Olhar Jornalístico

O Papa: reconhecer as joias preciosas da vida e distingui-las das quinquilharias

Detalhes
Publicado em 30 julho 2023
  • Papa Francisco,
  • Homilias do Papa Francisco,
  • Angelus Domini,
  • 17º Domingo do Tempo Comum,
  • Homilia do 17º Domingo do Tempo Comum,
  • Evangelho do 17º Domingo do Tempo Comum,
  • Praça São Pedro,
  • Angelus na Praça São Pedro,
  • joias preciosas da vida
  • quinquilharias

No Angelus deste domingo, Francisco convidou a "não perder tempo e liberdade com coisas triviais, passatempos que nos deixam vazios por dentro, enquanto a vida nos oferece todos os dias a pérola preciosa de um encontro com Deus e com os outros! É necessário saber reconhecê-la: discernir para encontrá-la". Jesus "é a pérola preciosa da vida".

 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Fiéis de várias partes do mundo se reuniram, na Praça São Pedro, neste domingo (30/07), para a oração mariana do Angelus conduzida pelo Papa Francisco.

Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice falou sobre o Evangelho, deste domingo, que "conta a parábola de um negociante que procurava pedras preciosas". Segundo Jesus, o negociante «ao encontrar uma pérola de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra». Então, o Papa se deteve "nos gestos deste negociante, que primeiro procura, depois encontra e, por fim, compra".

 

Cultivar sonhos de bem

"Primeiro passo: procurar. Trata-se de um negociante empreendedor que não fica parado, mas sai de casa e começa a procurar pérolas preciosas. Ele não diz: "Estou satisfeito com as que tenho", mas procura outras mais bonitas", disse o Papa, acrescentando:

Este é um convite a não nos fecharmos na rotina, na mediocridade de quem se contenta, mas a reavivar o desejo, para que o desejo de procurar, ir adiante não se apague, cultivar sonhos de bem, buscar a novidade do Senhor, porque o Senhor não é repetitivo, ele sempre traz novidade, a novidade do Espírito sempre faz novas as realidades da vida. Nós devemos ter sempre a atitude de buscar.

"O segundo gesto do negociante é encontrar. Ele é uma pessoa arguta que "tem olho" e sabe reconhecer uma pérola de grande valor. Isso não é fácil", disse o Papa. Francisco convidou a pensar, "nos fascinantes bazares orientais, onde as barracas, cheias de mercadorias, se amontoam ao longo dos muros das ruas cheias de pessoas; ou em algumas barracas que se veem em muitas cidades, cheias de livros e vários objetos. Às vezes, nesses mercados, se pararmos para olhar bem, podemos descobrir tesouros: coisas preciosas, volumes raros que, misturados com todo o resto, passam despercebidos à primeira vista. Mas o negociante da parábola tem um olho aguçado e sabe encontrar, sabe "discernir" para encontrar a pérola".

Isso é um ensinamento para nós: todos os dias, em casa, na rua, no trabalho, nas férias, temos a oportunidade de ver o bem. É importante ser capaz de encontrar o que importa: treinar-nos para reconhecer as joias preciosas da vida e distingui-las das quinquilharias. Não percamos tempo e liberdade com coisas triviais, passatempos que nos deixam vazios por dentro, enquanto a vida nos oferece todos os dias a pérola preciosa de um encontro com Deus e com os outros! É necessário saber reconhecê-la: discernir para encontrá-la.

 

Jesus é a pérola preciosa da vida

O último gesto do negociante: comprar a pérola. "Percebendo seu imenso valor, ele vende tudo, sacrifica todos os bens para tê-la. Muda radicalmente o inventário do seu depósito; não há mais nada além daquela pérola: é a sua única riqueza, o sentido do seu presente e do seu futuro", disse o Papa, acrescentando:

Isso também é um convite para nós. Mas o que é esta pérola pela qual tudo se pode renunciar, aquela de que nos fala o Senhor? Essa pérola é Ele mesmo. É o Senhor! Procurar o Senhor e achar o Senhor, encontrar o Senhor, viver com o Senhor. A pérola é Jesus: Ele é a pérola preciosa da vida, a ser procurada, encontrada e adquirida. Vale a pena investir tudo Nele porque, quando se encontra Cristo, a vida muda. Quando você encontra Crista a sua vida muda.

A seguir, o Papa retomou "os três gestos do negociante - procurar, encontrar e comprar", e convidou cada um a se fazer as seguintes perguntas:

Procurar: estou, em minha vida, buscando? Sinto-me no lugar, tranquilo, satisfeito ou treino meu desejo de bem? Estou aposentado espiritualmente? Quantos jovens estão aposentados! Segundo gesto, encontrar: pratico o discernimento do que é bom e vem de Deus, sabendo renunciar ao que, ao contrário, me deixa com pouco ou nada? Por fim, comprar: sei como me gastar por Jesus? Ele está em primeiro lugar para mim? Ele é o maior bem da vida? Seria bom dizer a Ele hoje: "Jesus, você é meu maior bem". Que cada um diga em seu coração:  "Jesus, você é meu maior bem".

"Que Maria nos ajude a procurar, encontrar e abraçar Jesus com toda a nossa força", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO POR OCASIÃO DO III DIA MUNDIAL DOS AVÓS E DOS IDOSOS

Detalhes
Publicado em 23 julho 2023
  • XVI Domingo do Tempo Comum
  • idosos
  • I Dia Mundial dos Avós,
  • Avós e dos idosos
  • III DIA MUNDIAL DOS AVÓS E DOS IDOSOS
  • De geração em geração, a sua misericórdia

 

XVI Domingo do Tempo Comum – 23 de julho de 2023

 

«De geração em geração, a sua misericórdia» (cf. Lc 1, 50)

 

Queridos irmãos e irmãs!

«De geração em geração, a sua misericórdia» (cf. Lc 1, 50): assim reza o tema do III Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. O tema leva-nos a um encontro abençoado: o encontro entre Maria, jovem, e sua parente Isabel, idosa (cf. Lc 1, 39-56). Esta, cheia de Espírito Santo, dirige à Mãe de Deus palavras que, dois milénios depois, cadenciam a nossa oração diária: «Bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre» (1, 42). E o Espírito Santo, que já tinha descido sobre Maria, sugere-Lhe como resposta o Magnificat, onde proclama que a misericórdia do Senhor se estende de geração em geração. O Espírito Santo abençoa e acompanha todo o encontro fecundo entre gerações diversas, entre avós e netos, entre jovens e idosos. De facto, Deus quer que os jovens, como fez Maria com Isabel, alegrem os corações dos anciãos e extraiam sabedoria das suas experiências. Mas o primeiro desejo do Senhor é que não deixemos sozinhos os idosos, que não os abandonemos à margem da vida, como hoje, infelizmente, acontece com demasiada frequência.

Neste ano, regista-se uma proximidade estupenda entre a celebração do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos e a Jornada Mundial da Juventude; no tema de ambas, sobressai a «pressa» de Maria (cf. 1, 39) quando visita Isabel, levando-nos assim a refletir sobre a ligação entre jovens e idosos. O Senhor espera que os jovens, ao encontrar os idosos, acolham o apelo a guardar as memórias e reconheçam, graças a eles, o dom de pertencerem a uma história maior. A amizade duma pessoa idosa ajuda o jovem a não cingir a vida ao presente e a lembrar-se que nem tudo depende das suas capacidades. Por sua vez, aos mais velhos, a presença dum jovem abre à esperança de que não se perderá tudo aquilo que viveram e se vão realizar os seus sonhos. Em resumo, a visita de Maria a Isabel e a consciência de que a misericórdia do Senhor se transmite duma geração à outra mostram que não podemos avançar – nem salvar-nos – sozinhos, e que a intervenção de Deus se manifesta sempre no conjunto, na história dum povo. É precisamente Maria quem no-lo diz no Magnificat, alegrando-Se em Deus, que, fiel à promessa feita a Abraão (cf. 1, 51-55), realizou maravilhas novas e surpreendentes.

Para melhor captar o estilo do agir de Deus, recordemos que o tempo deve ser vivido em plenitude, porque as realidades maiores e os sonhos mais belos não acontecem num instante, mas através dum crescimento e duma maturação: em caminho, em diálogo, no relacionamento. Ora, quem se concentra apenas no imediato, nas próprias vantagens que se hão de conseguir rápida e sofregamente, no «tudo e já», perde de vista o agir de Deus. Diversamente, o seu projeto de amor atravessa o passado, o presente e o futuro, abraça e põe em ligação as gerações. É um projeto que nos ultrapassa a nós mesmos, mas no qual cada um de nós é importante e, sobretudo, é chamado a ir mais além. Para os mais jovens, trata-se de ir mais além do imediato em que nos confina a realidade virtual, que muitas vezes nos desvia da atividade concreta; para os mais velhos, trata-se de não se deterem no debilitar-se das forças nem no lamento pelas ocasiões perdidas. Olhemos para a frente! Deixemo-nos plasmar pela graça de Deus, que, de geração em geração, nos liberta do imobilismo no agir e das lamúrias voltadas para o passado!

No encontro entre Maria e Isabel, entre jovens e idosos, Deus dá-nos o seu futuro. Na realidade, o caminho de Maria e o acolhimento de Isabel abrem as portas à manifestação da salvação: através do seu abraço, a misericórdia irrompe, com alegre mansidão, na história humana. Por isso, quero convidar cada um a pensar naquele encontro; mais ainda, a fechar os olhos e imaginar, como numa foto instantânea, aquele abraço entre a jovem Mãe de Deus e a mãe idosa de São João Batista; representá-lo na mente e visualizá-lo no coração, para o fixar na alma como um luminoso ícone interior.

E convido depois a passar da imaginação à vida concreta, fazendo algo para abraçar os avós e os idosos. Não os deixemos sozinhos; é preciosa a sua presença nas famílias e nas comunidades: dá-nos a noção de partilhar a mesma herança e de fazer parte dum povo em que se preservam as raízes. Sim! São os idosos que nos transmitem a pertença ao santo Povo de Deus. A Igreja e de igual modo a sociedade precisam deles. É que os idosos entregam ao presente um passado necessário para construir o futuro. Honremo-los, não nos privemos da sua companhia nem os privemos da nossa. Não permitamos que sejam descartados.

O Dia Mundial dos Avós e dos Idosos pretende ser um pequeno e delicado sinal de esperança para eles e para a Igreja inteira. Por isso renovo o meu convite a todos – dioceses, paróquias, associações, comunidades – para o celebrarem, colocando no centro a alegria transbordante dum renovado encontro entre jovens e idosos. A vós, jovens, que estais a preparar-vos para partir para Lisboa ou que vivereis a Jornada Mundial da Juventude na própria localidade, quero dizer: antes de sair para a viagem, ide visitar os vossos avós, fazei uma visita a um idoso sozinho. A sua oração proteger-vos-á e levareis no coração a bênção daquele encontro. A vós, idosos, peço para acompanhardes com a oração os jovens que estão prestes a celebrar a JMJ. Aqueles jovens são a resposta de Deus aos vossos pedidos, o fruto daquilo que semeastes, o sinal de que Deus não abandona o seu povo, mas sempre o rejuvenesce com a criatividade do Espírito Santo.

Queridos avós, queridos irmãos e irmãs idosos, chegue até vós a bênção do abraço entre Maria e Isabel, e encha de paz os vossos corações. Com afeto, vos abençoo. E vós, por favor, rezai por mim.

Roma – São João de Latrão, na Festa da Visitação da Virgem Santa Maria, 31 de maio de 2023.

FRANCISCO

Fonte: https://www.vatican.va

Papa: a Eucaristia é mais que um símbolo, é amor a ser compartilhado com os pobres

Detalhes
Publicado em 20 junho 2023
  • Papa Francisco,
  • Homilia Papa Francisco
  • Eucaristia é mais que um símbolo,
  • Santíssima Eucaristia,
  • Eucharistic Revival
  • Reavivamento Eucarístico
  • 10ª edição do Congresso Eucarístico Nacional do Estados Unidos
  • A Eucaristia não é um símbolo

"A Eucaristia nos impele a um amor fortemente comprometido com o próximo, porque não podemos realmente entender e viver seu significado se mantivermos nossos corações fechados para nossos irmãos e irmãs, especialmente por aqueles que são pobres, sofredores, exaustos ou perdidos na vida", afirmou Francisco ao receber no Vaticano o comitê organizador da 10ª edição do Congresso Eucarístico Nacional do Estados Unidos. Evento acontece em julho de 2024, em Indianápolis.

 

Andressa Collet - Vatican News

O Papa Francisco retomou nesta segunda-feira (19) a agenda de audiências depois da cirurgia no intestino que o deixou internado por dez dias no Hospital Gemelli de Roma. Entre os compromissos da manhã no Vaticano, a audiência com o comitê organizador da 10ª edição do Congresso Eucarístico Nacional do Estados Unidos. O evento será realizado por quatro dias em julho de 2024, na cidade de Indianápolis, e o Pontífice já agradeceu por toda a preparação, encorajando a continuar com os esforços "para reavivar a fé e o amor pela Santíssima Eucaristia, 'fonte e ápice de toda a vida cristã' (Lumen Gentium, 11)."

