Olhar Jornalístico

Quinta-feira, 23 de maio-2024. 7º SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 23 maio 2024
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1) Oração

Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho – (Marcos 9, 41-50)

Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos: 42“E quem provocar a queda um só destes pequenos que crêem em mim, melhor seria que lhe amarrassem uma grande pedra de moinho ao pescoço e o lançassem no mar. 43Se tua mão te leva à queda, corta-a! É melhor entrares na vida tendo só uma das mãos do que, tendo as duas, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. [44] 45Se teu pé te leva à queda, corta-o! É melhor entrar na vida tendo só um dos pés do que, tendo os dois, ser lançado ao inferno. [46] 47Se teu olho te leva à queda, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus tendo um olho só do que, tendo os dois, ir para o inferno, 48onde o verme deles não morre e o fogo nunca se apaga. 49Todos serão salgados pelo fogo. 50O sal é uma coisa boa; mas se o sal perder o sabor, como devolver-lhe o sabor? Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros”.

 

3) Reflexão   Marco 9,41-50

O Evangelho de hoje traz alguns conselhos de Jesus sobre o relacionamento dos adultos com os pequenos e excluídos. Naquele tempo, muita gente pequena era excluída e marginalizada. Não podia participar. Muitos deles perdiam a fé. O texto que vamos meditar tem algumas afirmações estranhas que, se tomadas ao pé da letra, causam perplexidade na gente.

Marcos 9,41: Um copo de água tem recompensa.

Uma frase solta de Jesus foi inserida aqui: Eu garanto a vocês: quem der para vocês um copo de água porque vocês são de Cristo, não ficará sem receber sua recompensa. Dois pensamentos: 1) “Quem der para vocês um copo de água”: Jesus está indo para Jerusalém para entregar sua vida. Gesto de grande doação! Mas ele não esquece os gestos pequenos de doação no dia a dia da vida: um copo de água, um acolhimento, uma esmola, tantos gestos. Quem despreza o tijolo, nunca faz casa! 2) “Porque vocês são de Cristo”: Jesus se identifica conosco que queremos pertencer a Ele. Isto significa que, para Ele, temos muito valor. 

Marcos 9,42: Escândalo para os pequenos.  

Escândalo, literalmente, é pedra no caminho, pedra no sapato; é aquilo que desvia uma pessoa do bom caminho. Escandalizar os pequenos  é ser motivo pelo qual os pequenos se desviam do caminho e percam a fé em Deus. Quem faz isto recebe a seguinte sentença: “Corda no pescoço com pedra de moinho para ser jogado no fundo do mar!” Por que tanta severidade? É porque Jesus se identifica com os pequenos (Mt 25,40.45). Quem toca neles, toca em Jesus! Hoje, no mundo inteiro, os pequenos, os pobres, muitos deles estão saindo das igrejas tradicionais. Cada ano, só na América Latina, são em torno de três milhões de pessoas que migram para outras igrejas. Já não conseguem crer no que professamos na nossa igreja! Por que será? Até onde nós temos culpa? Merecemos a corda no pescoço?

Marcos 9,43-48:  Cortar mão e pé, arrancar o olho.

Jesus manda a pessoa arrancar mão, pé e olho, caso estes forem motivo de escândalo. Ele diz: “É melhor entrar na vida ou no Reino com um pé (mão, olho), do que entrar no inferno ou na geena com dois pés (mãos, olhos)”. Estas frases não podem ser tomadas ao pé da letra. Elas significam que a pessoa deve ser radical na opção por Deus e pelo Evangelho. A expressão ”geena (inferno) onde tem verme que não morre e o fogo que não se apaga”, é uma imagem para indicar a situação da pessoa que fica sem Deus. A geena era o nome de um vale perto de Jerusalém, onde se jogava o lixo da cidade e onde sempre havia um fogo de monturo queimando o lixo. Este lugar fedorento era usado pelo povo para simbolizar a situação da pessoa que ficava sem participar do Reino de Deus.

Marcos 9,49-50: Sal e Paz

Estes dois versículos ajudam a entender as palavras severas sobre o escândalo. Jesus diz: “Tenham sal em vocês, e estejam em paz uns com os outros!” A comunidade, na qual se convive em paz, uns com os outros, é como o pouco de sal que tempera a comida toda. A convivência pacífica e fraterna na comunidade é o sal que tempera a vida do povo no bairro. É um sinal do Reino, uma revelação da Boa Notícia de Deus. Estamos sendo sal? Sal que não tempera não serve para mas nada!

