele não parte de si, mas do Pai.
Quem parte de si mesmo…. Chega a si mesmo!
“Nossas obras podem ser uma falência quando partimos de nós mesmos e não da gratidão. E quem parte de si mesmo…. Chega a si mesmo! É incapaz de progredir, volta para si, é uma atitude egoísta.”
Antes de tudo, prosseguiu Francisco, a vida cristã é a resposta grata a um Pai generoso. Os cristãos que somente seguem “deveres” mostram que não têm uma experiência pessoal daquele Deus que é “nosso”. O fundamento deste dever é o amor de Deus Pai, que antes dá e depois manda. Colocar a lei antes da relação não ajuda o caminho de fé.
Caminho de libertação
“Como um jovem pode desejar ser cristão se o ponto de partida são obrigações, empenhos, coerência e não a libertação?”, questionou o Papa. Ser cristão é um caminho de libertação e os Mandamentos nos libertam do nosso egoísmo. A formação cristã não está baseada na força de vontade, mas no acolhimento da salvação. Primeiro salva no Mar Vermelho, depois liberta no Monte Sinai. A gratidão é um elemento característico do coração visitado pelo Espírito Santo, disse o Papa, propondo um “pequeno exercício em silêncio”.
“Quantas coisas belas Deus fez por mim? Em silêncio, cada um responda. Essa é a libertação de Deus! ”
Clamar para ser socorrido
Todavia, pode acontecer que um cristão dentro de si encontre somente o sentido do dever, uma espiritualidade de servos e não de filhos. Neste caso, é preciso fazer como fez o povo eleito: devem clamar para que sejam socorridos.
A ação libertadora de Deus no início do Decálogo é a resposta a este clamor. Nós não nos salvamos sozinhos, mas de nós pode partir um pedido de ajuda. “Senhor, salve-me, indique-me o caminho, acaricie-me, dê-me um pouco de alegria.” Isso cabe a nós: pedir para sermos libertados.
O Papa então concluiu:
“Deus não nos chamou à vida para permanecer oprimidos, mas para ser livres e viver na gratidão, obedecendo com alegria Àquele que nos deu tanto, infinitamente mais daquilo que jamais poderemos dar a Ele. Isso é belo. Que Deus seja abençoado por tudo aquilo que fez, faz e fará em nós.” Fonte: https://www.vaticannews.va
O PAPA EM GENEBRA, NA SUÍÇA: “Trabalhar para que não haja indiferença perante o irmão”
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Em sua homilia, o Pontífice destacou as palavras: “Pai, pão e perdão.” “Três palavras que encontramos no Evangelho de hoje; três palavras, que nos levam ao coração da fé.”
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco celebrou a missa no Palexpo de Genebra, na Suíça, na tarde desta quinta-feira (21/06), no âmbito da peregrinação ecumênica pelos 70 anos do Conselho Mundial de Igrejas. Em sua homilia, o Pontífice destacou as palavras: “Pai, pão e perdão.” “Três palavras que encontramos no Evangelho de hoje; três palavras, que nos levam ao coração da fé.”
Palavra ‘Pai’ é a chave de acesso ao coração de Deus
“Pai: começa assim a oração. Pode-se continuar com palavras diferentes, mas não é possível esquecer a primeira, porque a palavra ‘Pai’ é a chave de acesso ao coração de Deus.
“Com efeito, só dizendo Pai é que rezamos em língua cristã, é que rezamos ‘cristão’: não um Deus genérico, mas Deus que é, antes de tudo, Papai. De fato, Jesus pediu-nos para dizer ‘Pai-nosso que estais nos céus’; não ‘Deus dos céus, que sois Pai’. Primeiramente, antes de ser infinito e eterno, Deus é Pai.”
“D’Ele provém toda a paternidade e maternidade. N’Ele está a origem de todo o bem e da nossa própria vida. “Então ‘Pai-nosso’ é a fórmula da vida, aquela que revela a nossa identidade: somos filhos amados. ”
É a fórmula que resolve o teorema da solidão e o problema da orfandade. É a equação que indica o que se deve fazer: amar a Deus, nosso Pai, e aos outros, nossos irmãos.”
“É a oração do nós, da Igreja; uma oração sem o eu nem o meu, mas toda voltada para o vósde Deus (o vosso nome, o vosso reino, a vossa vontade) e que se conjuga apenas na primeira pessoa do plural. ‘Pai-nosso’: duas palavras que nos oferecem o sinal da vida espiritual”, frisou o Papa.
“Sempre que fazemos o sinal da cruz no princípio do dia e antes de cada atividade importante, sempre que dizemos ‘Pai-nosso’, apropriamo-nos novamente das raízes que nos servem de fundamento.
Precisamos fazer isso em nossas sociedades frequentemente desarraigadas. O ‘Pai-nosso’ revigora as nossas raízes. Quando está o Pai, ninguém fica excluído; o medo e a incerteza não levam a melhor. Prevalece a memória do bem, porque, no coração do Pai, não somos personagens virtuais, mas filhos amados. Ele não nos une em grupos de partilha, mas nos gera juntos como família.
Não nos cansemos de dizer ‘Pai-nosso’: irá nos lembrar que não existe filho algum sem Pai e, por conseguinte, nenhum de nós está sozinho neste mundo; mas irá nos lembrar também que não há Pai sem filhos: nenhum de nós é filho único, cada um deve cuidar dos irmãos na única família humana.”
Segundo Francisco, “ao dizer Pai-nosso, afirmamos que cada ser humano é parte nossa e, diante de inúmeros malefícios que ofendem o rosto do Pai, nós, seus filhos, somos chamados a reagir como irmãos, como bons guardiões da nossa família e a trabalhar para que não haja indiferença perante o irmão, cada irmão: tanto do bebê que ainda não nasceu como do idoso que já não fala, tanto de um nosso conhecido a quem não conseguimos perdoar como do pobre descartado. Isto é o que o Pai nos pede, nos manda: amar-nos com coração de filhos, que são irmãos entre si.”
O pão deve ser acessível a todos
Sobre a segunda palavra, pão, o Pontífice sublinhou que “Jesus diz para pedir a cada dia, ao Pai, o pão. Não é preciso pedir mais: só o pão, isto é, o essencial para viver. O pão é, primeiramente, o alimento suficiente para hoje, para a saúde, para o trabalho de hoje; aquele alimento que, infelizmente, falta a muitos de nossos irmãos e irmãs. Por isso digo: ai daqueles que especulam sobre o pão! O alimento básico para a vida cotidiana dos povos deve ser acessível a todos."