 

O Reavivamento Eucarístico nos EUA

Vários eventos em nível diocesano e paroquial, além de uma peregrinação eucarística com dois meses de duração rumo ao Congresso em Indianápolis, fazem parte de uma iniciativa de três anos dos bispos para reavivar a frequência à missa, aproximando os fiéis da Eucaristia. Esse “Reavivamento Eucarístico” [Eucharistic Revival], como vem sendo chamado, foi estabelecido pela Conferência dos Bispos Católicos do país. 

O percurso da peregrinação - que será iniciado no Domingo de Pentecostes (19 de maio de 2024) e vai terminar em 16 de julho, data de abertura do Congresso - terá mais de 10 mil quilômetros e vai cobrir 65 dioceses ao longo de quatro itinerários diferentes. As paróquias serão visitadas por jovens católicos, acompanhados por capelães, e serão sede de celebrações eucarísticas, adoração ao Santíssimo Sacramento, devoções de 40 horas, palestras eucarísticas e testemunhos de peregrinos, por exemplo.

 

A Eucaristia não é um símbolo

"A Eucaristia, de fato", disse o Papa na audiência, "é a resposta de Deus à fome mais profunda do coração humano, à fome de vida verdadeira: nela, o próprio Cristo está realmente em nosso meio para nos nutrir, consolar e sustentar em nossa jornada". Francisco destacou a importância da Igreja nos Estados Unidos encorajar nesse percurso:

"Infelizmente, hoje em dia, às vezes, entre nossos fiéis, alguns acreditam que a Eucaristia seja mais um símbolo do que a presença real e amorosa do Senhor. É mais que um símbolo, é a presença real e amorosa do Senhor. Espero, portanto, que o Congresso Eucarístico inspire os católicos de todo o país a recuperar o senso de maravilha e encantamento por esse grande dom que o Senhor nos deu e a passar tempo com Ele na celebração da Santa Missa, bem como na oração pessoal e na adoração ao Santíssimo Sacramento."

“Acredito que nós, nestes tempos modernos, perdemos o sentido da adoração, precisamos recuperar o sentido de adorar em silêncio, adorar. É uma oração que perdemos. Poucas pessoas sabem o que é isso e vocês, bispos, devem catequizar os fiéis para a oração de adoração e, com a Eucaristia, se deve fazer assim.”

 

Promover a vocação ao sacerdócio

O Papa Francisco, afirmou, assim, que o Congresso Eucarístico Nacional marca um momento significativo na vida da Igreja do país, inclusive para inspirar novas vocações:

"Não posso deixar de mencionar a necessidade de promover as vocações ao sacerdócio, porque, como disse São João Paulo II: 'não existe Eucaristia sem Sacerdócio' (Carta aos Sacerdotes para a Quinta-feira Santa de 2004). São necessários sacerdotes para celebrar a Santa Eucaristia. Espero que o Congresso seja uma oportunidade para que os fiéis se comprometam com um zelo cada vez maior para serem discípulos missionários do Senhor Jesus no mundo".

 

A Eucaristia deve ir além da igreja

Na Eucaristia, continuou o Papa, "encontramos Aquele que se entregou inteiramente a nós, que se sacrificou para nos dar a vida, que nos amou até o fim". Uma inspiração para os missionários, sobretudo, recordou Francisco, diante de dois grupos de pessoas que precisam ser visitadas: "os idosos, que são a sabedoria de um povo, e os doentes, que são a figura do Jesus sofredor".

"Só nos tornamos testemunhas confiáveis da alegria e da beleza transformadora do Evangelho reconhecendo que o amor celebrado no Sacramento nem sempre pode ser guardado para nós, mas exige ser compartilhado com todos. E esse é o sentido do trabalho missionário: você vai, celebra a missa, comunga, faz a adoração... e depois? Depois sai, você sai para evangelizar, Jesus nos 'mostra' assim... A Eucaristia nos impele a um amor fortemente comprometido com o próximo, porque não podemos realmente entender e viver seu significado se mantivermos nossos corações fechados para nossos irmãos e irmãs, especialmente por aqueles que são pobres, sofredores, exaustos ou perdidos na vida." Fonte: https://www.vaticannews.va

11º Domingo do Tempo Comum: O Olhar do Papa Francisco

Detalhes
Publicado em 18 junho 2023
  • Papa Francisco,
  • Homilias do Papa Francisco,
  • Homilia Papa Francisco
  • 11º Domingo do Tempo Comum,
  • Homilia do 11º Domingo do Tempo Comum,
  • Angelus na Praça São Pedro,

 

Francisco: Deus não está distante, mas é Pai. O agradecimento do Papa

Antes da oração do Angelus deste 11º Domingo do Tempo Comum, o Papa agradeceu as orações e os testemunhos de afeto durante sua permanência no Hospital Gemelli. Comentando o Evangelho dominical, destacou que o coração do anúncio é "o testemunho gratuito, o serviço" e que, estando perto de Deus, "superamos o medo e sentimos a necessidade de anunciar" o seu amor.

 

Silvonei José – Vatican News

"Desejo expressar minha gratidão por todos aqueles que demonstraram afeto, cuidado e amizade" durante minha hospitalização, "e garantiram o apoio da oração". Foi o que disse o Papa Francisco, que voltou neste 11º Domingo do Tempo Comum a recitar o Angelus na Praça São Pedro, depois de ter sido submetido a uma cirurgia em 7 de junho no Hospital Geral Agostino Gemelli, em Roma. "Essa proximidade para mim tem sido de grande ajuda e conforto", acrescentou olhando pela janela de seu escritório no Palácio Apostólico do Vaticano, "Obrigado de coração".

 

Deus está perto de nós, ele é Pai, não estamos sozinhos!

Na meditação que precedeu a oração mariana, o Papa recordou a passagem do Evangelho deste Domingo, na qual o evangelista Mateus descreve o mandato de Jesus aos discípulos: ""pro­clamai: ‘O Reino dos Céus está próximo’". E ele enfatiza que o coração da proclamação é "testemunho livre, serviço". Como no início de sua pregação, Jesus proclama que o senhorio do amor de Deus "vem entre nós". E isso, comenta, "não é uma notícia entre as outras, mas a realidade fundamental da vida". De fato, "se o Deus do céu está próximo, não estamos sozinhos na terra e, mesmo nas dificuldades, não perdemos a confiança". Essa é a primeira coisa a ser dita às pessoas":

Deus não está distante, mas é Pai, Ele o conhece e o ama; quer segurar a sua mão, mesmo quando você passa por caminhos íngremes e irregulares, mesmo quando você cai e tem dificuldade para se levantar e retomar o caminho.

 

Perto Dele, superamos o medo e anunciamos

E muitas vezes, continua Francisco, " nos momentos em que você está mais fraco, pode sentir mais forte a sua presença. Ele conhece o caminho, Ele está com você, Ele é seu Pai!".  Assim, o mundo, grande e misterioso, "torna-se familiar e seguro, porque a criança sabe que está protegida. Ela não tem medo e aprende a se abrir: conhece outras pessoas, encontra novos amigos, aprende com alegria coisas que não sabia". Enquanto "cresce nela o desejo de se tornar grande e de fazer as coisas que viu o papai fazer". É por isso que Jesus começa aqui...

é por isso que a proximidade de Deus é o primeiro anúncio: estando perto de Deus, superamos o medo, nos abrimos para o amor, crescemos no bem e sentimos a necessidade e a alegria de anunciar.

 

Anunciar sua proximidade com gestos de amor e esperança

Se quisermos ser bons apóstolos, prossegue o Pontífice esclarecendo, "devemos ser como crianças: sentar "no colo de Deus" e, de lá, olhar para o mundo com confiança e amor, para testemunhar que Deus é Pai, que somente Ele transforma nossos corações e nos dá aquela alegria e paz que não podemos proporcionar por nós mesmos.

Anunciar que Deus está próximo. Mas como fazer isso? No Evangelho, Jesus recomenda não dizer muitas palavras, mas fazer muitos gestos de amor e esperança em nome do Senhor. Esse é o coração do anúncio: testemunho gratuito, serviço.

Vou lhes dizer uma coisa, acrescentou o Papa: "fico perplexo e muito perplexo, sempre, com os 'faladores' que falam muito e não fazem nada".

 

Vamos nos fazer algumas perguntas 

O Papa Francisco então convida a nos perguntarmos: “nós, que acreditamos no Deus próximo, confiamos Nele? Sabemos olhar para frente com confiança, como uma criança que sabe que está sendo carregada pelo pai? Sabemos como nos sentar no colo do Pai com a oração, com a escuta da Palavra, aproximando-nos dos Sacramentos?”

Enfim, perto d’Ele, sabemos como incutir coragem nos outros, nos aproximar daqueles que sofrem e estão sozinhos, daqueles que estão longe e até mesmo daqueles que são hostis a nós? Fonte: https://www.vaticannews.va

Papa: que Santa Teresinha nos ajude a amar Jesus e superar nosso egoísmo

Detalhes
Publicado em 07 junho 2023
  • Papa Francisco,
  • Santa Teresinha,
  • Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresa do Menino Jesus,
  • Congregação das Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresa do Menino Jesus,
  • Novena de Santa Teresinha,
  • Festa de Santa Teresinha,
  • Homilia de Santa Teresinha,
  • Dia de Santa Teresinha,
  • 150 anos de nascimento anos do nascimento de Santa Teresinha
  • relíquias de santa teresinha

 

Diante das relíquias de Santa Teresa do Menino Jesus, Francisco anunciou a publicação de uma Carta Apostólica por ocasião dos 150 anos de nascimento da Padroeira das Missões.

 

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

O Papa dedicou sua catequese desta quarta-feira à Santa Teresa do Menino Jesus, que foi enriquecida com a presença na Praça São Pedro de suas relíquias e a de seus santos pais, Luís e Zélia. O Pontífice anunciou que pretende dedicar à santa de Lisieux uma Carta Apostólica por ocasião dos seus 150 anos de nascimento, que se celebram neste ano de 2023.

Dirigindo-se aos milhares de fiéis, Francisco destacou o título de Padroeira universal das Missões de Santa Teresinha, embora nunca tenha saído em missão. Mas o seu desejo – escreve ela – era ser missionária, e não só durante alguns anos, mas por toda a vida; mais ainda, por toda a eternidade. Ela era uma monja carmelita e sua vida foi marcada pela pequenez e pela fraqueza: ela mesma se autodefinia "um pequeno grão de areia". De saúde frágil, ela morreu com somente 24 anos.

O Pontífice narrou dois episódios que transformaram sua vida: o primeiro em âmbito familiar e, o segundo, com um condenado à morte. A partir de então, "voltou o seu zelo para os outros, para que encontrassem Deus e, em vez de buscar consolações para si mesma, se propôs a "consolar Jesus, fazendo com que  as almas o amassem"

 

A fé nasce por atração

Do Carmelo, acompanhava os missionários por carta, com a oração e oferecendo por eles todos os sacrifícios que a vida lhe pedia. Teresa intercedia pelas missões e as abençoava. Na verdade, disse o Papa, não é missionário apenas quem deixa a sua pátria e vai para longe, aprende línguas novas e nelas anuncia a Boa Nova de Jesus; mas toda a pessoa que, no lugar onde vive, serve como instrumento do amor de Deus e tudo faz para que Jesus passe para os outros.

Dizia ela que "Jesus está doente de amor, e a doença do amor só se cura com o amor". Para a Igreja, concluiu o Papa, mais importante do que a abundância de meios, métodos e estruturas, que às vezes até a distraem do essencial, é ter muitos corações como o de Teresa, corações que atraem ao amor e aproximam de Deus.

 

“Este é o zelo apostólico que, nos recordemos sempre, nunca funciona por proselitismo - nunca - ou por pressão - nunca-, mas por atração: a fé nasce por atração. Ninguém se torna cristão porque foi forçado por alguém, não, mas porque tocado pelo amor.”