Jesus acolhe e defende a vida dos pequenos

Várias vezes, Jesus insiste no acolhimento a ser dado aos pequenos. “Quem acolhe a um destes pequenos em meu nome é a mim que acolhe” (Mc 9,37). Quem dá um copo de água a um destes pequenos não perderá a sua recompensa (Mt 10,42). Ele pede para não desprezar os pequenos (Mt 18,10). E no julgamento final os justos vão ser recebidos porque deram de comer a “um destes mais pequeninos” (Mt 25,40). Se Jesus insiste tanto no acolhimento a ser dado aos pequenos, é porque devia haver muita gente pequena sem acolhimento! De fato, mulheres e crianças não contavam (Mt 14,21; 15,38), eram desprezadas (Mt 18,10) e silenciadas (Mt 21,15-16). Até os apóstolos impediam que elas chegassem perto de Jesus (Mt 19,13; Mc 10,13-14). Em nome da lei de Deus, mal interpretada pelas autoridades religiosas da época, muita gente boa era excluída. Em vez de acolher os excluídos, a lei era usada para legitimar a exclusão. Nos evangelhos, a expressão “pequenos” (em grego se diz elachistoi, mikroi  ou nepioi), às vezes, indica “criança”, outras vezes, indica os setores excluídos da sociedade. Não é fácil discernir. Às vezes, o que é “pequeno” num evangelho, é “criança” no outro. É porque criança pertencia à categoria dos “pequenos”, dos excluídos. Além disso, nem sempre é fácil discernir entre o que vem do tempo de Jesus e o que é do tempo das comunidades para as quais foram escritos os evangelhos. Mesmo assim, o que resulta claro é o contexto de exclusão que vigorava na época e a imagem que as primeiras comunidades conservaram de Jesus: Jesus se coloca do lado dos pequenos, dos excluídos, e assume a sua defesa.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Na nossa sociedade e na nossa comunidade, quem são hoje os pequenos e os excluídos? Como está sendo o acolhimento que nós damos a eles?

2) “Corda no pescoço”. Será que o meu comportamento merece a corda ou uma cordinha no pescoço? E o comportamento da nossa comunidade: merece?

 

5) Oração final

É ele quem perdoa todas as tuas culpas, que cura todas as tuas doenças; é ele, que salva tua vida do fosso, e te coroa com sua bondade e sua misericórdia (Sl 102, 3-4).

Quarta-feira, 22 de maio-2024. 7º SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 22 maio 2024
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  • 7º SEMANA DO TEMPO COMUM-B

 

1) Oração

Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho – (Marcos 9, 38-40)

Naquele tempo, 38João disse a Jesus: Mestre, vimos alguém, que não nos segue, expulsar demônios em teu nome, e lho proibimos. 39Jesus, porém, disse-lhe: Não lho proibais, porque não há ninguém que faça um prodígio em meu nome e em seguida possa falar mal de mim.40Pois quem não é contra nós, é a nosso favor.

 

3) Reflexão Marco 9,38-40

O evangelho de hoje traz um exemplo muito bonito e atual da pedagogia de Jesus. Mostra como ele ajudava seus discípulos a perceber e a superar o “fermento dos fariseus e de Herodes”.

 

Marcos 9,38-40: A mentalidade do fechamento: “ele não anda conosco”.

Alguém que não era da comunidade usava o nome de Jesus para expulsar os demônios. João, o discípulo, vê e proíbe: Impedimos, porque ele não anda conosco. Em nome da comunidade ele impede que o outro possa fazer uma ação boa! Por ser discípulo, ele pensa ter o monopólio sobre Jesus e, por isso, quer proibir que outros usem o nome de Jesus para realizar o bem. Era a mentalidade fechada e antiga de “Povo eleito, Povo separado!”. Jesus responde: "Não lhe proíbam, pois ninguém faz um milagre em meu nome e depois pode falar mal de mim. Quem não está contra nós, está a nosso favor”. (Mc 9,40). Dificilmente você pode encontrar uma afirmação mais ecumênica do que esta afirmação de Jesus. Para Jesus, o que importa não é se a pessoa faz ou não faz parte da comunidade, mas sim se ela faz ou não o bem que a comunidade deve realizar. 

 

Um retrato de Jesus como formador dos seus discípulos

Jesus, o Mestre, é o eixo, o centro e o modelo da formação dada aos discípulos. Pelas suas atitudes, ele é uma amostra do Reino, encarna o amor de Deus e o revela (Mc 6,31; Mt 10,30; Lc 15,11-32). Muitos pequenos gestos refletem este testemunho de vida com que Jesus marcava presença na vida dos discípulos e das discípulas, preparando-os para a vida e a missão. Era a sua maneira de dar forma humana à experiência que ele mesmo tinha de Deus como Pai. Eis um retrato de Jesus como formador dos seus discípulos:

* ele os envolve na missão (Mc 6,7; Lc 9,1-2;10,1),

* na volta, faz revisão com eles (Lc 10,17-20),

* corrige-os quando erram e querem ser os primeiros (Mc 9,33-35; 10,14-15)

* aguarda o momento oportuno para corrigir (Lc 9,46-48; Mc 10,14-15).

* ajuda-os a discernir (Mc 9,28-29),

* interpela-os quando são lentos (Mc 4,13; 8,14-21),

* prepara-os para o conflito (Jo 16,33; Mt 10,17-25),

* manda observar a realidade (Mc 8,27-29; Jo 4,35; Mt 16,1-3),

* reflete com eles as questões do momento (Lc 13,1-5),

* confronta-os com as necessidades do povo (Jo 6,5),

* ensina que as necessidades do povo estão acima das prescrições rituais (Mt 12,7.12),

* tem momentos a sós para poder instruí-los (Mc 4,34; 7,17; 9,30-31; 10,10; 13,3),

* sabe escutar, mesmo quando o diálogo é difícil, (Jo 4,7-42).

* ajuda-os a se aceitar a si mesmos (Lc 22,32).

* é exigente e pede para deixar tudo por amor a ele (Mc 10,17-31).

* é severo com a hipocrisia (Lc 11,37-53).