Para Francisco, “pedir o pão de cada dia é dizer também: «Pai, ajuda-me a ter uma vida mais simples. A vida tornou-se tão complicada; apetece-me dizer que hoje, para muitos, a vida de certo modo está ‘drogada’: corre-se de manhã à noite, por entre mil telefonemas e mensagens, incapazes de parar, fixando os rostos, mergulhados numa complexidade que fragiliza e numa velocidade que fomenta a ansiedade”.
“Impõe-se uma opção de vida sóbria, livre de pesos supérfluos. Uma opção contracorrente, como outrora fez São Luís Gonzaga que hoje recordamos.
A opção de renunciar a muitas coisas que enchem a vida, mas esvaziam o coração. Optemos pela simplicidade do pão, para voltar a encontrar a coragem do silêncio e da oração, fermento duma vida verdadeiramente humana. “Optemos pelas pessoas em vez das coisas, para que construam relações, não virtuais, mas pessoais.”
Voltemos a amar a genuína fragrância daquilo que nos rodeia. Em casa, quando eu era criança, se o pão caísse da mesa, nos ensinavam a apanhá-lo imediatamente e a beijá-lo. Apreciar o que temos de simples a cada dia e guardá-lo: não usar e jogar fora, mas apreciar e guardar.
Não esqueçamos também que ‘o Pão de cada dia’ é Jesus. Sem Ele, nada podemos fazer. Ele é o alimento básico para viver bem. Às vezes, porém, reduzimos Jesus a um tempero ; mas, se não for o nosso alimento vital, o centro dos nossos dias, o respiro da vida cotidiana, tudo é vão. Ao suplicar o pão, pedimos ao Pai e dizemos para nós mesmos todos os dias: simplicidade de vida, cuidar daquilo que nos rodeia, Jesus em tudo e antes de tudo.”
O perdão é a cláusula vinculante do Pai-nosso
Sobre o perdão, o Papa ressaltou que “é difícil perdoar”, pois “dentro trazemos sempre um pouco de queixa, de ressentimento e, quando somos provocados por quem já tínhamos perdoado, o rancor volta e com juros.
Mas, como dom, o Senhor pretende o nosso perdão. Impressiona o fato de o único comentário original ao Pai-nosso, o de Jesus, se concentrar numa única frase: ‘Porque, se perdoardes aos outros as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas’.
O perdão é a cláusula vinculante do Pai-nosso. Deus nos liberta o coração de todo o pecado, perdoa tudo, tudo; mas pede uma coisa: que, por nossa vez, não nos cansemos de perdoar.De cada um pretende uma anistia geral das culpas alheias.
“ Seria preciso fazer uma boa radiografia do coração, para ver se, dentro de nós, há bloqueios, obstáculos ao perdão, pedras a remover. ” E então dizer ao Pai: ‘Vede este penedo! Confio-o a vós e peço-vos por esta pessoa, por esta situação; embora sinta dificuldade em perdoar, peço-vos a força de o fazer’.”
Segundo o Papa, “o perdão renova, faz milagres. Pedro experimentou o perdão de Jesus e tornou-se pastor do seu rebanho; Saulo tornou-se Paulo depois do perdão que recebeu de Estêvão; cada um de nós renasce como nova criatura quando, perdoado pelo Pai, ama os irmãos.
O perdão muda o mal em bem
Só então introduzimos uma novidade verdadeira no mundo, porque não há novidade maior do que o perdão, que muda o mal em bem. Vemos isso na história cristã. Como nos fez e continuará fazendo bem o fato de nos perdoarmos uns aos outros, de voltar a descobrir-nos irmãos depois de séculos de controvérsias e lacerações!
O Pai é feliz, quando nos amamos e perdoamos verdadeiramente de coração; e então nos dá o seu Espírito. Peçamos esta graça: de não nos fecharmos com ânimo endurecido, sempre a reivindicar dos outros, mas de dar o primeiro passo, na oração, no encontro fraterno, na caridade concreta. Assim seremos mais parecidos com o Pai, que ama sem esperar recompensa. Ele derramará sobre nós o Espírito de unidade. Fonte: https://www.vaticannews.va
QUARTA-FEIRA, 20. Catequese do Papa sobre os Mandamentos: “O mundo tem necessidade de cristãos com coração de filhos”.
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"Deus me impõe as coisas ou cuida de mim? Os seus mandamentos são somente uma lei ou contém uma palavra? Deus é patrão ou Pai? Somos súditos ou filhos? Este combate, dentro e fora de nós, apresenta-se continuamente", disse o Papa Francisco em sua catequese na Audiência Geral desta quarta-feira.
Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 20/06/2018)
A forma como vemos Deus – patrão ou Pai – fará com que raciocinemos como filhos ou escravos. E o mundo tem necessidade de cristãos com o coração de filhos. “Dez Palavras” para viver a Aliança”: na Audiência Geral desta quarta-feira – realizada na Praça São Pedro e na Sala Paulo VI - o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre os Mandamentos, explicando a diferença entre uma “ordem” e uma “palavra”, que é o meio essencial da relação como diálogo.
Ao iniciar sua reflexão, o Santo Padre explicou aos mais de 13 mil presentes na Praça São Pedro, que Jesus não veio abolir a lei, mas levá-la ao cumprimento, mas “devemos compreender melhor esta perspectiva”.
Na Bíblia, os mandamentos não vivem por si mesmos, mas são “parte de um relacionamento, de uma relação”, a da Aliança entre Deus e seu Povo.
A frase “Deus pronunciou todas estas palavras” no início do capítulo 20 Livro do Êxodo, podem parecer um início como outro qualquer, mas Francisco ressalta que não é dito “estes mandamentos”, mas “estas palavras”.
A tradição hebraica chamará sempre o Decálogo de "as dez Palavras". Mesmo na forma de leis, são objetivamente mandamentos. Mas por que, então, o Autor sagrado usa, precisamente aqui, a expressão "dez palavras" e não "dez mandamentos?