 

"Peçamos à santa - temos as relíquias aqui - a graça de superar o nosso egoísmo e peçamos a paixão de interceder, de interceder para que esta atração seja maior nas pessoas e para que Jesus seja conhecido e amado", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va

Papa Francisco revela que o kirchnerismo tentou colocá-lo na prisão: 'Queriam cortar minha cabeça'

Detalhes
Publicado em 10 maio 2023
  • Papa Francisco,
  • Cristina Kirchner,
  • Papa Francisco revela que o kirchnerismo tentou colocá-lo na prisão
  • arcebispo de Buenos Aires,
  • arcebispo Jorge Mario Bergoglio,
  • kirchnerismo,
  • ditador Jorge Rafael Videla
  • Queriam cortar minha cabeça
  • padre Ferenc Jalics,

Em conversa com jesuítas na Turquia, Francisco diz que 'todas as ações durante a ditadura' foram questionadas

 

O Papa Francisco durante discurso em Budapeste, na Hungria, nesta sexta-feira VINCENZO PINTO/AFP

 

PINTO/AFP

O Papa Francisco revelou que, enquanto ainda era arcebispo de Buenos Aires, o governo da então presidente (e hoje vice) Cristina Kirchner deu "indicações" a três juízes para condená-lo por suas ações durante a ditadura no país (1976-1983). O Pontífice contou a história a 32 jesuítas que visitou na Hungria, onde deu detalhes de um longo depoimento que precisou prestar à Justiça devido ao sequestro em 1976 dos padres Orlando Yorio e Ferenc Jálics, acusados ​​pelos militares de terem ligações com a guerrilha.

— Alguns do governo queriam cortar minha cabeça, e não levantaram tanto essa questão do Jálics [de origem húngara], mas questionaram toda a minha forma de agir durante a ditadura — disse o Pontífice.

O diálogo com os padres aconteceu no dia 29 de abril e foi publicado pelo La Civiltá Cattolica, revista dos jesuítas italianos, que passa pelo crivo do Vaticano antes de ser publicano.

Então arcebispo Jorge Mario Bergoglio, o Pontífice testemunhou em 8 de novembro de 2010 no âmbito do caso Esma, que ainda investiga as ações militares no Escola de Mecânica da Marinha, que foi o maior centro ilegal de detenção e tortura da ditadura argentina. À época, o jornalista Horacio Verbitsky, ligado ao kirchnerismo, acusou Bergoglio de ter "entregado", como superior provincial dos jesuítas, os padres Franz Jalics e Orlando Yorio a seus captores.

Ele respondeu aos juízes que o interrogaram que foi o contrário: ele havia intercedido pelos padres perante o ditador Jorge Rafael Videla e seu vice na junta militar, almirante Eduardo Massera.

— Deram-me a possibilidade de escolher o lugar onde realizar o interrogatório, e escolhi fazê-lo no Episcopado. Durou 4h10. Um dos juízes insistia muito no meu comportamento, e eu sempre respondi com a verdade. Mas, para mim, a única pergunta série e bem fundamentada foi feita pelo advogado que pertencia ao Partido Comunista — disse Francisco à La Civiltá Cattolica. — Graças a essa pergunta, as coisas se esclareceram e, por fim, minha inocência foi comprovada. Mas não se falou quase nada de Jálics, mas de outros casos de pessoas que haviam pedido ajuda.

Segundo o Pontífice, "quando Jálics e Yorio foram presos pelos militares, a situação que se vivia na Argentina era confusa e não estava claro o que deveria ser feito":

— Fiz o que achei que deveria fazer para defendê-los. Foi uma situação muito dolorosa — completou.

Quando Bergoglio foi escolhido Papa em 2013, na Argentina muitos consideravam que ele não havia feito o suficiente pelos detentos desaparecidos, com alguns acusando-o inclusive de cumplicidade. O papel do então arcebispo nos acontecimentos dos anos 1970 fez parte de um amplo estudo que a Igreja Católica fez sobre centenas de milhares de arquivos que estavam no Episcopado em Buenos Aires e no Vaticano.

O resultado do trabalho foi publicado em duas levas — há uma terceira em elaboração — sob o título "A verdade os fará livre". Em uma entrevista ao El País, o relator da investigação, Carlos María Galli, disse que a Igreja deveria "ter feito mais para evitar tanta matança", mas negou que tenha havido cumplicidade. Afirmou também que os ataques contra Bergoglio foram "um pouco armados porque calhavam ao governo da vez", de Cristina Kirchner.

— Quando o consideravam opositor, começaram a atacá-lo. Um dos elementos foi revisitar a história dos dois jesuítas detidos em 1976 (Jálics e Yorio) e dizer que Bergoglio havia os deixado vulneráveis — afirmou. — Bergoglio ajudou a salvar ao menos 30 pessoas.

Bergoglio contou aos jesuítas húngaros que anos mais tarde, quando já era Papa, os juízes o revelaram que haviam sido pressionados pelo governo para condená-lo:

— Voltei a ver aqui, em Roma, como Papa, dois dos juízes, um deles junto a um grupo de argentinos. Não o havia reconhecido, apesar de ter a impressão que já o havia visto. Eu olhei para ele, olhei, e dizia para mim mesmo "eu conheço esse [homem]". Ele me deu um abraço e foi embora.

O Pontífice, contudo, afirmou que voltou a ver o magistrado mais uma vez, quando ele se apresentou. Narrando aos húngaros o ocorrido, o Papa continuou:

— Disse para ele: "mereço ser castigado cem vezes, mas não por esse motivo". Disse que estava em paz com essa história. Sim, mereço ser julgado pelos meus pecados, mas sobre esse ponto quero ser claro. Também veio outro dos três juízes, que me disse claramente que eles haviam recebido indicações do governo para me condenar.

Os padres Ferenc Jalics, que morreu em 2021, e Orlando Yorio, que morreu em 2000, trabalhavam em um bairro popular de Buenos. Rapidamente, narrou o papa, se tornaram alvo dos militares:

— No bairro onde trabalhavam havia uma célula guerrilheira. Mas os jesuítas não tinham nada a ver com eles: eram pastores, não políticos. Ainda assim, foram feitos prisioneiros apesar de serem inocentes. Não encontraram nada para acusá-los, porém precisaram ficar nove meses no cárcere, aguentando ameaças e torturas. Logo foram soltos, mas essas coisas deixam feridas profundas.

O Papa continuou afirmando que Jálics foi vê-lo imediatamente após ser solto, e que conversaram. Francisco afirmou tê-lo aconselhado a ir ver sua mãe nos Estados Unidos e que a "situação era realmente muito incerta e confusa. Depois, disse o Papa "surgiu a lenda de que tinha sido quem os entregou quando foram presos".

Ao fim de sua conversa com os jesuítas húngaros, o religioso argentino recomendou que os interlocutores lessem "A verdade os fará livres":

— Ali poderão encontrar a verdade sobre o caso. Fonte: https://oglobo.globo.com

O Papa: os monges e monjas levam adiante a Igreja com a sua intercessão

Detalhes
Publicado em 26 abril 2023
  • Audiência Geral do Papa,
  • Na audiência geral do Papa Francisco,
  • Audiência Geral do Papa Francisco,
  • Audiência Geral direto de Roma,
  • Audiência Geral,
  • Audiência Geral com o Papa Francisco,
  • catequese da Audiência Geral,
  • Monjas
  • Monges
  • São Gregório de Narek,
  • O coração dos monges e das monjas é como uma antena,

Na catequese desta quarta-feira, o Papa citou São Gregório de Narek, Doutor da Igreja, como exemplo de intercessor pelos outros. Francisco disse que "o coração dos monges e das monjas é como uma antena, porque capta o que acontece no mundo e intercedem por ele. Assim, eles vivem em união com o Senhor e com todos".

 

Vatican News

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre as testemunhas do zelo apostólico, na Audiência Geral desta quarta-feira (26/04), realizada na Praça São Pedro.

"Começamos por São Paulo e, da última vez, vimos os mártires, que anunciam Jesus com a vida, a ponto de a entregar por Ele e pelo Evangelho", disse o Pontífice, ressaltando que "existe outro grande testemunho que atravessa a história da fé: o das monjas e dos monges, irmãs e irmãos que renunciam a si e ao mundo para imitar Jesus no caminho da pobreza, da castidade, da obediência e para interceder a favor de todos".

Segundo o Papa, "os monges são o coração pulsante do anúncio: a sua oração é oxigênio para todos os membros do Corpo de Cristo, é a força invisível que sustenta a missão".

"Não é por acaso", recordou Francisco, "que a padroeira das missões é uma monja, Santa Teresa do Menino Jesus" que entendeu que «só o amor impele os membros da Igreja à ação». Descobriu que «o amor abarca em si todas as vocações». «Ó Jesus, meu amor, finalmente encontrei a minha vocação. A minha vocação é o amor. No coração da Igreja, minha mãe, serei o amor», escreveu ela.

Este amor por todos anima a vida dos monges e traduz-se na sua oração de intercessão. A tal respeito, gostaria de citar como exemplo São Gregório de Narek, Doutor da Igreja. É um monge armênio, que viveu por volta do ano 1000 e nos deixou um livro de orações, no qual foi derramada a fé do povo armênio, o primeiro que abraçou o cristianismo; um povo que, apegado à cruz de Cristo, sofreu muito ao longo da história.

"São Gregório passou quase toda a sua vida no mosteiro de Narek. Ali aprendeu a perscrutar as profundezas da alma humana e, fundindo poesia e oração, alcançou o auge tanto da literatura como da espiritualidade armênia", disse ainda Francisco.

Segundo o Papa, "o aspecto que mais impressiona nele é exatamente a solidariedade universal de que é intérprete".

Entre os monges e monjas existe uma solidariedade universal. Qualquer coisa que acontece no mundo encontra lugar nos seus corações e eles rezam. O coração dos monges e das monjas é como uma antena, porque capta o que acontece no mundo e intercedem por ele. Assim, eles vivem em união com o Senhor e com todos.

Como Jesus, os monges e monjas "carregam sobre si os problemas do mundo, as dificuldades, as doenças e muitas coisas e rezam por eles. Estes são os grandes evangelizadores. Com a palavra, o exemplo, a intercessão e o trabalho cotidiano eles são ponte de intercessão para todas as pessoas e pelos pecados. Eles choram pelos seus pecados, porque todos somos pecadores, e choram pelos pecados do mundo e rezam e intercedem".

"Nos fará bem visitar um mosteiro porque ali se reza e trabalha. Cada um tem sua regra, mas ali as mãos estão sempre ocupadas com o trabalho e com a oração. Que o Senhor nos dê novos mosteiros, monges e monjas que levam adiante a Igreja com a sua intercessão", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va

Papa: encontre Jesus Ressuscitado na comunidade, na Igreja que não é perfeita

Detalhes
Publicado em 16 abril 2023
  • Papa Francisco,
  • Homilia Papa,
  • Homilias do Papa Francisco,
  • MISERICÓRDIA,
  • 2º Domingo da Páscoa,
  • Domingo da Misericórdia,
  • Homilia do 2º DomingoPáscoa
  • Tomé,
  • Jesus ressuscitado
  • Jesus Ressuscitado com Tomé,

Refletindo sobre o encontro de Jesus Ressuscitado com Tomé, que não acreditou nas feridas do Mestre até não vê-las, Francisco nos convida a buscar Deus na Igreja, que é o Corpo de Cristo, "aceitando o desafio de permanecer ali, mesmo se não é perfeita" e não "em alguma manifestação religiosa espetacular". E Francisco reforça para não buscar longe e ficar na comunidade, "com os outros; não vá embora, reze com eles, parta o pão com eles”.

 

Andressa Collet - Vatican News

Neste Segundo Domingo de Páscoa e da Divina Misericórdia, o Papa Francisco, na alocução que precedeu a oração mariana do Regina Caeli na Praça São Pedro, refletiu sobre o Evangelho que traz as duas aparições de Jesus Ressuscitado aos discípulos e, em particular, a Tomé (cf. Jo 20,24-29). O "Apóstolo incrédulo", comentou o Pontífice, não foi o único com dificuldades para acreditar, mas acaba representando "um pouco de todos nós. De fato, nem sempre é fácil acreditar", especialmente após sofrer decepções, como no caso de Tomé, que viu o Mestre sendo colocado na cruz como um delinquente: "como confiar novamente?", ponderou o Papa.

 

Encontrar Jesus em meio à comunidade

Assim, enquanto Tomé saiu, recordou o Papa, Jesus apareceu pela primeira vez aos discípulos na noite de Páscoa e o discípulo não acreditou. E Cristo Ressuscitado o fez pela segunda vez, oito dias depois, aparecendo em meio aos seus discípulos e mostrando as suas feridas, "a prova do seu amor, os canais sempre abertos da sua misericórdia".

“Vamos refletir sobre esses fatos. Para acreditar, Tomé gostaria de um sinal extraordinário: tocar as feridas. Jesus as mostra a ele, mas de uma maneira ordinária, chegando diante de todos, na comunidade. Como que para dizer-lhe: se quiser me encontrar, não busque longe, fique na comunidade, com os outros; não vá embora, reze com eles, parta o pão com eles.”

É na comunidade que encontramos Jesus, enfatizou o Papa, onde encontramos "os sinais das feridas: os sinais do Amor que vence o ódio, do Perdão que desarma a vingança, da Vida que vence a morte". Em meio aos irmãos, também se compartilha "momentos de dúvida e de medo, agarrando-se ainda mais firmemente a eles".