* faz mais perguntas que respostas (Mc 8,17-21).

* é firme e não se deixa desviar do caminho (Mc 8,33; Lc 9,54).

* prepara-os para o conflito e a perseguição (Mt 10,16-25).

* A formação não era, em primeiro lugar, a transmissão de verdades a serem decoradas, mas sim a comunicação da nova experiência de Deus e da vida que irradiava de Jesus para os discípulos e as discípulas. A própria comunidade que se formava ao redor de Jesus era a expressão desta nova experiência. A formação levava as pessoas a terem outros olhos, outras atitudes. Fazia nascer nelas uma nova consciência a respeito da missão e a respeito de si mesmas. Fazia com que fossem colocando os pés do lado dos excluídos. Produzia, aos poucos, a "conversão" como conseqüência da aceitação da Boa Nova (Mc 1,15).

 

4) Para um confronto pessoal

1) O que significa hoje, século XXI, para mim, para nós, a afirmação de Jesus que diz: Quem não está contra nós, está a nosso favor?”

2) Como acontece a formação de Jesus na minha vida?

https://www.olharjornalistico.com.br/index.php/video-cast/15720-quarta-feira-23-de-fevereiro-2022-7-semana-do-tempo-comum-c-evangelho-do-dia-lectio-divina-com-frei-carlos-mesters-carmelita

 

5) Oração final

Minha alma, bendize o Senhor e tudo o que há em mim, o seu santo nome! Minha alma, bendize o Senhor, e não esqueças nenhum de seus benefícios. (Sl 102, 1-2)

22 de maio- O Santo do Dia: HISTÓRIA DE SANTA RITA DE CÁSSIA

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Publicado em 22 maio 2024
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  • HISTÓRIA DE SANTA RITA DE CÁSSIA
  • Santa Rita dos impossíveis

 

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

 

Rita nasceu por volta do ano de 1381 em Roccaporena, uma aldeia situada na Prefeitura de Cássia na província de Perugia, filha de Antonio Lotti e Camata Ferri. Os seus pais eram pessoas de fé e a situação econômica não era das melhores, mas decorosa e tranquila.

A história de Santa Rita foi repleta de eventos extraordinários e um destes se mostrou na sua infância. São situações que a tradição dos cristãos quis expressar a missão e vocação dela. A criança, talvez deixada por alguns minutos sozinha em uma cesta na roça enquanto os seus pais trabalhavam na terra, foi circundada dá um enxame de abelhas. Estes insetos recobriram a menina mas estranhamente não a picaram. Um caipira, que no mesmo momento havia ferido a mão com a enxada e estava correndo para ir curar-se, passou na frente da cesta onde estava deitada Rita. Viu as abelhas que rodeavam a criança, começou a mandá-las embora e com grande estupor, à medida que movia o braço, a ferida se cicatrizava completamente.

Rita teria desejado ser monja, todavia ainda jovem (aos 13 anos) os pais, já idosos, a prometeram em casamento a Paulo Ferdinando Mancini, um homem conhecido pelo seu caráter iroso e brutal. Santa Rita, habituada ao dever não opôs resistência e se casou com o jovem oficial que comandava a guarnição de Collegiacone, presumivelmente entre os 17-18 anos, isto é, em torno aos anos 1387-1388.

Do casamento entre Rita e Paulo nasceram dois filhos gêmeos; Giangiacomo Antonio e Paulo Maria que tiveram todo o amor, a ternura e os cuidados da mãe. Rita conseguiu com o seu doce amor e tanta paciência a transformar o caráter do marido, o fazendo ser mais dócil.

Tiveram dois filhos, e ela buscou educá-los na fé e no amor. Porém, eles foram influenciados pelo pai, que antes de se casar se apresentava com uma boa índole, mas depois se mostrou fanfarrão, traidor, entregue aos vícios. E seus filhos o acompanharam.

Rita então, chorava, orava, intercedia e sempre dava bom exemplo a eles. E passou por um grande sofrimento ao ver o marido assassinado e ao descobrir depois que os dois filhos pensavam em vingar a morte do pai. Com um amor heroico por suas almas, ela suplicou a Deus que os levasse antes que cometessem esse grave pecado. Pouco tempo mais tarde, os dois rapazes morreram depois de preparar-se para o encontro com Deus.

Sem o marido e filhos, Santa Rita entregou-se à oração, penitência e obras de caridade e tentou ser admitida no Convento Agostiniano em Cássia, fato que foi recusado no início. No entanto, ela não desistiu e manteve-se em oração, pedindo a intercessão de seus três santos patronos – São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolas de Tolentino – e milagrosamente foi aceita no convento. Isso aconteceu por volta de 1441.

Seu refúgio era Jesus Cristo. A santa de hoje viveu os impossíveis de sua vida se refugiando no Senhor. Rita quis ser religiosa. Já era uma esposa santa, tornou-se uma viúva santa e depois uma religiosa exemplar. Ela recebeu um estigma na testa, que a fez sofrer muito devido à humilhação que sentia, pois cheirava mal e incomodava os outros. Por isso teve que viver resguardada.

Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis e do perdão, deixou-nos um legado de fé e perseverança, transmitido por sua vida de amor ao próximo e ao Senhor. Dedicada a Cristo e Seus ensinamentos, foi Seu instrumento para a realização de muitos milagres. Por sua devoção e espiritualidade, recebeu o estigma que a acompanhou durante toda a vida e lhe permitiu compartilhar com Jesus as dores de Sua Paixão.

