Papa: Jesus Ressuscitado cura a tristeza que paralisa o coração.
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Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (22/10), o Pontífice refletiu sobre os discípulos de Emaús e recordou que Cristo caminha conosco, iluminando os caminhos sombrios do coração. “Reconhecer a Ressurreição significa mudar a nossa perspetiva sobre o mundo: regressar à luz para reconhecer a Verdade que nos salvou e salva”, afirmou Leão XIV.
Thulio Fonseca - Vatican News
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“A ressurreição de Jesus Cristo é um acontecimento que nunca deixamos de contemplar e meditar, e quanto mais nos aprofundamos nele, mais nos enchemos de admiração, atraídos como que por uma luz insuportável e ao mesmo fascinante. Foi uma explosão de vida e alegria que mudou o significado de toda a realidade, de negativo para positivo; contudo, não aconteceu de forma dramática, muito menos violenta, mas de forma suave, oculta, quase humilde."
Com estas palavras, o Papa Leão XIV introduziu a catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, 22 de outubro, realizada na Praça São Pedro, repleta de fiéis e peregrinos de diversas partes do mundo. Ao refletir sobre o mistério pascal, o Pontífice convidou os presentes a contemplar a força transformadora da Ressurreição, capaz de iluminar até mesmo as realidades mais sombrias da vida humana.
A tristeza, doença do nosso tempo
“Hoje refletiremos sobre como a ressurreição de Cristo pode curar uma das doenças do nosso tempo: a tristeza”, afirmou o Papa. Segundo ele, trata-se de um mal “invasivo e generalizado”, que acompanha o cotidiano de muitas pessoas: “É um sentimento de precariedade, por vezes de profundo desespero, que invade o espaço interior e parece prevalecer sobre qualquer onda de alegria”.
O Santo Padre observou que essa tristeza mina o sentido e o vigor da vida, “transformando-a numa viagem sem direção nem propósito”. Para ilustrar essa experiência humana, o Papa recordou o episódio evangélico dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-29), apresentado como um verdadeiro paradigma da tristeza e da desilusão.
O caminho de Emaús e o reencontro com a esperança
Desencantados e desanimados, os dois discípulos deixam Jerusalém, abandonando as esperanças depositadas em Jesus. “A esperança desapareceu, a desolação tomou conta do coração”, descreveu Leão XIV, destacando o paradoxo de uma caminhada triste realizada justamente no dia da vitória da luz, o Domingo da Ressurreição.
No entanto, é nesse caminho de desalento que o próprio Cristo Ressuscitado se aproxima deles. “A tristeza tolda-lhes os olhares”, comentou o Pontífice, “apagando a promessa que o Mestre tantas vezes fizera: que seria morto e, ao terceiro dia, ressuscitaria”. Jesus, com paciência e ternura, escuta os discípulos e, em seguida, os convida a redescobrir nas Escrituras o sentido de sua paixão e glória. Aos poucos, o coração dos dois começa a arder de novo.
Ao partir o pão, os discípulos finalmente o reconhecem. “O gesto de partir o pão reabre os olhos do coração”, disse o Papa, “iluminando de novo a visão turva pelo desespero”. A alegria, então, renasce: “A energia volta a fluir, e as suas memórias regressam à gratidão”. Repletos de esperança, os dois retornam apressadamente a Jerusalém para anunciar aos outros: “Realmente o Senhor ressuscitou!”
A vitória da vida é real
“Jesus não ressuscitou em palavras, mas em atos, com o seu corpo que traz as marcas da paixão, o selo eterno do seu amor por nós”, enfatizou o Santo Padre. A vitória da vida, disse ele, “não é uma palavra vazia, mas um fato real e concreto”:
“Que a alegria inesperada dos discípulos de Emaús seja para nós um doce aviso quando a viagem se tornar difícil. É o Ressuscitado que muda radicalmente a nossa perspectiva, infundindo a esperança que preenche o vazio da tristeza.”
Por fim, o Papa Leão XIV exortou: “Reconhecer a Ressurreição significa mudar a nossa perspectiva sobre o mundo: regressar à luz para reconhecer a Verdade que nos salvou e salva. Irmãos e irmãs, permaneçamos vigilantes todos os dias no encanto da Páscoa de Jesus ressuscitado. Só Ele torna possível o impossível!”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa a ciganos: trabalho e oração, força para derrubar muros da desconfiança e do medo
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Leão XIV recebeu na manhã deste sábado, 18 de outubro, os participantes do Jubileu dos Ciganos e Povos Itinerantes, reunidos na Aula Paulo VI, no Vaticano. Música, cantos, danças, leitura de escritos, testemunhos, antes da chegada do Pontífice, que exortou a serem “protagonistas da mudança de época em curso”, fazendo “conhecer a beleza da sua cultura” e “compartilhando a fé, a oração e o pão fruto do trabalho honesto”
Raimundo de Lima/Mariangela Jaguraba - Vatican News
Após dar-lhes as boas-vindas, recebendo-os na Sala Paulo VI, no Vaticano, por ocasião do Jubileu dos Ciganos e Itinerantes, Leão XIV disse que eles vieram a Roma de toda a Europa — alguns até de fora da Europa — como peregrinos de esperança neste Jubileu. Com a sua presença, lembramo-nos de que "a esperança é itinerante" — o título do nosso encontro — e hoje todos nos sentimos impelidos a caminhar pelo dom que trazem com vocês ao Papa: a sua fé forte, a sua esperança inabalável somente em Deus, a confiança sólida que não cede às fadigas de uma vida muitas vezes à margem da sociedade.
“Que a paz de Cristo esteja em seus corações”, disse-lhes! “E que a paz esteja também nos corações dos numerosos agentes pastorais que aqui estão presentes e que caminham incansavelmente com vocês”.
Primeiro histórico encontro com São Paulo VI
A celebração jubilar de hoje ocorre sessenta anos após o histórico primeiro encontro mundial que o Papa São Paulo VI teve com as suas comunidades, em Pomezia, em 26 de setembro de 1965. Quase como testemunha desse acontecimento, está aqui hoje, a imagem de Nossa Senhora, que o próprio Pontífice coroou como "Rainha dos Ciganos, dos Sinti e dos Itinerantes". Ao longo destes sessenta anos, os encontros com os meus predecessores têm-se verificado cada vez com mais frequência, em diversos contextos, sinal de um diálogo vivo e de um cuidado pastoral especial para com vocês, "porção predileta do povo peregrino de Deus". Sim, Deus Pai os ama e os abençoa, e a Igreja também os ama e os abençoa.
Vocês podem ser testemunhas vivas da centralidade destas três coisas: confiar somente em Deus, não se apegar a nenhum bem mundano e mostrar uma fé exemplar em ações e palavras. Viver assim não é fácil. Aprende-se acolhendo a bênção de Deus e permitindo que ela trabalhe para transformar o nosso coração. "O coração da Igreja, por sua própria natureza, é solidário com os pobres, os excluídos e os marginalizados, com aqueles considerados 'descarte' da sociedade. [...] No coração de cada fiel, há a necessidade de ouvir aquele grito que vem da obra libertadora da graça em cada um de nós; portanto, esta não é uma missão reservada apenas a alguns".
Peregrinos e nômades, por quase mil anos
Por quase mil anos, vocês foram peregrinos e nômades num contexto que construiu progressivamente modelos de desenvolvimento que se mostraram injustos e insustentáveis em muitos aspectos. Por essa razão, as chamadas sociedades "progressistas" os descartaram consistentemente, marginalizando-os sempre: as margens das cidades, as margens dos direitos, as margens da educação e da cultura. No entanto, o próprio modelo de sociedade que os marginalizou e os tornou itinerantes, sem paz nem acolhimento — primeiro em caravanas sazonais, depois em acampamentos nas periferias das cidades, onde às vezes ainda vivem sem eletricidade ou água — foi o que criou as maiores injustiças sociais em todo o mundo ao longo do último século: enormes desigualdades econômicas entre indivíduos e povos, crises financeiras sem precedentes, desastres ambientais e guerras.
Mas nós, na fé em Jesus Cristo, sabemos que "a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular", e assim somos cada vez mais fortalecidos na convicção de que os mesmos valores que os pobres defendem com grande dignidade e orgulho são aqueles para os quais todos devemos olhar para mudar de rumo. A sua presença nas periferias do Ocidente é, de fato, ao qual fazer referência no campo da eliminação de muitas estruturas de pecado, para o bem e o progresso da humanidade rumo a uma convivência mais pacífica e justa, em harmonia com Deus, com a criação e com os outros.
O apelo de Francisco em 2019 aos ciganos e itinerantes
O Santo Padre exortou-os a não desanimarem! Ao estarem mais próximos da condição de Cristo, pobre e humilhado, vocês lembram à humanidade o "paradigma da vida cristã", disse, encorajo-os a acreditar na beleza salvadora que a sua cultura e a sua situação itinerante trazem consigo. Leão XIV retomou o apelo sincero que o Papa Francisco, em 2019, fez aos ciganos e itinerantes:
"Peço-lhes, por favor, que tenham um coração maior, ainda mais amplo: sem ressentimentos. E que sigam em frente com dignidade: a dignidade da família, a dignidade do trabalho, a dignidade de ganhar o pão de cada dia - é isso que os faz seguir adiante - e a dignidade da oração."
“Que a dignidade do trabalho e a dignidade da oração sejam a sua força para derrubar os muros da desconfiança e do medo”, exortou-os, por sua vez, o Papa Leão XIV.
Diálogo espontâneo
Entre aplausos e coros, quatro participantes – entre eles duas crianças – fizeram perguntas a Leão XIV, que respondeu espontaneamente, isto é, sem um texto previamente preparado. A primeira é sobre a amizade com Jesus, vínculo que, explicou ele, nasce da oração, da Palavra de Deus, dos sacramentos e da vida da Igreja, que levam ao conhecimento: “Não podemos ser amigos de alguém que não conhecemos; ser amigos significa procurar conhecer o outro”. Em seguida, o tema da guerra, importante para todos – adultos e crianças –, porque “todos queremos viver em um mundo sem guerra”, afirmou o Santo Padre. “Devemos sempre procurar ser promotores da paz, construtores de pontes, firmemente convencidos de que a paz é possível, não é apenas um sonho, que podemos viver em paz”. Para fazer isso, para “mudar o mundo”, é preciso começar por nós mesmos: com os amigos, com os colegas de estudo, na família, entre as famílias. “É muito importante que sempre busquemos essa capacidade de diálogo, de respeito mútuo e de promover os valores que nos ajudam a construir um mundo de paz”.
Acredito que isso é possível e espero que um dia todos encontremos, vejamos um mundo onde reine a paz e todos possamos viver em paz.
Não aos preconceitos e distinções
Em seguida, Leão XIV exortou a superar preconceitos, críticas e distinções em relação àqueles que são “diferentes”. E a imitar os mais pequeninos: “Quando as crianças veem outra criança, querem brincar, querem ver como fazer amizade, não se preocupam com a diversidade, mas dizem: podemos brincar juntos, podemos viver juntos em paz... Somos nós, adultos, que começamos a dizer: ‘Mas ele é assim ou ela é assim, esta cultura, esta nação, esta religião são coisas diferentes’ e começamos a fazer uma certa separação, certos julgamentos”. Devemos “deixar um pouco de lado essas distinções de quem é diferente e começar com o respeito por todos os seres humanos”.
Todo ser humano nasce à imagem de Deus. Se alguém é pobre, alguém vem de uma família rica, alguém tem propriedades, alguém não tem, somos todos irmãos e irmãs. Então, respeitemos essa fraternidade de todos e veremos que também aí o mundo poderá mudar. Fonte: https://www.vaticannews.va
“Dilexi te”, Leão XIV: não se pode separar a fé do amor pelos pobres
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Publicada a primeira exortação apostólica de Robert Prevost, um trabalho iniciado por Francisco sobre o tema do serviço aos pobres, em cujo rosto encontramos “o sofrimento dos inocentes”. O Papa denuncia a economia que mata, a falta de equidade, a violência contra as mulheres, a desnutrição, a emergência educacional. Ele faz seu o apelo de Bergoglio pelos migrantes e pede aos fiéis que façam ouvir “uma voz que denuncie”, porque “as estruturas da injustiça devem ser destruídas com a força do bem"
Salvatore Cernuzio – Vatican News
Dilexi te, “Eu te amei”. O amor de Cristo que se encarna no amor aos pobres, entendido como cuidado dos doentes; luta contra a escravidão; defesa das mulheres que sofrem exclusão e violência; direito à educação; acompanhamento aos migrantes; esmola que “é justiça restabelecida, não um gesto de paternalismo”; equidade, cuja falta é “a raiz de todos os males sociais”. Leão XIV assina sua primeira exortação apostólica, Dilexi te, texto em 121 pontos que brota do Evangelho do Filho de Deus que se tornou pobre desde sua entrada no mundo e que relança o Magistério da Igreja sobre os pobres nos últimos cento e cinquenta anos. “Uma verdadeira mina de ensinamentos”.
