Evangelho do Dia: A Voz de um Profeta
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Evangelho do Dia: Um Olhar - (Mt 14,1-12)- com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita da Ordem do Carmo e Jornalista. Paróquia Nossa Senhora do Carmo, Vila Kosmos- Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Sábado, 3 de agosto-2024.
Sexta-feira, 2 de agosto-2024. 17ª SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo: redobrai de amor para convosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 13,54-58)
54Foi para a sua cidade e ensinava na sinagoga, de modo que todos diziam admirados: Donde lhe vem esta sabedoria e esta força miraculosa? 55Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? 56E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso? 57E não sabiam o que dizer dele. Disse-lhes, porém, Jesus: É só em sua pátria e em sua família que um profeta é menosprezado. 58E, por causa da falta de confiança deles, operou ali poucos milagres.
3) Reflexão
O evangelho de hoje conta como foi a visita de Jesus à Nazaré, sua comunidade de origem. A passagem por Nazaré foi dolorosa para Jesus. O que antes era a sua comunidade, agora já não é mais. Alguma coisa mudou. Onde não há fé, Jesus não pode fazer milagre.
Mateus 13, 53-57ª: Reação do povo de Nazaré frente a Jesus.
É sempre bom voltar para a terra da gente. Após longa ausência, Jesus também voltou e, como de costume, no dia de sábado, foi para a reunião da comunidade. Jesus não era coordenador, mesmo assim ele tomou a palavra. Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião. O povo ficou admirado, não entendeu a atitude de Jesus: "De onde lhe vêm essa sabedoria e esses milagres?” Jesus, filho do lugar, que eles conheciam desde criança, como é que ele agora ficou tão diferente? O povo de Nazaré ficou escandalizado e não o aceitou: “Não é ele o filho do carpinteiro?” O povo não aceitou o mistério de Deus presente num homem comum como eles conheciam Jesus. Para poder falar de Deus ele teria de ser diferente. Como se vê, nem tudo foi bem sucedido. As pessoas que deveriam ser as primeiras a aceitar a Boa Nova, estas eram as que se recusavam a aceitá-la. O conflito não é só com os de fora de casa, mas também com os parentes e com o povo de Nazaré. Eles recusam, porque não conseguem entender o mistério que envolve a pessoa de Jesus: “Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não moram aqui conosco? Então, de onde vem tudo isso?" Não deram conta de crer.
Mateus 13, 57b-58: Reação de Jesus diante da atitude do povo de Nazaré.
Jesus sabe muito bem que “santo de casa não faz milagre”. Ele diz: "Um profeta só não é honrado em sua própria pátria e em sua família". De fato, onde não existe aceitação nem fé, a gente não pode fazer nada. O preconceito o impede. Jesus, mesmo querendo, não pôde fazer nada. Ele ficou admirado da falta de fé deles.
Os irmãos e as irmãs de Jesus.
A expressão “irmãos de Jesus” é causa de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em outros textos, os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve mais filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso? Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça. Pois trata-se de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la. Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos unir-nos bem mais para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé. Deveríamos lembrar algumas outras frases de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo 10,10). “Que todos sejam um, para que o mundo creia que Tu, Pai, me enviaste”(Jo 17,21). “Não o impeçam! Quem não é contra nós é a favor”(Mc 10,39.40).
4) Para um confronto pessoal
- Em Jesus algo mudou no seu relacionamento com a Comunidade de Nazaré. Desde que você começou a participar na comunidade, alguma coisa mudou no seu relacionamento com a família? Por que?
- A participação na comunidade tem ajudado você a acolher e a confiar mais nas pessoas, sobretudo nos mais simples e pobres?
5) Oração final
Eu, porém, miserável e sofredor, seja protegido, ó Deus, pelo vosso auxílio. Cantarei um cântico de louvor ao nome do Senhor, e o glorificarei com um hino de gratidão. (Sl 68, 30-31)
Quinta-feira, 1º de agosto-2024. 17ª SEMANA DO TEMPO COMUM-Ano Litúrgico B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo: redobrai de amor para convosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 13,47-53)
Naquele tempo, disse Jesus a multidão: 47O Reino dos céus é semelhante ainda a uma rede que, jogada ao mar, recolhe peixes de toda espécie.48Quando está repleta, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e separam nos cestos o que é bom e jogam fora o que não presta.49Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos justos50e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes.51Compreendestes tudo isto? Sim, Senhor, responderam eles.52Por isso, todo escriba instruído nas coisas do Reino dos céus é comparado a um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas.53Após ter exposto as parábolas, Jesus partiu.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz a última parábola do Sermão das Parábolas: a história da rede lançada ao mar. Esta parábola encontra-se só no evangelho de Mateus, sem nenhum paralelo nos outros três evangelhos.
Mateus 13,47-48: A parábola da rede lançada ao mar
"O Reino do Céu é ainda como uma rede lançada ao mar. Ela apanha peixes de todo o tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e escolhem: os peixes bons vão para os cestos, os que não prestam são jogados fora”. A história contada é bem conhecida do povo da Galiléia que vive ao redor do lago. É o trabalho deles. A história reflete o fim de um dia de trabalho. Os pescadores saem para o mar com esta única finalidade: jogar a rede, apanhar muito peixe, puxar a rede cheia para a praia, escolher os peixes bons para levar para casa e jogar fora os que não servem. Descreve a satisfação do pescador no fim de um dia de trabalho pesado e cansativo. Esta história deve ter provocado um sorriso de satisfação no rosto dos pescadores que escutavam Jesus. O pior é chegar na praia no fim do dia sem ter pescado nada (Jo 21,3).
Mateus 13,49-50: A aplicação da parábola
Jesus aplica a parábola, ou melhor dá uma sugestão para as pessoas poderem discutir a parábola e aplicá-la em suas vidas. “Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são bons. E lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes." Como entender esta fornalha de fogo? São imagens fortes para descrever o destino daqueles que se separam de Deus ou não querem saber de Deus. Toda cidade tem um lixão, um lugar onde joga os detritos e o lixo. Lá existe um fogo de monturo permanente que é alimentado diariamente pelo lixo novo que nele vai sendo despejado. O lixão de Jerusalém ficava num vale perto da cidade que se chamava geena, onde, na época dos reis havia até uma fornalha para sacrificar os filhos ao falso deus Molok. Por isso, a fornalha da geena tornou-se símbolo de exclusão e de condenação. Não é Deus que exclui. Deus não quer a exclusão nem a condenação, mas que todos tenham vida e vida em abundância. Cada um de nós se exclui a si mesmo
Mateus 13,51-53: O encerramento do Sermão das Parábola
No final do Sermão das parábolas Jesus encerra com a seguinte pergunta: "Vocês compreenderam tudo isso?" Ele responderam “Sim!” E Jesus termina a explicação com uma outra comparação que descreve o resultado que ele quer obter com as parábolas: "E assim, todo doutor da Lei que se torna discípulo do Reino do Céu é como pai de família que tira do seu baú coisas novas e velhas". Dois pontos para esclarecer:
(1) Jesus compara o doutor da lei com o pai de família. O que faz o pai de família? Ele “tira do seu baú coisas novas e velhas". A educação em casa se faz transmitindo aos filhos e às filhas o que eles, os pais, receberam e aprenderam ao longo dos anos. É o tesouro da sabedoria familiar onde estão encerradas a riqueza da fé, os costumes da vida e tanta outra coisa que os filhos vão aprendendo. Ora, Jesus quer que, na comunidade, as pessoas responsáveis pela transmissão da fé sejam como o pai de família. Assim como os pais entendem da vida em família, assim, estas pessoas responsáveis pelo ensino devem entender as coisas do Reino e transmiti-la aos irmãos e irmãs da comunidade.
(2) Trata-se de um doutor da Lei que se torna discípulo do Reino. Havia portanto doutores da lei que aceitavam Jesus como revelador do Reino. O que acontece com um doutor na hora em que descobre em Jesus o Messias, o filho de Deus? Tudo aquilo que ele estudou para poder ser doutor da lei continua válido, mas recebe uma dimensão mais profunda e uma finalidade mais ampla. Uma comparação para esclarecer o que acabamos de dizer. Numa roda de amigos alguém mostrou uma fotografia, onde se via um homem de rosto severo, com o dedo levantado, quase agredindo o público. Todos ficaram com a idéia de se tratar de uma pessoa inflexível, exigente, que não permitia intimidade. Nesse momento, chegou um jovem, viu a fotografia e exclamou: "É meu pai!" Os outros olharam para ele e, apontando a fotografia, comentaram: "Pai severo, hein!" Ele respondeu: "Não é não! Ele é muito carinhoso. Meu pai é advogado. Aquela fotografia foi tirada no tribunal, na hora em que ele denunciava o crime de um latifundiário que queria despejar uma família pobre que estava morando num terreno baldio da prefeitura há vários anos! Meu pai ganhou a causa. Os pobres não foram despejados!” Todos olharam de novo e disseram: "Que pessoa simpática!” Como por um milagre, a fotografia se iluminou por dentro e tomou um outro aspecto. Aquele rosto, tão severo adquiriu os traços de uma grande ternura! As palavras do filho, mudaram tudo, sem mudar nada! As palavras e gestos de Jesus, nascidas da sua experiência de filho, sem mudar uma letra ou vírgula sequer, iluminaram o sentido do Antigo Testamento pelo lado de dentro (Mt 5,17-18) e iluminaram por dentro toda a sabedoria acumulada do doutor da Lei. . O mesmo Deus, que parecia tão distante e severo, adquiriu os traços de um Pai bondoso de grande ternura!
4) Para um confronto pessoal
1) A experiência do Filho já entrou em você para mudar os olhos e descobrir as coisas de Deus de outro modo?
2) O que te revelou o Sermão das Parábolas sobre o Reino?
5) Oração final
Louva, ó minha alma, o Senhor! Louvarei o Senhor por toda a vida. Salmodiarei ao meu Deus enquanto existir. (Sl 145, 1-2)
Festa de São Tiago Apóstolo - 25 de julho.
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Frei Carlos Mesters, O. Carm
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que pelo sangue de São Tiago consagrastes as primícias dos trabalhos Apostólicos, concedei que a vossa igreja seja confirmada pelo seu testemunho e sustentada pela sua proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 20, 20-28)
20A mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, aproximou-se de Jesus e prostrou-se para lhe fazer um pedido. 21Ele perguntou: “Que queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. 22Jesus disse: “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23“Sim”, declarou Jesus, “do meu cálice bebereis, mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda não depende de mim. É para aqueles a quem meu Pai o preparou”. 24Quando os outros dez ouviram isso, ficaram zangados com os dois irmãos. 25Jesus, porém, chamou-os e disse: “Sabeis que os chefes das nações as dominam e os grandes fazem sentir seu poder. 26Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, 27e quem quiser ser o primeiro entre vós, seja vosso escravo. 28Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”.
3) Reflexão (Mateus 20,20-28)
Jesus e os discípulos estão a caminho de Jerusalém (Mt 20,17). Jesus sabe que vão matá-lo (Mt 20,8). O profeta Isaías já o tinha anunciado (Is 50,4-6; 53,1-10). Sua morte não será fruto de um destino cego ou de um plano já preestabelecido, mas será conseqüência do compromisso livremente assumido de ser fiel à missão que recebeu do Pai junto aos pobres da sua terra. Jesus já tinha avisado que o discípulo deve seguir o mestre e carregar sua cruz atrás dele (Mt 16,21.24), Mas os discípulos não entendiam bem o que estava acontecendo (Mt 16,22-23; 17,23). O sofrimento e a cruz não combinavam com a idéia que eles tinham do messias.