Santa Rita, modelo de humildade e bondade, viveu o Evangelho a tal extremo que foi capaz de perdoar os assassinos de seu marido e de orar por eles. Conheçamos, nestes tempos de individualismo e guerras, a história daquela que praticou e defendeu o maior ensinamento do Senhor: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.”

Para Rita os últimos 15 anos de sua vida foram de sofrimento sem trégua. A sua perseverança na oração a levava a passar até 15 dias correntes na sua cela “sem falar com ninguém se não com Deus”, além do mais usava também o cilicio que lhe dava tanto sofrimento, submetia o seu corpo a muitas mortificações: dormia no chão até que se adoentou e assim ficou até os últimos anos da sua vida.

Cinco meses antes da morte de Rita, um dia de inverno com a temperatura rígida e um manto de neve cobria tudo, uma parente lhe foi visitar e antes de ir embora perguntou à Santa se Ela desejava alguma coisa, Rita respondeu que teria desejado uma rosa da sua horta. Quando voltou a Roccaporena a parente foi à horta e grande foi a sua surpresa quando viu uma belíssima rosa, a colheu e a levou a Rita.

Assim Santa Rita foi denominada a Santa da “Rosa” e dos impossíveis. Santa Rita antes de fechar os olhos para sempre, teve a visão de Jesus e da Virgem Maria que a convidavam no Paraíso. Uma monja viu a sua alma subir ao céu acompanhada de Anjos e contemporaneamente os sinos da igreja começaram a tocar sozinhos, enquanto um perfume suavíssimo se espalhou por todo o Mosteiro e do seu quarto viram uma luz luminosa como se fosse entrado o Sol. Era o dia 22 de Maio de 1447. Santa Rita de Cássia foi beatificada 180 anos depois da sua subida aos céus e proclamada Santa após 453 anos da sua morte.

A primeira Igreja dedicada a Santa Rita erigida no Rio de Janeiro foi em 1710. A sua Igreja, erigida no centro da cidade, é um importante centro de evangelização. Depois muitas outras paróquias e capelas foram dedicadas a “santa dos impossíveis”. Todos os santos nos demonstram que a razão primeira e última de suas vidas foi Jesus Cristo. E é só por Ele que podemos compreender suas vidas e virtudes. Por isso eles nos apontam para o centro de nossa vida e pedra angular da construção da humanidade: o Senhor Jesus Cristo. Acorramos a Santa Rita e nela busquemos os exemplos para vivermos a esperança como virtude cristã que só o Cristo Ressuscitado pode nos proporcionar no cotidiano de nossas vidas. Santa Rita! Rogai por nós! Fonte: https://www.cnbb.org.br 

Terça-feira, 21 de maio-2024. 7º SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 21 maio 2024
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1) Oração

Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho – (Marcos 9, 30-37)

Naquele tempo, 30Tendo partido dali, atravessaram a Galiléia. Não queria, porém, que ninguém o soubesse.31E ensinava os seus discípulos: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-lo-ão; e ressuscitará três dias depois de sua morte.32Mas não entendiam estas palavras; e tinham medo de lho perguntar.33Em seguida, voltaram para Cafarnaum. Quando já estava em casa, Jesus perguntou-lhes: De que faláveis pelo caminho?34Mas eles calaram-se, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles seria o maior.35Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos.36E tomando um menino, colocou-o no meio deles; abraçou-o e disse-lhes:37Todo o que recebe um destes meninos em meu nome, a mim é que recebe; e todo o que recebe a mim, não me recebe, mas aquele que me enviou.

 

3) Reflexão Mc 9,30-37

O evangelho de hoje traz o segundo anúncio da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Como no primeiro anúncio (Mc 8,27-38), os discípulos ficam espantados e com medo. Não entendem a palavra sobre a cruz, porque não são capazes de entender nem de aceitar um Messias que se faz empregado e servidor dos irmãos. Eles continuam sonhando com um messias glorioso e mostram, além disso, uma grande incoerência. Enquanto Jesus anuncia a sua Paixão e Morte, eles discutem entre si quem deles é o maior. Jesus quer servir, eles só pensam em mandar! A ambição os leva a se auto-promover às custas de Jesus. Até hoje, aqui e acolá, o mesmo desejo de auto-promoção aparece nas nossas comunidades.

Tanto na época de Jesus como na época de Marcos, havia o “fermento” da ideologia dominante. Também hoje, a ideologia das propagandas do comércio, do consumismo, das novelas influi profundamente no modo de pensar e de agir do povo. Na época de Marcos, nem sempre as comunidades eram capazes de manter uma atitude crítica frente à invasão da ideologia do império romano. E hoje?

Marcos 9,30-32: O anúncio da Cruz.

Jesus caminha através da Galiléia, mas não quer que o povo o saiba, pois está ocupado com a formação dos discípulos e discípulas, e conversa com eles sobre a Cruz. Ele diz que, conforme a profecia de Isaías (Is 53,1-10), o Filho do Homem deve ser entregue e morto. Isto mostra como Jesus se orientava pela Bíblia, tanto na realização da sua própria missão, como na formação dada aos discípulos. Ele tirava o seu ensinamento das profecias. Como no primeiro anúncio (Mc 8,32), os discípulos o escutam, mas não entendem a palavra sobre a cruz. Mesmo assim, não pedem esclarecimento. Eles têm medo de deixar transparecer sua ignorância! 