Seguindo os passos dos seus antecessores
Com este documento assinado a 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, o Pontífice agostiniano segue assim os passos dos seus antecessores: João XXIII com o apelo aos países ricos na Mater et Magistra para que não permaneçam indiferentes perante os países oprimidos pela fome e pela miséria (83); Paulo VI, com a Populorum progressio e o discurso na ONU “como advogado dos povos pobres”; João Paulo II, que consolidou doutrinariamente “a relação preferencial da Igreja com os pobres”; Bento XIV e a Caritas in Veritate, com sua leitura “mais marcadamente política” das crises do terceiro milênio. Por fim, Francisco, que fez do cuidado “pelos pobres” e “com os pobres” um dos pilares do seu pontificado.
Um trabalho iniciado por Francisco e relançado por Leão
Foi o próprio Francisco que, nos meses que antecederam sua morte, iniciou o trabalho sobre a exortação apostólica. Assim como aconteceu com a Lumen Fidei, de Bento XVI, recolhida em 2013 por Jorge Mario Bergoglio, também desta vez é o sucessor que completa a obra, que representa uma continuação da Dilexit Nos, a última encíclica do Papa argentino sobre o Coração de Jesus. Porque é forte a “ligação” entre o amor de Deus e o amor pelos pobres: através deles, Deus “ainda tem algo a nos dizer”, afirma o Papa Leão. E ele retoma o tema da “opção preferencial” pelos pobres, expressão nascida na América Latina (16) não para indicar “um exclusivismo ou uma discriminação em relação a outros grupos”, mas “a ação de Deus” que se move por compaixão pela fraqueza da humanidade.
No rosto ferido dos pobres encontramos impresso o sofrimento dos inocentes e, portanto, o próprio sofrimento de Cristo (9)
A exortação de Leão XIV: um texto que propõe os fundamentos da Revelação cristã e da tradição da Igreja
Os “rostos” da pobreza
São numerosos os pontos para reflexão, numerosas as motivações para a ação na exortação de Robert Francis Prevost, na qual são analisados os “rostos” da pobreza. A pobreza daqueles que “não têm meios de subsistência material”, de “quem é marginalizado socialmente e não possui instrumentos para dar voz à sua dignidade e suas capacidades”; a pobreza “moral”, “espiritual”, “cultural”; a pobreza “de quem não tem direitos, nem lugar, nem liberdade” (9).
Novas formas de pobreza e falta de equidade
Diante desse cenário, o Papa considera “insuficiente” o compromisso de eliminar as causas estruturais da pobreza em sociedades marcadas por “numerosas desigualdades”, pelo surgimento de novas formas de pobreza “mais sutis e perigosas” (10) e por regras econômicas que aumentaram a riqueza, “mas sem equidade”.
A falta de equidade é a raiz dos males sociais (94)
A ditadura de uma economia que mata
“Quando dizem que o mundo moderno reduziu a pobreza, fazem-no medindo-a com critérios doutros tempos não comparáveis à realidade atual”, afirma Leão XIV (13). Deste ponto de vista, ele saúda “com satisfação” o fato de que “as Nações Unidas tenham colocado a erradicação da pobreza como um dos objetivos do Milênio”. No entanto, o caminho é longo, especialmente numa época em que continua a vigorar a “ditadura de uma economia que mata”, em que os ganhos de poucos “crescem exponencialmente”, enquanto os da maioria estão “cada vez mais longe do bem-estar daquela minoria feliz” e em que se difundem “ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira” (92).
Cultura do descarte, liberdade de mercado, pastoral das elites
Tudo isso é sinal de que ainda persiste – “por vezes bem disfarçada” – uma cultura do descarte que “tolera com indiferença que milhões de pessoas morram de fome ou sobrevivam em condições indignas do ser humano” (11). O Papa condena então os “critérios pseudocientíficos” segundo os quais será “a liberdade do mercado” a levar à “solução” do problema da pobreza, bem como a “pastoral das chamadas elites”, segundo a qual “em vez de perder tempo com os pobres, é melhor cuidar dos ricos, dos poderosos e dos profissionais” (114).
Realmente, os direitos humanos não são iguais para todos (94)
Mudar a mentalidade
O que o Papa invoca é, portanto, uma “mudança de mentalidade”, libertando-se antes de tudo da “ilusão de uma felicidade que deriva de uma vida confortável”. Isso leva muitas pessoas a uma visão da existência centrada na riqueza e no sucesso “a todo custo”, mesmo em detrimento dos outros e por meio de “sistemas político-econômicos injustos” (11).
A dignidade de cada pessoa humana deve ser respeitada já agora, não só amanhã (92)
Em cada migrante rejeitado está Cristo batendo à porta
Leão XIV dedica um amplo espaço ao tema das migrações. Para ilustrar suas palavras, ele usa a imagem do pequeno Alan Kurdi, o menino sírio de 3 anos que se tornou, em 2015, símbolo da crise europeia dos migrantes com a foto de seu corpinho sem vida em uma praia. “Infelizmente, à parte de alguma momentânea comoção, acontecimentos semelhantes estão a tornar-se cada vez mais irrelevantes, como notícias secundárias” (11), constata o Pontífice.
Ao mesmo tempo, ele lembra a obra secular da Igreja em favor daqueles que são forçados a abandonar suas terras, expressa em centros de acolhimento, missões de fronteira, esforços da Caritas Internacional e outras instituições (75).
A Igreja, como mãe, caminha com os que caminham. Onde o mundo vê ameaça, ela vê filhos; onde se erguem muros, ela constrói pontes. Pois sabe que o Evangelho só é crível quando se traduz em gestos de proximidade e de acolhimento; e que em cada migrante rejeitado, é o próprio Cristo que bate às portas da comunidade (75)
Ainda sobre o tema das migrações, Robert Prevost faz seus os famosos “quatro verbos” do Papa Francisco: “Acolher, proteger, promover e integrar”. E do Papa Francisco ele também toma emprestada a definição dos pobres não apenas como objeto de nossa compaixão, mas como “mestres do Evangelho”.
Servir aos pobres não é um gesto a ser feito “de cima para baixo”, mas um encontro entre iguais... A Igreja, portanto, quando se curva para cuidar dos pobres, assume sua postura mais elevada (79)
Mulheres vítimas de violência e exclusão
O Sucessor de Pedro olha então para a atualidade marcada por milhares de pessoas que morrem todos os dias “por causas relacionadas com a desnutrição” (12). “Duplamente pobres”, acrescenta, são “as mulheres que padecem situações de exclusão, maus-tratos e violência, porque frequentemente têm menos possibilidades de defender os seus direitos” (12).
“Os pobres não existem por acaso...”
O Papa Leão XIV traça uma reflexão profunda sobre as causas da pobreza: “Os pobres não existem por acaso ou por um cego e amargo destino. Muito menos a pobreza é uma escolha, para a maioria deles. No entanto, ainda há quem ouse afirmá-lo, demonstrando cegueira e crueldade”, sublinha (14). “Obviamente, entre os pobres há também aqueles que não querem trabalhar”, mas há também muitos homens e mulheres que, por exemplo, recolhem papelão de manhã à noite apenas para “sobreviver” e nunca para “melhorar” a vida. Em suma, lê-se em um dos pontos centrais da Dilexi te, não se pode dizer “que a maioria dos pobres estão nessa situação porque não obtiveram méritos, de acordo com a falsa visão da meritocracia, segundo a qual parece que só têm méritos aqueles que tiveram sucesso na vida” (14).
Ideologias e orientações políticas
Em muitas ocasiões, observa o Papa Leão, são os próprios cristãos que se deixam “contagiar por atitudes marcadas por ideologias mundanas ou por orientações políticas e econômicas que levam a injustas generalizações e conclusões enganosas” (15).
Há quem continue a dizer: “O nosso dever é rezar e ensinar a verdadeira doutrina”. Mas, desvinculando este aspecto religioso da promoção integral, acrescentam que só o Governo deveria cuidar deles, ou que seria melhor deixá-los na miséria, ensinando-lhes antes a trabalhar (114)
A esmola frequentemente desprezada
Sintoma dessa mentalidade é o fato de que o exercício da caridade às vezes é “desprezado ou ridicularizado, como se fosse uma fixação somente de alguns e não o núcleo incandescente da missão eclesial” (15). O Papa detém-se longamente na esmola, raramente praticada e frequentemente desprezada (115).
Como cristãos, não renunciemos à esmola. Um gesto que pode ser feito de várias maneiras, e podemos tentar fazer da forma mais eficaz, mas que deve ser feito. E será sempre melhor fazer alguma coisa do que não fazer nada. Em todo o caso, tocar-nos-á o coração. Não será a solução para a pobreza no mundo, que deve ser procurada com inteligência, tenacidade e compromisso social. Mas precisamos praticar a esmola para tocar a carne sofredora dos pobres (119)
Indiferença por parte dos cristãos
Na mesma linha, o Papa destaca “a falta ou mesmo a ausência de compromisso” com a defesa e a promoção dos mais desfavorecidos em alguns grupos cristãos (112). Se uma comunidade da Igreja não coopera para a inclusão de todos, adverte ele, “correrá também o risco da sua dissolução, mesmo que fale de temas sociais ou critique os Governos. Facilmente acabará submersa pelo mundanismo espiritual, dissimulado em práticas religiosas, reuniões infecundas ou discursos vazios” (113).
Há que afirmar sem rodeios que existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres (36)
O testemunho dos santos, beatos e ordens religiosas
Para contrabalançar essa atitude de indiferença, há um mundo de santos, beatos e missionários que, ao longo dos séculos, encarnaram a imagem de “uma Igreja pobre e para os pobres” (35). De Francisco de Assis e seu gesto de abraçar um leproso (7) a Madre Teresa, ícone universal da caridade dedicada aos moribundos da Índia “com uma ternura que era oração” (77). E ainda São Lourenço, São Justino, Santo Ambrósio, São João Crisóstomo, seu Santo Agostinho, que afirmava:
“Aquele que diz amar a Deus e não se compadece dos necessitados, mente” (45).
Leão ainda lembra o trabalho dos Camilianos pelos doentes (49), das congregações femininas em hospitais e casas de repouso (51). Ele lembra o acolhimento nos mosteiros beneditinos a viúvas, crianças abandonadas, peregrinos e mendigos (55). E lembra também os franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinianos que iniciaram “uma revolução evangélica” através de um “estilo de vida simples e pobre” (63), juntamente com os trinitários e mercedários que, lutando pela libertação dos prisioneiros, expressaram o amor de “um Deus que liberta não só da escravidão espiritual, mas também da opressão concreta” (60).
A tradição destas Ordens não cessou. Pelo contrário, inspirou novas formas de ação diante das escravidões modernas: o tráfico de pessoas, o trabalho forçado, a exploração sexual, as diversas formas de dependência. A caridade cristã, quando encarnada, torna-se libertadora (61)
O direito à educação
O Pontífice recorda também o exemplo de São José de Calasanz, que fundou a primeira escola popular gratuita da Europa (69), para salientar a importância da educação dos pobres: “Não é um favor, mas um dever”.
Os pequenos têm direito à sabedoria, como exigência básica do reconhecimento da dignidade humana (72)
A luta dos movimentos populares
Na exortação, o Papa também menciona a luta contra os “efeitos destrutivos do império do dinheiro” por parte dos movimentos populares, conduzidos por líderes “colocados muitas vezes sob suspeita e até perseguidos” (80). Eles, escreve, “convidam a superar aquela ideia das políticas sociais concebidas como uma política para os pobres, mas nunca com os pobres, nunca dos pobres” (81).