Mateus 20,20-21: O pedido da mãe dos filhos de Zebedeu
Os discípulos não só não entendem, mas continuam com suas ambições pessoais. A mãe dos filhos de Zebedeu, como porta-voz de seus dois filhos Tiago e João, chega perto de Jesus para pedir um favor: "Promete que meus dois filhos se sentem, um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino". Eles não tinham entendido a proposta de Jesus. Estavam preocupados só com os próprios interesses. Isto reflete as tensões nas comunidades, tanto no tempo de Jesus e de Mateus, como hoje nas nossas comunidades.
Mateus 20,22-23: A resposta de Jesus
Jesus reage com firmeza. Ele responde aos filhos e não à mãe: "Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso, vocês podem beber o cálice que eu vou beber?" Trata-se do cálice do sofrimento. Jesus quer saber se eles, em vez do lugar de honra, aceitam entregar sua vida até à morte. Os dois respondem: “Podemos!” Era uma resposta sincera e Jesus confirma: "Vocês vão beber do meu cálice”. Ao mesmo tempo, parece uma resposta precipitada, pois, poucos dias depois, abandonaram Jesus e o deixaram sozinho na hora do sofrimento (Mt 26,51). Eles não têm muita consciência crítica, nem percebem sua realidade pessoal. E Jesus completa: “Não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou esquerda. É meu Pai quem dará esses lugares àqueles para os quais ele mesmo preparou". O que ele, Jesus, tem para oferecer é o cálice do sofrimento da cruz.
Mateus 20,24-27: Entre vocês não seja assim
“Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram com raiva dos dois irmãos”. O pedido que a mãe fez em nome dos dois, provocou briga e discussão no grupo. Jesus os chamou e falou sobre o exercício do poder:"Vocês sabem: os governadores das nações têm poder sobre elas, e os grandes têm autoridade sobre elas. Entre vocês não deverá ser assim: quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês; e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se servo de vocês. Entre vocês não deve ser assim! Quem quiser ser o maior, seja o servidor de todos!”. Naquele tempo, os que detinham o poder não prestavam conta ao povo. Agiam conforme bem entendiam (cf. Mc 14,3-12). O império romano controlava o mundo e o mantinha submisso pela força das armas e, assim, através de tributos, taxas e impostos, conseguia concentrar a riqueza dos povos na mão de poucos lá em Roma. A sociedade era caracterizada pelo exercício repressivo e abusivo do poder. Jesus tem outra proposta. Ele traz ensinamentos contra os privilégios e contra a rivalidade. Inverte o sistema e insiste na atitude de serviço como remédio contra a ambição pessoal. A comunidade deve preparar uma alternativa. Quando império romano desintegrar, vítima das suas próprias contradições internas, as comunidades deverão estar preparadas para oferecer ao povo um modelo alternativo de convivência social.
Mateus 20,28: O resumo da vida de Jesus
Jesus define a sua vida e a sua missão: “O Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir, e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos”. Nesta auto-definição de Jesus estão implicados três títulos que o definem e que eram para os primeiros cristãos o início da Cristologia: Filho do Homem, Servo de Javé e Irmão mais velho (Parente próximo ou Goêl). Jesus é o messias Servidor, anunciado pelo profeta Isaías (cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Aprendeu da mãe que disse: “Eis aqui a serva do Senhor!”(Lc 1,38). Proposta totalmente nova para a sociedade daquele tempo.
4) Para um confronto pessoal
- Tiago e João pedem favores, Jesus promete sofrimento. E eu, o que busco na minha relação com Deus e o que peço na oração? Como acolho o sofrimento que acontece na vida e que é o contrário daquilo que pedimos na oração?
- Jesus diz: “Entre vocês não deve ser assim!” Nosso jeito de viver na comunidade e na igreja está de acordo com este conselho de Jesus?
5) Oração final
Então se comentava entre os povos: “O Senhor fez por eles maravilhas”. Maravilhas o Senhor fez por nós, encheu-nos de alegria. (Sl 125, 2-3)
22 de julho, Santa Maria Madalena.
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SANTA MARIA MADALENA: A APÓSTOLA DOS APÓSTOLOS
Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)
Santa Maria Madalena, a apóstola dos apóstolos é festejada no dia vinte e dois de Julho, pelo calendário litúrgico romano. Ela foi a grande discípula do Senhor Jesus, a primeira a ver o Ressuscitado e proclamá-lo para os outros apóstolos, de modo que ela mereceu o título de ser a apóstola dos apóstolos. Santo Agostinho interpretou esta missão de Santa Maria Madalena, para anunciar aos outros o Ressuscitado, como graça grandiosa dada pelo Senhor à uma mulher para servir de modelo para todas as pessoas seguidoras do Senhor Jesus.
O anúncio de Maria Madalena aos apóstolos.
Maria Madalena anunciou aos apóstolos que o Senhor fora retirado do sepulcro (cf. Jo 20, 2). Os apóstolos foram até lá, no sepulcro e encontraram os panos de linho com que o corpo tinha sido envolvido. Pedro e João ficaram numa atitude de observação. Desta forma, os discípulos voltaram para o lugar onde moravam e de onde saíram pois eles correram para o sepulcro (cf. Jo 20,5-10)1.
Maria continuou no sepulcro.
Enquanto os dois apóstolos voltaram para casa, Maria permaneceu no sepulcro, estando do lado de fora, chorando (cf. Jo 20,11). Os seus olhos procuravam o Senhor sem encontrá-lo dando-se em lágrimas, segundo o relato do Evangelho de São João, que para Santo Agostinho os olhos de Madalena eram mais aflitos por Ele ter sido retirado do sepulcro do que por ter sido morto no lenho, pois tinha presente em Jesus o grande Mestre, cuja vida lhes fora subtraída2.
A dor pelo choro de Maria Madalena.
Maria retinha uma dor junto ao sepulcro, estando numa situação de choro. No entanto ela inclinou-se para o interior do sepulcro (Jo, 20,11b). Segundo Santo Agostinho ela não ignorava que não se achava ali Aquele a quem procurava, uma vez que ela própria anunciou aos discípulos que o corpo do Senhor dali tinha sido retirado e vindo até o sepulcro, procuraram o corpo do Senhor e não o encontraram3. Qual seria o significado do choro? Será que não dava crédito aos seus olhos? Ou seria ela movida por uma inspiração divina? Ela olhou dentro e viu dois anjos, sentados no lugar onde o corpo de Jesus fora colocado , um à cabeceira e outro aos pés (cfr. Jo 20,12)4.
A palavra dos anjos.
“Por que choras?” (Jo 20, 13). Os anjos censuraram as lágrimas de Maria Madalena, segundo Santo Agostinho, porque de certo modo eles anunciavam a alegria futura, o encontro com o Jesus Ressuscitado5. Ela respondeu aos anjos que as pessoas levaram seu Senhor embora, indicando a parte pelo todo, assim como os fieis confessaram que Jesus Cristo é Verbo, alma, carne, Ele foi crucificado, sepultado, sendo apenas a sua carne que foi sepultada e ela, Maria Madalena e outras pessoas não sabiam onde o puseram. (cf. Jo 20, 13)6. Essa era segundo o bispo de Hipona a causa da dor, pois ela não sabia aonde ir para consolar aquela dor. No entanto a alegria sucederia aos choros, já anunciada pelos anjos que a ela censuravam o pranto7.
Ela viu Jesus.
Ela voltou-se e viu Jesus de pé, mas não o reconheceu, de modo que Jesus lhe disse: “Mulher, por que choras? A quem procuras?”(Jo 20,15). Pensando que fosse o jardineiro ela queria saber onde tinha sido colocado o corpo do Senhor. Mas Jesus lhe disse: “Maria!” e ela lhe disse: “Rabbuni, que dizer: Mestre!” (Jo 20,16). O bispo de Hipona afirmou que Ela honrava um homem e Deus a quem suplicava um benefício e na qual tinha aprendido a discernir as realidades humanas e divinas. Ela chamava de Senhor, aquele do qual não era escrava para chegar por meio Dele, a quem era de fato, seu Senhor. Ela disse Rabbuni ao perceber o seu corpo, mas também o reconheceu com o coração, o Senhor8.
A palavra de Jesus.
“Jesus lhe disse: ‘Não me toques, pois ainda não subi ao meu Pai. Vai, porém, a meus irmãos e dize-lhes Subo a meu Pai e vosso Pai, a meu Deus e vosso Deus’” (Jo 20,17). Para Santo Agostinho existe um ensinamento muito importante nas palavras de Jesus para Maria Madalena. Jesus lhe ensinou a fé para aquela mulher, que o chamou de Mestre, e Aquele jardineiro, o Senhor, que sendo o Ressuscitado semeava no coração dela, assim como em seu jardim, o grão de mostarda que deveria crescer pelas virtudes9. Ele pediu para Maria Madalena para não o tocar pois Jesus quis que se cressem n’Ele assim, daquela forma, que tocando-o espiritualmente pois Ele próprio e o Pai são um (Jo 17, 21. A palavra de Jesus para não tocá-lo, aludia também à fé no seguidor e na seguidora de Cristo, reconhecendo-o igual ao Pai10.
A continuação do diálogo com Maria Madalena.
Jesus disse a ela que Ele não tinha subido ao seu Pai e ao Pai dela, para lá sem o tocar, quando ela crer Jesus como Deus, não desigual em relação ao Pai, mas sim igual a Ele11. Jesus disse ao meu Deus e vosso Deus: “Meu tem o significado por natureza, vosso, por graça”12. Jesus falou de sua condição humana e divina: “é meu Deus, sob o qual eu também sou homem, e é vosso, porque entre Ele e vós, sou Mediador”13. Jesus é reconhecido na sua ressurreição como homem e como Deus, o verdadeiro e único Mediador entre
Deus e a humanidade.
“Vi o Senhor” (Jo 20,18): A Apóstola dos Apóstolos.
Maria Madalena foi enviada por Jesus para dizer aos apóstolos que ela viu o Senhor ressuscitado e contou o que Ele lhe havia dito (cfr. Jo 20,18)14. Maria Madalena tornou-se a grande anunciadora de Jesus Ressuscitado entre os discípulos do Senhor, a qual ela é considerada a Apóstola dos Apóstolos, a primeira pessoa, mulher a ver o Jesus Ressuscitado e o anunciou aos outros, aos discípulos.