Marcos 9,33-34: A mentalidade de competição.

Chegando em casa, Jesus pergunta: “Sobre que vocês estavam discutindo no caminho?” Eles não respondem. É o silêncio de quem se sente culpado, “pois pelo caminho discutiam sobre quem deles era o maior”. Jesus é bom pedagogo. Não intervém logo. Ele sabe aguardar o momento oportuno para combater a influência da ideologia nos seus formandos. A mentalidade de competição e de prestígio, que caracterizava a sociedade do Império Romano, já se infiltrava na pequena comunidade que estava apenas começando! Aqui aparece o contraste, a incoerência: enquanto Jesus se preocupa em ser o Messias Servidor, eles só pensam em ser o maior. Jesus procura descer. Eles querem subir!

Marcos 9,35-37: Servir, em vez de mandar.  

A resposta de Jesus é um resumo do testemunho de vida que ele mesmo vinha dando desde o começo: Quem quer ser o primeiro seja o último de todos, o servidor de todos! Pois o último não ganha prêmio nem recompensa. É um servo inútil (cf. Lc 17,10). O poder deve ser usado não para subir e dominar, mas para descer e servir. Este é o ponto em que Jesus mais insistia e em que mais deu o seu próprio testemunho (cf. Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16). Em seguida, Jesus coloca uma criança no meio deles. Uma pessoa que só pensa em subir e dominar, não daria tão grande atenção aos pequenos e às crianças. Mas Jesus inverte tudo!  Ele diz: Quem receber uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe. Quem recebe a mim recebe aquele que me enviou! Ele se identifica com as crianças. Quem acolhe os pequenos em nome de Jesus, acolhe o próprio Deus!

*  Não é pelo fato de uma pessoa “seguir Jesus” que ela já é santa e renovada. No meio dos discípulos, cada vez de novo, o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15) levantava a cabeça. No episódio do evangelho de hoje, Jesus aparece como o mestre que forma os seus seguidores. "Seguir" era um termo que fazia parte do sistema educativo da época. Era usado para indicar o relacionamento entre o discípulo e o mestre. O relacionamento mestre-discípulo é diferente do relacionamento professor-aluno. Os alunos assistem às aulas do professor sobre uma determinada matéria. Os discípulos "seguem" o mestre e convivem com ele, vinte e quatro horas por dia. Foi nesta "convivência" de três anos com Jesus, que os discípulos e as discípulas receberam a sua formação. O Evangelho de amanhã nos dará um outro exemplo muito concreto de como Jesus formava seus discípulos.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Jesus quer descer e servir. Os discípulos querem subir e dominar. E eu? Qual a motivação mais profundo do meu “eu” desconhecido?

2) Seguir Jesus e estar com ele, vinte e quatro horas por dia, e deixar que o seu modo de viver se torne o meu modo de viver e de conviver. Isto está acontecendo em mim?

 

5) Oração final

Prestai ouvidos, ó Deus, à minha oração, não vos furteis à minha súplica; Escutai-me e atendei-me. (Sl 54, 2-3a)

PAPA FRANCISCO FEZ UMA LIGAÇÃO PARA DOM JAIME SPENGLER

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Publicado em 12 maio 2024
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O arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler,  foi surpreendido na manhã deste sábado 11 de maio com uma ligação do Santo Padre, Papa Francisco, às 11h37. A voz de Dom Jaime em áudio enviado à assessoria de Comunicação da CNBB estava embargada de emoção com o gesto de paternidade do Santo Padre.

Dom Jaime disse, no áudio, que foi surpreendido com uma chamada telefônica do secretário do Santo Padre. Segundo o presidente da CNBB, na sequência o Papa Francisco tomou o telefone e disse as seguintes palavras de conforto ao povo do Rio Grande do Sul:

“Manifesto minha solidariedade em favor de todos que estão sofrendo esta catástrofe. Estou próximo a vocês e rezo por vocês”, disse Francisco ao telefone.

Solidariedade do Papa ao povo do RS

No dia 9 de maio, a  Nunciatura Apostólica do Brasil deu o informe de que o Santo Padre destinou um valor substancial, através da Esmolaria Apostólica, para auxílio dos desabrigados. Este valor foi em torno de 100 mil euros e será repassado para o Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o regional que abrange todo o Rio Grande do Sul, para ajudar no que for possível.

 

A preocupação do Papa Francisco

Ao final do Regina Caeli do último domingo (05/05), o Pontífice já havia manifestado sua solidariedade aos afetados pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul:

“Quero assegurar a minha oração pelas populações do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, atingidas por grandes inundações. Que o Senhor acolha os mortos e conforte os familiares e quem teve que abandonar suas casas.”

Proximidade que se transformou em uma ajuda concreta, conforme confirmou por dom Jaime Spengler. O valor doado pelo Papa Francisco, na moeda local do Brasil, ultrapassa os 500 mil reais, recurso que será gerido pelo Regional da CNBB Sul 3 e que será de grande ajuda ao povo gaúcho. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Rio Grande do Sul: a solidariedade concreta do Papa

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Publicado em 09 maio 2024
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O arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, confirmou o gesto concreto de ajuda do Papa aos gaúchos. Através da Esmolaria Apostólica, Francisco enviou à Nunciatura do Brasil um valor em torno de 100 mil euros, equivalente a mais de 500 mil reais.