Ordem x Palavra
E que diferença existe entre uma ordem e uma palavra?, pergunta:
“A ordem é uma comunicação que não requer o diálogo. A palavra, pelo contrário, é o meio essencial da relação como diálogo. Deus Pai cria por meio da sua palavra, e o seu Filho é a Palavra feita carne. O amor nutre-se de palavras e assim a educação ou a colaboração. Duas pessoas que não se amam, não conseguem se comunicar. Quando alguém fala ao nosso coração, a nossa solidão acaba. Recebe uma palavra, acontece a comunicação. E os mandamentos são palavras de Deus. Deus se comunica com estas dez Palavras e espera a nossa resposta”.
“ Uma coisa é receber uma ordem, outra bem diferente é perceber que alguém fala conosco, sublinhou. Os mandamentos são um diálogo. ”O Papa refere-se então ao n. 142 da Evangelii gaudium, justamente onde fala que “um diálogo é muito mais do que a comunicação de uma verdade. Realiza-se pelo prazer de falar e pelo bem concreto que se comunica entre eles que se querem bem por meio das palavras.
A tentação
Esta diferença não é algo artificial. E voltando-se ao que aconteceu nos primórdios, recorda que exatamente este é o ponto usado pelo Tentador, o diabo, desde o início, para enganar o homem e a mulher, querendo convencê-los de que Deus os proibiu de comer o fruto da árvore do bem e do mal para mantê-los subjugados:
“O desafio é justamente este: a primeira norma que Deus deu ao homem, é a imposição de um déspota que proíbe e obriga, ou é o cuidado de um pai que está cuidando os seus pequenos e os protege da autodestruição? É uma palavra ou uma ordem?”
“A mais trágica entre as mentiras que a serpente diz a Eva – recorda o Papa – é a sugestão de uma divindade invejosa e possessiva: “Deus não quer que vocês tenham liberdade”. E “os fatos demonstram dramaticamente que a serpente mentiu”.
“ O Tentador fez acreditar que uma palavra de amor era uma ordem ”
Súditos ou filhos?
“E o homem está diante desta encruzilhada: Deus me impõe as coisas ou cuida de mim? Os seus mandamentos são somente uma lei ou contém uma palavra, para cuidar de mim? Deus é patrão ou Pai? O que vocês pensam? Somos súditos ou filhos? (...) Não esqueçam nunca disto. Nunca. Mesmo nas situações mais difíceis, pensem que vocês têm um Pai que nos ama a todos (...). Este combate, dentro e fora de nós, apresenta-se continuamente: mil vezes devemos escolher entre uma mentalidade de escravos e uma mentalidade de filhos. O mandamento é do patrão, a palavra é do Pai”.
O Espírito Santo – disse então o Papa – é um Espírito de filho, é o Espírito de Jesus:
“Um espírito de escravos acolhe a Lei de modo opressivo e pode produzir dois resultados opostos: ou uma vida feita de deveres e de obrigações, ou uma reação violenta de rejeição. Todo o cristianismo é a passagem da letra da Lei ao Espírito, que dá a vida. Jesus é a Palavra do Pai, não é a condenação do Pai. Jesus veio nos salvar com sua palavra, não nos condenar”.
E se vê quando um homem ou uma mulher viveram esta passagem, diz o Papa: “ Percebe-se se um cristão raciocina como filho ou como escravo ”
"E nós mesmos recordamos se os nossos educadores cuidaram de nós como pais e mães, ou se nos impuseram regras. Os mandamentos são o caminho para a liberdade, pois são as palavras do Pai que nos torna livres neste caminho”.
“O mundo não tem necessidade de legalismos, mas de cuidado. Tem necessidade de cristãos com o coração de filhos, tem necessidade de cristãos com o coração de filhos. Não esqueçam isto”. Fonte: www.vaticannews.va
TERÇA-FEIRA, 19. HOMILIA DO PAPA: “O cristão reza pelo seu inimigo e o ama”.
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"A oração mafiosa é: 'Você me paga'. A oração cristã é: 'Senhor, dê-lhe a sua bênção e ensine-me a amá-lo'. Pensemos num inimigo: todos temos um. Pensemos nele. Rezemos por ele. Peçamos ao Senhor a graça de amá-lo", disse o Papa na homilia.
Gabriella Ceraso – Cidade do Vaticano
O perdão, a oração e o amor por que quem nos quer destruir, pelo nosso inimigo. Assim foi a homilia do Papa Francisco na missa celebrada na capela da Casa Santa Marta esta terça-feira (19/06/2018).
Comentando o trecho proposto pela Leitura do dia, extraído do Evangelho de Mateus, o Papa admitiu a dificuldade humana em seguir o modelo do nosso Pai celeste e propôs novamente o desafio do cristão, isto é, de pedir ao Senhor a “graça” de saber “abençoar os nossos inimigos” e nos comprometer a amá-los.
Perdoar para ser perdoados
“Nós sabemos que devemos perdoar os nossos inimigos”, afirmou o Papa, nós dizemos isso todos os dias no Pai-Nosso. Pedimos perdão assim como nós perdoamos: é uma condição…", embora não seja fácil. Assim como “rezar pelos outros”, por aqueles que nos dão problemas, que nos colocam à prova: também isto é difícil, mas o fazemos. Ou pelo menos muitas vezes conseguimos fazê-lo ":
Mas rezar por aqueles que querem me destruir, os inimigos, para que Deus os abençoe: isso é realmente difícil de entender. Pensemos no século passado, os pobres cristãos russos que somente pelo fato de serem cristãos eram enviados para a Sibéria para morrer de frio: e eles deveriam rezar pelo governante carrasco que os enviava ali? Mas como é possível? E muitos o fizeram: rezaram. Pensemos em Auschwitz e em outros campos de concentração: eles deveriam rezar por este ditador que queria a raça pura e matava sem escrúpulo, e rezar para que Deus os abençoasse! E muitos fizeram isso.
Aprender com a lógica de Jesus e dos mártires
É a difícil lógica de Jesus, que no Evangelho está contida na oração e na justificação daqueles que “o mataram” na cruz: “perdoa-os Pai, porque não sabem o que fazem”. Jesus pede perdão para eles, recordou o Papa, assim como fez como Santo Estevão no momento do martírio: Mas quanta distância, uma infinita distância entre nós que muitas vezes não perdoamos pequenas coisas, e isso que nos pede o Senhor e de qual sempre nos deu exemplo: perdoar aqueles que tentam nos destruir. Nas famílias, às vezes, é muito difícil perdoarem-se os cônjuges depois de alguma briga, ou perdoar a sogra também: não é fácil. O filho pedir perdão ao pai é difícil. Mas perdoar os que o estão matando, que querem eliminá-lo … Não somente perdoar: rezar por eles, para que Deus os proteja! E mais: amá-los. Somente a palavra de Jesus pode explicar isso. Eu não consigo ir além.