“Queridos irmãos e irmãs, o convite feito a Tomé também é válido para nós. Nós, onde procuramos o Ressuscitado? Em algum evento especial, em alguma manifestação religiosa espetacular ou marcante, unicamente em nossas emoções e sensações? Ou na comunidade, na Igreja, aceitando o desafio de permanecer ali, mesmo se não é perfeita?”

O Papa Francisco finalizou a reflexão deste domingo (16) pedindo a intercessão de Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia, para nos ajudar "a amar a Igreja e a torná-la um lar acolhedor para todos", mesmo em meio às dificuldades:

"Apesar de todas as suas limitações e quedas, que são as nossas limitações e as nossas quedas, nossa Igreja Mãe é o Corpo de Cristo; e é ali, no Corpo de Cristo, que se encontram impressos, mais uma vez e para sempre, os maiores sinais do seu amor. Vamos nos perguntar, porém, se, em nome desse amor, em nome das feridas de Jesus, estamos dispostos a abrir os braços a quem está ferido na vida, sem excluir ninguém da misericórdia de Deus, mas acolhendo a todos; cada um como um irmão, como uma irmã." Fonte: https://www.vaticannews.va

Os Papas e a Misericórdia

Detalhes
Publicado em 15 abril 2023
  • MISERICÓRDIA,
  • Domingo da Misericórdia,
  • Domingo da Divina Misericórdia
  • devoção à Divina Misericórdia,
  • definição da Misericórdia,
  • O nome de Deus é misericórdia,
  • Papa Pio XII
  • João Paulo II
  • Homilia da Divina Misericórdia
  • Os Papas e a Misericórdia

Jesus disse à Santa Faustina: "A humanidade não encontrará paz, enquanto não se voltar com confiança para a misericórdia divina" (Diário, pág. 132). A misericóridia, de fato, foi um traço de unidade característico entre os pontificados dos últimos papas.

Ir. Grazielle Rigotti, ascj - Vatican News

O tema da misericordia divina, manifestada através da vida de Jesus Cristo, é recorrente em diversos pontificados. Pode-se até mesmo afirmar que tal atributo divino perpassou os pontificados como poucos, e de forma singular. Ainda nos dias atuais, os fiéis se voltam para a misericórdia e celebram no segundo domingo da Páscoa a festa da Divina Misericórdia. Esta, porém foi um traço presente nos pontificados e documentos papais ao longo dos anos na história da Igreja.

 

Papa Pio XII

Pode-se iniciar o caminho traçado pelos pontífices e a misericórdia no Ano Santo de 1950, onde Papa Pio XII havia evocado a misericórdia divina em sua radiomensagem de Natal de 1949: “A nossos filhos, a todos os homens de bem, seja estimado o compromisso de não decepcionar as esperanças do Pai comum, que tem seus braços erguidos para o céu, para que a nova efusão da misericórdia divina sobre o mundo possa exceder todas as medidas.”

De fato, em seus discursos, Eugenio Pacelli ainda faz questão de destacar as obras de misericórdia como sendo a “essência própria do evangelho”. (Audiência de 19.7.1939)

O mesmo Pontífice ainda marcou seu pontificado com a Encíclica Haurietis Aquas de 15 de maio de 1956, sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e onde também cita seu predecessor, Pio XI, e sua encíclica Miserentissimus Redemptor. Papa Pacelli reitera: “Assim como amou a Igreja, Cristo continua amando-a intensamente, com aquele tríplice amor de que falamos (cf. 1 Jo 2,1); e esse amor é que o impele a fazer-se nosso advogado para nos obter do Pai graça e misericórdia, "estando sempre vivo para interceder por nós" (Hb 7, 25) (44), e ainda recorda que “ao mostrar o Senhor o seu coração sacratíssimo – de modo extraordinário e singular quis atrair a consideração dos homens para a contemplação e a veneração do amor misericordioso de Deus para com o gênero humano”. (52)

 

Papa Paulo VI

Em 12 de abril de 1968, papa Paulo VI após a Via Sacra no Coliseu, descreveu a misericórdia como uma torrente que jorrava da cruz.

Em seu discurso, afirma: “Jesus morreu não só porque nós o matamos; ele morreu por nós. Ao morrer na cruz, Ele nos salvou. Por nós, Ele sofreu e morreu. E assim como tantas representações da Cruz na arte cristã fazem jorrar riachos de água límpida aos pés daquela árvore da vida para indicar graça, amizade com Deus, os Sacramentos, assim também da Cruz brota uma torrente de misericórdia e nos oferece, a todos nós, o destino inestimável de sermos perdoados, de sermos redimidos. Tanto que, com a liturgia da Igreja, chamaremos "abençoada" a Paixão cruel do Senhor: pois ela é a fonte do nosso renascimento e da nossa felicidade. Não mais a cruz é, portanto, uma forca de ignomínia e morte, mas um símbolo de vitória: in hoc signo vinces. Vemo-lo aqui sob o arco de Constantino, triunfante desde que o destino da Cruz de Cristo abriu novos horizontes radiantes para a história da Igreja.”

 

João Paulo II

Pode-se dizer também que São João Paulo II baseou muito de seu pontificado na misericórdia, coroando como aspectos particulares de seu magistério o Grande Jubileu do ano 2000 e a instituição da celebração da Divina Misericórdia, sendo realizada no segundo domingo de Páscoa. Tal instituição foi anunciada por ocasião da canonização de Maria Faustyna Kowalska. Além disso, ele havia dedicado também sua segunda encíclica ao tema da Misericórdia, Dives in Misericordia em 1980. Foi neste documento que o pontífice afirmou: "em Cristo e por Cristo, Deus com a sua misericórdia torna-se também particularmente visível; isto é, põe-se em evidência o atributo da divindade, que já o Antigo Testamento, servindo-se de diversos conceitos e termos, tinha chamado «misericórdia». "(2)

 

Bento XVI

“As mãos de quem vos ajuda em nome da misericórdia sejam uma prolongação destas grandes mãos de Deus.” Em sua viagem à Polônia em maio de 2006, o papa Bento XVI enfatizou o parentesco entre o que ele chamou de dois mistérios: a fragilidade humana e a misericórdia divina. Nesta ocasião ele estava em um encontro com os doentes. O papa continuou seu discurso afirmando que à primeira vista, estes dois mistérios parecem ser opostos um ao outro. Mas quando tentamos mergulhar neles à luz da fé, vemos que eles estão em harmonia mútua. Isto é graças ao mistério da cruz de Cristo.

 

Papa Francisco

Utilizando-se de outras palavras, mas resgatando ainda o mistério do encontro entre fragilidade humana e acolhida divina, faz-se memória da Carta Apostólica do Papa Francisco, Misericordia et misera, datada do quarto ano do seu pontificado, e por ocasião do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Nela, lê-se que “A misericórdia é esta ação concreta do amor que, perdoando, transforma e muda a vida. É assim que se manifesta o seu mistério divino. Deus é misericordioso (cf. Ex 34, 6), a sua misericórdia é eterna (cf. Sal 136/135), de geração em geração abraça cada pessoa que confia n’Ele e transforma-a, dando-lhe a sua própria vida.”

O atual Pontífice também, recentemente, em março de 2023, em um encontro com os participantes do Curso sobre o Foro Interno promovido pela Penitenciaria Apostólica, Papa Francisco afirmou que “vivendo da misericórdia e oferecendo-a a todos, a Igreja se realiza e cumpre sua ação apostólica e missionária. Quase poderíamos dizer que a misericórdia está incluída nas "notas" características da Igreja, em particular faz resplandecer a santidade e a apostolicidade.”

Como conclusão, e tomando como luz as palavras de Francisco no mesmo discurso, pode-se enfim afirmar que "desde sempre, a Igreja, com estilos diferentes nas várias épocas, expressou esta "identidade de misericórdia", dirigida tanto ao corpo quanto à alma, desejando, com seu Senhor, a salvação integral da pessoa. A obra da misericórdia divina coincide assim com a própria ação missionária da Igreja, com a evangelização, porque nela resplandece o rosto de Deus como Jesus nos mostrou". Fonte: https://www.vaticannews.va

O Papa: o seminário é o tempo de ser verdadeiros, deixando cair as máscaras

Detalhes
Publicado em 27 março 2023
  • Papa Francisco,
  • Padres,
  • Homilias do Papa Francisco,
  • O dom da vocação presbiteral,
  • Seminaristas,
  • Romano Pontífice,
  • Vocação,
  • sacerdócio,
  • MEDO E VOCAÇÃO,
  • VOCAÇÃO E ILUSÃO,
  • O QUE É UMA VOCAÇÃO,
  • vocação de Padres,
  • clérigos
  • A ILUSÃO DE UMA VOCAÇÃO
  • o seminário
  • Sala do Consistório,
  • carreirismo

"Neste processo de discernimento, deixar que o Senhor trabalhe em vocês, que os fará pastores segundo o seu coração porque o contrário é usar máscara, maquiar-se, aparecer é coisa de funcionários, não de pastores do povo, mas de clérigos de Estado", disse Francisco aos seminaristas da Calábria.

 

 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (27/03), na Sala do Consistório, no Vaticano, os bispos, superiores, formadores e seminaristas da Calábria por ocasião de sua peregrinação a Roma.

Depois de saudar todos os presentes, o Papa se deteve na pergunta que Jesus faz aos discípulos: «O que vocês estão procurando?» "Às vezes procuramos uma "receita" fácil, mas Jesus começa com uma pergunta que nos convida a olhar para dentro, para verificar as razões do nosso caminho", disse o Pontífice. "A vocação de vocês é caminhar com o Senhor, o amor do Senhor. Tomem cuidado para não caírem no carreirismo que é uma praga, o carreirismo é uma das formas mais feias de mundanismo que nós clérigos podemos ter", sublinhou.

A seguir, o Papa perguntou aos seminaristas: «O que vocês estão procurando? Qual é o desejo que os levou a sair ao encontro do Senhor e a segui-lo no caminho do sacerdócio? O que vocês procuram no Seminário? E o que procuram no sacerdócio? "Devemos nos perguntar, porque às vezes acontece que "por trás das aparências de religiosidade e até de amor à Igreja", na verdade, buscamos «a glória humana e o bem-estar pessoal»", disse Francisco, ressaltando que "é muito triste quando se encontra sacerdotes que são funcionários, que se esqueceram de ser pastores do povo e se tornaram clérigos de Estado. É ruim quando se perde o sentido sacerdotal".

O seminário é o tempo de ser verdadeiros com nós mesmos, deixando cair as máscaras, artimanhas e aparências. Neste processo de discernimento, deixem que o Senhor trabalhe em vocês, que os fará pastores segundo o seu coração porque o contrário é usar máscara, maquiar-se, aparecer é coisa de funcionários, não de pastores do povo, mas de clérigos de Estado.

A seguir, Francisco fez a mesma pergunta de Jesus aos bispos: "O que vocês estão procurando? O que desejam para o futuro da sua terra, com que Igreja vocês sonham? Que tipo de padre vocês imaginam para o seu povo? Vocês são responsáveis pela formação desses jovens."

Este discernimento é mais necessário hoje do que nunca, porque no tempo em que um certo cristianismo do passado se desvaneceu, abriu-se diante de nós um novo tempo eclesial, que exigiu e ainda exige uma reflexão também sobre a figura e o ministério do sacerdote. Não podemos mais pensá-lo como um pastor solitário, fechado no recinto paroquial; é preciso unir forças e partilhar ideias, para enfrentar alguns desafios pastorais que já são transversais a todas as Igrejas diocesanas de uma Região. Penso na evangelização dos jovens, nos percursos de iniciação cristã, na piedade popular, que necessita de escolhas unitárias inspiradas no Evangelho. Penso também nas exigências da caridade e na promoção da cultura da legalidade.

"Tudo isso convida a formar sacerdotes que, vindos de seus próprios contextos, saibam cultivar uma visão comum do território e tenham uma formação humana, espiritual e teológica unitária", sublinhou o Papa, pedindo-lhes para "canalizar todas as energias humanas, espirituais e teológicas num único Seminário". "Não se trata de uma escolha logística ou meramente numérica, mas destinada a amadurecer juntos uma visão eclesial e um horizonte de vida sacerdotal, em vez de dispersar forças multiplicando os lugares de formação e mantendo pequenas realidades com apenas alguns seminaristas".

Segundo o Papa, "um seminário com 4, 5, 10 pessoas não é seminário, não se forma seminaristas; um seminário com 100, anônimo, não forma seminaristas. São necessárias pequenas comunidades também dentro de um grande seminário ou um seminário com medida humana que seja o reflexo do colégio presbiteral. É um discernimento que não é fácil fazer, não é fácil. Mas tem que ser feito e decisões têm que ser tomadas sobre isso. Não será Roma que vai lhes dizer o que fazer, não: porque vocês têm o carisma. Nós damos ideias, orientações, conselhos, mas vocês têm o carisma, vocês têm o Espírito Santo para isso. Se Roma começasse a tomar decisões, seria uma bofetada no Espírito Santo, que age nas Igrejas particulares.