 

Thulio Fonseca - Vatican News

"Fomos informados através da Nunciatura Apostólica de que o Santo Padre destinou um valor substancial, através da Esmolaria Apostólica, para auxílio dos desabrigados. Este valor foi em torno de 100 mil euros e será repassado para o Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o regional que abrange todo o Rio Grande do Sul, para ajudar no que for possível." Essas são as palavras de dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na manhã desta quinta-feira, 09 de maio, ao Vatican News.

 

A preocupação do Papa Francisco

Ao final do Regina Caeli do último domingo (05/05), o Pontífice já havia manifestado sua solidariedade aos afetados pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul:

"Quero assegurar a minha oração pelas populações do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, atingidas por grandes inundações. Que o Senhor acolha os mortos e conforte os familiares e quem teve que abandonar suas casas."

Proximidade que se transformou em uma ajuda concreta, conforme confirmado por dom Jaime Spengler. O valor doado pelo Papa Francisco, na moeda local do Brasil, ultrapassa os 500 mil reais, recurso que será gerido pelo Regional da CNBB Sul 3 e que será de grande ajuda ao povo gaúcho.

 

Os últimos dados

Em todo o estado, 425 municípios foram atingidos, com 100 mortes confirmadas até a noite de quarta-feira, além de 130 desaparecidos, 374 feridos, 163.786 desalojados e 7.428 pessoas em abrigos. Esses números, que estão em constante atualização, refletem as inundações sem precedentes que atingiram o Rio Grande do Sul, em meio a novos episódios de chuvas intensas e previsões de ventos fortes, juntamente com a chegada do frio. O Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre, inundado pelas águas, permanece fechado até o dia 30 de maio.

 

O trabalho extraordinário de tantos voluntários

Dom Jaime relata que em Porto Alegre, capital do estado, "o nível das águas quase não baixou, e nas áreas baixas da cidade, as inundações continuam a subir". No entanto, a solidariedade das pessoas tem sido de grande ajuda:

"Visitei vários locais onde os desabrigados estão sendo acolhidos, e é verdadeiramente um trabalho extraordinário realizado por tantos voluntários, juntamente com as nossas comunidades. É um trabalho muito bonito."

O prelado descreve também que "na parte sul do estado, na região de Pelotas e Rio Grande, quase na fronteira com o Uruguai, estão enfrentando as consequências das águas que estão chegando àquela região". Lá, eles tiveram tempo para se preparar para isso, completa o presidente da CNBB, "então, de alguma forma pode-se dizer que eles estão numa situação um pouco melhor, mas choveu muito naquela região, e isso certamente contribuirá para o sofrimento ainda maior daquela população". Fonte: https://www.vaticannews.va

SOLIDARIEDADE EM TEMPOS DE ADVERSIDADE

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Publicado em 09 maio 2024
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Dom Jailton Oliveira Lino
Bispo de Teixeira de Freitas (BA)

Queridos irmãos e irmãs, Nestes tempos de provação, onde as águas do Rio Grande do Sul transbordaram e as enchentes ceifaram vidas e sonhos, é com um coração pesaroso que me dirijo a todos vocês. As notícias que nos chegam são de desolação e perda, mas também de uma solidariedade que floresce nos corações e nas ações do povo brasileiro.

Como Bispo da Diocese de Teixeira de Freitas-Caravelas, sinto-me compelido a refletir sobre o amor incondicional que Jesus nos ensinou. Ele nos disse: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei.” Este mandamento nunca foi tão necessário quanto agora, quando muitos de nossos irmãos e irmãs no sul do país precisam de nossa ajuda e compaixão.

A tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul é um chamado para que coloquemos em prática os ensinamentos de Cristo e o espírito da Campanha da Fraternidade. Somos todos irmãos, e é nosso dever estender a mão àqueles que sofrem.

A solidariedade não é apenas um sentimento, mas uma ação concreta que deve emergir de nossa fé e do nosso compromisso com o bem comum. É o momento de unirmos forças, de sermos a expressão viva do amor de Deus, trabalhando juntos para aliviar o sofrimento e reconstruir as vidas que foram afetadas.

Que possamos ser instrumentos de esperança e que nossa ajuda seja um reflexo do amor que Deus tem por cada um de nós. Que a nossa solidariedade se traduza em gestos de fraternidade e amizade social, pois, como nos ensina a Campanha da Fraternidade, somos todos irmãos. Que possamos, juntos, superar este momento difícil, mantendo firme a fé e a esperança de dias melhores.

 

Solidariedade: Um Chamado à Ação

A tragédia que assola o Rio Grande do Sul não é apenas um teste de nossa resistência, mas também uma oportunidade para demonstrarmos o verdadeiro significado da solidariedade. É nos momentos de adversidade que nossa humanidade é posta à prova, e é nesses momentos que devemos mostrar nossa compaixão e empatia para com nossos irmãos e irmãs em necessidade.