Pedir a graça de ser perfeito como o Pai
Portanto, destacou Francisco, é a graça de pedir para entender algo deste mistério cristão e ser perfeitos como o Pai, que dá todos os seus bens aos bons e aos maus. O Papa concluiu afirmando que nos fará bem pensar nos nossos inimigos, pois todos nós temos algum:
Hoje, nos fará bem pensar num inimigo – creio que todos nós temos um -, alguém que nos fez mal ou que nos quer fazer mal ou tenta nos prejudicar: pensar nesta pessoa. A oração mafiosa é: “Você me paga”. A oração cristã é: “Senhor, dê-lhe a sua bênção e ensine-me a amá-lo”. Pensemos num inimigo: todos temos um. Pensemos nele. Rezemos por ele. Peçamos ao Senhor a graça de amá-lo. Fonte: https://www.vaticannews.va
SEGUNDA-FEIRA, 18. HOMILIA DO PAPA: “As ditaduras começam com a comunicação caluniosa”
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Na Papa recorda a sedução do escândalo e o poder destrutivo da comunicação caluniosa. Basta pensar na perseguição dos judeus no século passado. Um horror que acontece também hoje.
Debora Donnini - Cidade do Vaticano
Para destruir instituições ou pessoas, se começa a falar mal. A esta “comunicação caluniosa”, o Papa Francisco dedicou a homilia na missa na Casa Santa Marta.
A sua reflexão parte da história de Nabot narrada na Primeira Leitura, no Livro dos Reis. O rei Acab deseja a vinha de Nabot e lhe oferece dinheiro. Aquele terreno, porém, faz parte da herança dos seus pais e, portanto, rejeita a proposta. Então Acab fica aborrecido “como fazem as crianças quando não obtêm o que querem: chora.
A sua esposa cruel, Jezabel, aconselha o rei a acusar Nabot de falsidade, a matá-lo e assim tomar posse de sua vinha. Nabot – notou o Papa – é portanto um “mártir da fidelidade à herança” que tinha recebido de seus pais: uma herança que ia além da vinha, “uma herança do coração”.
Os mártires condenados com as calúnias
Para Francisco, a história de Nabot é paradigmática da história de Jesus, de Santo Estevão e de todos os mártires que foram condenados usando um cenário de calúnias. Mas é também paradigmática do modo de proceder de tantas pessoas de “tantos chefes de Estado ou de governo”. Começa com uma mentira e, “depois de destruir seja uma pessoa, seja uma situação com aquela calúnia”, se julga e se condena.
Como as ditaduras adulteram a comunicação
“Também hoje, em muitos países, se usa este método: destruir a livre comunicação”.
Por exemplo, pensemos: há uma lei da mídia, da comunicação, se cancela aquela lei; se concede todo o aparato da comunicação a uma empresa, a uma sociedade que faz calúnia, diz falsidades, enfraquece a vida democrática. Depois vêm os juízes a julgar essas instituições enfraquecidas, essas pessoas destruídas, condenam e assim vai avante uma ditadura. As ditaduras, todas, começaram assim, adulterando a comunicação, para colocar a comunicação nas mãos de uma pessoa sem escrúpulo, de um governo sem escrúpulo.
A sedução dos escândalos
“Também na vida cotidiana é assim”, destacou o Papa: se quero destruir uma pessoa, “começo com a comunicação: falar mal, caluniar, dizer escândalos”: E comunicar escândalos é um fato que tem uma enorme sedução, uma grande sedução. Seduz-se com os escândalos. As boas notícias não são sedutoras: “Sim, mas que belo o que fez!” E passa… Mas um escândalo: “Mas você viu! Viu isso! Você viu o que aquele lá fez? Esta situação… Mas não pode, não se pode ir avante assim!” E assim a comunicação cresce, e aquela pessoa, aquela instituição, aquele país acaba na ruína. No final, não se julgam as pessoas. Julgam-se as ruínas das pessoas ou das instituições, porque não se podem defender.
A perseguição dos judeus
“A sedução do escândalo na comunicação leva justamente ao ângulo, isto é “destrói” assim como aconteceu a Nabot, que queria somente “ser fiel à herança dos seus antepassados” e não vendê-la. Neste sentido, também é exemplar a história de Santo Estevão, que faz um longo discurso para se defender, mas aqueles que o acusavam preferem lapidá-lo ao invés de ouvir a verdade. “Este é o drama da avidez humana”, afirma o Papa. Tantas pessoas são, de fato, destruídas por uma comunicação malvada:
Muitas pessoas, muitos países destruídos por ditaduras malvadas e caluniosas. Pensemos por exemplo nas ditaduras do século passado. Pensemos na perseguição aos judeus, por exemplo. Uma comunicação caluniosa, contra os judeus; e acabavam em Auschwitz porque não mereciam viver. Oh… é um horror, mas um horror que acontece hoje: nas pequenas sociedades, nas pessoas e em muitos países. O primeiro passo é se apropriar da comunicação, e depois da destruição, o juízo e a morte.
Reler a história de Nabot
O Apóstolo Tiago fala precisamente da "capacidade destrutiva da comunicação malvada". Em conclusão, o Papa exorta a reler a história de Nabot no capítulo 21 do Primeiro Livro dos Reis e a pensar em "tantas pessoas destruídas, em tantos países destruídos, em tantas ditaduras com 'luvas brancas'" que destruíram países. Fonte: www.vaticannews.va
SEXTA-FEIRA 15. HOMILIA DO PAPA: “Explorar as mulheres é pecado contra Deus”.
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Na homilia da Missa na Casa Santa Marta, Francisco fala da exploração das mulheres de hoje, usadas como objetos, e recorda que elas são "o que falta a todos os homens para serem imagem e semelhança de Deus".
Giada Aquilino - Cidade do Vaticano
Uma oração "pelas mulheres descartadas, pelas mulheres usadas, pelas jovens que têm que vender a própria dignidade para ter um emprego". Esta é a exortação do Papa na missa celebrada na manhã desta sexta-feira na Casa Santa Marta, quando refletiu sobre o Evangelho de hoje de Mateus e as palavras de Cristo: "Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério” e "todo aquele que repudiar sua mulher, a expõe ao adultério."