Nós somos chamados a ser como Maria Madalena, anunciadores da ressurreição do Senhor em nossas vidas de seguidores e de seguidoras do Senhor Jesus Cristo. Ao longo da vida nós temos momentos de oração, de convívio com o Ressuscitado pela eucaristia e outros sacramentos e também somos chamados a fazer obras de caridade, ajudando às pessoas necessitadas, pobres. Nós vivamos a alegria e o amor do Senhor que está em nosso meio e em todas as pessoas que lutam pela justiça, pela fraternidade, pelo amor neste mundo e um dia viver para sempre com o Senhor e com todas as pessoas que assumiram o mandamento do amor a Deus, ao próximo como a si mesmo, assim como fez Santa Maria Madalena. Fonte: https://www.cnbb.org.br
SENHORA DO CARMO
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Dom Pedro Cipollini
Bispo de Santo André (SP)
Neste mês de julho, dia 16, a Igreja recorda a Mãe de Jesus, por um de seus títulos mais conhecidos: Nossa Senhora do Carmo ou do monte Carmelo. O monte Carmelo era local de vegetação exuberante, por isso o nome Carmelo que quer dizer jardim ou pomar. Muitas mulheres trazem este nome e são homenageadas neste dia.
Este título é herança e recordação do Profeta Elias, como defensor do único Deus. No monte Carmelo o profeta derrotou a idolatria, repropondo o culto ao Deus único. Foi neste monte que o profete viu uma nuvem surgir do mar em época de seca prolongada, nuvem que cresceu e fez chover (1Rs 18,20-46). Segundo a tradição, neste monte, o profeta instituiu um grupo de discípulos penitentes e solitários, dedicados à oração.
Posteriormente neste local de forma mais organizada, surgiu no século XII um grupo de monges dedicados a orar initerruptamente, louvando a Deus. Ali construiram uma capelinha na qual invocavam a proteção de Nossa Senhora do Monte Carmelo. Quando foram expulsos pelos sarracenos, os monges foram para Europa, onde a devoção se espalhou. Neste período difícil, o superior da Ordem Carmelita, S. Simão Stok, invoca Nossa Senhora e ela lhe aparece, como a vemos na imagem de Nossa Senhora do Carmo, e lhe entrega o escapulário, com a promessa de que, os que o usarem obteriam de Cristo a salvação eterna.
Esta devoção veio para a América Latina quando os frades carmelitas chegaram ao Brasil junto com os portugueses. Nas figuras de Elias, chamado Profeta do Carmelo e Maria, chamada a Flor do Carmelo, encontramos uma ligação entre a Antiga e Nova Aliança.
A espiritualidade carmelita propõe a profecia de amar a Deus acima de tudo e, trabalhar para que seja glorificado como o fez Elias. É a profecia. Também propõe Maria como modelo de vida de fé e oração, simples e escondida, na qual todos os gestos são meios de acolher a vida divina que está em nosso meio. É a contemplação.
No centro de Santo André, situa-se o templo religioso, a igreja de Nossa Senhora do Carmo, chamada popularmente igreja do Carmo, na praça do mesmo nome: Praça do Carmo. É um ponto referencial da cidade, por ser hoje a Catedral da Diocese de Santo André, criada em 1954 e que este ano comemora setenta anos de sua criação. Porém, a Catedral do Carmo, além da referência religiosa e histórica, tem um valor devocional e religioso imenso.
Construída por iniciativa do Padre Capra, foi feita com doações dos fiéis, como a de Antonio Queiroz dos Santos que deu o terreno e uma doação generosa, por entidades de classe, entre outros. A pedra fundamental foi lançada em 1917 e sua construção, dirigida pelo engenheiro Pounchon e outros, se deu por etapas, até que foi inaugurada em 1958.
A escolha do artista para a decoração da igreja foi realizada por meio de concurso ganho pelos irmãos Bastiglia, que trabalharam nela de 1952 até 1957. Ela foi recentemente restaurada e é amparada pela Lei nº 846, de 30.11.1953, que declara o bem como “monumento arquitetônico”.
Peçamos a intercessão de Nossa Senhora do Carmo, que ela não permita afogarmos nas nossas pequenas preocupações, também nas grandes. Que ela nos ajude a aceitar o mistério de Jesus Cristo de forma mais radical em nossa vida. Sobretudo nos ajude a manter acesa a chama da gratidão a Deus: “Minha alma engrandece o Senhor, exulta meu espírito em Deus meu salvador!”. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Quinta-feira, 11 de julho-2024. 14º Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria, e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 10, 7-15)
7Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai! 9Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos, 10nem mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão; pois o operário merece o seu sustento. 11Nas cidades ou aldeias onde entrardes, informai-vos se há alguém ali digno de vos receber; ficai ali até a vossa partida. 12Entrando numa casa, saudai-a: Paz a esta casa. 13Se aquela casa for digna, descerá sobre ela vossa paz; se, porém, não o for, vosso voto de paz retornará a vós. 14Se não vos receberem e não ouvirem vossas palavras, quando sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi até mesmo o pó de vossos pés. 15Em verdade vos digo: no dia do juízo haverá mais indulgência com Sodoma e Gomorra que com aquela cidade.
3) Reflexão Mateus 10,7-15
O evangelho de hoje traz a segunda parte do envio dos discípulos. Ontem vimos a insistência de Jesus em dirigir-se primeiro para as ovelhas perdidas de Israel. Hoje, veremos as instruções concretas de como realizar a missão.
Mateus 10,7: O objetivo da missão: revelar a presença do Reino.
“Vão e anunciem: O Reino do Céu está próximo”. O objetivo principal é anunciar a proximidade do Reino. Aqui está a novidade trazida por Jesus. Para os outros judeus ainda faltava muito para o Reino poder chegar. Só chegaria, depois que eles tivessem realizado a sua parte. A chegada do Reino dependia do esforço deles. Para os fariseus, por exemplo, o Reino só chegaria quando a observância da Lei fosse perfeita. Para os Essênios, quando o país fosse purificado. Jesus pensa diferente. Ele tem outra maneira de ler os fatos. Ele diz que o prazo já se esgotou (Mc 1,15). Quando ele diz que o Reino está próximo ou que o Reino chegou, Jesus não quer dizer que o Reino estava chegando só naquele momento, mas sim que já estava aí, independentemente do esforço feito pelo povo. Aquilo que todos esperavam, já estava presente no meio do povo, gratuitamente, mas o povo não o sabia, nem o percebia (cf. Lc 17,21). Jesus o percebeu! Pois ele lia a realidade com um olhar diferente. E é esta presença escondida do Reino no meio do povo, que ele vai revelar e anunciar aos pobres da sua terra (Lc 4,18). Esta é a semente de mostarda que vai receber a chuva da sua palavra e o calor do seu amor.
Mateus 10,8: Os sinais da presença do Reino: acolher os excluídos.
Como anunciar a presença do Reino? Só por meio de palavras e discursos? Não! Os sinais da presença do Reino são antes de tudo gestos concretos, realizados de graça: “Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, dêem também de graça”. Isto significa que os discípulos devem acolher para dentro da comunidade os que dela foram excluídos. Esta prática solidária critica tanto a religião como a sociedade excludente, e aponta saídas concretas.
Mateus 10,9-10: Não levar nada no caminho
Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e as discípulas de Jesus não podem levar nada: “Não levem nos cintos moedas de ouro, de prata ou de cobre; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão, porque o operário tem direito ao seu alimento”. Isto significa que devem confiar na hospitalidade do povo. Pois o discípulo que vai sem nada levando apenas a paz (Mc 10,13), mostra que confia no povo. Acredita que vai ser acolhido, que vai poder participar da vida e do trabalho do povo do lugar e que vai poder sobreviver com aquilo que receberá em troca, pois o operário direito ao seu alimento. Isto significa que os discípulos devem confiar na partilha Por meio desta prática eles criticam as leis de exclusão e resgatam os antigos valores da convivência comunitária.
Mateus 10,11-13: Partilhar a paz na comunidade.
Os discípulos não devem andar de casa em casa, mas devem procurar uma pessoa de Paz e permanecer nesta casa. Isto é, devem conviver de maneira estável. Assim, por meio desta nova prática, criticam a cultura de acumulação que marcava a política do Império Romano, e anunciam um novo modelo de convivência. Caso todas estas exigências forem preenchidas, os discípulos podem gritar: O Reino chegou! Anunciar o Reino não consiste, em primeiro lugar, em ensinar verdades e doutrinas, mas sim em provocar a uma nova maneira fraterna de viver e de conviver a partir da Boa Nova que Jesus nos trouxe de que Deus é Pai e Mãe de todos e de todas.
Mateus 10,14-15: A severidade da ameaça.
Como entender esta ameaça tão severa? É que Jesus não veio trazer uma coisa totalmente nova. Ele veio resgatar os valores comunitários do passado: a hospitalidade, a partilha, a comunhão de mesa, a acolhida aos excluídos. Isto explica a severidade contra os que recusam a mensagem. Pois eles não recusam algo novo, mas sim o seu próprio passado, a sua própria cultura e sabedoria! A pedagogia de Jesus tem por objetivo desenterrar a memória, resgatar a sabedoria do povo, reconstruir a comunidade, renovar a Aliança, refazer a vida.
4) Para um confronto pessoal
1) Como realizar hoje a recomendação de não levar nada no caminho quando se vai em missão?
2) Jesus manda procurar uma pessoa de paz, para poder viver na casa dela. Quais seria hoje uma pessoa de paz a quem nos dirigir no anúncio da Boa Nova?
5) Oração final
Voltai, ó Deus dos exércitos; olhai do alto céu, vede e vinde visitar a vinha. Protegei este cepo por vós plantado, este rebento que vossa mão cuidou. (Sl 79, 15-16)
Quarta-feira, 10 de julho-2024. 14º Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria, e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 10, 1-7)
1Jesus reuniu seus doze discípulos. Conferiu-lhes o poder de expulsar os espíritos imundos e de curar todo mal e toda enfermidade. 2Eis os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. 3Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. 4Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor. 5Estes são os Doze que Jesus enviou em missão, após lhes ter dado as seguintes instruções: Não ireis ao meio dos gentios nem entrareis em Samaria; 6ide antes às ovelhas que se perderam da casa de Israel. 7Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo.
3) Reflexão Mateus 10,1-7
No capítulo 10 do Evangelho de Mateus começa o segundo grande discurso, o Sermão da Missão. Mateus organizou o seu evangelho como uma nova edição da Lei de Deus ou como um novo “pentateuco” com seus cinco livros. Por isso, o seu evangelho traz cinco grande discursos ou ensinamentos de Jesus, seguidos por partes narrativas, nas quais ele descreve como Jesus praticava o que tinha ensinado nos discursos. Eis o esquema:
Introdução: nascimento e preparação do Messias (Mt 1 a 4)
- Sermão da Montanha: a porta de entrada no Reino (Mt 5 a 7)
Narrativa Mt 8 e 9
- Sermão da Missão: como anunciar e irradiar o Reino (Mt 10)
Narrativa Mt 11 e 12
- Sermão das Parábolas: o mistério do Reino presente na vida (Mt 13)
Narrativa Mt 14 a 17
- Sermão da Comunidade: a nova maneira de conviver no Reino (Mt 18)
Narrativa 19 a 23
- Sermão da vinda futura do Reino: a utopia que sustenta a esperança (Mt 24 e 25)
Conclusão: paixão, morte e ressurreição (Mt 26 a 28).
O evangelho de hoje traz o início do Sermão da Missão, no qual se acentuam três assuntos: (1) o chamado dos discípulos (Mt 10,1); (2) a lista dos nomes dos doze apóstolos que vão ser os destinatários do sermão da missão (Mt 10,2-4); (3) o envio dos doze (Mt 10,5-7).