Uma voz que desperte e denuncie
Nas últimas páginas do documento, Leão XIV apela a todo o Povo de Deus para “fazer ouvir, ainda que de maneiras diferentes, uma voz que desperte, denuncie e se exponha mesmo correndo o risco de parecer estúpidos”.
As estruturas de injustiça devem ser reconhecidas e destruídas com a força do bem, através da mudança de mentalidades e também, com a ajuda da ciência e da técnica, através do desenvolvimento de políticas eficazes na transformação da sociedade (97)
Os pobres, não um problema social, mas o centro da Igreja
É necessário que “todos nos deixemos evangelizar pelos pobres”, exorta o Papa (102). “O cristão não pode considerar os pobres apenas como um problema social: eles são uma questão familiar. Pertencem aos nossos”. Portanto, “a relação com eles não pode ser reduzida a uma atividade ou departamento da Igreja” (104).
Os pobres ocupam um lugar central na Igreja (111)
Fonte: https://www.vaticannews.va
Leão XIV: os barcos dos migrantes não podem encontrar indiferença, sejamos missionários
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Por ocasião do Jubileu dos Migrantes e dos Missionários, o Papa presidiu a Missa na Praça São Pedro. “Aqueles barcos que esperam avistar um porto seguro não podem e não devem encontrar a frieza da indiferença ou o estigma da discriminação”, disse o Pontífice em sua a homilia.
Migrantes prestam homenagem à escultura a eles dedicada na Praça São Pedro (@Vatican Media)
Thulio Fonseca - Vatican News
O domingo chuvoso em Roma não impediu a presença de milhares de peregrinos, que se reuniram para participar da Santa Missa presidida pelo Papa. A liturgia, marcada pelo espírito do Jubileu dos Migrantes e dos Missionários, celebrado neste XXVII Domingo do Tempo Comum, 5 de outubro, recordou o vínculo inseparável entre missão e acolhida. “Estamos aqui porque, junto ao túmulo do Apóstolo Pedro, cada um de nós deve poder dizer com alegria: toda a Igreja é missionária”, afirmou Leão XIV, citando, em seguida, o Papa Francisco:
“É urgente que a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repulsa e sem medo.”
O silêncio de Deus e a força da fé
Comentando as palavras do profeta Habacuque: “Até quando, Senhor, implorarei ajuda e não me ouvirás?”, o Papa recordou a experiência da dor que atravessa a humanidade diante da injustiça. “Este grito de dor é uma forma de oração que permeia toda a Escritura”, disse, evocando também as palavras de Bento XVI em Auschwitz: “Deus permanece em silêncio, e esse silêncio dilacera a alma do orante”. Contudo, Leão XIV destacou que a resposta do Senhor é promessa de esperança: “O justo viverá pela sua fé”:
“A fé não se impõe com meios de poder e de maneiras extraordinárias; basta um grão de mostarda para fazer coisas impensáveis, porque traz em si a força do amor de Deus que abre caminhos de salvação [...] que cresce lentamente quando nos tornamos ‘servos inúteis’, ou seja, quando nos colocamos a serviço do Evangelho e dos irmãos sem buscar nossos interesses, mas apenas para levar ao mundo o amor do Senhor.”
Jamais discriminar
Se no passado a missão era muitas vezes associada ao partir para terras distantes, hoje, segundo o Papa, ela consiste em “permanecer sem nos refugiarmos no conforto do nosso individualismo, permanecer para olhar nos olhos daqueles que chegam de terras martirizadas, permanecer para abrir-lhes os braços e o coração”. Leão XIV lembrou os dramas dos migrantes, que atravessam desertos e mares em busca de vida e dignidade.
“Os seus olhos cheios de angústia e esperança que procuram terra firme onde desembarcar, não podem e não devem encontrar a frieza da indiferença ou o estigma da discriminação![...] Tudo isso exige pelo menos dois grandes compromissos missionários: a cooperação missionária e a vocação missionária.”
Nova era missionária
O Pontífice insistiu na importância de uma renovada cooperação missionária entre as Igrejas e no incentivo às vocações missionárias. Dirigindo-se de modo particular à Europa, disse que é necessário um novo impulso missionário, com leigos, religiosos e presbíteros dispostos a oferecer seu serviço em terras de missão:
“Irmãos e irmãs, hoje se abre na história da Igreja uma nova era missionária. […] Todo missionário que parte para outras terras é chamado a habitar as culturas que encontra com sagrado respeito, direcionando para o bem tudo o que encontra de bom e nobre, e levando-lhes a profecia do Evangelho.”
Deus salva o seu povo
No final da homilia, Leão XIV dirigiu-se diretamente aos migrantes:
“Sejam sempre bem-vindos! Os mares e desertos que atravessaram são lugares de salvação, onde Deus se fez presente para salvar o seu povo. Desejo que encontrem esse rosto de Deus nas missionárias e missionários que encontrarão”.
Confiando todos à intercessão de Maria, “primeira missionária do seu Filho”, o Papa pediu que ela sustente a Igreja na construção de um Reino de amor, justiça e paz. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa recorda mártires e cita a "esperança desarmada" de Ir. Dorothy Stang na Amazônia
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Em memória dos novos mártires, Leão XIV recorda aqueles que testemunharam “a fé sem nunca usar as armas da força e da violência, mas abraçando a força fraca e mansa do Evangelho”. Assim como a Irmã Dorothy Stang, "empenhada na causa dos sem-terra na Amazônia: quando aqueles que se preparavam para matá-la lhe perguntaram se estava armada, ela mostrou-lhes a Bíblia, respondendo: «Esta é a minha única arma».
Andressa Collet - Vatican News
Neste domingo, 14 de setembro, Festa da Exaltação da Santa Cruz para muitos cristãos do Oriente e do Ocidente, o Papa Leão presidiu na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, uma celebração em memória dos novos mártires e testemunhas da fé do século XXI com a participação de representantes das Igrejas Ortodoxas, das Antigas Igrejas Orientais, das Comunhões cristãs e das Organizações ecumênicas que aceitaram o convite feito pelo Pontífice. "Aos pés da cruz de Cristo, nossa salvação, descrita como a 'esperança dos cristãos' e a 'glória dos mártires', o Papa recordou dos "audaciosos servos do Evangelho" justamente com "o olhar voltado para o Crucificado", que 'tomou sobre si as nossas doenças, carregou as nossas dores':
"Muitos irmãos e irmãs, ainda hoje, por causa do seu testemunho de fé em situações difíceis e contextos hostis, carregam a mesma cruz do Senhor: como Ele, são perseguidos, condenados, mortos. [...]. São mulheres e homens, religiosos e religiosas, leigos e sacerdotes, que pagam com a vida a fidelidade ao Evangelho, o compromisso com a justiça, a luta pela liberdade religiosa onde ela ainda é violada, a solidariedade com os mais pobres. Segundo os critérios do mundo, eles foram 'derrotados'. Na realidade, como nos diz o Livro da Sabedoria: «Se aos olhos dos homens foram castigados, a sua esperança estava cheia de imortalidade»."
A esperança desarmada dos mártires da fé
Durante o Ano Jubilar, continuou o Papa às cerca de 4 mil pessoas presentes na basílica, celebramos "a esperança destes corajosos testemunhos de fé":
"É uma esperança cheia de imortalidade, porque o seu martírio continua a difundir o Evangelho num mundo marcado pelo ódio, pela violência e pela guerra; é uma esperança cheia de imortalidade, porque, apesar de terem sido mortos no corpo, ninguém poderá silenciar a sua voz ou apagar o amor que deram; é uma esperança cheia de imortalidade, porque o seu testemunho permanece como profecia da vitória do bem sobre o mal. Sim, a deles é uma 'esperança desarmada'. Eles testemunharam a fé sem nunca usar as armas da força e da violência, mas abraçando a força frágil e mansa do Evangelho."
Leão XIV recorda Irmã Dorothy Stang morta no Pará
O Papa Leão, então, procurou dar alguns exemplos dos mártires, porque seriam muitos, já que, "infelizmente, apesar do fim das grandes ditaduras do século XX, ainda hoje não acabou a perseguição aos cristãos; pelo contrário, em algumas partes do mundo, aumentou". Ele citou o Padre Ragheed Ganni, sacerdote caldeu de Mossul, no Iraque, que renunciou à luta para testemunhar como se comporta um verdadeiro cristão; o Irmão Francis Tofi, anglicano e membro da Melanesian Brotherhood, que deu a vida pela paz nas Ilhas Salomão; e também foi ao Brasil para recordar a religiosa americana que lutou durante décadas na região amazônica contra o desmatamento e pelos direitos dos pequenos agricultores e trabalhadores:
“Penso na força evangélica da Irmã Dorothy Stang, empenhada na causa dos sem-terra na Amazônia: quando aqueles que se preparavam para matá-la lhe perguntaram se estava armada, ela mostrou-lhes a Bíblia, respondendo: «Esta é a minha única arma».”
Dorothy Stang tinha 73 anos quando foi assassinada em 12 de fevereiro de 2005. A religiosa em missão no Brasil por quase 40 anos, morreu com a Bíblia na mão. E essas mortes, disse o Papa, "não podemos, não queremos esquecer. Queremos recordar". E Leão XIV acrescentou: e "queremos preservar a memória juntamente com os nossos irmãos e irmãs das outras Igrejas e Comunidades cristãs. Desejo, portanto, reiterar o compromisso da Igreja Católica em guardar a memória dos testemunhos da fé de todas as tradições cristãs".
A Comissão para os Novos Mártires no Vaticano
O Pontífice enalteceu, assim, o trabalho desenvolvido pela Comissão para os Novos Mártires instituído pelo Papa Francisco em 2023, junto ao Dicastério para as Causas dos Santos, que colabora com o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Desde então, mais de 1600 mártires do século XXI foram reconhecidos pelo Vaticano, num testemunho que "é mais eloquente do que quaisquer palavras: a unidade vem da Cruz do Senhor".
Queridos irmãos, um pequeno paquistanês, Abish Masih, morto num atentado contra a Igreja Católica, tinha escrito no seu caderno: «Making the world a better place», «tornar o mundo um lugar melhor». Que o sonho desta criança nos incentive a testemunhar com coragem a nossa fé, para sermos juntos fermento de uma humanidade pacífica e fraterna. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: Deus nos salvou ao abraçar a cruz, oferecendo-se como mestre e amigo
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No Angelus, Leão XIV reflete sobre o significado da festa da Exaltação da Santa Cruz, que se celebra neste domingo, 14 de setembro, e sublinha que Jesus se tornou “nosso companheiro” e “médico” para nos redimir e se fez “para nós Pão partido na Eucaristia”, transformando um “instrumento de morte” em “instrumento de vida”. “A sua caridade é maior do que o nosso próprio pecado”.
Tiziana Campisi – Vatican News
“Deus, para redimir os homens, se fez homem e morreu na cruz.”
É por isso que a Igreja celebra a Exaltação da Santa Cruz, neste domingo, 14 de setembro, dia em que, segundo a tradição, Santa Helena “encontra o madeiro da Cruz, em Jerusalém, no século IV”, explica Leão XIV no Angelus, na Praça de São Pedro.
A conversa de Jesus com Nicodemos
A festa litúrgica também lembra a devolução da relíquia da Cruz “à Cidade Santa, por obra do Imperador Heráclio”, acrescenta o Papa, que se detém, em seguida, no Evangelho dominical para aprofundar o significado do sacrifício extremo de Cristo. O protagonista é Nicodemos, “um dos chefes dos judeus, pessoa reta e de mente aberta”, que encontra Jesus à noite e “precisa de luz, de orientação: procura Deus e pede ajuda ao Mestre de Nazaré, porque reconhece n'Ele um profeta”, esclarece o Pontífice, e “o Senhor o acolhe, o escuta e, no final, revela-lhe que o Filho do homem deve ser elevado, ‘afim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna’”.
Cristo nos salvou através da cruz
Falando a Nicodemos, Jesus lembra o episódio do Antigo Testamento que narra os israelitas no deserto atacados por serpentes venenosas, que se salvaram “olhando para a serpente de bronze que Moisés, obedecendo à ordem de Deus, tinha feito e colocado sobre uma haste”, e especifica, então, que Deus “amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna”.