Jesus muda a história
Francisco recorda como as mulheres são "o que falta a todos os homens para serem imagem e semelhança de Deus": Jesus pronuncia palavras fortes, radicais, que "mudam a história", porque até aquele momento a mulher "era de segunda classe", dizendo com um eufemismo, "era escrava", "não gozava sequer de plena liberdade", observa o Papa.
E a doutrina de Jesus sobre a mulher muda a história. Uma coisa é a mulher antes de Jesus, outra coisa é a mulher depois de Jesus. Jesus dignifica a mulher e a coloca no mesmo nível do homem, porque utiliza aquela primeira palavra do Criador, ambos são "imagem e semelhança de Deus ", os dois; não primeiro o homem e depois, um pouquinho mais em baixo, a mulher. Não, os dois. E o homem sem a mulher ao lado - tanto como mãe, como irmã, como esposa, como companheira de trabalho, como amiga- este homem sozinho não é imagem de Deus.
Até hoje, as mulheres são objeto de desejo
Francisco se concentra em particular no "desejar" uma mulher, evocada na passagem do Evangelho. "Nos programas de televisão, nas revistas, nos jornais - diz - mostram as mulheres como objeto de desejo, de uso", como em um "supermercado".
A mulher, talvez para vender uma certa qualidade de "tomates", torna-se um objeto, "humilhada, sem roupas", fazendo com que caia o ensinamento de Jesus que a "dignificou”.
E – acrescenta - não é preciso ir "tão longe": isso acontece também "aqui, onde vivemos", nos "escritórios", nas "empresas", as mulheres "objeto da filosofia usa e joga fora", como material de descarte", em que nem parecem ser "pessoas":
Isto é um pecado contra Deus Criador, rejeitar a mulher, porque sem ela nós homens não podemos ser imagem e semelhança de Deus. Há uma fúria contra a mulher, uma fúria feia. Mesmo sem dizer isso... Mas quantas vezes as jovens precisam se vender para ter um emprego, como objeto usa e joga fora? Quantas vezes? "Sim, padre eu ouvi naquele país ...". Aqui em Roma. Não ir longe.
Olhe ao nosso redor para ver a exploração
O Papa se pergunta o que veríamos se fizéssemos uma "peregrinação noturna" em certos lugares da cidade, onde "muitas mulheres, muitos migrantes, muitos não-migrantes" são explorados "como em um mercado": os homens se aproximam destas mulheres não para dizer “boa-noite”, mas “quanto custa?", recorda Francisco. E para aqueles que lavam "a consciência" chamando-as de "prostitutas", o Pontífice diz: "Você fez dela uma prostituta, como Jesus diz: quem a repudia a expõe ao adultério, porque você não trata bem a mulher, a mulher acaba assim, também explorada, escrava, tantas vezes." Portanto, será bom olhar para essas mulheres e pensar que, diante da nossa liberdade, elas são "escravas desse pensamento de descarte":
Tudo isso acontece aqui, em Roma, acontece em todas as cidades, as mulheres anônimas, as mulheres - podemos dizer - "sem um olhar" porque a vergonha cobre o olhar, as mulheres que não sabem rir e muitas delas que não sabem, não conhecem a alegria de amamentar e de ouvirem ser chamadas de mãe. Mas, mesmo na vida cotidiana, sem ir a esses lugares, esse pensamento feio de rejeitar a mulher, é um objeto de "segunda classe". Devemos refletir melhor. E fazendo isto ou dizendo isto, entrando neste pensamento desprezamos a imagem de Deus, que fez o homem e a mulher juntos à sua imagem e semelhança. Esta passagem do Evangelho nos ajuda a pensar no mercado de mulheres, no mercado, sim, tráfico, exploração, que vemos; também no mercado invisível, que se faz e não se vê. A mulher é pisoteada porque é mulher.
Com ternura, Cristo restitui dignidade
Jesus, lembra o Papa, "teve uma mãe", teve "muitas amigas que o seguiram para ajudá-lo em seu ministério" e para apoiá-lo. E encontrou "tantas mulheres desprezadas, marginalizadas e descartadas", que ele ajudou com tanta "ternura", restituindo a elas dignidade. Fonte: www.vaticannews.va
QUINTA-FEIRA 14. HOMILIA DO PAPA: “O insulto mata o futuro. O caminho é a reconciliação”.
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"O insulto não acaba em si mesmo, mas é uma porta que se abre. É preciso passar da inveja à amizade": palavras do Papa Francisco ao celebrar a missa matutina na capela da Casa Santa Marta.
Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano (14/06/2018)
O Papa Francisco celebrou a missa na manhã de quinta-feira na capela da Casa Santa Marta. Em sua homilia, comentou o Evangelho de Mateus, que fala do discurso de Jesus sobre a justiça, o insulto e a reconciliação.
“Procura reconciliar-te com teu adversário para que não te entregue ao juiz. O juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão.” O convite de Jesus aos discípulos, afirmou o Papa, é “sabedoria humana: sempre é melhor um acordo ruim do que um bom julgamento”. O Senhor usa um exemplo de todos os dias para explicar o seu ensinamento de amor, mas vai além e comenta o problema dos insultos”.
Jesus cita insultos “antiquados”. Dizer que o irmão é “estúpido” ou “louco” leva à condenação. “O Senhor diz: ‘o insulto não acaba em si mesmo’ – esclarece o Papa - é uma porta que se abra, é começar uma estrada que acabará por matar”. Porque o insulto “é o início do assassinato, é desqualificar o outro, tirar o direito a ser respeitado, é colocá-lo de lado, é matá-lo na sociedade”.
Carnaval de insultos
O Papa então se dirige aos fiéis, “acostumados a respirar o ar dos insultos”. “Dirigir o carro na hora do rush. Ali tem um carnaval de insultos. E as pessoas são criativas para insultar”. E os pequenos insultos que se fazem enquanto dirigimos se tornam, depois, grandes insultos. E o insulto cancela o direito de uma pessoa. ‘Não, não o ouça’. “A lápide. Essa pessoa não tem mais o direito de falar”, sua voz foi cancelada.
O insulto é muito perigoso, explica ainda o Papa, “porque muitas vezes nasce da inveja”. Quando uma pessoa tem uma deficiência, mental ou física, não me ameaça, mas mesmo assim temos vontade de insultá-la.