Mateus 10,1: O chamado dos doze discípulos
Mateus já tinha falado do chamado dos discípulos (Mt 4,18-22; 9,9). Aqui, no começo do Sermão da Missão, ele traz um resumo: “Então Jesus chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus, e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade”. A tarefa ou missão do discípulo é seguir Jesus, o Mestre, formando comunidade com ele e realizando a mesma missão de Jesus: expulsar os espíritos maus, curar qualquer tipo de doença e enfermidade. No evangelho de Marcos, eles recebem a mesma dupla missão, formulada com outras palavras: Jesus constituiu o grupo dos Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar, com autoridade para expulsar os demônios” (Mc 3,14-15). 1) Estar com ele, isto é, formar comunidade, na qual Jesus é o eixo. 2) Pregar e ter poder para expulsar demônio, isto é, anunciar a Boa Nova e combater o poder do mal que estraga a vida do povo e aliena as pessoas. Lucas diz que Jesus rezou a noite toda e, no dia seguinte, chamou os discípulos. Rezou a Deus para saber a quem escolher (Lc 6,12-13).
Mateus 10,2-4: A lista dos nomes dos doze apóstolos.
Grande parte destes nomes vem do Antigo Testamento. Por exemplo, Simeão é o nome de um dos filhos do patriarca Jacó (Gn 29,33). Tiago é o mesmo que Jacó (Gn 25,26). Judas é o nome de outro filho de Jacó (Gn 35,23). Mateus também tinha o nome de Levi (Mc 2,14), que é outro filho de Jacó (Gn 35,23). Dos doze apóstolos sete têm nome que vem do tempo dos patriarcas. Dois se chamam Simão; dois, Tiago; dois, Judas; um, Levi! Só tem um com nome grego: Filipe. Isto revela o desejo do povo de refazer a história desde o começo! Seria como hoje numa família bem brasileira, na qual todos os filhos têm nomes do tempo dos índios Raoni, Ubiratan, Jussara, etc, e só têm nome americano Washington. Vale a pena pensar nos nomes que hoje damos para os filhos. Como eles, cada um de nós é chamado por Deus pelo nome.
Mateus 10,5-7: O envio ou missão dos doze apóstolos para as ovelhas perdidas de Israel.
Depois de ter enumerado os nomes dos doze, Jesus os envia com estas recomendações: "Não tomem o caminho dos pagãos, e não entrem nas cidades dos samaritanos. Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel. Vão e anunciem: O Reino do Céu está próximo”. Nesta única frase há uma tripla insistência em mostrar que a preferência da missão é para com a casa de Israel: (1) Não tomar o caminho dos pagãos, (2) não entrar nas cidades samaritanas, (3) ir primeiro para as ovelhas perdidas de Israel. Aqui transparece uma resposta à dúvida dos primeiros cristãos em torno da abertura para os pagãos. Paulo, que afirmava com tanta firmeza a abertura para os pagãos, concorda em dizer que a Boa Nova trazida por Jesus devia ser anunciada primeiro aos judeus e, depois, aos pagãos (Rom 9,1 a 11,36; cf. At 1,8; 11,3; 13,46; 15,1.5.23-29). Mais adiante, no mesmo evangelho de Mateus, na conversa de Jesus com a mulher cananéia, acontecerá a abertura para os pagãos (Mt 15,21-29).
O envio dos apóstolos para todos os povos. Depois da ressurreição de Jesus, há vários episódios do envio dos apóstolos não só para os judeus, mas para todos os povos. Em Mateus: “Ide e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estarei com convosco todos os dias até à consumação dos séculos” (Mt 28,19-20). Em Marcos: “Ide por todo mundo, proclamai a Boa Nova a toda criatura. Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer será condenado” (Mc 15-16). Em Lucas: "Assim está escrito: O Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia, e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. E vocês são testemunhas disso. (Lc 24,46-48; At 1,8) João resume tudo nesta frase: “Como Pai me enviou, eu envio vocês!” (Jo 20,21) :
4) Para um confronto pessoal
- Você já pensou no significado do seu nome? Já perguntou a seus pais por que motivo lhe deram o nome que você tem? Você gosta do seu nome?
- Jesus chama os discípulos. O seu chamado tem uma dupla finalidade: formar comunidade e ir em missão. Como vivo esta dupla finalidade na minha vida?
5) Oração final
Recorrei ao Senhor e ao seu poder, procurai continuamente sua face. Recordai as maravilhas que operou, seus prodígios e julgamentos por seus lábios proferidos. (Sl 104, 4-5)
Viganò excomungado por cisma
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Um comunicado do Dicastério para a Doutrina da Fé anuncia a excomunhão “latae sententiae” do ex-núncio nos EUA que não reconhece a legitimidade do Papa e do último concílio.

VATICAN NEWS
O arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico nos Estados Unidos da América, recebeu a excomunhão emitida pelo dicatério por ter desejado abandonar a comunhão com o Bispo de Roma e com a Igreja Católica.
«No dia 4 de julho de 2024 – lê-se no comunicado divulgado pelo Dicastério – o Congresso do Dicastério para a Doutrina da Fé reuniu-se para concluir o processo penal extrajudicial ex can. 1720 CIC contra» dom Carlo Maria Viganò, arcebispo titular de Ulpiana, «acusado do delito reservado de cisma (cânn. 751 e 1364 CIC; art. 2 SST)».
«São conhecidas as suas declarações públicas – continua o comunicado – da qual resulta a sua recusa em reconhecer e sujeitar-se ao Sumo Pontífice, da comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos e da legitimidade e da autoridade magisterial do Concílio Ecumênico Vaticano II». «No final do processo penall», Viganò «foi considerado culpado do delito reservado de cisma. O Dicastério declarou a excomunhão latae sententiae ex can. 1364 § 1 CIC. A remoção da censura nestes casos está reservada à Sé Apostólica». A decisão foi comunicada ao arcebispo em 5 de julho de 2024.
Como é de conhecimento, no passado dia 20 de junho foi o próprio prelado quem divulgou integralmente o decreto que o convocava a Roma para responder às acusações, dando-lhe a possibilidade até 28 de junho de nomear um advogado de defesa para o representar ou de enviar um escrito de defesa. Como isso não aconteceu, foi-lhe designado um defensor público que executou a defesa de Viganò de acordo com as normas da lei.
Em diversas ocasiões, nos últimos anos, o ex-núncio nos EUA declarou que não reconhecia a legitimidade do Papa e do último Concílio. Incorre-se na excomunhão latae sententiae pelo próprio fato de ter cometido o delito. Ao excomungado fica proibido de celebrar a Missa e os outros sacramentos; de receber os sacramentos; de administrar os sacramentais e de celebrar outras cerimônias de culto litúrgico; de tomar parte ativa nas celebrações acima mencionadas; de exercer cargos ou deveres ou ministérios ou funções eclesiásticas; de executar atos de governo. O significado da excomunhão, no entanto, é o de ser uma pena medicinal que convida ao arrependimento, por isso se permanece à espera de um retorno da pessoa à comunhão. Fonte: https://www.vaticannews.va
Terça-feira 2 de julho-2024. Evangelho do Dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, pela vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 8, 23-27)
23Então Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. 24E eis que houve grande agitação no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, estava dormindo. 25Os discípulos se aproximaram e o acordaram, dizendo: "Senhor, salva-nos, porque estamos afundando!" 26Jesus respondeu: "Por que vocês têm medo, homens de pouca fé?" E, levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e tudo ficou calmo. 27Os homens ficaram admirados e disseram: "Quem é esse homem, a quem até o vento e o mar obedecem?"
3) Reflexão
Mateus escreve para as comunidades de judeus convertidos dos anos setenta que se sentiam como um barquinho perdido no mar revolto da vida, sem muita esperança de poder alcançar o porto desejado. Jesus parecia estar dormindo no barco, pois não aparecia para elas nenhum poder divino para salvá-las da perseguição. Em vista desta situação de angústia e desespero, Mateus recolheu vários episódios da vida de Jesus para ajudar as comunidades a descobrir, no meio da aparente ausência, a acolhedora e poderoso presença de Jesus vencedor que domina o mar (Mt 8,23-27), que vence e expulsa o poder do mal (Mt 9,28-34) e que tem poder de perdoar os pecados (Mt 9,1-8). Com outras palavras, Mateus quer comunicar esperança e sugerir que não há motivo para as comunidades terem medo. Este é o motivo do relato da tempestade acalmada do evangelho de hoje.
Mateus 8,23: O ponto de partida: entrar no barco.
Mateus segue o evangelho de Marcos, mas o abrevia e o ajeita dentro do novo esquema que ele adotou. Em Marcos, o dia foi pesado de muito trabalho. Terminado o discurso das parábolas (Mc 4,3-34), os discípulos levaram Jesus no barco e, de tão cansado que estava, Jesus dormiu em cima de um travesseiro (Mc 4,38). O texto de Mateus é bem mais breve. Ele apenas diz que Jesus entrou no barco e os discípulos o acompanhavam. Jesus é o Mestre, os discípulos seguem o mestre.
Mateus 8,24-25: A situação desesperadora: “Estamos afundando!”
O lago da Galiléia é cercado de altas montanhas. Às vezes, por entre as fendas das rochas, o vento cai em cima do lago e provoca tempestades repentinas. Vento forte, mar agitado, barco cheio de água! Os discípulos eram pescadores experimentados. Se eles achavam que iam afundar, então a situação era perigosa mesmo! Mas Jesus nem sequer acorda, e continua dormindo. Eles gritam: "Senhor, salva-nos, porque estamos afundando!" Em Mateus, o sono profundo de Jesus não é só sinal de cansaço. É também expressão da confiança tranqüila de Jesus em Deus. O contraste entre a atitude de Jesus e dos discípulos é grande!
Mateus 8,26: A reação de Jesus: “Por que vocês têm medo?”
Jesus acorda, não por causa das ondas, mas por causa do grito desesperado dos discípulos. Ele se dirige a eles e diz: “Por que vocês têm medo? Homens de pouca fé!” Em seguida, ele se levanta, ameaça os ventos e o mar, e tudo fica calmo. A impressão que se tem é que não era preciso acalmar o mar, pois não havia nenhum perigo. É como quando você chega na casa de um amigo e o cachorro, preso na corrente, ao lado do dono, late muito contra você. Mas você não precisa ter medo, pois o dono está aí e controla a situação. O episódio da tempestade acalmada evoca o êxodo, quando o povo, sem medo, passava pelo meio das águas do mar (Ex 14,22). Jesus refaz o êxodo. Evoca ainda o profeta Isaías que dizia ao povo: “Quando passares pelas águas eu estarei contigo!” (Is 43,2). Por fim, o episódio da tempestade acalmada evoca e realiza a profecia anunciada no Salmo 107:
23 Desciam de navio pelo mar, comerciando na imensidão das águas.
24 Eles viram as obras de Javé, suas maravilhas em alto-mar.
25 Ele falou, levantando um vento impetuoso, que elevou as ondas do mar.
26 Eles subiam até o céu e baixavam até o abismo, a vida deles se agitava na desgraça.
27 Rodavam, balançando como bêbados, e de nada adiantou a perícia deles.
28 Na sua aflição, clamaram para Javé, e ele os libertou de suas angústias.
29 Ele transformou a tempestade em leve brisa e as ondas emudeceram.
30 Ficaram alegres com a bonança, e ele os guiou ao porto desejado. (Sl 107,23-30)
Mateus 8,27: O espanto dos discípulos: “Quem é este homem?”