Deus salvou-nos revelando-se a nós, oferecendo-se como nosso companheiro, mestre, médico, amigo, até se tornar para nós Pão partido na Eucaristia. E para realizar esta obra, serviu-se de um dos instrumentos de morte mais cruéis que o homem já inventou: a cruz.
O amor de Deus é maior do que o pecado do homem
Celebrar a exaltação da cruz, então, significa fazer memória do “amor imenso com que Deus” abraçou a cruz “para nossa salvação – conclui o Pontífice –, transformando-a de instrumento de morte em instrumento de vida, ensinando-nos que nada pode nos separar d'Ele e que a sua caridade é maior do que o nosso próprio pecado”. Daí o convite a pedir, “por intercessão de Maria”, que “em nós se enraíze e cresça” o “amor” de Cristo “que salva, e que também nós saibamos nos doar uns aos outros, como Ele se doou totalmente a todos”. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: aprendamos com Jesus o grito da esperança que não desiste
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A catequese de Leão XIV foi centrada na experiência de Jesus crucificado. "Na cruz, Jesus não morre em silêncio", disse o Papa. Ele "deixa a sua vida com um grito" e "este grito abrange tudo: dor, abandono, fé e oferenda. Não é apenas a voz de um corpo que cede, mas o sinal máximo de uma vida que se entrega", sublinhou o Pontífice.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
A morte de Jesus na cruz foi o centro da catequese do Papa Leão XIV na Audiência Geral, desta quarta-feira (10/09), realizada na Praça São Pedro.
Não obstante o dia nublado e chuvoso, milhares de fiéis e peregrinos participaram deste encontro semanal com o Pontífice.
"Os Evangelhos atestam um pormenor preciosíssimo, que merece ser contemplado com a inteligência da fé: na cruz, Jesus não morre em silêncio. Ele não se apaga lentamente, como uma luz que se consuma, mas deixa a sua vida com um grito: «Então Jesus, soltando um forte grito, expirou». Este grito abrange tudo: dor, abandono, fé e oferenda. Não é apenas a voz de um corpo que cede, mas o sinal máximo de uma vida que se entrega", disse o Papa Leão.
Sofrimento de Jesus,
Grito de confiança
"O grito de Jesus é precedido de uma pergunta, uma das mais pungentes que se pode proferir: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?». É o primeiro versículo do Salmo 22, mas nos lábios de Jesus assume um peso singular", frisou o Pontífice, acrescentando:
“O Filho, que sempre viveu em íntima comunhão com o Pai, experimenta agora o silêncio, a ausência, o abismo. Não é uma crise de fé, mas a etapa final de um amor que se entrega completamente. O grito de Jesus não é de desespero, mas de sinceridade, de verdade levada ao limite, de confiança que perdura mesmo quando tudo é silêncio.”
"Deus já não habita atrás de um véu; o seu rosto é agora totalmente visível no Crucifixo. É ali, naquele homem atormentado, que se revela o maior amor", sublinhou o Papa, ressaltando que o centurião, que era um pagão, compreendeu, mas não "porque ouviu um discurso, mas porque viu Jesus morrer daquela maneira". Ele disse: «Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!».
“É a primeira profissão de fé após a morte de Jesus. É o fruto de um grito que não se perdeu no vento, mas tocou um coração. Por vezes, o que não conseguimos expressar com palavras, expressamos com a voz. Quando o coração está cheio, clama. E isso nem sempre é sinal de fraqueza; pode ser um profundo ato de humanidade.”
Gritar, um gesto espiritual
De acordo com o Papa, "o Evangelho dá ao nosso clamor um imenso valor, lembrando-nos que pode ser uma invocação, um protesto, um desejo, uma entrega. De fato, pode ser a forma suprema da oração, quando já não nos restam mais palavras. Naquele grito, Jesus colocou tudo o que lhe restava: todo o seu amor, toda a sua esperança".
"Uma esperança que não desiste. Gritamos quando acreditamos que alguém ainda pode ouvir. Clamamos não por desespero, mas por desejo. Jesus não gritou contra o Pai, mas para Ele. Mesmo em silêncio, estava convencido de que o Pai estava ali. E assim nos mostrou que a nossa esperança pode gritar, mesmo quando tudo parece perdido", disse ainda o Pontífice.
“Gritar torna-se então um gesto espiritual. Não é apenas o primeiro ato do nosso nascimento — quando viemos ao mundo chorando — é também uma forma de nos mantermos vivos. Gritamos quando sofremos, mas também quando amamos, chamamos, invocamos. Gritar é dizer que estamos aqui, que não queremos nos esvair em silêncio, que ainda temos algo para oferecer.”
Grito da esperança
O Papa recordou que existem momentos na vida "em que guardar tudo dentro de nós pode consumir-nos lentamente. Jesus nos ensina a não ter medo do clamor, desde que seja sincero, humilde e dirigido ao Pai. Um clamor nunca é em vão, se vier do amor. Nunca é ignorado, se for entregue a Deus. É uma forma de evitar ceder ao cinismo, de continuar acreditando que outro mundo é possível".
Leão XIV concluiu, convidando a aprender com Jesus "o grito da esperança quando chega a hora da provação extrema. Não para magoar, mas para confiar. Não para gritar contra ninguém, mas para abrir o coração. Se o nosso grito for verdadeiro, pode ser o limiar de uma nova luz, de um novo nascimento. Como foi para Jesus: quando tudo parecia terminado, a salvação estava, na verdade, prestes a começar. Se expressada com a confiança e a liberdade dos filhos de Deus, a voz angustiada da nossa humanidade, unida à voz de Cristo, pode tornar-se fonte de esperança para nós e para os que nos rodeiam". Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: a sede de Jesus na cruz é a nossa também. Clamor de uma humanidade ferida
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A catequese de Leão XIV na Audiência Geral foi marcada pelas palavras finais de Jesus na cruz: "Tenho sede" e "Tudo está consumado". "Se até o Filho de Deus escolheu não ser autossuficiente, então a nossa sede, de amor, de sentido, de justiça, não é um sinal de fracasso, mas de verdade", disse o Papa, ressaltando que "esta verdade, aparentemente tão simples, é difícil de aceitar", pois "vivemos numa época que preza a autossuficiência, a eficiência e o desempenho".

Mariangela Jaguraba - Vatican News
A Praça São Pedro acolheu milhares de fiéis para a Audiência Geral desta quarta-feira, 03 de setembro, em que o Papa Leão XIV deu continuidade ao ciclo de catequeses dedicado ao tema “Jesus Cristo nossa Esperança”.
As palavras de Jesus "Tenho sede" e logo depois "Tudo está consumado", proferidas na cruz, foram o centro da catequese deste encontro semanal com os fiéis.
"São palavras finais, mas carregadas de uma vida inteira, que revelam o sentido de toda a existência do Filho de Deus. Na cruz, Jesus não aparece como um herói vitorioso, mas como um mendigo de amor. Não proclama, não condena, não se defende. Pede humildemente o que não pode dar a si mesmo", frisou o Pontífice, acrescentando:
“A sede do Crucificado não é apenas a necessidade fisiológica de um corpo torturado. É também, e sobretudo, a expressão de um desejo profundo: o de amor, de relação, de comunhão. É o grito silencioso de um Deus que, tendo querido partilhar tudo sobre a nossa condição humana, deixa-se passar também por essa sede.”
Abertura confiante aos outros
Um Deus que não se envergonha de pedir e com este gesto nos diz "que o amor, para ser verdadeiro, deve também aprender a pedir e não apenas a dar". Assim, Jesus
"manifesta a sua humanidade e a nossa também". "Nenhum de nós é autossuficiente. Ninguém se pode salvar sozinho",
disse ainda o Papa. "A vida 'consuma-se' não quando somos fortes, mas quando aprendemos a receber. Nesse momento, depois de ter recebido de estranhos uma esponja embebida em vinagre, Jesus proclama: Está consumado. O amor tornou-se carente e, precisamente por isso, consumou a sua obra", sublinhou.
“Este é o paradoxo cristão: Deus salva não fazendo, mas deixando-se fazer. Não vencendo o mal pela força, mas aceitando plenamente a fragilidade do amor. Na cruz, Jesus nos ensina que a realização humana não se alcança pelo poder, mas pela abertura confiante aos outros, mesmo quando hostis e inimigos.”
Capacidade de nos deixarmos amar
Segundo Leão XIV, "a salvação não reside na autonomia, mas em reconhecer humildemente as próprias necessidades e saber exprimi-las livremente".
“A consumação da nossa humanidade no plano de Deus não é um ato de força, mas um gesto de confiança. Jesus não salva com uma reviravolta dramática, mas pedindo algo que Ele não pode dar a si mesmo. E aqui abre-se uma porta para a verdadeira esperança: se até o Filho de Deus escolheu não ser autossuficiente, então a nossa sede — de amor, de sentido, de justiça — não é um sinal de fracasso, mas de verdade.”
De acordo com o Papa,
"esta verdade, aparentemente tão simples, é difícil de aceitar", pois "vivemos numa época que preza a autossuficiência, a eficiência e o desempenho. No entanto, o Evangelho nos mostra que a medida da nossa humanidade não é o que podemos conquistar, mas a nossa capacidade de nos deixarmos amar e, quando necessário, até mesmo ajudar".
A nossa fragilidade é uma ponte para o céu
"Jesus nos salva mostrando que pedir não é indigno, mas libertador. É a saída do esconderijo do pecado, para reentrar no espaço da comunhão. Desde o princípio, o pecado gerou vergonha. Mas o verdadeiro perdão surge quando conseguimos encarar a nossa necessidade e deixar de temer a rejeição", ressaltou.
“A sede de Jesus na cruz é a nossa também. É o clamor de uma humanidade ferida que ainda procura água viva. Essa sede não nos afasta de Deus, na verdade une-nos a Ele. Se tivermos a coragem de a reconhecer, podemos descobrir que até a nossa fragilidade é uma ponte para o céu. Precisamente no pedir — não no possuir — abre-se um caminho para a liberdade, porque deixamos de fingir que somos suficientes para nós mesmos.” Papa Leão XIV.
"Na fraternidade, na vida simples, na arte de pedir sem vergonha e de oferecer sem cálculos, reside uma alegria desconhecida para o mundo. Uma alegria que nos restitui à verdade original do nosso ser: somos criaturas feitas para dar e receber amor", sublinhou ainda Leão XIV que, concluindo sua catequese, disse que "na sede de Cristo podemos reconhecer toda a nossa sede e aprender que não há nada mais humano, nada mais divino, do que poder dizer: tenho necessidade. Não tenhamos medo de pedir, sobretudo quando sentimos que não merecemos. Não tenhamos vergonha de estender a mão. É aí, nesse gesto humilde, que se esconde a salvação". Fonte: https://www.vaticannews.va
28 de agosto- O Santo do dia
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Oração de Santo Agostinho

- Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova… Tarde Te amei! Trinta anos estive longe de Deus. Mas, durante esse tempo, algo se movia dentro do meu coração… Eu era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava algo que não achava… Mas Tu Te compadeceste de mim e tudo mudou, porque Tu me deixaste conhecer-Te. Entrei no meu íntimo sob a Tua Guia e consegui, porque Tu Te fizeste meu auxílio.
- Tu estavas dentro de mim e eu fora… “Os homens saem para fazer passeios, a fim de admirar o alto dos montes, o ruído incessante dos mares, o belo e ininterrupto curso dos rios, os majestosos movimentos dos astros. E, no entanto, passam ao largo de si mesmos. Não se arriscam na aventura de um passeio interior”. Durante os anos de minha juventude, pus meu coração em coisas exteriores que só faziam me afastar cada vez mais d’Aquele a Quem meu coração, sem saber, desejava… Eis que estavas dentro e eu fora! Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Estavas comigo e não eu Contigo…
- Mas Tu me chamaste, clamaste por mim e Teu grito rompeu a minha surdez… “Fizeste-me entrar em mim mesmo… Para não olhar para dentro de mim, eu tinha me escondido. Mas Tu me arrancaste do meu esconderijo e me puseste diante de mim mesmo, a fim de que eu enxergasse o indigno que era, o quão deformado, manchado e sujo eu estava”. Em meio à luta, recorri a meu grande amigo Alípio e lhe disse: “Os ignorantes nos arrebatam o céu e nós, com toda a nossa ciência, nos debatemos em nossa carne”. Assim me encontrava, chorando desconsolado, enquanto perguntava a mim mesmo quando deixaria de dizer “Amanhã, amanhã”… Foi então que escutei uma voz que vinha da casa vizinha… Uma voz que dizia: “Pega e lê. Pega e lê!”.