A solidariedade vai além de simples palavras de conforto; é uma ação concreta, um compromisso ativo de estender a mão e oferecer apoio àqueles que sofrem. Como comunidade cristã, temos o dever moral e espiritual de responder ao chamado da solidariedade.

Devemos nos unir, independentemente de diferenças ou adversidades, e trabalhar juntos para reconstruir o que foi perdido e restaurar a esperança naqueles que foram afetados pela tragédia. Que cada um de nós se torne um farol de esperança, irradiando amor e compaixão em meio à escuridão da desolação. Que possamos encontrar forças uns nos outros e, juntos, superar os desafios que se apresentam diante de nós.

Com determinação e solidariedade, podemos transformar a tragédia em uma oportunidade de renovação e crescimento, fortalecendo os laços que nos unem como membros de uma mesma família humana. Que a solidariedade continue a guiar nossos corações e ações, inspirando-nos a sermos agentes de mudança e esperança em nosso mundo. Unidos em amor fraterno, podemos superar qualquer adversidade e construir um futuro mais justo e solidário para todos. Fonte: https://www.cnbb.org.br

MENSAGEM DE SOLIDARIEDADE AO QUERIDO RIO GRANDE DO SUL

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Publicado em 07 maio 2024
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Dom Neri José Tondello

Bispo de Juína (MT)

 

Meu querido Rio Grande do Sul. Coração amado, bate forte por ti. As vidas que se foram, meu lamento. Estejam em paz nas moradas eternas.

As pessoas perdidas, esperança de encontrarmo-nos, não sei aonde. As pessoas feridas e machucadas, nossa cura humana, psicológica e espiritual.

As pessoas fora de suas casas, coragem, apoio e fé. As pessoas solidárias, participação, unidade, ajuda e força: muito obrigado.

As pessoas orantes, consolo. Peregrinos da esperança, apesar de todo desespero. As pessoas que nos governam, hora da unidade.

A tragédia não tem partido, não tem religião. Não tem cor. Não tem opção sexual. A tragédia não tem polarização, a não ser sozinha contra tudo e todos. A tragédia não tem lado. Não tem rico. Não tem pobre.

A tragédia é apelo humano, ético e cristão para todos. Somos todos irmãos na amizade. A tragédia nos chama e a hora da caridade é agora. A hora da solidariedade está a porta de nosso coração.

A tragédia nos pede conversão ecológica. Conversão sinodal. A tragédia nos leva a rezar e pensar a finitude das rebeldias humanas.

A tragédia nos faz irmãos. Se nada aprendemos com a tragédia, nos tornaremos insossos no conjunto da obra. Cada vida em risco, dor e fragilidade alheia. Cada vida ameaçada e engolida e/ou, cada vida salva, alteridade em serviço. Fonte: www.cnbb.org.br

AS CHUVAS NO RS E A CONSOLAÇÃO

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Publicado em 07 maio 2024
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Dom Leomar Antônio Brustolin

Arcebispo de Santa Maria (RS)

 

Rio Grande do Sul

Nesse momento, ao contemplarmos ao redor, vemos mortes, desabrigados, ilhados, pontes caídas, estradas bloqueadas, destruição de casas e de construções. Nosso coração fica perturbado, nos perguntamos: o que podemos aprender disso tudo? Não temos respostas. Também o mal físico é um mistério. Saber contemplar o mistério sem fantasia ou racionalismo é uma sabedoria.  

Um grande flagelo veio sobre nossas cidades e vilas, muito se perdeu, rezamos por aqueles que partiram, mas nós que aqui ficamos, queremos, diante de Deus, aprender a viver e a conviver. Deus está conosco, disso temos experiência e somos capazes de solidariedade, sobre isso podemos enxergar.  

O profeta Isaías nos recorda que o próprio Deus, por meio de seu Cristo, veio e sempre vem para curar as nossas feridas, para anunciar nossa liberdade, para consolar os que choram, para dar alegria para quem vive na aflição, para nos vestir de salvação, com o manto da justiça, e nisso tudo se manifesta sua glória.  

Não será a morte, o luto e as lágrimas que definirão a última palavra sobre a vida. Tampouco a destruição, o deslizamento e os alagamentos roubarão nossa esperança. Somos um povo que sabe em quem depositou sua fé. A água que sacia a sede, limpa o que está sujo, refresca o calor e rega o que está seco, voltará a ser sinal de vida, de renovação e liberdade.  

Esse dilúvio que veio sobre nós não apagará de nossa memória os feitos que o Senhor realizou ao longo da história da salvação. Nós sobreviveremos e encontraremos razões para reconstruir nossas estradas e nossas casas, nossas vidas e de fato, podemos estar ilhados, mas não isolados.  

Sabemos o quanto o Pai nos ama e não será um desafio grande como o que estamos passando que nos separará desse amor e da comunidade humana que Ele ama. Para nós servem as palavras de Cristo dizendo: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou. Essa paz é tão clara e forte que não ficamos com o coração perturbado e nem intimidado.  

Enfrentemos, irmãos e irmãs, mais essa provação. Deus está conosco. Isso passará, iremos superar. Mas desde já colhamos os frutos bons desse momento, sempre há uma luminosidade sideral em meio à noite escura. Recordo aqui tantas instituições governamentais, militares e civis dedicadas na defesa da vida nesse momento.  