Jesus perguntou: “Por que vocês têm medo?” Os discípulos não sabem o que responder. Admirados, se perguntam: “Quem é este homem a quem até o mar e o vento obedecem?” Apesar da longa convivência com Jesus, ainda não sabem direito quem ele é. Jesus parece um estranho para eles! Quem é este homem?
Quem é este homem? Quem é Jesus para nós, para mim? Esta deve ser a pergunta que nos leva a continuar a leitura do Evangelho, todos os dias, com o desejo de conhecer sempre melhor o significado e o alcance da pessoa de Jesus para a nossa vida. É desta pergunta que nasceu a cristologia. Ela nasceu, não de altas considerações teológicas, mas sim do desejo dos primeiros cristãos de encontrar sempre novos nomes e títulos para expressar o que Jesus significava para eles. São dezenas os nomes, títulos e atributos, desde carpinteiro até filho de Deus, que Jesus recebe: Messias, Cristo, Senhor, Filho amado, Santo de Deus, Nazareno, Filho do Homem, Noivo, Filho de Deus, Filho do Deus altíssimo, Carpinteiro, Filho de Maria, Profeta, Mestre, Filho de Davi, Rabboni, Bendito o que vem em nome do Senhor, Filho, Pastor, Pão da vida, Ressurreição, Luz do mundo, Caminho, Verdade, Vida, Videira, Rei dos judeus, Rei de Israel, etc., etc. Cada nome, cada imagem, é uma tentativa para expressar o que Jesus significava para eles. Mas um nome, por mais bonito que seja, nunca chega a revelar o mistério de uma pessoa, muito menos da pessoa de Jesus. Jesus não cabe em nenhum destes nomes, em nenhum esquema, em nenhum título. Ele é maior, ultrapassa tudo! Ele não pode ser enquadrado. O amor capta, a cabeça, não! É a partir da experiência viva do amor que os nomes, os títulos e as imagens recebem o seu pleno sentido. Afinal, quem é Jesus para mim, para nós?
4) Para um confronto pessoal
- Qual era o mar agitado no tempo de Jesus? Qual era o mar agitado na época em que Mateus escreveu o seu evangelho? Qual é hoje o mar agitado para nós? Alguma vez, as águas agitadas do mar da vida já ameaçaram afogar você? O que te salvou?
- Quem é Jesus para mim? Qual o nome de Jesus que melhor expressa minha fé e meu amor?
5) Oração final
Uma geração conta à outra as tuas obras, anuncia tuas maravilhas. Proclama o esplendor glorioso da tua majestade e narram teus prodígios. (Sl 144, 4-5)
Óbolo de São Pedro: aumentam as doações para a caridade do Papa
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Publicado o Relatório do Óbolo de São Pedro: em comparação a 2022, as doações recebidas aumentaram em quase 5 milhões de euros.
Antonella Palermo - Vatican News
Em 2023, as receitas do Fundo Óbolo de São Pedro, destinadas a atender às necessidades da Igreja universal e a apoiar numerosas iniciativas em favor dos mais necessitados, totalizaram 52 milhões de euros (48,4 milhões de doações recebidas e 3,6 milhões de receitas financeiras realizadas com a remuneração do patrimônio), enquanto as despesas totalizaram 109,4 milhões de euros.
Um terço de doações das dioceses: EUA o maior benfeitor
São três as principais formas pelas quais o Fundo é alimentado: a coleta recolhida nas igrejas de todo o mundo na Solenidade dos Santos Pedro e Paulo e enviada à Santa Sé pelas dioceses italianas e, por meio das Representações Pontifícias, pelas dioceses estrangeiras; ofertas diretas enviadas por meio de transferências bancárias e postais de contas correntes, cheques ou por meio do site com cartões de crédito e PayPal; legados hereditários.
A parcela recebida das dioceses é de 31,2%, enquanto os doadores privados representam 2,1%. A isso deve ser adicionada a parcela proveniente das Fundações (13,9%) e um residual de 1,2% de Ordens Religiosas. Geograficamente, os Estados Unidos são os maiores benfeitores, com uma grande diferença em relação aos outros países: Itália, Brasil, Alemanha, Coreia, França e outros.
236 projetos financiados em 76 países
Dos 103 milhões desembolsados pelo Óbolo em 2023, 90 milhões de euros foram usados para apoiar as atividades realizadas pela Santa Sé a serviço da missão apostólica do Papa, e 13 milhões para apoiar projetos que prestam assistência direta aos mais necessitados (famílias, dioceses, paróquias e institutos religiosos em dificuldade, emigrantes e refugiados, pessoas afetadas pela guerra e pela fome, comunidades afetadas pelas consequências desastrosas da mudança climática, pessoas que precisam de assistência humanitária). Em 2023, o Fundo Óbulo apoiou 236 projetos em 76 países, financiando-os em um valor total de 13 milhões de euros.
O continente europeu foi o que recebeu o maior compromisso financeiro, seguido pela África e pelas Américas. Com relação aos projetos implementados na Europa, meio milhão de euros foi usado para financiar bolsas de estudo para padres, seminaristas e religiosos da África, América Latina e Ásia, para oferecer um curso de estudos em universidades pontifícias; pouco menos de um milhão foi doado à Ucrânia devastada pela guerra para patrocinar várias iniciativas pastorais e sociais.
Em 2023, aumento das ofertas recebidas
Em 2022, as receitas do Óbolo totalizaram 107 milhões de euros (mais que o dobro do valor de 2023), enquanto as despesas totalizaram 95,5 milhões. Deve-se observar que um ganho de capital significativo foi realizado em 2022, graças à venda de ativos imobiliários do Fundo do Óbolo de São Pedro. De fato, em 2023, as doações aumentaram em quase 5 milhões de euros, totalizando 48,4 milhões de euros em comparação com os 43,5 milhões de euros de doações recebidas em 2022. Deve-se notar que, para o apoio à missão apostólica do Papa, o escopo das despesas envolve 68 dicastérios, órgãos e organizações que servem à missão universal do Pontífice: em 2023, consistiu em 370,4 milhões de euros, dos quais cerca de 90 milhões foram cobertos pelo Óbolo. Fonte: https://www.vaticannews.va
Quinta-feira, 27 de junho-2024. Evangelho do Dia, 12ª Semana do Tempo Comum. 2022. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 21-29)
21Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. 22Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? 23E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus! 24Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. 26Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. 27Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína. 28Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina. 29Com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas.
3) Reflexão - Mt 7,21-29
O Evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Montanha: (1) não basta falar e cantar, é preciso viver e praticar (Mt 7,21-23). (2) A comunidade construída em cima do fundamento da nova Lei do Sermão da Montanha ficará em pé na hora da tempestade (Mt 7,24-27). (3) O resultado das palavras de Jesus nas pessoas é uma consciência mais crítica com relação aos líderes religiosos, os escribas (Mt 7,28-29).
Este final do Sermão da Montanha desenvolve algumas oposições ou contradições que continuam atuais até nos dias de hoje: (1) Há pessoas que falam continuamente de Deus, mas se esquecem de fazer a vontade de Deus; usam o nome de Jesus, mas não traduzem em vida sua relação com o Senhor (Mt 7,21). (2) Há pessoas que vivem na ilusão de estarem trabalhando para o Senhor, mas no dia do encontro definitivo com Ele, descobrem, tragicamente, que nunca o conheceram (Mt 7,22-23). As duas parábolas finais do Sermão da Montanha, da casa construída sobre a rocha (Mt 7,24-25) e da casa construída sobre a areia (Mt 7,26-27), ilustram estas contradições. Por meio delas Mateus denuncia e, ao mesmo tempo, tenta corrigir a separação entre fé e vida, entre falar e fazer, entre ensinar e praticar.
Mateus 7,21: Não basta falar, é preciso praticar
O importante não é falar bonito sobre Deus ou saber explicar bem a Bíblia para os outros, mas é fazer a vontade do Pai e, assim, ser uma revelação do seu rosto e da sua presença no mundo. A mesma recomendação foi dada por Jesus àquela mulher que elogiou Maria, sua mãe. Jesus respondeu: “Felizes os que ouvem a Palavra e a põem em prática” (Lc 11,28).
Mateus 7,22-23: Os dons devem estar a serviço do Reino, da comunidade.
Havia pessoas com dons extraordinários como, por exemplo, o dom da profecia, do exorcismo, das curas, mas elas usavam os dons para si mesmas, fora do contexto da comunidade. No julgamento, elas ouvirão uma sentença dura de Jesus: "Afastem-se de mim vocês que praticam a iniqüidade!". Iniqüidade é o oposto de justiça. É fazer com Jesus o que alguns doutores faziam com a lei: ensinavam mas não praticavam (Mt 23,3). Paulo dirá a mesma coisa com outras palavras e argumentos: “Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria”. (1Cor 13,2-3).
Mateus 7,24-27: A parábola da casa na rocha.
Ouvir e praticar, esta é a conclusão final do Sermão da Montanha. Muita gente procurava sua segurança nos dons extraordinários ou nas observâncias. Mas a segurança verdadeira não vem do prestígio nem das observâncias, não vem de nada disso. Ela vem de Deus! Vem do amor de Deus que nos amou primeiro (1Jo 4,19). Seu amor por nós, manifestado em Jesus ultrapassa tudo (Rom 8,38-39). Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos praticar a sua vontade. Aí, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.
Mateus 7,28-29: Ensinar com autoridade
O evangelista encerra o Sermão da Montanha dizendo que a multidão ficou admirada com o ensinamento de Jesus, porque "ele ensinava com autoridade, e não como os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência mais crítica do povo com relação às autoridades religiosas da época. Suas palavras simples e claras brotavam da sua experiência de Deus, da sua vida entregue ao Projeto do Pai. O povo estava admirado e aprovava os ensinamentos de Jesus.
Comunidade: casa na rocha
No livro dos Salmos, frequentemente encontramos a expressão: “Deus é a minha rocha e a minha fortaleza... Meus Deus, rocha minha, meu refúgio, meu escudo, força que me salva...”(Sl 18,3). Ele é a defesa e a força de quem nele acredita e busca a justiça (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus, tornam-se, por sua vez, uma rocha para os outros. Assim, o profeta Isaías faz um convite ao povo que estava no cativeiro: "Vocês que estão à procura da justiça e que buscam a Deus! Olhem para a rocha da qual foram talhados, para a pedreira da qual foram extraídos. Olhem para Abraão, seu pai, e para Sara, sua mãe” (Is 51,1-2). O profeta pede para o povo não esquecer o passado. O povo deve lembrar como Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram rocha, começo do povo de Deus. Olhando para esta rocha, o povo devia criar coragem para lutar e sair do cativeiro. Do mesmo modo, Mateus exorta as comunidades para que tenham como alicerce a mesma rocha (Mt 7,24-25) e possam, dessa maneira, elas mesmas ser rocha para fortalecer os seus irmãos e irmãs na fé. Este é o sentido do nome que Jesus deu a Pedro: “Você é Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unir-se a Jesus, a pedra viva, para tornarem-se, também elas, pedras vivas pela escuta e pela prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).