- Brilhaste, resplandeceste sobre mim e afugentaste a minha cegueira. Então corri à Bíblia, abri-a e li o primeiro capítulo sobre o qual caiu o meu olhar. Pertencia à carta de São Paulo aos Romanos e dizia assim: “Não em orgias e bebedeiras, nem na devassidão e libertinagem, nem nas rixas e ciúmes. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,13s). Aquelas Palavras ressoaram dentro de mim. Pareciam escritas por uma pessoa que me conhecia, que sabia da minha vida.
- Exalaste Teu Perfume e respirei. Agora suspiro por Ti, anseio por Ti! Deus… de Quem separar-se é morrer, de Quem aproximar-se é ressuscitar, com Quem habitar é viver. Deus… de Quem fugir é cair, a Quem voltar é levantar-se, em Quem apoiar-se é estar seguro. Deus… a Quem esquecer é perecer, a Quem buscar é renascer, a Quem conhecer é possuir. Foi assim que descobri a Deus e me dei conta de que, no fundo, era a Ele, mesmo sem saber, a Quem buscava ardentemente o meu coração.
- Provei-Te, e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me, e agora ardo por Tua Paz. “Deus começa a habitar em ti quando tu começas a amá-Lo”. Vi dentro de mim a Luz Imutável, Forte e Brilhante! Quem conhece a Verdade conhece esta Luz. Ó Eterna Verdade! Verdadeira Caridade! Tu és o meu Deus! Por Ti suspiro dia e noite desde que Te conheci. E mostraste-me então Quem eras. E irradiaste sobre mim a Tua Força dando-me o Teu Amor!
- E agora, Senhor, só amo a Ti! Só sigo a Ti! Só busco a Ti! Só ardo por Ti!…
- Tarde te amei! Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu Te amei! Eis que estavas dentro, e eu, fora – e fora Te buscava, e me lançava, disforme e nada belo, perante a beleza de tudo e de todos que criaste. Estavas comigo, e eu não estava Contigo… Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Chamaste, clamaste por mim e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste, e a Tua Luz afugentou minha cegueira. Exalaste o Teu Perfume e, respirando-o, suspirei por Ti, Te desejei. Eu Te provei, Te saboreei e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me e agora ardo em desejos por Tua Paz!
Santo Agostinho, Confissões 10, 27-29
Por uma paz "desarmada e desarmante": Leão XIV para o Dia Mundial da Paz de 2026
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O tema da mensagem do Papa para 59º Dia Mundial da Paz do próximo ano foi divulgado nesta terça-feira (26/08) pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral: «A paz esteja com todos vós: rumo a uma paz “desarmada e desarmante”». A escolha recai sobre uma expressão utilizada logo no início de pontificado, quando Robert Prevost apareceu pela primeira vez no balcão central da Basílica de São Pedro, na eleição de 8 de maio, em apelo à reconciliação e ao diálogo.
Ouça a reportagem com a voz do Papa e compartilhe
Andressa Collet - Vatican News
O Papa Leão XIV escolheu o tema da mensagem para 59º Dia Mundial da Paz de 2026: «A paz esteja com todos vós: rumo a uma paz “desarmada e desarmante”». A escolha recai sobre uma expressão utilizada logo no início do pontificado, quando apareceu pela primeira vez no balcão central da Basílica de São Pedro, no dia da sua eleição como Sucessor de Pedro. Eram 19h23 de 8 de maio quando fez um apelo à reconciliação e ao diálogo durante a primeira bênção Urbi et Orbi:
"A paz esteja com todos vós! Caríssimos irmãos e irmãs, esta é a primeira saudação de Cristo Ressuscitado, o Bom Pastor, que deu a vida pelo rebanho de Deus. Também eu gostaria que esta saudação de paz entrasse no vosso coração, chegasse às vossas famílias, a todas as pessoas, onde quer que se encontrem, a todos os povos, a toda a terra. A paz esteja convosco!"
“Esta é a paz de Cristo Ressuscitado, uma paz desarmada e uma paz desarmante, que é humilde e perseverante. Que vem de Deus, do Deus que nos ama a todos incondicionalmente.”
A invocação por uma "paz desarmada e desarmante" foi repetida já por várias vezes pelo Papa Leão XIV neste início de pontificado, reiterando a importância de uma reconciliação feita com diálogo, que constrói pontes dando voz a todos. Uma paz, segundo o Pontífice, que alcance o cessar-fogo não só das armas, mas também das palavras: "desarmemos as palavras para desarmar a Terra".
Em comunicado desta terça-feira (26/08) pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral através da Sala de Imprensa da Santa Sé para divulgar o tema da mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2026, o Papa Leão XIV convida novamente a humanidade a rejeitar a lógica da violência e da guerra, para abraçar uma paz autêntica, fundada no amor e na justiça. Essa paz deve ser desarmada, ou seja, não baseada no medo, na ameaça ou nas armas; e desarmante, porque capaz de dissolver conflitos, abrir corações e gerar confiança, empatia e esperança. Não basta invocar a paz, é preciso encarná-la em um estilo de vida que rejeite toda forma de violência, visível ou estrutural. A saudação do Cristo Ressuscitado, “A paz esteja convosco” (cf. Jo 20,19), é um convite dirigido a todos – crentes, não crentes, responsáveis políticos e cidadãos – para edificar o Reino de Deus e construir juntos um futuro humano e pacífico.
Assim, após o tema do Dia Mundial da Paz de 2025 em consonância com o Ano Jubilar, inspirado nas encíclicas Laudato si’ e Fratelli tutti, com o Papa Francisco escolhendo conceitos em torno da esperança e do perdão, "Perdoa-nos as nossas ofensas, concede-nos a tua paz"; Leão XIV faz um chamado a construir uma paz "desarmada e desarmante" a partir das famílias e entre os povos para promover a fraternidade com reconciliação. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: “a porta estreita”, a salvação passa pelas escolhas difíceis e impopulares
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O Papa Leão XIV no Angelus deste domingo (24/08): as palavras de Jesus “servem, antes de mais nada, para abalar a presunção daqueles que pensam que já estão salvos, daqueles que praticam a religião e, por isso, se sentem tranquilos”.
Silvonei José – Vatican News
“Ao mesmo tempo que nós, às vezes, julgamos quem está longe da fé, Jesus põe em crise “a segurança dos crentes”. Foi o que destacou o Papa Leão XIV ao introduzir o Angelus deste domingo (24/08) e comentar a imagem do Evangelho da “porta estreita”, usada por Jesus para responder a alguém que lhe perguntou se são poucos os que se salvam.
"Com efeito, diz-nos que não basta professar a fé com palavras, comer e beber com Ele celebrando a Eucaristia ou conhecer bem os ensinamentos cristãos. A nossa fé é autêntica quando envolve toda a nossa vida, quando se torna um critério para as nossas escolhas, quando nos torna mulheres e homens que se comprometem com o bem e apostam no amor, tal como fez Jesus".
O Senhor não quer, certamente, desanimar-nos, disse o Papa. “As suas palavras servem, antes de mais nada, para abalar a presunção daqueles que pensam que já estão salvos, daqueles que praticam a religião e, por isso, se sentem tranquilos. Na realidade, eles não compreenderam que não basta realizar atos religiosos se estes não transformam o coração: o Senhor não quer um culto separado da vida e não lhe são agradáveis sacrifícios e orações que não nos levam a viver o amor aos irmãos e a praticar a justiça”.
“É bonita a provocação que nos chega do Evangelho de hoje”, acrescentou o Papa leão.
Recordando que Jesus “não escolheu o caminho fácil do sucesso ou do poder”, mas, para nos salvar, atravessou a “porta estreita” da Cruz, o Papa salientou que Jesus é “a medida da nossa fé”, “a porta que devemos atravessar para sermos salvos, vivendo o seu mesmo amor e tornando-nos, com a nossa vida, agentes de justiça e paz”.
“Às vezes, isso significa fazer escolhas difíceis e impopulares, lutar contra o próprio egoísmo e gastar-se pelos outros, perseverar no bem onde parece prevalecer a lógica do mal, e assim por diante”. Mas – continuou –, ao ultrapassar esse limiar, descobriremos que a vida se abre diante de nós de uma maneira nova e, desde já, entraremos no espaçoso coração de Deus e na alegria da festa eterna que Ele preparou para nós”.
E o Santo Padre concluiu: “Invoquemos a Virgem Maria, para que nos ajude a atravessar com coragem a “porta estreita” do Evangelho, de modo que possamos abrir-nos com alegria à largura do amor de Deus Pai”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Leão XIV na Audiência Geral: perdoar não é negar o mal, mas vencer com o amor.
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Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (20/08), o Papa aprofundou "a arte do perdão" com o mestre, através do "momento em que Jesus, durante a Última Ceia, oferece um pedaço de pão àquele que está prestes a traí-lo". Através de um gesto simples, Cristo ensina que "amar significa deixar o outro livre - até para trair", não é negar o mal, mas vencê-lo com o amor: "mesmo que a outra pessoa não o aceite, mesmo que pareça em vão, o perdão liberta quem o dá".

Andressa Collet - Vatican News
Já de volta ao Vaticano, depois do segundo e último período de descanso em Castel Gandolfo de onde retornou na noite desta terça-feira (19/08), o Papa Leão XIV foi acolhido pelos fiéis na mesma configuração da semana passada: através de telões na Praça Petriano, na Basílica e na Praça São Pedro; e diretamente na Sala Paulo VI com mais de 6 mil peregrinos. A catequese, focada nesta quarta-feira (20/08) "num dos gestos mais impactantes e luminosos do Evangelho", foi a premissa para o Pontífice aprofundar "a arte do perdão" com o mestre, através do "momento em que Jesus, durante a Última Ceia, oferece um pedaço de pão àquele que está prestes a traí-lo". "Não é apenas um gesto de partilha", enalteceu o Papa, mas demonstra o modo de agir de Deus, com o Senhor amando até ao último momento:
"Amar até o fim: esta é a chave para compreender o coração de Cristo. Um amor que não se detém perante a rejeição, a desilusão ou mesmo a ingratidão."
O poder do perdão
Jesus, assim, continuou Leão XIV, "estende o seu amor ao máximo", mesmo diante da rejeição, da ingratidão e de ter de suportar a traição de Judas. E, em vez de se retrair e acusar, "continua a amar: lava os pés, molha o pão e lhe oferece". Com o seu perdão, o Senhor não fere a nossa liberdade, mas revela todo o seu poder, salvando das trevas do mal e entregando novamente à luz do bem:
“Compreendeu que a liberdade dos outros, mesmo quando perdidos no mal, pode ainda ser alcançada pela luz de um gesto bondoso. Porque sabe que o verdadeiro perdão não espera pelo arrependimento, mas oferece-se primeiro, como um dom gratuito, antes mesmo de ser aceito.”
"É aqui que o perdão se revela em todo o seu poder", afirmou o Pontífice, através do mistério que "Jesus realiza por nós": "não é fraqueza. É a capacidade de deixar o outro livre, amando-o até ao fim". Perdoar não significa negar o mal, mas vencê-lo com o amor:
"O Evangelho nos mostra que há sempre uma forma de continuar a amar, mesmo quando tudo parece irreparavelmente comprometido. Perdoar não significa negar o mal, mas impedir que este gere mais mal. Não se trata de dizer que nada aconteceu, mas de fazer tudo o que é possível para garantir que o ressentimento não dite o futuro."