Segundo o Papa, "este processo está sendo iniciado em muitas partes do mundo e é natural que haja alguma resistência e algum esforço em dar este passo". "Mas recordemos que o apego à nossa história e aos lugares significativos da nossa tradição não deve impedir a novidade do Espírito de traçar caminhos a seguir, sobretudo quando o caminho da Igreja o exige. O Senhor nos pede uma atitude de vigilância, para que não nos aconteça "como nos dias de Noé", quando as pessoas, preocupadas com as coisas habituais, não notaram que chegava o dilúvio. Precisamos de olhos abertos e coração atento para captar os sinais dos tempos e olhar adiante", concluiu Francisco. Fonte: https://www.vaticannews.va

Nunca imaginei que lideraria Igreja Católica na '3ª Guerra Mundial', diz papa Francisco

Detalhes
Publicado em 13 março 2023
  • Papa Francisco,
  • Religião,
  • Jorge Bergoglio,
  • 10 Anos do pontificado de Francisco

Pontífice nascido na Argentina fala no 'Popecast' no dia em que se celebram seus dez anos de papado

 

O papa Francisco durante oração do Angelus, no Vaticano - Filippo Monteforte - 5.mar.23/AFP

 

SÃO PAULO

Jorge Bergoglio, o primeiro papa latino-americano da história, que nesta segunda (13) completa dez anos como o líder da Igreja Católica, já imaginava se deparar com tensões na chefia da instituição. Mas não esperava ser papa "nos tempos da Terceira Guerra Mundial".

A declaração foi dada pelo próprio papa Francisco em um episódio do Popecast, o podcast produzido pela mídia do Vaticano com o pontífice e divulgado no dia de seu aniversário de uma década no cargo. O papa se refere à Guerra da Ucrânia, conflito que fez o fantasma de um terceiro conflito mundial sair do armário.

 

Francisco, que nasceu em Buenos Aires, na Argentina, tem pedido por paz em seus conflitos, e a guerra já chegou a ampliar a rusga histórica entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Russa.

O papa diz que, como alguém que "veio dos confins do mundo", não esperava isso. "Achei que a Síria ia ser única, depois vieram as outras", segue, referindo-se à Guerra Civil síria, que já passa de uma década.

"Por trás das guerras, há a indústria de armas, o que é diabólico", diz Francisco nos quase dez minutos de episódio. "Sofro em ver a morte de jovens homens –sejam eles russos ou ucranianos. É difícil."

No material disponível em italiano, Francisco volta a pedir paz. No início, mostram os apresentadores, ele pergunta o que é um podcast. "Um podcast? O que é isso? Bom... Vamos fazer."

Ao descrever seus dez anos como papa, ele diz: "O tempo voa, tem pressa. Quando você quer agarrar o hoje, já é ontem. Esses dez anos foram assim: vivendo em tensão".

A celebração de seus dez anos de papado contará também com uma missa para a qual foram convidados outros cardeais, no Vaticano. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

O Papa: perceber a beleza do amor nos rostos das pessoas que caminham ao nosso lado

Detalhes
Publicado em 05 março 2023
  • Papa Francisco,
  • oração mariana do Angelus,
  • Evangelho da Transfiguração do Senhor,
  • III Domingo da Quaresma,
  • TRANSFIGURAÇÃO
  • Evangelho da Transfiguração

Francisco disse, em sua alocução, que o Evangelho deste domingo "nos ensina como é importante estar com Jesus, mesmo quando não é fácil entender tudo o que Ele diz e faz por nós". Segundo o Papa, "é estando com Ele que aprendemos a reconhecer, no seu rosto, a beleza luminosa do amor que se doa, mesmo quando carrega os sinais da cruz".

 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco conduziu a oração mariana do Angelus, neste domingo (05/03), lindo dia de sol na Cidade Eterna.

Os fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro acompanharam as palavras do Pontífice, no II Domingo da Quaresma, em que "é proclamado o Evangelho da Transfiguração: Jesus leva consigo Pedro, Tiago e João ao monte e revela-se a eles em toda a sua beleza como Filho de Deus".

Francisco nos convidou a refletir um pouco sobre esta cena e a nos perguntar: "Em que consiste esta beleza? O que os discípulos veem? Um efeito espetacular? Não se sabe. Não é isso não. Veem a luz da santidade de Deus brilhar no rosto e nas vestes de Jesus, a imagem perfeita do Pai".

Revela-se a majestade de Deus, a beleza de Deus. Mas Deus é Amor, e por isso os discípulos viram com os próprios olhos a beleza e o esplendor do Amor divino encarnado em Cristo. Uma antecipação do paraíso. Eles tiveram uma antecipação do paraíso. Que surpresa para os discípulos! Eles tiveram a face do Amor diante de seus olhos por tanto tempo, e nunca tinham percebido como era lindo! Só agora eles percebem isso, e com tanta alegria, com imensa alegria.

"Jesus, na realidade, com esta experiência os está formando, os está preparando para um passo ainda mais importante", pois em breve "eles deverão saber reconhecer a mesma beleza Nele, quando subir na cruz e seu rosto for desfigurado".

"Pedro se esforça para entender: ele gostaria de parar o tempo, gostaria de colocar a cena em "pausa", ficar ali e prolongar essa experiência maravilhosa; mas Jesus não permite. De fato, a sua luz não pode ser reduzida a um "momento mágico"! Não é outra coisa. Assim, se tornaria uma coisa falsa e artificial que se dissolve na névoa dos sentimentos passageiros." "Ao contrário", disse ainda o Papa, "Cristo é a luz que orienta o caminho, como a coluna de fogo para o povo no deserto. A beleza de Jesus não aliena os discípulos da realidade da vida, mas lhes dá a força para seguir Ele até Jerusalém, até à cruz. A beleza de Cristo não é alienante, mas leva você adiante, não faz você se esconder. Vai adiante".

"Irmãos e irmãs, este Evangelho traça um caminho também para nós: ensina-nos como é importante estar com Jesus, mesmo quando não é fácil entender tudo o que Ele diz e faz por nós", disse ainda o Papa, acrescentando:

Com efeito, é estando com Ele que aprendemos a reconhecer, no seu rosto, a beleza luminosa do amor que se doa, mesmo quando carrega os sinais da cruz. É na sua escola que aprendemos a perceber a mesma beleza nos rostos das pessoas que caminham todos os dias ao nosso lado: familiares, amigos, colegas, aqueles que cuidam de nós das mais variadas formas. Quantos rostos luminosos, quantos sorrisos, quantas rugas, quantas lágrimas e cicatrizes falam de amor ao nosso redor! Aprendemos a reconhecê-los e a encher o coração.

"Depois partimos, para levar aos outros a luz que recebemos, com obras concretas de amor, mergulhando-nos com mais generosidade nas tarefas quotidianas, amando, servindo e perdoando com mais ímpeto e disponibilidade. A contemplação das maravilhas de Deus, a contemplação do rosto do Senhor deve nos levar adiante a serviço dos outros", ressaltou Francisco.

A seguir, o Pontífice nos convidou a fazer as seguintes perguntas: "Sabemos reconhecer a luz do amor de Deus em nossa vida? Reconhecemo-la com alegria e gratidão no rosto das pessoas que nos amam? Procuramos ao nosso redor os sinais dessa luz, que nos enche o coração e o abre ao amor e ao serviço? Ou preferimos os fogos de palha dos ídolos, que nos alienam e nos fecham em nós mesmos? A grande luz do Senhor e a falsa luz artificial dos ídolos. O que eu prefiro?"

"Que Maria, que guardou no coração a luz de seu Filho, mesmo escuridão do Calvário, nos acompanhe sempre no caminho do amor", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va

1º Domingo da Quaresma: Um Olhar do Papa Francisco

Detalhes
Publicado em 26 fevereiro 2023
  • Papa Francisco,
  • 1º Domingo da Quaresma,
  • Homilia 1º Domingo da Quaresma,
  • Homilia do 1º Domingo da Quaresma
  • diabo
  • Homilia da Tentação de Cristo
  • Evangelho de Mateus

 

Papa: Jesus nos ensina a defender a unidade com Deus e entre nós dos ataques do divisor

Apego, desconfiança e poder, três poderosos venenos que o diabo usou para tentar Jesus, assim como os usa para tentar também a nós, para separar do Pai e destruir a unidade entre nós. A Palavra de Deus, usada com fé, é o antídoto para vencer as tentações.

 

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

De quem e de que maneira o diabo separa, os três poderosos "venenos" que usa para destruir a unidade com Deus e entre nós e o que fazer para vencer suas tentações e insídias. Em síntese, foi o que o Papa propôs em sua reflexão neste I Domingo da Quaresma, antes da oração do Angelus.

O Evangelho de Mateus (Mt 4, 1-11) proposto pela liturgia do dia, apresenta Jesus no deserto sendo tentado pelo diabo. Francisco, dirigindo-se aos fiéis reunidos na Praça São Pedro, explica inicialmente que diabo significa "divisor", ele "sempre quer criar divisão". E é o que se propõe a fazer em relação a Jesus.

Mas - pergunta o Papa - de quem o diabo quer separar Jesus, e de que maneira?

"Depois de ter recebido o Batismo de João no Jordão - recorda Francisco -, Jesus foi chamado pelo Pai "meu Filho amado" e o Espírito Santo desceu sobre ele na forma de pomba":

O Evangelho apresenta-nos assim as três Pessoas divinas unidas no amor. E não só: o próprio Jesus dirá ter vindo ao mundo para nos tornar participantes da unidade que existe entre Ele e o Pai. O diabo, ao invés disso, faz o contrário: entra em cena para separar Jesus do Pai e distanciá-lo de sua missão de unidade por nós. Divide sempre

 

Apego, desconfiança, poder

Francisco então explica de que maneira o diabo tenta fazer isso:

O diabo quer se aproveitar da condição humana de Jesus, que está fraco porque jejuou quarenta dias e teve fome. O maligno então tenta incutir nele três poderosos "venenos", para paralisar sua missão de unidade. E esses venenos são o apego, a desconfiança e o poder.

-Sobre o veneno do apego às coisas, às necessidades, o Papa diz:

Com um raciocínio persuasivo, o diabo tenta sugestionar Jesus: “Tens fome, por que deves jejuar? Ouça a tua necessidade e satisfaça-a, tens o direito e também tens o poder: transforme as pedras em pão”.

Depois o segundo veneno, a desconfiança:

“Tens certeza – insinua o maligno – de que o Pai quer o teu bem? Coloque-o à prova, chantageie-o! Lança-te do ponto mais alto do templo e faz com que ele faça o que tu queres."

Por fim, o terceiro veneno, o poder:

“Tu não precisas do teu Pai! Por que esperar por seus dons? Siga os critérios do mundo, pegue tudo para si e serás poderoso!”.

 

Separar-nos de Deus e nos dividir como irmãos

 "É terrível!", exclama Francisco, chamando a atenção para o fato de que o diabo usa em relação a nós esses mesmos três poderosos venenos para nos separar de Deus e nos dividir como irmãos:

O apego às coisas, a desconfiança e a sede de poder são três tentações difundidas e perigosas que o demônio usa para nos separar do Pai e não nos fazer sentir mais irmãos e irmãs entre nós, para levar-nos à solidão e ao desespero. Isso quer fazer o diabo, isso quer fazer a nós: levar-nos ao desespero!

 

Vencer as tentações com a Palavra de Deus

Mas o Santo Padre também recorda como Jesus vence as tentações: "Evitando discutir com o diabo e respondendo com a Palavra de Deus. Isto é importante: não se discute com o diabo, não se dialoga com o diabo. Jesus o confronta com a Palavra de Deus". E "cita três frases da Escritura que falam de liberdade das coisas, de confiança e de serviço a Deus, três frases opostas às tentações. Nunca dialoga com o diabo, não negocia com ele, mas refuta suas insinuações com as Palavras benéficas da Escritura":

É um convite também para nós: com o diabo não se discute! Não se negocia, não se dialoga; ele não é derrotado tratando com ele, é mais forte do que nós. O diabo o derrotamos opondo a ele com fé a Palavra divina. Deste modo Jesus nos ensina a defender a unidade com Deus e entre nós dos ataques do divisor.  A Palavra Divina che é a resposta de Jesus à tentação do diabo.

Como costuma fazer ao final de suas reflexões dominicais, Francisco propõe que nos perguntemos:

Que lugar a Palavra de Deus ocupa na minha vida? Recorro à Palavra de Deus em minhas lutas espirituais? Se tenho um vício ou tentação recorrente, por que, buscando ajuda, não procuro um versículo da Palavra de Deus que responda a esse vício? Depois, quando vem a tentação, eu o recito, o rezo confiando na graça de Cristo. Experimentemos fazer isso, nos ajudará nas tentações porque, entre as vozes que se agitam dentro de nós, ressoará aquela benéfica da Palavra de Deus.