4) Para um confronto pessoal
1) Como a nossa comunidade equilibra oração e ação, louvor e prática, falar e fazer, ensinar e praticar? O que deve melhorar na nossa comunidade, para que ela seja rocha, casa segura e acolhedora para todos?
2) Qual a rocha que sustenta a nossa Comunidade? Qual o ponto em que Jesus mais insiste?
5) Oração final
Ajudai-nos, ó Deus salvador, pela glória de vosso nome; livrai-nos e perdoai-nos os nossos pecados pelo amor de vosso nome. (Sl 78, 9)
Quarta-feira 26- História do Dia- A Procura da felicidade
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Um homem não conseguia encontrar a felicidade em lugar nenhum.
Um dia ele resolveu sair pelo mundo à procura da felicidade.
Fechou a porta da sua casa e partiu com a disposição de percorrer
todos os caminhos da terra até encontrar o lugar de ser feliz.
Aonde chegava reunia um grupo a quem explicava os planos que tinha para ser feliz.
Afirmava que seus seguidores seriam felizes na posse de regiões gigantescas,
onde haveria montes de ouro.
Mas o povo lamentava e ninguém o seguia.
No dia seguinte novamente partia.
Assim, foi percorrendo cidades e cidades, de país em país, anos a fio.
Mas um dia percebeu que estava ficando velho sem ter encontrado a felicidade.
Seus cabelos tingiam-se de branco, suas mãos estavam enrugadas,
suas roupas esfarrapadas, os calçados aos pedaços.
Além disso, estava cansado de procurar a felicidade, tão inutilmente.
Enfim, depois de muito andar, parou em frente de uma casa antiga.
As janelas de vidro estavam quebradas, o mato cobria o canteiro do jardim,
a poeira invadia quartos e salas.
Ele olhou e pensou que ali, naquela casa desprezada e sem dono,
ele construiria a sua felicidade: arrumaria o telhado,
colocaria vidro nas janelas, pintaria as paredes, cuidaria do jardim.
"Vou ser feliz aqui" disse ele.
E o homem cansado foi andando até chegar à porta.
Quando entrou, ficou imóvel, perplexo!
Aquela era a sua própria casa, que ele abandonou há tantos
anos à procura da felicidade.
Então ele compreendeu que de nada tinha adiantado dar a volta ao mundo,
pois a felicidade estava dentro da própria casa e ele não tinha percebido.
Quarta-feira, 26 de junho-2024. Evangelho do Dia, 12ª Semana do Tempo Comum. 2024. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 15-20)
15Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. 16Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? 17Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. 18Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. 19Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. 20Pelos seus frutos os conhecereis.
3) Reflexão - Mt 7,15-20
Estamos chegando às recomendações finais do Sermão da Montanha. Comparando o evangelho de Mateus com o de Marcos percebe-se uma grande diferença na maneira de os dois apresentarem o ensinamento de Jesus. Mateus insiste mais no conteúdo do ensinamento e o organizou em cinco grande discursos, dos quais o Sermão da Montanha é o primeiro (Mt 5 a 7). Marcos, por mais de quinze vezes, diz que Jesus ensinava, mas raramente diz o que ele ensinava. Apesar destas diferenças, os dois concordam num ponto: Jesus ensinava muito. Ensinar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). Mateus se interessava pelo conteúdo. Será que Marcos não se interessava pelo conteúdo? Depende do que entendemos por conteúdo! Ensinar não é só uma questão de comunicar verdades para o povo aprender de memória. O conteúdo não está só nas palavras, mas também nos gestos e no próprio jeito de Jesus se relacionar com as pessoas. O conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica. Ela, a pessoa, é a raiz do conteúdo. A bondade e o amor que transparecem nas palavras e gestos de Jesus fazem parte do conteúdo. São o seu tempero. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado. Não convence e não à conversão.
As recomendações finais e o resultado do Sermão da Montanha na consciência do povo ocupam o evangelho de hoje (Mt 7,15-20) e o de amanhã (Mt 7,21-29). (A seqüência dos evangelhos diários da semana nem sempre é a mesma dos próprios evangelhos.)
Mateus 7,13-14: Escolher o caminho certo
Mateus 7,15-20: O profeta se conhece pelos frutos
Mateus 7,21-23: Não só falar, também praticar
Mateus 7,24-27: Construir a casa na rocha
Mateus 7,28-29: A nova consciência do povo
Mateus 7,15-16ª : Cuidado com os falsos profetas
No tempo de Jesus, havia profetas de todo tipo, pessoas que anunciavam mensagens apocalípticas para envolver o povo nos vários movimentos daquela época: essênios, fariseus, zelotes e outros (cf. At 5,36-37). No tempo em que Mateus escreve também havia profetas que anunciavam mensagens diferentes da mensagem proclamada pelas comunidades. As cartas de Paulo mencionam estes movimentos e tendências (cf 1Cor 12,3; Gal 1,7-9; 2,11-14;6,12). Não deve ter sido fácil para as comunidades fazer o discernimento dos espíritos. Daí a importância das palavras de Jesus sobre os falsos profetas. A advertência de Jesus é muito forte: "Cuidado com os falsos profetas: eles vêm a vocês vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes”. A mesma imagem é usada quando Jesus envia os discípulos e as discípulas para a missão: “Mando vocês como cordeiros no meio de lobos” (Mt 10,16 e Lc 10,3). A oposição entre lobo voraz e manso cordeiro é irreconciliável, a não ser que o lobo se converta e perca a sua agressividade como sugere o profeta Isaías (Is 11,6; 65,25). O que importa aqui no nossos texto é o dom do discernimento. Não é fácil discernir os espíritos. Às vezes, acontece que interesses pessoais ou grupais levam as pessoas a proclamar como falsos aqueles profetas que anunciam a verdade que incomoda. Isto aconteceu com o próprio Jesus. Ele foi eliminado e morto como falso profeta pelas autoridades religiosas da época. De vez em quando, o mesmo aconteceu e continua acontecendo na nossa igreja.
Mateus 7,16b-20 : A comparação da árvore e seus frutos
Para ajudar no discernimento dos espíritos, Jesus usa a comparação do fruto: “Vocês os conhecerão pelos frutos”. Um critério semelhante já tinha sido sugerido pelo livro do Deuteronômio (Dt 18,21-22). E Jesus acrescenta: “Uma árvore boa não pode dar frutos maus, e uma árvore má não pode dar bons frutos. 19 Toda árvore que não der bons frutos, será cortada e jogada no fogo”. No evangelho de João, Jesus completa a comparação: “Todo ramo que não dá fruto em mim, o Pai o corta. Os ramos que dão fruto, ele os poda para que dêem mais fruto ainda. O ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados." (Jo 15,2.4.6)
4) Para um confronto pessoal
1) Falsos profetas! Conhece algum caso em que uma pessoa boa e honesta que proclamava uma verdade incômoda foi condenada como falso profeta?
2) A julgar pelos frutos da árvore da sua vida pessoal, como você se define: falso ou verdadeiro?
5) Oração final
Desvia meu olhar para eu não ver as vaidades, faze-me viver no teu caminho. Eis que desejo teus preceitos; pela tua justiça conserva-me a vida. (Sl 118, 37.40)
12ª Domingo do Tempo Comum: Um Olhar.
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CONTRAPOSIÇÃO, MEDO E FÉ
Dom Severino Clasen
Arcebispo de Maringá (PR)
Estamos no mundo agitado, inseguro e violento. As forças que geram o domínio são impiedosas, maldosas, corruptas, mentirosas, opressoras. Dominam, agem com ameaças, inibem para que os pequenos não se organizem, se contentem em serem submissos aos poderosos e dominadores.
No mundo social, gerado pela política opressora, dominadora, desumana, age como o mar violento que agita e amedronta os navegadores. O medo se torna a força geradora da angústia, do terror e ameaça.
Jesus, Deus, parece que dorme. Deus chega sempre por primeiro. Ninguém consegue antecipar a Deus. Basta uma palavra, silêncio, que as tempestades lhe obedecem.
Assim, nós nos encontramos na vida quando somos privados da fé que encoraja e confia. A figura de Jó, no Antigo Testamento é o exemplo a ser seguido. Ele é colocado na disputa entre o bem, Deus, e o mal, satanás. Sofre todas as sortes de dor, destruição, despojo, perda de tudo e de todos, mas não roga praga contra Deus. Coloca sua confiança na esperança do Deus que o liberta de todas as perdas na vida.
A ação divina intensifica a convivência do ser humano com toda a natureza, toda a obra criada. Tanto em Jó, quanto no Evangelho de Marcos, Deus tem domínio sobre os mares e sobre as tempestades. “Quem fechou o mar com portas, quando ele jorrou com ímpeto do seio materno, quando eu lhe dava nuvens por vestes e névoas espessas por faixas; quando marquei seus limites e coloquei portas e trancas e disse: ‘Até aqui chegarás, e não além; aqui cessa a arrogância de tuas ondas?’” (Jó 38,8-11). Remar contra a maré é negar para o precipício quando não se tem sabedoria e reconhecimento das potencialidades e virtudes disponíveis para conduzir e proteger a vida.
Na mesma situação, os discípulos experimentaram o medo, mesmo na presença de Jesus: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” (Mc 4,41). A soberania divina assiste os frágeis delirando no mundo sem rumo, enquanto Deus se faz presente. Ressoa em nossa mente, quem perdeu tudo nas enchentes no Rio Grande do Sul. Quem se salvou, agora precisa reconstruir novamente. Colocar a força da esperança na construção de algo diferente, experimentado pela dor da perda e do pavor das águas que inundaram, destruíram. Manter a paz e confiança no Senhor que não dorme, é exercício de fé e esperança que move para os barcos seguros que navegam, conduzem para a serenidade. O Senhor está junto, mesmo não percebido. Nós que somos cegos e não percebemos a ação de Deus na história humana e na natureza que gera vida e beleza.
O Apóstolo Paulo nos alerta para o novo. A vida se renova, na esperança de um dia ressuscitarmos com Cristo. Ele já morreu por todos nós, agora buscamos viver segundo sua ciência para recuperar a fragilidade humana caída no pecado. “Portanto, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho despareceu. Tudo agora é novo” (2Cor 5,17). A catequese paulina nos estimula a seguir Jesus Cristo com amor e liberdade. Nele encontramos a razão mais profunda de viver. Nele está a fonte da vida, a segurança que nos liberta, a fraternidade que nos conduz à emocionante experiência da solidariedade humana. Com Jesus dissipemos a tristeza, o medo e abraçamos corajosamente o bem, frutos do amor revelado por Deus em Jesus Cristo.
Que o nosso modo de viver, sentir, agir, crie um novo jeito de amar a vida segundo os mandamentos do amor. Que toda a dor seja substituída pela mística do seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fonte: https://www.cnbb.org.br
EVANGELHO DO DIA-11ª SEMANA DO TEMPO COMUM-ANO B. Sexta-feira, 21 de junho-2024. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 6, 19-23)
19Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. 20Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. 21Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração. 22O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. 23Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!