A graça de saber perdoar
Quando Judas sai do quarto, “era noite”, recordou o Papa, "mas uma luz já começou a brilhar. E ela resplandece porque Cristo permanece fiel até o fim, e assim o seu amor é mais forte do que o ódio":
"Queridos irmãos e irmãs, também nós vivemos noites dolorosas e cansativas. Noites da alma, noites de desilusão, noites em que alguém nos magoou ou nos traiu. Nestes momentos, a tentação é fechar-nos, proteger-nos, ripostar. Mas o Senhor nos mostra a esperança de que há sempre outro caminho. Ele nos ensina que podemos oferecer um bocado mesmo a quem nos vira as costas. Que podemos responder com o silêncio da confiança. E que podemos seguir em frente com dignidade, sem renunciar ao amor. Peçamos hoje a graça de saber perdoar, mesmo quando nos sentimos incompreendidos, mesmo quando nos sentimos abandonados. Pois é precisamente nestas alturas que o amor pode atingir o seu auge."
A paz de quem perdoa
O mestre Jesus, finalizou então Leão XIV, ensina com o simples e luminoso gesto de oferecer o pão durante a Última Ceia, que "amar significa deixar o outro livre até para trair". A "luz do perdão", mesmo diante de uma traição, torna-se "uma oportunidade de salvação", renovando a capacidade de amar inclusive a quem perdoa:
“Mesmo que a outra pessoa não o aceite, mesmo que pareça em vão, o perdão liberta quem o dá: dissolve o ressentimento, restabelece a paz e devolve-nos a nós próprios.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: como Maria, não tenhamos medo de escolher a vida
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No dia da Solenidade da Assunção de Maria, Leão XIV celebrou a Missa na comunidade paroquial de Castel Gandolfo. Em sua homilia, recordou que o “sim” de Maria permanece vivo nos que praticam a fé, a justiça e a paz: “As palavras e as escolhas de morte parecem prevalecer, mas a vida de Deus interrompe o desespero através de experiências concretas de fraternidade e solidariedade”.
Homilia da Assunção de Maria,
Thulio Fonseca - Vatican News
Nesta sexta-feira, 15 de agosto, a Igreja celebra a Solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, festa litúrgica que no Brasil será comemorada no próximo domingo, 17/08. Por esta ocasião, o Papa Leão XIV presidiu a Santa Missa na Paróquia São Tomás de Villanova, em Castel Gandolfo, onde cumpre a segunda etapa do seu período de descanso. Esta foi a segunda vez que o Santo Padre celebrou na comunidade paroquial local.
Na homilia, o Pontífice recordou que “em Maria de Nazaré está a nossa história, está a história da Igreja imersa na humanidade comum. Tendo encarnado nela, o Deus da vida e da liberdade venceu a morte. Sim, hoje contemplamos como Deus vence a morte, sem nunca prescindir de nós”.
A fecundidade de Maria
Leão XIV sublinhou que o “sim” de Maria, unido ao de Cristo na cruz, continua vivo “nos mártires do nosso tempo, nas testemunhas da fé e da justiça, da mansidão e da paz”, e convidou cada fiel a escolher “como e para quem viver”.
Refletindo sobre o Evangelho da Visitação, proposto pela liturgia para esta Solenidade, o Papa destacou que, no encontro de Maria com Isabel, “a surpreendente fecundidade da estéril Isabel confirmou Maria na sua confiança: antecipou a fecundidade do seu ‘sim’, que se prolonga na fecundidade da Igreja e de toda a humanidade, quando a Palavra renovadora de Deus é acolhida”.
Para o Santo Padre, o cântico do Magnificat da Mãe de Deus fortalece a esperança dos humildes e famintos, lembrando que “parecem impossíveis as promessas de Deus, mas quando nascem os vínculos com os quais opomos o bem ao mal, a vida à morte, então vemos que ‘nada é impossível a Deus’ (Lc 1, 37)”.
O Papa alertou também contra a fé que “envelhece” nas comunidades dominadas pelo bem-estar material e pela acomodação, e afirmou que a Igreja “rejuvenesce graças ao Magnificat” dos pobres, perseguidos e construtores da paz. “Muitos deles são mulheres, como a idosa Isabel e a jovem Maria: mulheres pascais, apóstolas da Ressurreição. Deixemo-nos converter pelo seu testemunho!”, exortou.
Um chamado à confiança
Ao concluir a homilia, Leão XIV convidou os fiéis a verem na Assunção de Maria um sinal do destino que Deus deseja para todos: “Ela é-nos dada como sinal de que a Ressurreição de Jesus não foi um evento isolado, uma exceção", e completou:
"Maria é aquele entrelaçamento de graça e liberdade que impele cada um de nós à confiança, à coragem, ao envolvimento na vida de um povo. [...] Não tenhamos medo de escolher a vida! Pode parecer perigoso, imprudente. Quantas vozes estão sempre lá a sussurrar-nos: ‘Quem te obriga a fazer isso? Pensa nos teus interesses’. São vozes de morte. Em contrapartida, nós somos discípulos de Cristo. É o seu amor que nos impele, corpo e alma, no nosso tempo. Como indivíduos e como Igreja, já não vivemos para nós mesmos. É precisamente isto – e só isto – que difunde a vida e a faz prevalecer. A nossa vitória sobre a morte começa precisamente agora.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Leão XIV: obras de misericórdia, banco mais seguro e rentável para confiar o tesouro da nossa existência.
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"Não perder nenhuma ocasião para amar", onde quer que estejamos, foi a recomendação do Papa no Angelus deste segundo domingo do mês de agosto, Dia dos Pais, ocasião em que pediu a Maria para nos ajudar a sermos "sentinelas da misericórdia e da paz" em um mundo marcado por tantas divisões.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
"Vendei vossos bens e dai esmola": a recomendação de Jesus sobre "como investir o tesouro da nossa vida", narrada no Evangelho de Lucas da liturgia deste domingo, inspirou a reflexão do Papa Leão XIV, antes de rezar o Angelus com os milhares de peregrinos reunidos na Praça São Pedro, sob uma temperatura que beirava os 34°C.
E precisamente dirigindo-se a eles, explicou que com esse convite Jesus nos exorta "a não guardar para nós os dons que Deus nos deu, mas a usá-los generosamente para o bem dos outros, especialmente daqueles que mais precisam da nossa ajuda":
Trata-se não apenas compartilhar os bens materiais que possuímos, mas também colocar em jogo as nossas capacidades, o nosso tempo, o nosso afeto, a nossa presença, a nossa empatia. Em suma, tudo o que faz de cada um de nós, nos desígnios de Deus, um bem único e inestimável, um capital vivo e pulsante que, para crescer, precisa ser cultivado e investido; caso contrário, seca e perde valor. Ou acaba perdido, à mercê daqueles que, como ladrões, se apropriam dele para simplesmente transformá-lo em objeto de consumo.
O amor torna-nos semelhantes a Deus
E "o dom de Deus que somos - ressaltou - não é feito para se exaurir dessa maneira", mas "tem necessidade de espaço, de liberdade, de relação para se realizar e se expressar, tem necessidade de amor, o único que transforma e enobrece todos os aspectos da nossa existência, tornando-nos cada vez mais semelhantes a Deus". E não é por acaso - observou o Papa - que "Jesus pronuncia essas palavras a caminho de Jerusalém, onde se oferecerá na Cruz pela nossa salvação". E completou:
“As obras de misericórdia são o banco mais seguro e rentável para confiar o tesouro da nossa existência, porque ali, como nos ensina o Evangelho, com "duas pequenas moedas", até uma viúva pobre se torna a pessoa mais rica do mundo.”
E para ilustrar, cita Santo Agostinho que a esse propósito, diz: "O que é dado será transformado, porque quem dá será transformado".
Não perder nenhuma oportunidade de amar
Para tornar mais claro o significado disso, o Santo Padre propõe como exemplo "uma mãe abraçando seus filhos: não é a pessoa mais bela e mais rica do mundo? Ou dois namorados, quando estão juntos: eles não se sentem como um rei e uma rainha?".
Neste sentido, a sua exortação:
“Em nossas famílias, em nossas paróquias, na escola e em nossos locais de trabalho, onde quer que estejamos, procuremos não perder nenhuma oportunidade de amar. Esta é a vigilância que Jesus nos pede: habituar-nos a estar atentos, prontos e sensíveis uns aos outros, como Ele é conosco em cada momento.”
Ser sentinelas da misericórdia e da paz
Irmãs e irmãos - disse ao concluir - "confiemos a Maria este desejo e este compromisso: que Ela, a Estrela da Manhã, nos ajude a ser, num mundo marcado por tantas divisões, “sentinelas” da misericórdia e da paz, como nos ensinou São João Paulo II e como nos mostraram de forma tão bela os jovens que vieram a Roma para o Jubileu. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: “A Eucaristia celebra-se não só no altar, mas também na vida quotidiana”
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Leão XIV iniciou, nesta quarta-feira, 06/08, um novo ciclo de catequeses, dedicado à reflexão sobre o mistério pascal e a importância espiritual de se preparar para o encontro com Cristo. "O verdadeiro amor – recorda-nos o Evangelho – é dado antes mesmo de ser correspondido. É um dom antecipado. Não se baseia no que recebe, mas sim no que deseja oferecer.", afirmou.
Thulio Fonseca – Vatican News
“Irmãos e irmãs, bom dia!”
Com essas palavras proferidas em português, o Papa iniciou a Audiência Geral desta quarta-feira, 6 de agosto, realizada na Praça São Pedro. Leão XIV deu continuidade às reflexões sobre o itinerário jubilar e propôs uma nova etapa de meditações sobre a paixão, morte e ressurreição de Jesus. O Pontífice sugeriu aos fiéis uma leitura espiritual do verbo “preparar”, a partir de um trecho do Evangelho de Marcos.
“Continuamos a nossa caminhada jubilar para descobrir o rosto de Cristo, em quem a nossa esperança toma forma e substância”, afirmou o Papa. E, partindo do episódio evangélico em que os discípulos perguntam a Jesus onde desejava celebrar a Páscoa, Leão XIV destacou a importância dos pequenos detalhes: “No primeiro dia dos Ázimos, quando se imolava a Páscoa, disseram-lhe os seus discípulos: ‘Onde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a Páscoa?’” (Mc 14,12).
Segundo o Papa, “a resposta de Jesus parece quase enigmática: ‘Ide à cidade, e virá ao vosso encontro um homem carregando uma bilha de água’ (v. 13)”. E prosseguiu explicando que os elementos aparentemente banais da cena – como o homem com o cântaro ou a sala no andar superior – revelam uma realidade mais profunda: “Com efeito, é exatamente assim. Neste episódio, o Evangelho revela-nos que o amor não é fruto do acaso, mas de uma escolha consciente. Não é uma reação simples, mas uma decisão que exige preparação.”
Deus sempre nos precede
O Papa ressaltou que a imagem da “sala já pronta no andar superior” mostra como Deus se antecipa às nossas necessidades: “Antes mesmo de percebermos que precisamos de ser acolhidos, o Senhor já preparou um espaço para nós, onde nos podemos reconhecer e sentir seus amigos.” Esse espaço, segundo o Santo Padre, é o nosso próprio coração, muitas vezes vazio, mas chamado a ser preenchido pela presença divina:
“Jesus não enfrenta a sua paixão pelo destino, mas pela fidelidade a um caminho que abraçou e percorreu com liberdade e cuidado. É isso que nos consola: saber que o dom da sua vida vem de uma intenção profunda, não de um impulso imediato.”
Neste caminho, destacou o Pontífice, “a graça não elimina a nossa liberdade, mas desperta-a. O dom de Deus não anula a nossa responsabilidade, mas torna-a fecunda.”
Celebrar a Eucaristia na vida quotidiana
Leão XIV advertiu para a tentação de confundir os preparativos com ativismo ou expectativas vazias. Preparar-se para celebrar esta ação de graças não significa fazer mais, mas deixar espaço. Significa remover o que é pesado, baixar as nossas exigências, deixar de cultivar expectativas irrealistas:
“Ainda hoje, como então, há uma ceia a preparar. Não se trata apenas da liturgia, mas da nossa disponibilidade para participar num gesto que nos transcende. A Eucaristia celebra-se não só no altar, mas também na vida quotidiana, onde é possível experimentar tudo como oferta e ação de graças.”