Que Maria - foi seu pedido ao concluir - que acolheu a Palavra de Deus e com sua humildade derrotou a soberba do divisor, acompanhe-nos na luta espiritual da Quaresma. Fonte: https://www.vaticannews.va 

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CF 2023

Detalhes
Publicado em 23 fevereiro 2023
  • Dai-lhes vós mesmos de comer
  • Campanha da Fraternidade 2023
  • MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CF 2023
  • Mensagem para o Dia Mundial da Alimentação,

REFLEXÃO LEVE A CONSCIÊNCIA DE QUE PARTILHA DOS DONS DEVE SER ATITUDE CONSTANTE

O Papa Francisco enviou sua mensagem ao Brasil por ocasião da Campanha da Fraternidade 2023. Seu desejo expresso no texto é que a reflexão sobre o tema da fome, proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aos católicos brasileiros no Tempo da Quaresma, seja “uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome“. 

A intenção é que essa reflexão gere em todos, diz o Papa, “a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais”.

Na mensagem, o Papa recorda o convite que Deus faz a trilhar um “caminho de verdadeira e sincera conversão” e que a proposta da Campanha da Fraternidade tem o intuito de animar o povo fiel “nesse itinerário ao encontro do Senhor”, com a a proposta de voltar o olhar para os mais necessitados, “afetados pelo flagelo da fome”.

“Ainda hoje, ‘milhões de pessoas sofrem e morrem de fome. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Isto constitui um verdadeiro escândalo. A fome é criminosa, a alimentação é um direito inalienável”, disse o Papa, recordando um discurso aos Movimentos Populares, em 2014.

“A indicação dada por Jesus aos seus apóstolos “Dai-lhes vos mesmos de comer” (Mt 14, 16) é dirigida hoje a todos nós, seus discípulos, para que partilhemos – do muito ou do pouco que temos – com os nossos irmãos que nem sequer têm com que saciar a própria fome. Sabemos que indo ao encontro das necessidades daqueles que passam fome, estaremos saciando o próprio Senhor Jesus, que se identifica com os mais pobres e famintos”, afirma o Papa.

Reflexos da Campanha

Francisco desejou também que a conscientização pessoal ressoe “em nossas estruturas paroquiais e diocesanas, mas também encontre eco nos órgãos de governo a nível federal, estadual e municipal, bem como nas demais entidades da sociedade civil, a fim de que, trabalhando todos em conjunto, possam definitivamente extirpar das terras brasileiras o flagelo da fome”.

 

Confira o texto na íntegra: 

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2023

 

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Todos os anos, no tempo da Quaresma, somos chamados por Deus a trilhar um caminho de verdadeira e sincera conversão, redirecionando toda a nossa vida para Ele, que “amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Ao preparar-nos para a celebração dessa entrega amorosa na Páscoa, encontramos na oração, na esmola e no jejum, vividos de modo mais intenso durante este tempo, práticas penitenciais que nos ajudam a colaborar com a ação do Espirito Santo, autor da nossa santificação.

Com o intuito de animar o povo fiel nesse itinerário ao encontro do Senhor, a Campanha da Fraternidade deste ano propõe que voltemos o nosso olhar para os nossos irmãos mais necessitados, afetados pelo flagelo da fome. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Isto constitui um verdadeiro escândalo. A fome é criminosa, a alimentação é um direito inalienável” (Discurso no encontro com os Movimentos Populares, 28/X/2014)

 A indicação dada por Jesus aos seus apóstolos “Dai-lhes vos mesmos de comer” (Mt 14, 16) é dirigida hoje a todos nós, seus discípulos, para que partilhemos – do muito ou do pouco que temos – com os nossos irmãos que nem sequer tem com que saciar a própria fome. Sabemos que indo ao encontro das necessidades daqueles que passam fome, estaremos saciando o próprio Senhor Jesus, que se identifica com os mais pobres e famintos: eu estava com fome, e me destes de comer… todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 35.40). 

É meu grande desejo que a reflexão sobre o tema da fome, proposta aos católicos brasileiros durante o tempo quaresmal que se aproxima, leve não somente a ações concretas – sem dúvida, necessárias – que venham de modo emergencial em auxilio dos irmãos mais necessitados, mas também gere em todos a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais, mas deve ser uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome. 

Desejo igualmente que esta conscientização pessoal ressoe em nossas estruturas paroquiais e diocesanas, mas também encontre eco nos órgãos de governo a nível federal, estadual e municipal, bem como nas demais entidades da sociedade civil, a fim de que, trabalhando todos em conjunto, possam definitivamente extirpar das terras brasileiras o flagelo da fome. Lembremo-nos de que “aqueles que sofrem a miséria não são diferentes de nós. Têm a mesma carne e sangue que nós. Por isso, merecem que uma mão amiga os socorra e ajude, de modo que ninguém seja deixado para trás e, no nosso mundo, a fraternidade tenha direito de cidadania” (Mensagem para o Dia Mundial da Alimentação, 16/X/2018, n. 7) .

Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida e como penhor de abundantes graças celestes que auxiliem as iniciativas nascidas a partir da Campanha da Fraternidade, concedo de bom grado a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial aqueles que se empenham incansavelmente para que ninguém passe fome, a Benção Apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim.

Roma, São João de Latrão, 21 de dezembro de 2022.

Franciscus

Fonte: https://www.cnbb.org.br

Papa: os leigos não são "hóspedes" em sua própria casa. O clericalismo é uma praga

Detalhes
Publicado em 18 fevereiro 2023
  • Evangelii Gaudium,
  • EXORTAÇÃO APOSTÓLICA. EVANGELII GAUDIUM,
  • clericalismo,
  • Não ao clericalismo,
  • combater o clericalismo
  • Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida
  • Igreja missionária
  • Comissões para o Laicato das Conferências Episcopais
  • Dicastério para os Leigos
  • O clericalismo é uma praga

“Chegou a hora de pastores e leigos caminharem juntos em cada âmbito da vida da Igreja, em todas as partes do mundo”, disse o Papa em audiência no Vaticano na manhã deste sábado, 18 de fevereiro. Francisco reiterou o seu sonho de uma Igreja missionária, onde os leigos não sejam mais clerizalizados do que os próprios clérigos.

 

Vatican News

Os leigos não são “hóspedes” na Igreja, mas estão em sua casa: foi o que disse o Papa ao receber em audiência este sábado (18/02) os participantes do Congresso dos presidentes e referentes das Comissões para o Laicato das Conferências Episcopais. O Congresso é uma iniciativa do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, com a finalidade de refletir sobre a corresponsabilidade de pastores e fiéis a caminharem juntos na Igreja.

Em seu discurso, o Papa se deteve sobre a dimensão “sinodal” desta caminhada, pedindo a superação de modos de agir autônomos, já que a sinodalidade encontra sua fonte e fim último na missão: “pastores e fiéis leigos juntos. Não indivíduos isolados, mas um povo que evangeliza”.

"Esta é a intuição que devemos ter sempre: a Igreja é o santo povo de Deus. Na Lumen gentium 8, 12 é isto, não é populismo nem elitismo. Não. É o santo povo fiel de Deus. E isto não se aprende teoricamente, se entende vivendo."

 

O sonho de uma Igreja missionária

Francisco resgatou sua Exortação apostólica Evangelii gaudium, onde expressa o sonho de uma Igreja missionária, mas para isso a Igreja precisa ser sinodal.

"Sonho uma Igreja missionária. E me vem à mente uma figura do Apocalipse, quando Jesus diz: 'Estou à porta e bato'. É verdade, era para entrar: 'Se alguém me abrir, entrarei e comerei com ele'. Mas hoje o drama da Igreja é que Jesus continua a bater à porta, mas a partir de dentro, para que o deixem sair! Muitas vezes a Igreja acaba prisioneira que não deixa o Senhor sair, o tem como propriedade, e o Senhor veio para a missão e nos quer missionários."

Para o Pontífice, este horizonte oferece a justa chave de leitura para o tema da corresponsabilidade, da valorização dos leigos. Isto não depende de uma alguma novidade teológica nem se trata de “reivindicações" de categoria, mas se baseia numa correta visão da Igreja como Povo de Deus, dos quais os leigos fazem plenamente parte com os ministros ordenados. "Eles não são donos, são os servidores".

Francisco afirmou que é preciso recuperar uma “eclesiologia integral”, onde deve ser acentuada a unidade, não a separação. O leigo não é um “não clérigo” ou um “não religioso”, mas batizado como membro do Povo santo de Deus. No Novo Testamento, disse o Papa, não aparece a palavra leigo, mas se fala de fiéis, discípulos, irmãos – termos aplicados a todos: leigos e ministros ordenados. Portanto, o único elemento fundamental é a pertença a Cristo. Os mártires, por exemplo, não se declaram bispos ou leigos, mas cristãos.

“Também hoje, num mundo que se seculariza sempre mais, o que realmente nos distingue como Povo de Deus é a fé em Cristo, não o estado de vida. Somos batizados cristãos, discípulos de Cristo. Todo o resto é secundário." Sacerdote, bispo ou cardeal que seja.

 

Leigos não são "hóspedes" em sua própria casa

Certamente os leigos são chamados a viver sua missão em ambientes seculares, mas isso não exclui que tenham capacidades, competências para contribuir para a vida da Igreja.

Neste processo, a formação dos leigos é indispensável para viver a corresponsabilidade. Formação não só acadêmica, mas prática, pois o apostolado laical é sobretudo testemunho. "Também neste ponto gostaria de destacar que a formação deve ser orientada para a missão, não só para as teorias, porque isso acaba nas ideologias. É terrível, é uma peste: a ideologia na Igreja é uma peste." Por sua vez, os pastores também devem ser formados, desde o seminário, a uma colaboração cotidiana e ordinária com os leigos.

Esta corresponsabilidade permitirá superar dicotomias, medos e desconfianças recíprocas.

“Chegou a hora de pastores e leigos caminharem juntos em cada âmbito da vida da Igreja, em todas as partes do mundo. Os fiéis leigos não são 'hóspedes' na Igreja, estão em sua casa, por isso são chamados a cuidar da própria casa.”

Francisco pediu uma maior valorização dos leigos, sobretudo das mulheres, na vida das paróquias e dioceses. E ofereceu exemplos de colaboração com os sacerdotes: na formação de crianças e jovens, na preparação ao matrimônio, no acompanhamento da vida familiar, na organização de iniciativas, trabalhando nos escritórios das dioceses e contribuindo inclusive na formação de seminaristas e religiosos, recordando que um leigo também pode ser diretor espiritual.

 

Clericalismo, uma peste na Igreja

“Poderemos dizer: leigos e pastores juntos na Igreja, leigos e pastores juntos no mundo”, concluiu o Papa, citando o livro Meditations sur l’Eglise, em que o cardeal De Lubac alerta para o clericalismo.

"O clericalismo deve ser expulso. Um sacerdote, um bispo que cai nesta atitude faz muito mal à Igreja. Mas é uma doença contagiosa e pior que um padre ou bispo clerical são os leigos clericalizados: por favor, são uma peste na Igreja. Leigo é leigo."

Francisco finalizou seu discurso recomendando que todos tenham no coração e na mente esta bela visão da Igreja: “Uma Igreja propensa à missão e onde se unificam as forças e se caminha juntos para evangelizar”. Fonte: https://www.vaticannews.va

O Papa na RDC: limpar o coração da ira, dos remorsos, de todo o rancor e ódio

Detalhes
Publicado em 01 fevereiro 2023
  • Papa Francisco,
  • Homilias do Papa Francisco,
  • Homilia Papa Francisco
  • República Democrática do Congo,
  • O Papa na RDC
  • Aeroporto de N’dolo,
  • 40ª Viagem Apostólica Internacional.

"Que seja o momento propício para ti, que, neste país, te dizes cristão e, todavia, praticas a violência; a ti diz o Senhor: «Depõe as armas, abraça a misericórdia»", disse Francisco na homilia da missa celebrada no Aeroporto de N’dolo, em Kinshasa, na República Democrática do Congo.

 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco celebrou a missa pela paz e a justiça no Aeroporto de N’dolo, em Kinshasa, na República Democrática do Congo, na manhã desta quarta-feira (1°/02), no âmbito de sua 40ª Viagem Apostólica Internacional. Participaram da celebração eucarística cerca de um milhão de fiéis.

Francisco proferiu a palavra Esengo que significa alegria, manifestando a imensa alegria de ver e encontrar os congoleses. "Desejei muito este momento. Obrigado por terdes vindo aqui", disse ele.

"O Evangelho acaba de nos dizer que também a alegria dos discípulos era grande na tarde de Páscoa, e que esta alegria brotou ao «verem o Senhor». Naquele clima de alegria e maravilha, o Ressuscitado fala aos seus e lhes diz: «A paz esteja convosco!».