Mas quando uma pessoa faz algo de que eu não gosto, eu a insulto e a mostro como “deficiente”: deficiente mental, deficiente social, deficiente familiar, sem capacidade de integração … E por isso mata: mata o futuro de uma pessoa, mata o percurso de uma pessoa. É a inveja que abre a porta, porque quando uma pessoa tem algo que me ameaça, a inveja me leva a insultá-la. Quase sempre tem inveja ali.
O caminho é a reconciliação
O Livro da Sabedoria, acrescentou o Papa, “nos diz que a morte entrou no mundo por meio da inveja do diabo”. É a inveja que traz a morte”. Se dizemos “eu não tenho inveja de ninguém“, pensemos bem: “aquela inveja está escondida e se não está escondida é forte, é capaz de nos tornar amarelo, verde, como faz o liquido biliar quando está doente”. Mas Jesus bloqueia este discurso dizendo: “Não, isto não se faz”. Se você vai à missa, vai rezar e percebe que um dos seus irmãos tem algo contra você, reconcilie-se.
Jesus é assim radical. A reconciliação não é uma atitude de boas maneiras, não: é uma atitude radical, é uma atitude que tenta respeitar a dignidade do outro e também a minha. Do insulto à reconciliação, da inveja à amizade. Este é o percurso que Jesus nos indica hoje.
Jamais insultar
O Papa então concluiu dizendo que hoje nos fará bem pensar: “Como eu insulto? Quando eu insulto?”
Quando removo o outro do meu coração com um insulto? E ver se ali há aquela raiz amarga da inveja que me leva a querer destruir o outro para evitar a competição, a concorrência, essas coisas. Isso não é fácil. Mas pensemos: que belo jamais insultar. É belo porque assim deixamos que os outros cresçam. Que o Senhor nos dê esta graça. Fonte: www.vaticannews.va
Papa propõe uma 'sã inquietude' para os jovens
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Nesta quarta-feira (13/06/2018), o Papa Francisco se reuniu com fiéis, turistas e romanos na Praça São Pedro e começou um novo ciclo de catequeses sobre os Mandamentos. "Se os jovens não forem famintos de vida autêntica, para onde irá a humanidade?".
Cidade do Vaticano
Nesta quarta-feira (13/06), o Papa Francisco se reuniu com fiéis, turistas e romanos na Praça São Pedro e começou um novo ciclo de catequeses sobre os Mandamentos.
Praça lotada ouviu a catequese
Cerca de 20 mil pessoas participaram do encontro e ouviram as palavras do Pontífice, resumidas em seguida em várias línguas, inclusive português.
Para introduzir o tema, o Papa começou repassando um trecho do Evangelho de Marcos, lembrando o episódio daquele homem que, foi a Jesus e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?”. Ele queria ter vida infinita. Jesus lhe respondeu citando os mandamentos; abriu um processo pedagógico procurando guiá-lo até àquilo que lhe faltava. Mas o homem respondeu: “Mestre, tudo isso eu tenho observado desde a minha juventude”.
A busca da vida plena
“ Quantos jovens querem ‘viver’ e se destroem correndo atrás de coisas efêmeras? ”
“Alguns pensam que seja melhor apagar este impulso, pois é perigoso. Gostaria de dizer especialmente aos jovens: ‘Nosso maior inimigo não são os problemas concretos, mesmo sérios ou dramáticos. O maior perigo é o espírito de adaptação ruim, que não é mansidão ou humildade, mas mediocridade ou covardia. A vida do jovem é ir avante, ser inquieto: a inquietude salutar, a capacidade de não se contentar de uma vida sem beleza, sem cores.
“ Se os jovens não forem famintos de vida autêntica, para onde irá a humanidade? ”
Francisco explicou que a passagem da juventude à maturidade se dá quando iniciamos a aceitar nossos limites; quando tomamos consciência daquilo que falta… E nos últimos séculos, a história nos mostra uma verdade que o homem muitas vezes se recusou a enxergar e que causou consequências trágicas: a verdade de seus limites.
A resposta de Jesus
Mas para alcançar ‘aquilo que falta’, deve-se partir da realidade. E Jesus, fitando aquele homem com amor, lhe dá a resposta: “Só te falta uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”, ou seja, pára de viver de si mesmo, de suas obras e de seus bens, deixar tudo para seguir o Senhor: a perfeição, o pleno cumprimento.
Quem, podendo escolher entre o original e a cópia, opta pela cópia?
"Este é o desafio: encontrar o original. Jesus não oferece substitutos, mas vida verdadeira, amor verdadeiro, plenitude de vida. É preciso perscrutar o ordinário para nos abrirmos ao extraordinário”. Fonte: www.vaticannews.va
TERÇA-FEIRA 12. HOMILIA DO PAPA: “Ser sal e luz é o testemunho diário do cristão”.
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"Não somos protagonistas dos nossos méritos", disse o Papa Francisco na homilia, afirmando que o cristão deve ser sal e luz aos outros.
Debora Donnini - Cidade do Vaticano
Ser sal e luz para os outros, sem se atribuir méritos. Este é o simples testemunho cotidiano ao qual o cristão é chamado: palavras pronunciadas pelo Papa Francisco na homilia da missa celebrada na terça-feira (12/06/2018) na capela da Casa Santa Marta.
O simples testemunho habitual
O maior testemunho do cristão é dar a vida como fez Jesus, isto é, o martírio. Mas há também outro testemunho, de todos os dias, que começa pela manhã quando se acorda, e termina à noite, quando se vai dormir: “o simples testemunho habitual”.
Sal e luz
“Parece pouco”, mas o Senhor “com pouco faz milagres, faz maravilhas”, afirmou Francisco. Portanto, é preciso ter uma atitude de “humildade”, que consiste em tentar ser somente sal e luz:
Sal para os outros, luz para os outros, porque o sal não dá sabor a si mesmo, sempre a serviço. A luz não ilumina si mesma, sempre a serviço. Sal para os outros. Pouco sal que ajuda nas refeições, mas pouco. No supermercado, o sal não é vendido em toneladas, não… Pequenos pacotes; é suficiente. E depois, o sal não se orgulha de si mesmo porque não está a serviço de si mesmo. Está sempre ali para ajudar os outros: ajudar a preservar as coisas, a dar sabor às coisas. Simples testemunho.