3) Reflexão - Mt 6, 19-23
No evangelho de hoje continuamos nossa reflexão sobre o Sermão da Montanha. Anteontem e ontem refletimos sobre a prática das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e jejum (Mt 6,16-18). O evangelho de hoje e de amanhã trazem quatro recomendações sobre o relacionamento com os bens materiais, explicitando assim como viver a pobreza da primeira bem-aventurança: (1) não acumular (Mt 6,19-21); (2) ter a visão correta dos bens materiais (Mt 6,22-23); (3) não servir a dois senhores (Mt 6,24); (4) abandonar-se à providência divina (Mt 6,25-34). O evangelho de hoje trata das duas primeiras recomendações: não acumular bens (6,19-21) e não olhar o mundo com olhos doentes (6,22-23).
Mateus 6,19-21: Não acumular tesouros na terra
Se, por exemplo, hoje na TV é dado o aviso de que vai faltar açúcar e café no próximo mês, todos vamos comprar o máximo possível de café e de açúcar. Acumulamos, porque não confiamos. Nos quarenta anos de deserto, o povo foi provado para ver se era capaz de observar a lei de Deus (Ex 16,4). A prova consistia nisto: ver se eles eram capazes de recolher só o necessário de maná para um único dia e de não acumular para o dia seguinte. Jesus diz: "Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões assaltam e roubam. Ajuntem riquezas no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não assaltam nem roubam”. O que significa ajuntar tesouros no céu? Trata-se de saber onde coloco o fundamento da minha existência. Se o coloco nos bens materiais desta terra, sempre corro o perigo de perder o que acumulei. Se coloco o fundamento em Deus, ninguém vai poder destruí-lo e terei a liberdade interior de partilhar com os outros os bens que possuo. Para que isto seja possível e viável, é importante que se crie uma convivência comunitária que favoreça a partilha e a ajuda mútua, e na qual a maior riqueza ou tesouro não é a riqueza material, mas sim a riqueza ou o tesouro da convivência fraterna nascida a partir da certeza trazida por Jesus de que Deus é Pai/Mãe de todos. Onde está o teu tesouro (riqueza), aí está o teu coração.
Mateus 6,22-23: A lâmpada do corpo é o olho
Para entender o que Jesus pede é necessário ter olhos novos. Jesus é exigente e pede muita coisa: não acumular (6,19-21), não servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo (6,24), não se preocupar com comida e bebida (6,25-34). Estas recomendações exigentes tratam daquela parte da vida humana, onde as pessoas tem mais angústias e preocupações. É também a parte do Sermão da Montanha, que é a mais difícil de se entender e de praticar. Por isso Jesus diz: "Se teu olho estiver doente, ....". Alguns traduzem olho doente e olho são. Outros traduzem olho mesquinho e olho generoso. Tanto faz. Na realidade, a pior doença que se possa imaginar é uma pessoa se fechar sobre si mesma e sobre seus bens e confiar só neles. É a doença da mesquinhez! Quem olha a vida com este olhar viverá na tristeza e na escuridão. O remédio para curar esta doença é a conversão, a mudança de mentalidade e de ideologia. Colocando o fundamento da vida em Deus, o olhar se torna generoso e a vida toda se torna luminosa, pois faz nascer a partilha e a fraternidade.
Jesus quer uma mudança radical. Quer a observância da lei do ano sabático, onde se diz que, na comunidade dos que crêem, não pode haver pobres (Dt 15,4). A convivência humana deve ser organizada de tal maneira que já não seja necessário uma pessoa se preocupar com comida e bebida, roupa e moradia, saúde e educação (Mt 6,25-34). Mas isto só é possível se todos buscarem primeiro o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6,33). O Reino de Deus é permitir que Deus reine e tome conta: é imitar Deus (Mt 5,48). A imitação de Deus leva à partilha justa dos bens e ao amor criativo, que gera fraternidade verdadeira. A Providência Divina deve ser mediada pela organização fraterna, Só assim é possível jogar fora toda a preocupação pelo dia de amanhã (Mt 6,34).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus disse: “Onde está tua riqueza, aí estará o teu coração”. Onde está minha riqueza: no dinheiro ou na fraternidade?
2) Qual a luz que está nos meus olhos para olhar a vida, os acontecimentos?
5) Oração final
Porque o Senhor escolheu Sião, ele a preferiu para sua morada. É aqui para sempre o lugar de meu repouso, é aqui que habitarei porque o escolhi. (Sl 131, 13-14)
JOÃO BATISTA E O BATISMO CRISTÃO
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Dom Carlos José
Bispo de Apucarana (PR)
“Pois todos vocês que foram batizados em Cristo, de Cristo se revestiram”. (Gl 3,27)
São João, o Batista, precursor de Jesus, muito conhecido por tê-Lo batizado nas águas do Rio Jordão, tem sua festa litúrgica comemorada em duas datas, a do nascimento em 24 de junho e a de sua morte, em 29 de agosto, uma honra concedida a poucos santos de Deus. No encontro de duas mães, grávidas pelo poder do Altíssimo, João estremece em êxtase, ao sentir a presença de Jesus, diante dele. O Espírito Santo conduz a vida de João antes mesmo de seu nascimento até seu fim terreno, e certamente o conduziu aos céus. São João é conhecido como “anunciador”, aquele que anunciou Cristo com sua vida, sua missão e sua morte.
Nas festas juninas a tradicional fogueira de São João, acesa na véspera de seu dia remonta à história de que sua mãe, Santa Isabel, acendeu uma fogueira para avisar a prima, a Virgem Maria que seu filho estava para nascer. Porém, como precursor de Jesus, João deixou-se apagar, para que brilhasse a Luz de Cristo.
Também João tem sua imagem atrelada ao cordeiro, pelo fato de anunciar a vinda do Cordeiro de Deus, Jesus Cristo. Seu ministério profético era claro e límpido, forte e fiel, exatamente como apenas um verdadeiro enviado de Deus poderia fazer. Suas palavras eram claras: “Eu batizo com água, mas vem Aquele que batizará com o Espirito Santo e com Fogo” (Jo 1, 33).
O batismo de João nas águas não era o Sacramento do Batismo, e sim uma preparação para a vinda do Messias, um convite a lavar-se das impurezas do pecado em preparação para a chegada do Reino de Deus. Para compreender o Sacramento do Batismo, precisamos entrar no mistério da Ressurreição de Cristo. Na madrugada daquele Domingo Glorioso da Ressurreição, Jesus foi plenamente glorificado pelo Pai. E assim, glorificado pelo Espírito Santo, entrou no Cenáculo de Jerusalém e derramou o Espírito Santo sobre os Apóstolos: “Recebei o Espirito Santo” (Jo 20, 19 -22).
Na Ressurreição de Cristo fomos transfigurados! A Igreja nasce e é enviada pelo próprio Cristo: “Como o Pai me enviou, assim eu também vos envio” (Jo 20, 21). De Cristo Ressuscitado, a Igreja recebe o Sacramento do Batismo: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.” (Mt 28, 19).
Pelo Batismo, recebemos o Espírito Santo; o Espírito do Ressuscitado habita em nós, fazendo arder nosso coração como Fogo que queima nossos pecados, quando nos arrependemos sinceramente! Cristo está em nós e nós vivemos dEle e nEle! Assim, podemos dizer que o Batismo nos “cristifica”. Como São Paulo, podemos dizer: “Já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim.” (Gl 2, 20).
Ser batizado é literalmente mergulhar de corpo e alma na graça do Espírito Santo para permitir que brote em nós uma fé renovada e viva, que venha da Fonte que é Cristo Ressuscitado! Que São João Batista nos ajude a sermos anunciadores das graças de Cristo. Amém. Fonte: www.cnbb.org.br
EVANGELHO DO DIA-11ª SEMANA DO TEMPO COMUM- ANO B. Quarta-feira, 19 de junho-2024. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 6, 1-6.16-18)
1Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu. 2Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. 3Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita. 4Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á. 5Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. 6Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á. 16Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. 17Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. 18Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.
3) Reflexão - Mt 6,1-6.16-18
O evangelho de hoje dá continuidade à meditação sobre o Sermão da Montanha. Nos dias anteriores, de 9 até 17 de junho, refletimos longamente sobre a mensagem do capítulo 5 do evangelho de Mateus. No evangelho de hoje e dos dias seguintes, de 18 a 21 de junho, vamos meditar a mensagem do capítulo 6 do mesmo evangelho. A seqüência dos capítulos 5 e 6 pode ajudar na sua compreensão. Os trechos em itálico indicam o texto do evangelho de hoje. Eis o esquema:
Mateus 5,1-12: As Bem-aventuranças: solene abertura da nova Lei
Mateus 5,13-16: A nova presença no mundo: Sal da terra e Luz do mundo
Mateus 5,17-19: A nova prática da justiça: relacionamento com a antiga lei
Mateus 5, 20-48; A nova prática da justiça: observando a nova Lei.
Mateus 6,1-4: A nova prática das obras de piedade: a esmola
Mateus 6,5-15: A nova prática das obras de piedade: a oração
Mateus 6,16-18: A nova prática das obras de piedade: o jejum
Mateus 6,19-21: Novo relacionamento com os bens materiais: não acumular
Mateus 6,22-23: Novo relacionamento com os bens materiais: visão correta
Mateus 6,24: Novo relacionamento com os bens materiais: Deus ou dinheiro
Mateus 6,25-34: Novo relacionamento com os bens materiais: abandono à Providência
O evangelho de hoje trata de três assuntos: da esmola (6,1-4), da oração (6,5-6) e do jejum (6,16-18). São as três obras de piedade dos judeus.
Mateus 6,1: Não praticar o bem para ser visto pelos outros
Jesus critica os que praticam as boas obras só para serem vistos pelos homens (Mt 6,1). Jesus pede para construir a segurança interior não naquilo que nós fazemos por Deus, mas sim naquilo que Deus faz por nós. Nos conselhos que ele dá transparece um novo tipo de relacionamento com Deus: “O teu Pai que vê no segredo te recompensará" (Mt 6,4). "Vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de o pedirdes a Ele” (Mt 6,8). "Se Perdoardes aos homens seus delitos, também vosso Pai celeste vos perdoará" (Mt 6,14). É um novo caminho que aqui se abre de acesso ao coração de Deus Pai. Jesus não permite que a prática da justiça e da piedade seja usada como meio de auto-promoção diante de Deus e diante da comunidade (Mt 6,2.5.16).
Mateus 6,,2-4: Como praticar a esmola
Dar esmola é uma maneira de realizar a partilha tão recomendada pelos primeiros cristãos (At 2,44-45; 4,32-35). A pessoa que pratica a esmola e a partilha para se promover a si mesmo diante dos outros merece a exclusão da comunidade, como foi o caso de Ananias e Safira (At 5,1-11). Hoje, tanto na sociedade como na igreja, há pessoas que fazem grande publicidade do bem que fazem aos outros. Jesus pede o contrário: fazer o bem de tal maneira que a mão esquerda não fique sabendo o que a mão direita está fazendo. É o total desapego e a total entrega na gratuidade do amor que crê em Deus Pai e o imita em tudo que faz.