Segundo o Papa, "trata-se de uma saudação, mas é mais do que uma saudação: é um dom. Porque a paz, aquela paz anunciada pelos anjos na noite de Belém, aquela paz que Jesus prometeu deixar aos seus, é agora, pela primeira vez, entregue solenemente aos discípulos. Jesus proclama a paz enquanto no coração dos discípulos existem os escombros, anuncia a vida enquanto eles sentem dentro a morte. Assim faz o Senhor: surpreende-nos, estende-nos a mão quando estamos prestes a afundar, levanta-nos quando tocamos o fundo".

"Irmãos, irmãs, com Jesus o mal nunca triunfa, nunca tem a última palavra. «Com efeito, Ele é a nossa paz», e a sua paz vence. Por isso nós que pertencemos a Jesus, não podemos deixar prevalecer em nós a tristeza, não podemos permitir que se insinuem resignação e fatalismo", disse ainda o Papa, acrescentando.

Se ao nosso redor se respira este clima, que não seja por nossa causa: num mundo desanimado com a violência e a guerra, os cristãos fazem como Jesus. Ele, como que insistindo, repetiu para os discípulos: A paz esteja convosco! E nós somos chamados a assumir e proclamar ao mundo este inesperado e profético anúncio de paz.

A seguir, Francisco indicou "três nascentes de paz, três fontes para continuar a alimentá-la: o perdão, a comunidade e a missão".

Primeira fonte: o perdão. "O perdão nasce das feridas. Nasce quando as feridas sofridas não deixam cicatrizes de ódio, mas tornam-se o lugar onde se dá espaço aos outros acolhendo as suas debilidades. Então as fragilidades tornam-se oportunidades, e o perdão torna-se o caminho da paz. Não se trata de esquecer tudo como se nada fosse, mas de abrir aos outros o próprio coração com amor. Irmãos, irmãs, quando a culpa e a tristeza nos oprimem, quando as coisas não correm bem, sabemos para onde olhar: para as chagas de Jesus, pronto a perdoar-nos com o seu amor ferido e infinito".

Ele conhece as tuas feridas, conhece as feridas do teu país, do teu povo, da tua terra! São feridas que ardem, continuamente infetadas pelo ódio e a violência, enquanto o remédio da justiça e o bálsamo da esperança parecem nunca mais chegar. É isto que Cristo deseja: ungir-nos com o seu perdão, para nos dar a paz e a coragem de por nossa vez perdoar, a coragem de realizar uma grande amnistia do coração. Faz-nos tão bem limpar o coração da ira, dos remorsos, de todo o rancor e ódio! Que seja o momento propício para ti, que, neste país, te dizes cristão e, todavia, praticas a violência; a ti diz o Senhor: «Depõe as armas, abraça a misericórdia».

A seguir, o Papa falou sobre a segunda fonte da paz: a comunidade. "Jesus ressuscitado confia a sua paz à primeira comunidade. Não há cristianismo sem comunidade, tal como não há paz sem fraternidade", sublinhou. "E qual é o caminho para não cair nas ciladas do poder e do dinheiro, para não ceder às divisões, às lisonjas do carreirismo que corroem a comunidade, às falsas ilusões do prazer e da feitiçaria que nos encerram em nós mesmos?" Perguntou Francisco. A resposta nos é dada através do profeta Isaías, que diz: «Estou com os oprimidos e humilhados, para reanimar o espírito dos humilhados e reanimar o coração dos oprimidos».

O caminho é partilhar com os pobres: tal é o melhor antídoto contra a tentação de nos dividir e mundanizar. Ter a coragem de olhar para os pobres e escutá-los, porque são membros da nossa comunidade, e não estranhos que devem ser abolidos da vista e da consciência. Abrir o coração aos outros, em vez de o fechar nos próprios problemas ou nas próprias vaidades. Recomecemos dos pobres e descobriremos que todos compartilhamos a pobreza interior; que todos precisamos do Espírito de Deus para nos libertar do espírito do mundo; que a humildade é a grandeza do cristão, e a fraternidade a sua verdadeira riqueza. Acreditemos na comunidade e, com a ajuda de Deus, edifiquemos uma Igreja vazia de espírito mundano e cheia de Espírito Santo, livre de riquezas para nós mesmos e repleta de amor fraterno!

Por fim, a terceira fonte da paz: a missão. Jesus diz aos discípulos: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». "Numa palavra, enviou-O para todos: não só para os justos, mas para todos".

Irmãos, irmãs, somos chamados a ser missionários de paz, e isto nos encherá de paz. Trata-se duma opção: é dar espaço a todos no coração, é acreditar que as diferenças étnicas, regionais, sociais e religiosas vêm em segundo lugar e não são obstáculo; que os outros são irmãos e irmãs, membros da mesma comunidade humana; que cada um é destinatário da paz trazida ao mundo por Jesus. É acreditar que nós, cristãos, somos chamados a colaborar com todos, a romper a espiral da violência, a desmantelar os enredos do ódio.

"Enviados por Cristo, os cristãos são chamados, por definição, a ser consciência de paz no mundo: não só consciências críticas, mas sobretudo testemunhas de amor; não pretendentes dos próprios direitos, mas dos do Evangelho, que são a fraternidade, o amor e o perdão; não indivíduos à procura dos próprios interesses, mas missionários daquele amor louco que Deus tem por cada um dos seres humanos", disse ainda o Papa.

"A paz esteja convosco: diz Jesus hoje a cada família, comunidade, etnia, bairro e cidade deste grande país. A paz esteja convosco: deixemos que ressoem no coração, em silêncio, estas palavras de nosso Senhor. Ouçamo-las dirigidas a nós e escolhamos ser testemunhas de perdão, protagonistas na comunidade, pessoas em missão de paz no mundo", concluiu Francisco. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Papa: não podemos desperdiçar os dons que temos e recebemos

Detalhes
Publicado em 30 janeiro 2023
  • Papa Francisco,
  • Homilia Papa,
  • Homilias do Papa Francisco,
  • Homilia Papa Francisco
  • Angelus Domini,
  • Francisco
  • os pobres em espírito
  • Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o Reino dos Céus

Ao falar sobre a primeira das Bem-aventuranças “os pobres em espírito”, Francisco recordou que “eles conservam o que recebem; por isso, desejam que nenhum dom seja desperdiçado”, apontando três desafios contra a mentalidade do desperdício

 

Jane Nogara - Vatican News

Neste IV Domingo do Tempo Comum, (29/01) o Papa Francisco na oração do Angelus falou sobre as Bem-aventuranças segundo o Evangelho de Mateus. "Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus" (v. 3). Francisco quis esclarecer “quem são os pobres em espírito” explicando que são aqueles que sabem que não são suficientes por si mesmos, que não são auto-suficientes e vivem como "mendigos de Deus": “sentem necessidade de Deus e reconhecem que o bem vem d’Ele, como um dom, como uma graça”. E depois de observar que os pobres em espírito conservam o que recebem; afirma "por isso, desejam que nenhum dom seja desperdiçado. Disse que hoje se deteria neste aspecto típico dos pobres em espírito: não desperdiçar.

 

Contra a mentalidade do desperdício

E para isso o Papa propôs três desafios contra a mentalidade do desperdício. Primeiro desafio: não desperdiçar o dom que somos. “Cada um de nós é um bem, independentemente dos dotes que temos”, afirmou. “Cada mulher, cada homem é rico não apenas de talentos, mas de dignidade, é amado por Deus, é valioso, é precioso”.

“Jesus nos lembra que somos bem-aventurados não pelo que temos, mas pelo que somos. A verdadeira pobreza, portanto, é quando uma pessoa se abandona e se deteriora, desperdiçando a si mesma. Lutemos, com a ajuda de Deus, contra a tentação de nos considerarmos inadequados, errados, e de sentir pena de nós mesmos”

 

Não desperdiçar os dons que temos

Depois, o segundo desafio: não desperdiçar os dons que temos. Aqui o Papa refere-se ao desperdício que nos é dado pela criação, os alimentos que são desperdiçados enquanto tanta gente morre de fome: 

“Os recursos da criação não podem ser usados dessa maneira; os bens devem ser conservados e compartilhados, para que não falte a ninguém o que é necessário. Não desperdicemos o que temos, mas difundamos uma ecologia da justiça e da caridade!”

 

Não descartar as pessoas

Enquanto que o terceiro desafio: não descartar as pessoas, Francisco fala sobre a cultura do descarte explicando que se joga fora egoisticamente quando alguém não nos interessa mais.

“Mas as pessoas não podem ser jogadas fora, nunca! Cada um é um dom sagrado e único, em todas as idades e em todas as condições. Respeitemos e promovamos sempre a vida!”

Concluindo o Santo Padre propôs nos questionarmos sobre estes três desafios, “Antes de tudo, como vivo a pobreza de espírito? Será que dou lugar a Deus, será que acredito que Ele seja o meu bem, minha verdadeira e grande riqueza?”. E depois: “tenho o cuidado de não desperdiçar, sou responsável pelo uso das coisas, dos bens? E eu estou disposto a compartilhá-los com outros?” Por fim o Papa recordou que devemos nos perguntar: “considero os mais frágeis como dons preciosos, que Deus me pede para cuidar? Será que me recordo dos pobres, daqueles que não têm o necessário?”. Fonte: https://www.vaticannews.va

Comentário sobre homossexualidade ser pecado se referia a regras católicas, diz papa

Detalhes
Publicado em 28 janeiro 2023
  • Papa Francisco,
  • homossexualidade e religião,
  • Religião e homossexualidade,
  • homossexualidade
  • Igreja e homossexualidade
  • Homossexualidade e Igreja
  • católicos LGBTQIA+
  • regras católicas,

Francisco esclareceu declarações que reforçaram posição doutrinária da igreja

 

SÃO PAULO

O papa Francisco tentou atenuar comentários recentes que reforçaram a posição doutrinária sobre homossexualidade ser considerada um pecado. O pontífice disse que se referia ao ensino moral católico oficial de que qualquer ato sexual fora do casamento é considerado sacrilégio.

Em nota divulgada nesta sexta (27), Francisco lembrou que mesmo esse ensino está sujeito a circunstâncias que podem eliminar o pecado. A manifestação ocorreu após o pontífice ser criticado por grupos que defendem os direitos LGBTQIA+ devido à declaração anterior.

Em entrevista à agência Associated Press publicada na quarta (25), o papa disse que a homossexualidade "não é crime, mas um pecado". "Tudo bem, mas primeiro vamos distinguir um pecado de um crime. Também é pecado não ter caridade com o próximo."

O Catecismo da Igreja Católica se refere à homossexualidade como "atos de grave depravação", descritos como "intrinsecamente desordenados". A igreja defende, porém, que homossexuais devem ser "aceitos com respeito, compaixão e sensibilidade" e diz que "todo sinal de discriminação injusta deve ser evitado".

Diante da repercussão da entrevista, o padre americano James Martin, que apoia a aceitação de comportamento homossexual pela Igreja, pediu nesta sexta (27) esclarecimentos a Francisco.

Em 2013, seu primeiro ano à frente da Igreja Católica, Francisco se declarou inapto a rejeitar homossexuais que buscassem o conforto de Deus. "Quem sou eu para julgar?", disse à época. A fala encheu católicos LGBTQIA+ com a esperança de serem acolhidos sem ressalvas no seio da instituição.

Oito anos depois, ele deu sinal verde para o Vaticano divulgar a diretriz para que clérigos não abençoem uniões entre pessoas do mesmo sexo. "Deus não pode abençoar o pecado", diz o documento da Congregação para a Doutrina da Fé, que formula normas para os fiéis da maior vertente cristã do mundo.

Na entrevista, Francisco reconheceu que lideranças católicas em algumas partes do mundo ainda apoiam leis que criminalizam a homossexualidade ou discriminam a comunidade LGBTQIA+. "Esses bispos precisam ter um processo de conversão", afirmou o pontífice, acrescentando que tais lideranças devem agir com ternura —"por favor, como Deus tem por cada um de nós". Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

O Papa: "assinei a minha renúncia em caso de impedimento médico"

Detalhes
Publicado em 18 dezembro 2022
  • Papa Francisco,
  • Santa Sé
  • Guerra na Ucrania
  • renúncia do Papa
  • cardeal Tarcisio Bertone
  • diário espanhol ABC,
  • Papa Francisco entregou uma carta de renúncia
  • Eu já assinei a minha renúncia

 

Em entrevista ao diário espanhol ABC, Francisco revela que, no início de seu pontificado, entregou ao então secretário de Estado Bertone uma carta na qual declara de renunciar no caso de impedimentos graves e permanentes ligados à saúde que o impossibilitassem de exercer seu papel de bispo de Roma e pastor da Igreja universal. Paulo VI tinha feito o mesmo.