Para o Papa, a cena do Cenáculo revela o verdadeiro amor de Cristo, que prepara um banquete mesmo diante da traição e da negação dos discípulos: “Enquanto eles ainda não compreendiam, enquanto um estava prestes a traí-lo e outro a negá-lo, Ele preparava uma ceia de comunhão para todos.”
Preparar a Páscoa da vida
O Papa também fez um convite concreto aos fiéis e peregrinos: “Também nós somos convidados a ‘preparar a Páscoa do Senhor’. Não só a Páscoa litúrgica, mas também a Páscoa das nossas vidas.” E sugeriu uma reflexão:
“Que espaços da minha vida preciso de reorganizar para estar pronto para acolher o Senhor? O que significa ‘preparar’ para mim hoje? Talvez signifique renunciar a uma exigência, deixar de esperar que o outro mude, dar o primeiro passo. Talvez signifique ouvir mais, agir menos ou aprender a confiar no que já foi predisposto.”
Mistério de um amor infinito
Ao concluir a catequese, Leão XIV sublinhou que, se aceitamos o convite para preparar o lugar da comunhão com Deus e uns com os outros, iremos descobrir que estamos rodeados de sinais, encontros e palavras que nos indicam aquela sala espaçosa e já pronta, onde o mistério de um amor infinito, que nos sustenta e sempre nos precede, é incessantemente celebrado. E completou:
“Que o Senhor nos conceda ser humildes preparadores da sua presença. E, nesta disponibilidade diária, cresça em nós aquela confiança serena que nos permite enfrentar tudo de coração aberto. Pois, onde o amor estiver pronto, a vida pode verdadeiramente florescer.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa Leão XIV reúne mais de 1 milhão de fiéis em missa do Jubileu dos Jovens em Roma
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Papa Leão XIV reúne mais de 1 milhão de fiéis em missa do Jubileu dos Jovens em Roma
Durante a celebração, pontífice disse que a Igreja está ‘com os jovens de todas as terras ensanguentadas pela guerra’
Por Redação
Papa reúne mais de 1 milhão de fiéis em missa do Jubileu dos Jovens em Roma
Durante a celebração, pontífice disse que a Igreja está ‘com os jovens de todas as terras ensanguentadas pela guerra’. Crédito: AFP
Mais de um milhão de pessoas compareceram neste domingo, 3, a uma missa em Roma presidida pelo papa Leão XIV, no último dia do chamado Jubileu dos Jovens, que reuniu participantes de todo o mundo durante uma semana.
“Aspirem a coisas grandes, à santidade, onde quer que estejam. Não se conformem”, disse Leão XIV em sua homilia.
“Estamos com os jovens de Gaza, com os jovens da Ucrânia, com os de todas as terras ensanguentadas pela guerra. Meus jovens irmãos e irmãs, vocês são o sinal de que um mundo diferente é possível: um mundo de fraternidade e amizade, onde os conflitos não são resolvidos com armas, mas com o diálogo.”
A missa foi celebrada em uma grande esplanada nas imediações da cidade, assim como o restante da programação do Jubileu dos Jovens, um dos momentos de maior destaque do Ano Santo, que atraiu meio milhão de jovens a Roma.
No sábado, antes de uma vigília noturna liderada pelo pontífice, os organizadores confirmaram a presença de 800.000 pessoas no enorme espaço ao ar livre preparado no distrito de Tor Vergata, perto da capital italiana. E neste domingo, o Vaticano anunciou que o número aumentou para um milhão de participantes.
A maioria dormiu no chão para aguardar a missa de domingo. Entre eles estava o nova-iorquino Christofer Delano, “muito feliz por ver o papa Leão”, mas surpreso com a multidão. “Não esperava ver tanta gente. Sabia que haveria muitas pessoas, mas não sabia que seriam tantas”, declarou à AFP.
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“Há uma solicitação importante no nosso coração, uma necessidade de verdade que não podemos ignorar, que nos leva a perguntar: O que é realmente a felicidade? Qual é o verdadeiro sabor da vida? O que nos liberta dos pântanos do absurdo, do tédio, da mediocridade?”, perguntou o papa de 69 anos em sua homilia.
O pontífice não esqueceu os peregrinos que viajaram a Roma de regiões devastadas pela guerra. “Estamos mais perto do que nunca dos jovens que sofrem os males mais graves, causados por outros seres humanos”, disse na oração do Angelus.
“Continuem caminhando com alegria seguindo as pegadas do Salvador e contagiem com o seu entusiasmo e o testemunho da sua fé todos aqueles que encontrarem. Boa viagem!”, afirmou para se despedir dos jovens que agora retornarão para suas casas.
‘Woodstock’ católico
A missa, sob um céu ensolarado, foi acompanhada pela música de um coral e pela presença de quase 450 bispos e 700 padres, todos com túnicas verdes. O enorme arco dourado que cobria o palco era dominado por uma cruz gigantesca.
Os jovens peregrinos, procedentes de 146 países, segundo o Vaticano, lotaram as ruas de Roma desde segunda-feira, cantando e exibindo bandeiras.
O ambiente festivo chegou ao ponto máximo no sábado, 2, antes da vigília noturna presidida pelo papa, que a emissora italiana Rai chamou de “Woodstock” católico.
Centenas de milhares de jovens acamparam na área da vigília. Grupos religiosos se apresentaram no palco para animar o público.
Leão XIV foi recebido no sábado com gritos e aplausos após sua chegada de helicóptero. Ele percorreu a imensa esplanada no papamóvel, enquanto os peregrinos corriam para tentar observar o pontífice de perto.
Com mais de 500 mil metros quadrados, o espaço reservado para o evento é equivalente a quase 70 campos de futebol.
A peregrinação dos jovens acontece quase três meses após o início do pontificado de Leão XIV e 25 anos após o papa João Paulo II ter organizado o último evento para jovens de tal magnitude em Roma.
Durante a semana, a Igreja organizou várias atividades para os jovens peregrinos, incluindo a transformação do ‘Circo Máximo’ — o local na Roma Antiga onde aconteciam corridas de bigas — em um confessionário ao ar livre./COM INFORMAÇÕES DA AFP Fonte: https://www.estadao.com.br
O Papa: “bulimia” de ligações nas redes sociais, comunicar com honestidade e prudência
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Leão XIV sublinhou, em sua catequese, que diante de uma sociedade inundada por "múltiplas mensagens", "podemos sentir vontade de desligar tudo. Podemos até preferir não ouvir nada", mas Jesus convida a nos abrir a este mundo que nos assusta, às relações que nos desiludiram, pois "fechar-se nunca é uma solução". Que o Senhor "cure a nossa forma de comunicar" em "nosso mundo impregnado por um clima de violência e ódio que mortifica a dignidade humana".
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Leão XIV retomou as Audiências Gerais, nesta quarta-feira (30/07), após as férias de verão em que o Pontífice passou alguns dias de descanso em Castel Gandolfo e em meio ao Jubileu dos Jovens em andamento.
"Com esta catequese concluímos o nosso percurso sobre a vida pública de Jesus, feita de encontros, parábolas e curas", disse o Papa no início de sua catequese proferida aos fiéis presentes na Praça São Pedro.
Imagens por vezes falsas ou distorcidas
De acordo com o Papa, "este tempo em que vivemos também exige cura. O nosso mundo está impregnado por um clima de violência e ódio que mortifica a dignidade humana".
“Vivemos numa sociedade que está adoecendo com uma “bulimia” de ligações nas redes sociais: estamos hiperconectados, bombardeados por imagens, por vezes até falsas ou distorcidas. Somos inundados por múltiplas mensagens que despertam em nós uma tempestade de emoções contraditórias.”
"Neste cenário, podemos sentir vontade de desligar tudo. Podemos até preferir não ouvir nada", ressaltou o Pontífice. Segundo ele, "até as nossas palavras correm o risco de serem mal interpretadas, e podemos ser tentados a isolar-nos no silêncio, a uma falta de comunicação onde, por mais próximos que estejamos, já não conseguimos expressar as coisas mais simples e profundas".
Fechar-se nunca é uma solução
A seguir, o Papa concentrou-se num texto do Evangelho de Marcos que nos apresenta um homem que não fala nem ouve. "Não é ele que vai ter com Jesus para ser curado, mas é levado por outras pessoas", disse ainda o Pontífice, sublinhando que "a comunidade cristã viu nessas pessoas a imagem da Igreja, que acompanha cada homem a Jesus para que Ele ouça a sua palavra".
"Jesus oferece-lhe, antes de tudo, uma proximidade silenciosa, através de gestos que falam de um encontro profundo: toca os ouvidos e a língua deste homem. Jesus não usa muitas palavras; diz a única coisa de que precisa naquele momento: “Abre-te!”. Marcos relata a palavra em aramaico, éfeta, quase para nos fazer ouvir o seu som e a sua respiração como se fosse “viver”", disse Leão XIV, acrescentando:
“Esta palavra simples e bela contém o convite que Jesus dirige a este homem que deixou de ouvir e falar. É como se Jesus lhe dissesse: “Abre-te a este mundo que te assusta! Abre-te às relações que te desiludiram! Abre-te à vida que desististe de enfrentar!”. De fato, fechar-se nunca é uma solução.”
Curar a forma de comunicar
"Após o encontro com Jesus, essa pessoa não só volta a falar, como o faz “perfeitamente”. Este advérbio inserido pelo evangelista parece dizer-nos algo mais sobre os motivos do seu silêncio. Talvez este homem tenha parado de falar porque sentiu que estava a dizer as coisas de forma incorreta, talvez se sentisse inadequado", frisou o Papa.
“Todos nós passamos pela experiência de sermos incompreendidos e não nos sentirmos bem compreendidos. Todos nós precisamos pedir ao Senhor que cure a nossa forma de comunicar, não só para sermos mais eficazes, mas também para evitarmos magoar os outros com as nossas palavras.”
"Voltar a falar perfeitamente é o início de uma viagem, mas não ainda o fim. De fato, Jesus proíbe aquele homem de contar o que lhe aconteceu. Para conhecermos verdadeiramente Jesus, precisamos caminhar, estar com Ele e também viver a Sua Paixão. Quando o tivermos visto humilhado e em sofrimento, quando tivermos experimentado o poder salvador da Sua Cruz, então poderemos dizer que o conhecemos verdadeiramente. Não há atalhos para nos tornarmos discípulos de Jesus", disse ainda Leão XIV.
Comunicar com honestidade e prudência
"Queridos irmãos e irmãs, peçamos ao Senhor que nos ensine a comunicar com honestidade e prudência. Rezemos por todos aqueles que foram magoados pelas palavras dos outros. Rezemos pela Igreja, para que nunca descure a sua tarefa de levar as pessoas a Jesus, para que ouçam a Sua Palavra, sejam curadas por ela e, por sua vez, se tornem portadoras da sua mensagem de salvação", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
Leão XIV pede a Netanyahu cessar-fogo e fim da guerra.
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Após ataque contra a Paróquia Sagrada Família em Gaza, o primeiro-ministro israelense conversou por telefone com Leão XIV.
Vatican News
A Sala de Imprensa da Santa Sé informa em um comunicado que na manhã desta sexta-feira, o Santo Padre, Papa Leão XIV, recebeu em Castel Gandolfo um telefonema do primeiro-Ministro de Israel, Sr. Benjamin Netanyahu, após o ataque militar israelense de ontem contra a Igreja da Sagrada Família em Gaza, que resultou na morte de três pessoas e ferimentos em outras, alguns com gravidade.
Leão XIV telefonou para o Patriarca Latino de Jerusalém, que, juntamente com o Patriarca Ortodoxo Teófilo III, entrou em Gaza para levar ajuda humanitária, após o bombardeio ...
Durante a conversa, o Santo Padre renovou seu apelo por um novo impulso nas negociações, por um cessar-fogo e pelo fim da guerra. Ele reiterou sua preocupação com a dramática situação humanitária da população de Gaza, cujo preço doloroso está sendo pago especialmente por crianças, idosos e doentes.
Por fim, o Santo Padre reiterou a urgência de proteger os locais de culto e, acima de tudo, os fiéis e todas as pessoas na Palestina e em Israel. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: rezemos pela conversão de quem ignora o cuidado com a casa comum.