Nenhum mérito
Portanto, reiterou o Papa, ser cristão de todos os dias significa ser luz “para as pessoas, para ajudar nas horas de escuridão”:
O Senhor nos diz assim: “Você é sal, você é luz”- “Ah, verdade! Senhor, é assim. Vou atrair tantas pessoas para a igreja e farei…” – “Não, você vai fazer de modo que os outros vejam e glorifiquem o Pai. E não será atribuído a você nenhum mérito. Quando comemos não dizemos: “Ah, bom o sal!”, Não!: “Bom o macarrão, boa a carne, boa …”. Não dizemos: “Que bom o sal”. À noite, quando vamos para casa, não dizemos: “Que boa a luz”, não. Ignoramos a luz, mas vivemos com aquela luz que ilumina. Esta é uma dimensão que faz com que nós cristãos sejamos anônimos na vida.
“Não somos protagonistas dos nossos méritos”, destacou ainda o Papa, reiterando que não é preciso fazer como o fariseu, que agradece ao Senhor pensando ser santo:
E uma bela oração para todos nós, no final do dia, seria se perguntar: “Fui sal hoje? Fui luz hoje?”. Esta é a santidade de todos os dias. Que o Senhor nos ajude a entender isso.
Fonte: www.vaticannews.va
Papa Francisco aceita renúncias de bispos chilenos após escândalo de abuso sexual
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O Papa Francisco aceitou a renúncia de três bispos chilenos após vir à tona o escândalo de abuso sexual envolvendo clérigos do país sul-americano, anunciou o Vaticano na manhã desta segunda-feira.
Segundo um comunicado, Francisco aceitou a renúncia do bispo Juan Barros, de Osorno, que está no centro das denúncias, do bispo Gonzalo Duarte, de Valparaíso, e do bispo Cristian Caro, de Puerto Montt.
Dos três, apenas Barros, de 61 anos, está abaixo da idade de aposentadoria de 75 anos. Ele ficou no centro do escândalo de abuso sexual no Chile, após ser nomeado bispo de Osorno, em 2015. Barros foi acusado pelas vítimas de testemunhar e ignorar os abusos de um padre. O bispo negou as acusações.
Em uma ação sem precedentes, todos os 34 bispos do Chile ofereceram uma renúncia em massa no último mês, depois de uma reunião sobre a crise com o Papa, em que foram abordadas as alegações de encobrimento de abuso sexual no país.
O pontífice prometeu aos católicos chilenos afetados pelos abusos sexuais do clero que "nunca mais" a Igreja vai ignorá-los ou acobertar os abusos em seu país.
O escândalo gira em torno do padre Fernando Karadima, que foi considerado culpado em uma investigação do Vaticano em 2011 por abusar de meninos em Santiago nos anos 1970 e 1980. Agora com 87 anos e vivendo em uma casa de repouso no Chile, ele sempre negou qualquer irregularidade.
O mais experiente investigador de abuso sexual do Vaticano, o arcebispo Charles Scicluna, visitou o Chile no início deste ano para investigar o escândalo. Ele foi enviado de volta ao Chile para reunir mais informações. Fonte: https://extra.globo.com
SEGUNDA-FEIRA 11. HOMILIA DO PAPA: “Que os evangelizadores não sejam carreiristas”.
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Na homilia da Missa celebrada na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco refletiu sobre as três dimensões da evangelização: anúncio, serviço e gratuidade.
Barbara Castelli – Cidade do Vaticano
A evangelização tem três dimensões fundamentais: o anúncio, o serviço e a gratuidade. Foi o que sublinhou o Papa Francisco na homilia da Missa celebrada na manhã desta segunda-feira, 11, na capela da Casa Santa Marta.
Escolhas que não transformam o coração
Inspirando-se nas leituras do dia, o Pontífice esclarece que o Espírito Santo é o “protagonista” do anúncio, que não apresenta uma simples “pregação” ou a “transmissão” de algumas ideias, mas é um movimento dinâmico capaz de “transformar os corações”, graças à ação do Espírito.
“Vimos planos pastorais bem feitos, perfeitos – precisa Francisco – mas que não eram instrumento de evangelização”, simplesmente porque eram finalizados em si mesmos, “incapazes de transformar os corações”:
"Não é uma atitude empresarial que Jesus nos manda ter, com uma atitude empresarial, não. É com o Espírito Santo. Isso é coragem. A verdadeira coragem da evangelização não é uma teimosia humana, assim... Não. É o Espírito Santo que nos dá coragem e leva você em frente".
Na Igreja é preciso servir
A segunda dimensão da evangelização destacada pelo Papa, é a do serviço, oferecido também “nas pequenas coisas”.
Equivocada, de fato, é a presunção de querer ser servido depois de ter feito carreira, na Igreja ou na sociedade: “o subir na Igreja – acrescenta – é um sinal que não se sabe o que é a evangelização”: “aquele que manda, deve ser como aquele que serve”:
“Nós podemos anunciar coisas boas, mas sem serviço não é anúncio, parece, mas não é. Porque o Espírito não somente leva você me frente para proclamar as verdades do Senhor e a vida do Senhor, mas leva você também aos irmãos, irmãs, para servi-los. Também nas coisas pequenas. É feio quando nos deparamos com evangelizadores que se fazem servir e vivem para serem servidos. É feio. São como príncipes da evangelização”.
Gratuidade da evangelização
Por fim, a gratuidade, porque ninguém pode redimir-se pelos próprios méritos. “Gratuitamente recebestes – nos recorda o Senhor - gratuitamente deveis dar”:
“Todos nós fomos salvos gratuitamente por Jesus Cristo e portanto devemos dar gratuitamente. Os agentes pastorais da evangelização devem aprender isto, a vida deles deve ser gratuita, a serviço, ao anúncio, conduzidos pelo Espírito. A própria pobreza os impele a abrirem-se ao Espírito”. Fonte: www.vaticannews.va
DOMINGO 10: MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO: "Acusar alguém por inveja é veneno mortal"
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Diante da Praça São Pedro completamente tomada por fiéis, romanos e turistas, o Papa Francisco fez a sua reflexão deste domingo (10/06/2018) comentando o Evangelho de Marcos, que narra os dois tipos de incompreensão que Jesus enfrentou: a dos escribas e a dos seus próprios familiares.