 

Salvatore Cernuzio - Vatican News

Quase dez anos atrás, no início de seu pontificado em 2013 (era então secretário de Estado o cardeal Tarcisio Bertone), o Papa Francisco entregou uma carta de renúncia "em caso de impedimento por razões médicas". A revelar esta decisão, que Paulo VI já havia tomado, é o próprio Papa Francisco na ampla entrevista concedida ao jornal espanhol ABC, que neste sábado divulgou uma breve antecipação. O Papa, em conversa com o editor Julián Quirós e o correspondente no Vaticano, Javier Martínez-Brocal, aborda numerosos tópicos sobre os acontecimentos atuais na Igreja e no mundo. Estes incluem a guerra na Ucrânia, da qual o Pontífice diz não ver "um fim a curto prazo porque é uma guerra mundial", depois os casos de abusos, o papel das mulheres na Cúria Romana, Lula e Catalunha, a renúncia de Bento XVI em 2013 e sua eventual renúncia.

 

A carta de renúncia 

Sobre este assunto, o Papa revela a existência desta carta. "Eu já assinei a minha renúncia. Foi quando Tarcisio Bertone era secretário de Estado. Assinei a renúncia e lhe disse: "em caso de impedimento médico ou o que quer que seja, aqui está a minha renúncia". O senhor a tem". Não sei a quem Bertone deu, mas eu dei a ele quando ele era secretário de Estado". "O senhor quer que isto seja conhecido?" perguntam os dois entrevistadores. "É por isso que estou lhesdizendo", responde Francisco, lembrando que Paulo VI também deixou sua demissão por escrito no caso de um impedimento e que provavelmente Pio XII também o tenha feito. "Esta é a primeira vez que digo isto", acrescenta o Pontífice. "Agora talvez alguém vai e pergunte a Bertone: 'Dê-me essa carta'.... (Risos). Certamente ele o terá dado ao novo secretário de Estado. Eu entreguei a ele enquanto secretário de Estado”.

 

A guerra na Ucrânia: uma enorme crueldade

Naturalmente, à entrevista não falta uma reflexão sobre o conflito em curso na Ucrânia, contra o qual o Papa já se pronunciou mais de cem vezes. Também na entrevista ao jornal ABC ele afirma sem meios termos: "o que está acontecendo na Ucrânia é aterrorizante. Há uma enorme crueldade. É muito sério...". Para Francisco não se vê "um fim a curto prazo". "Trata-se”, diz ele, "de uma guerra mundial. Não nos esqueçamos disso. Já há várias mãos envolvidas na guerra. É global. Penso que uma guerra é travada quando um império começa a se enfraquecer, e quando há armas para usar, vender e testar. Parece-me que há muitos interesses envolvidos". O Pontífice é lembrado que já falou mais de cem vezes contra a guerra: "Eu faço o que posso. Eles não ouvem", responde. E acrescenta: "O que está acontecendo na Ucrânia é aterrorizante". Há uma enorme crueldade. É muito sério. E isto é o que eu denuncio continuamente". O Papa confirma que recebe e escuta a todos: "agora Volodymir Zelensky me enviou um de seus conselheiros religiosos pela terceira vez. Eu estou em contato, eu recebo, eu ajudo...".

 

A diplomacia do Vaticano: sua arma é o diálogo

O trabalho do Papa se move em sincronia com o trabalho diplomático da Santa Sé. A este respeito, os entrevistadores perguntam por que o Vaticano é tão cauteloso ao falar contra regimes totalitários como o de Ortega na Nicarágua ou o de Maduro na Venezuela. "A Santa Sé sempre procura salvar os povos. Sua arma é o diálogo e a diplomacia", responde o Papa Francisco. "A Santa Sé nunca sai por conta própria. É expulsa. Ela sempre procura salvar as relações diplomáticas e salvar o que pode ser salvo com paciência e diálogo".

 

Abusos: "Um único caso é monstruoso"

Nenhuma diplomacia, porém, por parte do Papa para estigmatizar casos de abusos do clero: "é muito doloroso, muito doloroso", diz ele em referência aos encontros com as vítimas que pontilharam seu pontificado. "Estas são pessoas que foram destruídas por aqueles que deveriam tê-las ajudado a amadurecer e crescer. Isto é muito difícil. Mesmo que fosse apenas um caso, é monstruoso que a pessoa que deveria levá-la a Deus a destrua ao longo do caminho. E nenhuma negociação é possível sobre isso”.

 

O papel das mulheres

O foco da entrevista com o jornal ABC muda para temas de natureza mais "eclesial", começando com um possível papel de ápice para uma mulher na Cúria Romana. "Haverá", assegura Francisco. "Tenho em mente uma para um Dicastério que ficará vago dentro de dois anos. Não há obstáculo para uma mulher liderar um Dicastério onde um leigo possa ser prefeito". "Se for um Dicastério de natureza sacramental, deve ser presidido por um sacerdote ou um bispo", esclarece o Papa.

 

Os futuros Conclaves

Ele então amortece as polêmicas de que os trabalhos dos futuros Conclaves poderiam ser dificultados pela falta de conhecimento entre os cardeais que ele criou, que vêm todos de lugares diferentes e distantes. É verdade, poderia haver problemas "do ponto de vista humano", mas "é o Espírito Santo que trabalha no Conclave", explica o Papa. E ele lembra a proposta de um cardeal alemão nos encontros de agosto sobre a Praedicate Evangelium "que na eleição do novo Papa só participem os cardeais que vivem em Roma". "É esta a universalidade da Igreja?", pergunta-se o bispo de Roma.

 

Bento XVI: um santo, um grande homem

Ele então volta ao assunto de sua relação com seu predecessor Bento XVI, "um santo" e "um homem de alta vida espiritual", como o Papa reinante o descreve, revelando que ele o visita com frequência e sempre se sente "edificado" por seu olhar transparente. "Ele tem um bom senso de humor, está lúcido, muito vivo, fala suavemente, mas segue a conversa. Admiro sua lucidez. Ele é um grande homem". O Papa Francisco, por outro lado, diz não ter intenção de definir o status jurídico do Papa emérito: “tenho a sensação de que o Espírito Santo não tem interesse em que eu me ocupe dessas coisas”.

 

A Igreja na Alemanha

Sobre a Igreja na Alemanha, lidando com o processo sinodal que tinha despertado e ainda desperta várias reações, inclusive negativas, Francisco recorda a carta "muito clara" que escreveu em junho de 2019: "Eu a escrevi sozinho. Levei um mês. Era uma carta como que para dizer: "Irmãos, reflitam sobre isto".

 

A questão da Catalunha

En passant Papa Bergoglio explica na entrevista que uma viagem a Marselha para o Encontro Mediterrâneo está nos planos, especificando que não é, no entanto, uma viagem à França e que a prioridadedas suas viagens apostólicas é visitar os países menores da Europa. Perguntado sobre a questão da Catalunha, o Papa disse que "cada país deve encontrar seu próprio caminho histórico para resolver estes problemas". Não há uma solução única". Ele então cita o caso da Macedônia do Norte ou do Alto Adige, na Itália, com seu próprio status. Quanto ao papel que a Igreja deve manter neste assunto, enfatiza: "o que a Igreja não pode fazer é fazer propaganda para um ou outro lado, mas sim acompanhar o povo para que ele possa encontrar uma solução definitiva". Na mesma linha, o Papa reitera isso: "quando um sacerdote se intromete na política, não é bom.... O padre é um pastor. Ele deve ajudar as pessoas a fazerem boas escolhas. Acompanhá-las. Mas não ser um político. Se você quer fazer política, deixe o sacerdócio e se torne um político".

 

Reler a história com a hermenêutica do tempo

A uma pergunta sobre a releitura negativa do descobrimento da América, Francisco nos convida a interpretar um acontecimento histórico com a hermenêutica do tempo e não do momento atual. "É óbvio que pessoas foram mortas lá", diz ele, "é óbvio que houve exploração, mas os índios também se mataram uns aos outros". A atmosfera de guerra não foi exportada pelos espanhóis. E a conquista pertencia a todos. Faço a distinção entre colonização e conquista. Eu não gosto de dizer que a Espanha simplesmente "conquistou". É discutível, quanto quiserem, mas colonizou". 

 

O "caso Lula

Outro caso "paradigmático" que chamou a atenção do Papa é o do recém-eleito presidente do Brasil, Inácio Lula. Paradigmático porque o julgamento do líder político - condenado por corrupção passiva, durante 580 dias na prisão, impedido de concorrer nas eleições presidenciais de 2018, até 2021, quando a Suprema Corte anulou todas as sentenças - começou com "fake news". Estas, diz o Papa, "criaram uma atmosfera que favoreceram seu julgamento.... O problema das notícias falsas sobre líderes políticos e sociais é muito sério. Elas podem destruir uma pessoa". No caso específico de Lula, segundo o Papa Francisco, não foi "um julgamento à altura". "Cuidado", adverte, "com aqueles que criam a atmosfera para um julgamento, seja ele qual for. Eles fazem isso através da mídia de forma a influenciar aqueles que devem julgar e decidir. Um julgamento deve ser o mais limpo possível, com tribunais de primeira classe que não tenham outro interesse que manter limpa a justiça".

 

O Motu Proprio sobre o Opus Dei

Finalmente, uma menção ao Motu Proprio Ad Charisma tuendum do mês de julho passado sobre o Opus Dei. "Alguns", comenta o Papa Francisco, "disseram: 'Finalmente o Papa bateu no Opus Dei...! Eu não bati em ninguém. E outros, em vez disso, disseram: "Ah, o Papa está nos invadindo! Nada disso. A medida é uma recolocação que teve que ser resolvida. Não é correto exagerar, nem os fazer vítimas, nem os culpar por terem recebido uma punição. Por favor. Sou um grande amigo do Opus Dei, amo muito o povo do Opus Dei e eles trabalham bem na Igreja. O bem que eles fazem é muito grande". Fonte: https://www.vaticannews.va

Papa: o Advento é um tempo para aprender de novo quem é o nosso Senhor.

Detalhes
Publicado em 11 dezembro 2022
  • Advento e natal,
  • Advento,
  • A Esperança do Advento,
  • 3º Domingo do Advento,
  • Angelus Domini,
  • Angelus,
  • Homilia do 3º Domingo do Advento,
  • Cordeiro de Deus
  • batizou Jesus no Jordão

“O Advento é tempo de inversão de perspectivas, no qual nos deixarmos maravilhar pela grandeza da misericórdia de Deus”, são palavras do Papa Francisco no Angelus deste domingo, 11 de dezembro na Praça São Pedro

 

Jane Nogara - Vatican News

No Angelus deste 3° Domingo do Advento (11/12), o Papa falou sobre as crises e dúvidas da nossa fé. Falando sobre o Evangelho de Mateus, recordou a “crise de João Batista” que enviou seus discípulos para perguntarem a Jesus: "És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?”. Francisco ressaltou que faz bem a todos nós determo-nos sobre esta crise de João Batista, porque pode dizer algo importante.

 

O túnel da dúvida

“Ficamos surpresos que isso aconteça justamente com João” disse o Pontífice, “que batizou Jesus no Jordão e o indicou a seus discípulos como o Cordeiro de Deus (cf. Jo 1,29). Mas isto significa que mesmo o maior crente passa pelo túnel da dúvida.

“E isso não é algo ruim; pelo contrário, às vezes é essencial para o crescimento espiritual: nos ajuda a entender que Deus é sempre maior do que imaginamos”

 

Tempo de inversão de perspectivas

Portanto disse ainda o Papa, “nunca devemos deixar de procurá-Lo e de nos convertermos à sua verdadeira face”. Explicando que também nós podemos nos encontrar na sua situação, em uma prisão interior, incapazes de reconhecer a novidade do Senhor, a quem talvez tenhamos em cativeiro na presunção de que já sabemos muito sobre Ele. Francisco recorda que muitas vezes “temos as nossas ideias, os nossos preconceitos, e rotulamos os outros - especialmente os que sentimos que são diferentes de nós – com rígidas etiquetas”. Exortando em seguida:

“O Advento é tempo de inversão de perspectivas, no qual nos deixarmos maravilhar pela grandeza da misericórdia de Deus”

“Um tempo em que”, concluiu o Papa, “preparando o presépio para o Menino Jesus, aprendemos de novo quem é o nosso Senhor; um tempo de sairmos de certos esquemas e preconceitos para com Deus e os irmãos; um tempo em que, em vez de pensarmos em presentes para nós, possamos doar palavras e gestos de consolo aos que estão feridos, como Jesus fez com os cegos, os surdos e os coxos”. Fonte: https://www.vaticannews.va

Pág. 662 de 688

  • 657
  • 658
  • 659
  • ...
  • 661
  • 662
  • 663
  • 664
  • ...
  • 666
  • Está em...  
  • Home
  • Home
  • Vídeo Cast
  • Social
  • Religião
  • Política
  • Artigos Carmelitas
  • Pensamentos do Frei Petrônio
  • Homilia do Papa Francisco




Estadao
fotos que falam
Twitter frei
brasil el pais
Direitos humanos
GREENPEACE
CNBB
CBN
folha
Band News fm
global times
vatican
Blog do Frei Petronio
La santa ede
CRB nacional
DOM
dehonianos

Voltar ao topo

© 2025 Olhar Jornalístico