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Em Castel Gandolfo, Leão XIV celebrou a Missa com o novo formulário “Pela Proteção da Criação”, no Borgo Laudato Si’. Em sua homilia, recordou que “somente um olhar contemplativo pode transformar nossa relação com a criação e nos fazer sair da crise ecológica, cuja causa é a ruptura das relações com Deus, com o próximo e com a terra”.
Thulio Fonseca - Vatican News
“Neste dia lindíssimo, antes de tudo, gostaria de convidar a todos — começando por mim mesmo — a viver aquilo que estamos celebrando, na beleza de uma catedral que poderíamos chamar de “natural”, com as plantas e tantos elementos da criação que nos trouxeram aqui para celebrar a Eucaristia, que significa: dar graças ao Senhor.”
Foram estas as palavras que introduziram a homilia do Papa Leão XIV durante a missa privada no Borgo Laudato Si’, em Castel Gandolfo, onde passa um breve período de descanso. O Santo Padre utilizou, pela primeira vez, o novo formulário litúrgico “Pela Proteção da Criação”. O texto, apresentado em 3 de julho pelo cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, insere-se no compromisso da Igreja de viver a conversão ecológica de forma concreta e celebrativa, por meio de orações e leituras bíblicas específicas.
Foram apresentadas, na Sala de Imprensa da Santa Sé, as leituras bíblicas da celebração eucarística "pela custódia da Criação". Elas serão feitas na quarta-feira por Leão XIV, em De forma espontânea, o Pontífice iniciou dizendo que esta Eucaristia traz muitos motivos de agradecimento ao Senhor, “como o uso da nova fórmula da Santa Missa para o cuidado da criação, que também foi expressão do trabalho de diversos Dicastérios no Vaticano”, e acrescentou: “Pessoalmente, agradeço a muitas pessoas aqui presentes, que trabalharam para esta liturgia. Como sabem, a liturgia representa a vida, e vocês são a vida deste Centro Laudato Si’.”
O agradecimento de Leão XIV estendeu-se a todos os que se dedicam diariamente à missão do Centro, inspirado na encíclica Laudato si’, publicada há dez anos por Papa Francisco: “Gostaria de agradecer a vocês, neste momento, nesta ocasião, por tudo o que fazem seguindo essa belíssima inspiração do Papa Francisco, que concedeu esta pequena porção — esses jardins, esses espaços — justamente para continuar a missão tão importante em relação a tudo o que conhecemos após dez anos da publicação da Laudato si’: a necessidade de cuidar da criação, da casa comum.”
É urgente cuidar da casa comum
O simbolismo do espaço, comparado às antigas igrejas dos primeiros séculos, inspirou o Santo Padre a um apelo à conversão:
“Devemos rezar pela conversão de muitas pessoas, dentro e fora da Igreja, que ainda não reconhecem a urgência de cuidar da casa comum.”
E, em seguida, recordou os “tantos desastres naturais que ainda vemos no mundo, quase todos os dias, em tantos lugares, em tantos países, que são, em parte, causados também pelos excessos do ser humano, com seu estilo de vida. Por isso, devemos nos perguntar se nós mesmos estamos vivendo ou não essa conversão: o quanto ela é necessária!”
Esperança e vida nova
O Pontífice uniu o clima de oração à dura realidade global: “Compartilhamos hoje um momento familiar e sereno, ainda que em um mundo em chamas — seja pelo aquecimento global, seja pelos conflitos armados —, que tornam tão atual a mensagem do Papa Francisco nas Encíclicas Laudato si’ e Fratelli tutti”. Ao refletir o Evangelho proposto, o Papa Leão disse que “o medo dos discípulos na tempestade é o mesmo que acomete grande parte da humanidade. No entanto, no coração do Jubileu, nós confessamos: há esperança! Nós a encontramos em Jesus, o Salvador do mundo”, e completou:
“Ele ainda hoje, soberanamente, acalma a tempestade. Seu poder não arruína, mas cria; não destrói, mas faz existir, dando vida nova. E também podemos nos perguntar: “Quem é este, que até os ventos e o mar obedecem?” (Mt 8,27)
Cuidar, reconciliar, transformar
O Papa destacou a sintonia entre Jesus e a natureza: “As parábolas com que anunciava o Reino de Deus revelam um profundo vínculo com aquela terra e aquelas águas, com o ritmo das estações e a vida das criaturas.”, e ao citar o termo usado por Mateus para descrever a tempestade — a palavra seismós — que remete a outro momento decisivo, o terremoto na morte e ressurreição de Jesus, o Santo Padre sublinhou: “O Evangelho nos permite entrever o Ressuscitado, presente em nossa história virada de cabeça para baixo. A repreensão que Jesus dirige ao vento e ao mar manifesta seu poder de vida e salvação, que domina essas forças diante das quais as criaturas se sentem perdidas”.
Leão XIV recordou que a fé implica compromisso: “Nossa missão é cuidar da criação, levar a ela paz e reconciliação. Nós escutamos o clamor da terra e dos pobres, pois esse clamor chegou ao coração de Deus. Nossa indignação é a sua indignação, nosso trabalho é o seu trabalho”. Ao citar o salmo 29, que fala da voz forte do Senhor, completou:
“Essa voz compromete a Igreja com a profecia, mesmo quando isso exige a ousadia de nos opor ao poder destrutivo dos príncipes deste mundo. A aliança indestrutível entre o Criador e as criaturas, de fato, mobiliza nossas inteligências e nossos esforços, para que o mal se transforme em bem, a injustiça em justiça, a avareza em comunhão.”
Um olhar contemplativo para transformar a crise
“Com infinito amor, o único Deus criou todas as coisas, doando-nos a vida”, recordou o Papa, citando São Francisco de Assis. Essa verdade exige uma nova forma de ver o mundo: o olhar contemplativo. Segundo Leão XIV, é esse olhar que pode romper com a lógica do pecado e restaurar as relações com Deus, com os irmãos e com a terra.
O Papa também ressaltou a vocação do Borgo Laudato si’, que “por intuição do Papa Francisco, quer ser um 'laboratório' onde se viva aquela harmonia com a criação que é, para nós, cura e reconciliação, elaborando novas e eficazes formas de cuidar da natureza que nos foi confiada. A vocês que se dedicam com empenho à realização deste projeto, asseguro, portanto, minha oração e meu encorajamento”, afirmou.
Eucaristia, coração da Criação
Por fim, Leão XIV situou a Eucaristia como o centro e o cume da ecologia integral, e citando novamente a Laudato si’, n. 236, destacou: “Na Eucaristia, já está realizada a plenitude, sendo o centro vital do universo, centro transbordante de amor e de vida sem fim”. Na conclusão de sua homilia, o Papa confiou aos presentes o “louvor cósmico” retirado das Confissões de Santo Agostinho:
“Senhor, 'as tuas obras te louvam para que te amemos, e nós te amamos para que as tuas obras te louvem'. Seja esta a harmonia que difundimos no mundo”, afirmou Leão XIV.
Sobre o Borgo Laudato Sì
Ao redor do lago de Albano, de formação vulcânica, encontra-se a Vila Pontifícia, que inclui construções históricas e um extenso jardim. Ali, foi criado em 2023 o Borgo Laudato Sì, que cedeu essas imagens, por desejo do Papa Francisco. Trata-se de um espaço de formação e conscientização sobre os temas da proteção da Casa Comum. O projeto foi confiado ao Centro de Ensino Superior Laudato Sì, criado na mesma ocasião como um organismo científico, educativo e de atividade social, que trabalha pela formação integral. O Borgo Laudato Sì foi pensado como um sinal concreto da aplicabilidade dos princípios ilustrados por esta Encíclica, que está completando 10 anos. Leão XIV quis conhecer de perto esta iniciativa, ao visitar Castel Gandolfo em 29 de maio. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa Leão XIV: Justiça ambiental, uma necessidade urgente
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"Num mundo onde os mais frágeis são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das mudanças climáticas, do desmatamento e da poluição, cuidar da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade", escreve o Papa Leão XIV em sua mensagem para o 10° Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação de 2025, que será celebrado em 1º de setembro.
Mariangela Jaguraba – Vatican News
Foi divulgada, nesta quarta-feira (02/07), a mensagem do Papa Leão XIV para o 10° Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2025, celebrado em 1º de setembro próximo, sobre o tema "Sementes de paz e esperança".
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Esse tema foi "escolhido pelo nosso amado Papa Francisco", escreve Leão XIV, por ocasião do décimo aniversário de publicação da Encíclica Laudato si’, e recorda o Jubileu da Esperança em andamento. "É neste contexto que o tema adquire todo o seu significado", ressalta o Papa.
"Jesus usa com frequência a imagem da semente para falar do Reino de Deus e, na véspera da Paixão, aplica-a a si mesmo, comparando-se ao grão de trigo, que deve morrer para dar fruto. A semente entrega-se inteiramente à terra e ali, com a força impetuosa do seu dom, a vida germina, mesmo nos lugares mais inesperados, numa surpreendente capacidade de gerar um futuro", escreve Leão XIV, ressaltando que "em Cristo, somos sementes, sementes de paz e esperança".
A terra está caindo na ruína
O Papa recorda que "em várias partes do mundo, é evidente que a nossa terra está caindo na ruína. Por todo o lado, a injustiça, a violação do direito internacional e dos direitos dos povos, a desigualdade e a ganância provocam o desmatamento, a poluição, a perda de biodiversidade".
"Os fenômenos naturais extremos, causados pelas mudanças climáticas provocadas pelo homem, estão aumentando de intensidade e frequência, sem levar em conta os efeitos, a médio e longo prazo, de devastação humana e ecológica provocada pelos conflitos armados", escreve ainda o Papa Leão.
Segundo o Pontífice, "parece ainda haver uma falta de consciência de que a destruição da natureza não afeta todos da mesma forma: espezinhar a justiça e a paz significa atingir principalmente os mais pobres, os marginalizados, os excluídos. A este respeito, o sofrimento das comunidades indígenas é emblemático".
A criação transforma-se num campo de batalha
O Papa recorda que "a própria natureza se torna, por vezes, um instrumento de troca, uma mercadoria a negociar para obter ganhos econômicos ou políticos. Nestas dinâmicas, a criação transforma-se num campo de batalha pelo controle dos recursos vitais, como testemunham as áreas agrícolas e as florestas que se tornaram perigosas por causa das minas, a política da “terra queimada”, os conflitos que eclodem em torno das fontes de água, a distribuição desigual das matérias-primas, penalizando as populações mais frágeis e minando a própria estabilidade social".
"Cultivar e guardar" o jardim do mundo
"A Bíblia não promove «o domínio despótico do ser humano sobre a criação». Pelo contrário, «é importante ler os textos bíblicos no seu contexto, com uma justa hermenêutica, e lembrar que nos convidam a “cultivar e guardar” o jardim do mundo. Enquanto “cultivar” quer dizer lavrar ou trabalhar um terreno, “guardar” significa proteger, cuidar, preservar, velar. Isto implica uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza»", escreve o Papa.
Justiça ambiental, uma necessidade urgente
"A justiça ambiental" tornou-se "uma necessidade urgente que ultrapassa a mera proteção do ambiente". Segundo Leão XIV, "trata-se de uma questão de justiça social, econômica e antropológica". "Para os que creem em Deus", é também "uma exigência teológica, que para os cristãos tem o rosto de Jesus Cristo, em quem tudo foi criado e redimido. Num mundo onde os mais frágeis são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das mudanças climáticas, do desmatamento e da poluição, cuidar da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade".
Frutos de justiça e paz
"Trabalhando com dedicação e ternura, muitas sementes de justiça podem germinar, contribuindo para a paz e a esperança", escreve ainda o Papa, recordando "o projeto 'Borgo Laudato si’', que o Papa Francisco nos deixou como herança, em Castel Gandolfo, uma semente que pode dar frutos de justiça e paz. Trata-se de um projeto de educação para a ecologia integral que visa ser um exemplo de como se pode viver, trabalhar e fazer comunidade aplicando os princípios da Encíclica Laudato si’".
"A Encíclica Laudato si’ acompanha a Igreja Católica e muitas pessoas de boa vontade há dez anos: que ela continue a inspirar-nos, e que a ecologia integral seja cada vez mais escolhida e partilhada como caminho a seguir", conclui a mensagem. Fonte: https://www.vaticannews.va
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