Mateus 6,5-6: Como praticar a oração
A oração coloca a pessoa em relação direta com Deus. Alguns fariseus transformavam a oração numa ocasião para aparecer e se exibir diante dos outros. Naquele tempo, quando tocava a trombeta nos três momentos de oração, manhã, meio dia e entardecer, eles deviam parar no lugar onde estavam para fazer as suas orações. Havia gente que procurava estar nas esquinas em lugares públicos, para que todos pudessem ver como rezavam. Ora, uma atitude assim perverte nossa relação com Deus. É falsa e sem sentido. Por isso, Jesus diz que é melhor fechar-se no quarto e rezar em segredo, preservando a autenticidade da relação. Deus te vê mesmo no segredo e ele sempre te escuta.Trata-se da oração pessoal, não da oração comunitária.
Mateus 6,16-18: Como praticar o jejum
Naquele tempo a prática do jejum era acompanhada de alguns gestos exteriores bem visíveis: não lavar o rosto nem alinhar os cabelos, usar roupa sombria. Era o sinal visível de jejum. Jesus critica este jeito de jejuar e manda fazer o contrário, para que ninguém consiga perceber que você está jejuando: tome banho, use perfume, arrume bem o cabelo. Aí, só o Pai que vê no segredo sabe que você está jejuando e ele saberá recompensa-lo.
4) Para um confronto pessoal
1) Quando você reza, como você vive a sua relação com Deus?
2) Como vive o seu relacionamento com os outros em família e na comunidade?
5) Oração final
Quão grande é, Senhor, vossa bondade, que reservastes para os que vos temem e com que tratais aos que se refugiam em vós, aos olhos de todos. (Sl 30, 20)
Bispo católico contraria CNBB e diz que PL Antiaborto é 'leviandade' e 'distorção da realidade'
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Ele afirma que questão tão complexa não pode ser discutida em ano eleitoral e que igreja, escola e família precisam evoluir

O bispo emérito dom Angélico Sândalo Bernardino em sua casa, no Jardim Primavera, em São Paulo - Adriano Vizoni -20.jan.2023/Folhapress
Mônica bergamo
O bispo emérito de Blumenau (SC) dom Angélico Sândalo Bernardino afirma que o projeto de lei que equipara o aborto acima de 22 semanas ao crime de homicídio, inclusive para as vítimas de estupro, é "uma distorção da realidade".
Para ele, é preciso promover a educação sexual no país antes de se "prender mulheres" que interrompem a gravidez.
"Simplesmente punir a mulher sem discutir com profundidade uma situação tão complexa é uma leviandade. É uma precipitação legalista. É querer resolver pela lei um problema muito mais amplo e muito mais vasto", afirma o religioso, um dos mais respeitados da Igreja Católica.
Ele afirma que o momento para a apreciação do tema pela Câmara dos Deputados, em regime de urgência, também é inadequado. "Uma questão complexa como o aborto não pode ser debatida às vésperas de uma eleição. Qual é a motivação desses políticos que defendem essa proposta?", questiona dom Angélico.
A posição do bispo é diferente da adotada pela CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), que defendeu a aprovação do projeto. "Não sou juiz da CNBB. Mas a minha posição é esta", afirma.
Uma questão complexa como o aborto não pode ser debatida às vésperas de uma eleição. Qual é a motivação desses políticos que defendem essa proposta? Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC)
Aos 91 anos, o religioso foi nomeado bispo da diocese de Blumenau em 2000 pelo papa ultraconservador João Paulo 2º.
Antes disso, ele foi bispo auxiliar de dom Paulo Evaristo Arns em São Paulo e se envolveu com a Pastoral Operária nos anos 1970. Na época, se aproximou de Lula (PT), batizando os filhos do hoje presidente e celebrando o casamento dele com Janja em 2022, entre outros eventos religiosos da família.
"O aborto é um crime. Está certo. Mas espera um pouco! A mulher é frequentemente a maior vítima dessa situação. O que mais há na sociedade é machismo", diz ele. No caso de mulheres estupradas que engravidam e fazem aborto, diz, a situação se agrava. "A pessoa jamais poderia ser punida, porque é vítima."
Para dom Angélico, "chegou o momento de focarmos nesta problemática de maneira global, e não somente de criarmos leis para aumentar a punição".
Ele diz considerar "urgente que as escolas, as famílias, as igrejas e toda a sociedade proporcionem a educação sexual e afetiva do homem e da mulher, baseada na ciência, na boa informação".
"Não podemos prender mulheres antes de darmos a elas, e também aos homens, uma formação sexual e afetiva sólida", segue. "É lamentável como isso ainda não seja incluído na nossa formação."
"A educação sexual deveria ser prioridade na escola, na pastoral, na catequese, na família. Da infância à velhice", diz. "A mulher, por exemplo, é uma coisa aos 20, e outra quando amadurece, quando passa pela menopausa."
O aborto é um crime. Está certo. Mas espera um pouco! A mulher é frequentemente a maior vítima dessa situação. O que mais há na sociedade é machismo. Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC)
Dom Angélico usa o próprio exemplo: aos 91 anos, diz, "nunca recebi formação específica sobre sexualidade. Nem quando era menino, nem quando era adolescente, nem na andropausa e na velhice".
Ele diz que o projeto, do deputado evangélico Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), tem "um lado bom porque todos devemos ser contra o aborto".
"O aborto deve seguir proibido. É crime, porque mata uma criança", segue. O problema é encarcerar as mulheres de forma indiscriminada quando elas "muitas vezes são as vítimas".
"É preciso ver caso a caso. O que levou essa menina, essa mulher, a ter relação sexual? Qual é a vida afetiva e familiar dela? Que educação ela recebeu? Muitas são estupradas dentro de suas próprias casas", diz ele.
A educação sexual deveria ser prioridade na escola, na pastoral, na catequese, na família. Da infância à velhice. Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC)
"Nunca houve educação. Sempre foi aquela coisa de 'é proibido isso, é proibido aquilo'", diz. "A masturbação, por exemplo, era proibida, era um pecado. Hoje, o catecismo diz que cada caso deve ser examinado por considerar que muitas vezes a pessoa é levada a isso por questões psicológicas."
"A gente tem que evoluir, e não ficar somente apegado à punição das pessoas", finaliza o bispo. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
EVANGELHO DO DIA-11ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Terça-feira, 18 de junho-2024. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes

1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 43-48)
43Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. 44Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem. 45Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. 46Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? 47Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos? 48Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.
3) Reflexão - Mt 5, 43-48
No evangelho de hoje alcançamos o topo da Montanha das Bem-aventuranças, onde Jesus proclamou a Lei do Reino de Deus, cujo ideal se resume nesta frase lapidar: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48). Jesus estava corrigindo a Lei de Deus! Cinco vezes em seguida ele já tinha afirmado: “Antigamente foi dito, mas eu digo!” (Mt 5,21.27,31.33.38). Era sinal de muita coragem da parte dele de corrigir, publicamente, diante de todo o povo reunido, o tesouro mais sagrado do povo, a raiz da sua identidade, que era a Lei de Deus. Jesus quer comunicar um novo olhar para entender e praticar a Lei de Deus. A chave para poder atingir este novo olhar é a afirmação: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito”. Nunca ninguém poderá chegar a dizer: “Hoje fui perfeito como o Pai do céu é perfeito!” Estaremos sempre abaixo da medida que Jesus colocou diante de nós. Por que será que ele colocou diante de nós um ideal impossível a ser atingido por nós mortais?
Mateus 5,43-45: Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo
Nesta frase Jesus explicita a mentalidade com que os escribas explicavam a lei; mentalidade que nascia das divisões entre judeu e não-Judeu, entre próximo e não-próximo, entre santo e pecador, entre puro o impuro, etc. Jesus manda subverter esta pretensa ordem nascida de divisões interesseiras. Ele manda ultrapassar as divisões. “Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos” .E aqui atingimos a fonte, de onde brota a novidade do Reino. Esta fonte é o próprio Deus, reconhecido como Pai, que faz nascer o sol sobre maus e bons. Jesus manda que imitemos este Deus: "Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" (5,48). E' imitando este Deus que criamos uma sociedade justa, radicalmente nova:
Mateus 5,46-48: Ser perfeito como o Pai celeste é perfeitoTudo se resume em imitar Deus: "Pois, se vocês amam somente aqueles que os amam, que recompensa vocês terão? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu" (Mt 5,43-48). O amor é o princípio e o fim de tudo. Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão (Jo 15,13). Jesus imitou o Pai e revelou o seu amor. Cada gesto, cada palavra de Jesus, desde o nascimento até à hora de morrer na cruz, era uma expressão deste amor criador que não depende do presente que recebe, nem descrimina o outro por motivo de raça, sexo, sexo, religião ou classe social, mas que nasce de um bem querer totalmente gratuito. Foi um crescendo contínuo, desde o nascimento até à morte na Cruz.
A manifestação plena do amor criador em Jesus. Foi quando na Cruz ele ofereceu o perdão ao soldado que o torturava e matava. O soldado, empregado do império, prendeu o pulso de Jesus no braço da cruz, colocou um prego e começou a bater. Deu várias pancadas. O sangue espirrava. O corpo de Jesus se contorcia de dor. O soldado, mercenário ignorante, alheio ao que estava fazendo e ao que estava acontecendo ao redor, continuava batendo como se fosse um prego na parede da casa para pendurar um quadro. Neste momento Jesus dirige ao Pai esta prece: “Pai, perdoa! Eles não sabem o que estão fazendo!” (Lc 23,34). Por mais que os homens quisessem, a desumanidade não conseguiu apagar em Jesus a humanidade. Eles o prenderam, xingaram, cuspiram no rosto dele, deram soco na cara, fizeram dele um rei palhaço com coroa de espinhos na cabeça, flagelaram, torturaram, fizeram-no andar pelas ruas como um criminoso, teve de ouvir os insultos das autoridades religiosas, no calvário deixaram-no totalmente nu à vista de todos e de todas. Mas o veneno da desumanidade não conseguiu alcançar a fonte da humanidade que brotava de dentro de Jesus. A água que jorrava de dentro era mais forte que o veneno que vinha de fora, querendo de novo contaminar tudo. Olhando aquele soldado ignorante e bruto, Jesus teve dó do rapaz e rezou por ele e por todos: “Pai, perdoa!” E ainda arrumou uma desculpa: “São ignorantes. Não sabem o que estão fazendo!” Diante do Pai, Jesus se fez solidário daqueles que o torturavam e maltratavam. Era como o irmão que vem com seus irmãos assassinos diante do juiz e ele, vítima dos próprios irmãos, diz ao juiz: “São meus irmãos, sabe. São uns ignorantes. Perdoa. Eles vão melhorar!” Era como se Jesus estivesse com medo que o mínimo de raiva contra o rapaz pudesse apagar nele o restinho de humanidade que ainda sobrava. Este gesto incrível de humanidade e de fé na possibilidade de recuperação daquele soldado foi a maior revelação do amor de Deus. Jesus pôde morrer: “Está tudo consumado!” E inclinando a cabeça, entregou o espírito (Jo 19,30). Realizou a profecia do Servo Sofredor (Is 53).
4) Para um confronto pessoal
1) Qual a motivação mais profunda do esforço que você faz para observar a Lei de Deus: merecer a salvação ou agradecer a bondade imensa de Deus que te criou, te mantém em vida e te salva?
2) Como você entende a frase “ser perfeito como o Pai do céu é perfeito”?
5) Oração final
Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade. E conforme a imensidade de vossa misericórdia, apagai a minha iniquidade. Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me de meu pecado. (Sl 50, 3-4)
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