Cidade do Vaticano
“Pode acontecer que a forte inveja pela bondade ou pelas boas ações de alguém leve uma pessoa a acusar falsamente outra. Este é o verdadeiro veneno mortal: a malícia premeditada que destrói a boa fama do outro”. Diante da Praça São Pedro completamente tomada por fiéis, romanos e turistas, o Papa Francisco fez a sua reflexão deste domingo (10/06) comentando o Evangelho de Marcos. Como explicou, a liturgia do dia apresenta dois tipos de incompreensão que Jesus enfrentou: a dos escribas e a de seus próprios familiares, uma “advertência para todos nós”.
A tentação de falar mal do outro
“Deus nos liberte desta terrível tentação... e se examinando nossa consciência, percebermos que esta semente maligna esta germinando dentro de nós, corramos a confessá-lo no sacramento da Penitência, antes que cresça e produza efeitos ruins. Isso é incurável”. Francisco recordou que os escribas eram homens instruídos na lei e nas Sagradas Escrituras e encarregados de explicá-las ao povo. Alguns deles foram enviados à Galileia, onde a fama de Jesus começava a se alastrar, “para desacreditá-lo, serem fofoqueiros e destruí-lo”.
Jesus reage com palavras forte
“Estes escribas chegaram com uma acusação terrível. Diziam que Jesus estava possuído por Belzebu e que expulsava os demônios pelo príncipe dos demônios. Isto queria dizer mais ou menos ‘este homem é um endiabrado’. De fato, Jesus curava muitos doentes... mas queriam fazer crer que Ele o fazia com o Espírito de Satanás”.
Jesus não tolerou isso e reagiu com palavras fortes, pois os escribas, talvez sem se dar conta, estavam caindo no pecado mais grave: negar e blasfemar o Amor de Deus que existe e atua em Jesus. “O pecado contra o Espírito Santo é o único pecado imperdoável, porque parte do fechamento do coração à misericórdia de Deus que age em Jesus ”
Acrescentando espontaneamente, o Papa exortou:
“Fiquem atentos, vocês, porque este comportamento destrói famílias, amizades, comunidades e até mesmo a sociedade”.
Uma família unida pelo respeito ao Senhor
Em seguida, Francisco evidenciou outra incompreensão sofrida por Jesus: a de seus familiares, “que estavam preocupados porque a sua nova vida de itinerante lhes parecia uma loucura e ele não tinha nem tempo para comer”. Quando o procuram para levá-lo de volta a Nazaré, Jesus olha para as pessoas que estavam à sua volta e afirma: “Eis minha mãe e meus irmãos!".
“Aquele que faz a vontade de Deus é irmão, irmã e mãe para mim ”.
“Jesus formou uma nova família, não mais baseada em relações naturais, mas na fé Nele, em seu amor que nos acolhe e nos une, no Espírito Santo. Todos aqueles que acolhem a palavra de Jesus são filhos de Deus e irmãos entre si”, destacou Francisco, segundo quem “aquela resposta de Jesus não foi uma falta de respeito por sua mãe e seus parentes; ao contrário. Para Maria, foi o maior reconhecimento, porque precisamente ela é a perfeita discípula que obedeceu totalmente à vontade de Deus”. Fonte: www.vaticannews.va
SEXTA-FEIRA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, 8 DE JUNHO: HOMILIA DO PAPA: “Hoje é a festa do amor de Deus”.
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O Papa Francisco celebrou a missa na capela da Casa Santa Marta e dedicou a sua homilia ao amor de Deus.
Adriana Masotti - Cidade do Vaticano (8/6/2018)
No dia em que a Igreja celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, o Papa Francisco iniciou a sua homilia na Casa Santa Marta afirmando que se poderia dizer que hoje é a festa do amor de Deus. “Não somos nós que amamos Deus, mas é Ele que “nos amou por primeiro, Ele é o primeiro a amar”, disse o Papa. Uma verdade que os profetas explicavam com o símbolo da flor de amêndoa, o primeiro a florescer na primavera. “Deus é assim: sempre por primeiro. Ele nos espera por primeiro, nos ama por primeiro, nos ajuda por primeiro”.
Mas não é fácil entender o amor de Deus. De fato, Paulo, na segunda Leitura do dia, fala de ‘impenetráveis riquezas de Cristo’, de um mistério escondido.
É um amor que não se pode entender. Um amor de Cristo que supera todo conhecimento. Supera tudo. Tão grande é o amor de Deus. E um poeta dizia que era como “o mar, sem margens, sem fundo …”: mas um mar sem limites. E este é o amor que nós devemos entender, o amor que nós recebemos.
Na história da salvação, o Senhor nos revelou o seu amor, “foi um grande pedagogo”, disse o Papa e, relendo as palavras do profeta Oséias, explica que não o revelou através da potência: “Não. Vamos ouvir: ‘Eu ensinei meu povo a dar os primeiros passos, tomei-o em meus braços, eu cuidava dele’. Tomar nos braços, próximo: como um pai”.
Deus, como manifesta o amor? Com as grandes coisas? Não: se rebaixa, se rebaixa, se rebaixa com esses gestos de ternura, de bondade. Faz-se pequeno. Aproxima-Se. E com esta proximidade, com este rebaixamento, Ele nos faz entender a grandeza do amor. O grande deve ser entendido por meio do pequeno.
Por último, Deus envia o seu Filho, mas “o envia em carne” e o Filho “humilhou a si mesmo” até a morte. Este é o mistério do amor de Deus: a grandeza maior expressa na menor das pequenezas. Para Francisco, assim se pode entender também o percurso cristão.
Quando Jesus nos quer ensinar como deve ser a atitude cristã, nos diz poucas coisas, nos faz ver aquele famoso protocolo sobre o qual todos nós seremos julgados (Mateus 25). E o que diz? Não diz: “Eu creio que Deus seja assim. Entendi o amor de Deus”. Não, não… Eu fiz o amor de Deus em pequenas coisas. Dei de comer ao faminto, dei de beber ao sedento, visitei o doente, o detento. As obras de misericórdia são justamente a estrada do amor que Jesus nos ensina em continuidade com este amor de Deus, grande! Com este amor sem limites, que se aniquilou, se humilhou em Jesus Cristo; e nós devemos expressá-lo assim.
Portanto, concluiu o Papa, não são necessários grandes discursos sobre o amor, mas homens e mulheres “que saibam fazer essas pequenas coisas por Jesus, para o Pai”. As obras de misericórdia “são a continuidade deste amor, que se rebaixa, chega a nós e nós o levamos avante”. Fonte: www.vaticannews.va
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