Recordo as nossas comunidades paroquiais de portas abertas para acolher os desabrigados, alimentar os que perderam tudo, para atender as necessidades que emergem. Como bem diz o Papa Francisco: somos comunidades que parecem Hospital de Campanha, que socorre imediatamente quem precisa.  

Recordo as comunidades que viram os caminhoneiros impedidos de viajar pelos bloqueios e lhes providenciaram refeições. Recordo as coletas de doações que estão sendo realizadas em todo Estado especialmente pela CNBB Sul 3. Quanta luz de solidariedade. Tudo passa, mas esse amor já é consolação.  

Nossa fé em Cristo nos compromete para continuarmos criando laços de solidariedade e amizade social, pois podemos estar ilhados, mas não isolados. Deus abençoe todos que decidiram tornarem-se consolação para os outros. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Chuvas: Nota de Solidariedade da Arquidiocese de Porto Alegre.

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Publicado em 04 maio 2024
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Ao Povo de Deus da
Arquidiocese de Porto Alegre

 

Deus nos console em nossa tribulação para que possamos
consolar os que se acham em alguma tribulação (cf. 2Cor 1,4)

 

Querido Povo de Deus!

Em comunhão com o Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que, em nota da presidência sobre os temporais que atingem o estado do Rio Grande do Sul descreveu a “grande provação para nossa população”, constatando-se “mortes, desabrigados, ilhados, pontes caídas, estradas bloqueadas, destruição de casas e de construções”, com “parte da população sem energia elétrica e o abastecimento de água comprometido, [...] instabilidade e insegurança em todo nosso Estado”, também a Arquidiocese de Porto Alegre une-se neste empenho de reconstrução, inclusive e sobretudo, da esperança.

Há, sim, “o empenho das instituições governamentais, militares e civis dedicadas à defesa da vida, o envolvimento de nossas comunidades eclesiais abrindo suas portas para acolher os que perderam tudo”. O próprio Regional Sul 3 organizou uma campanha para socorrer os diversos municípios. A Arquidiocese de Porto Alegre, através da Cáritas – Mensageiros da Caridade – está empenhada nessa direção, pois sabemos que há necessidade em muitas ações, as emergenciais e, depois, toda a ajuda para a reconstrução.

Além disso, neste ano da oração em preparação ao Jubileu da Igreja 2025, exortamos as comunidades eclesiais a se unirem em oração, conforme as possibilidades, diante do Santíssimo Sacramento, que é o grande símbolo da comunhão e da partilha, renovando nosso compromisso de peregrinos de esperança. Aproveitemos a devoção da Primeira Sexta-feira do mês, neste ano Festa dos Santos Filipe e Tiago, recordando inclusive do diálogo de Jesus, quando disse: “O que pedirdes em meu nome, eu o realizarei” (Jo 14,13-14). Ou organizemos um momento de oração com o povo antes ou depois das missas deste final de semana. As comissões pastorais poderão se unir neste gesto orante e solidário. Na Liturgia do próximo domingo vemos novamente a mesma frase de Jesus: “O que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá” (Jo 15,16). Que possamos pedir, juntos, a consolação, a proteção, a união e o fortalecimento da fé, da caridade e da esperança.

Nossa querida padroeira da Arquidiocese, a Mãe de Deus, com tantos outros nossos santos e santas padroeiros de comunidades eclesiais, continuem intercedendo ao Senhor do Universo para que escute nossas preces!

 

Dom Jaime Spengler
Arcebispo Metropolitano

 

Dom Darley José Kummer
Bispo Auxiliar

 

Dom Bertilo João Morsch
Bispo Auxiliar

 

Dom Juarez Albino Destro
Bispo Auxiliar

Fonte: https://www.arquipoa.com

Festa dos Apóstolos são Felipe e são Tiago (3 de maio-2024). Frei Carlos Mesters, O. Carm

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Publicado em 02 maio 2024
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1) Oração

Ó Deus, vós nos alegrais cada ano com a festa dos apóstolos são Felipe e são Tiago. Concedei-nos, por suas preces, participar de tal modo da paixão e ressurreição do vosso Filho que vejamos eternamente a vossa faze. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 14,6-14)

Naquele tempo, Jesus disse a Tomé: 6Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. 7Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o conheceis, pois o tendes visto. 8Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta. 9Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai... 10Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras. 11Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras. 12Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai. 13E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14Qualquer coisa que me pedirdes em meu nome, vo-lo farei.

 

3) Reflexão  - Jo 14,6-14

O evangelho de hoje, festa dos apóstolos Filipe e Tiago, é o mesmo que já meditamos nos dias 18 e 19 de abril deste ano, pois traz o trecho em que o apóstolo Filipe pede a Jesus: “Mostra-nos o Pai, e basta”.

João 14,6: Eu sou o caminho, a verdade e a vida.

Tomé tinha feito a pergunta: "Senhor, não sabemos para onde vai. Como podemos conhecer o caminho?" (Jo 14,5). Jesus responde: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida! Ninguém vai ao Pai senão por mim”. Três palavras importantes. Sem caminho, não se anda. Sem verdade, não se acerta. Sem vida, só há morte! Jesus explica o sentido. Ele é o caminho, porque "ninguém vem ao Pai senão por mim!" Pois, ele é a porta, por onde as ovelhas entram e saem (Jo 10,9). Jesus é a verdade, porque olhando para ele, estamos vendo a imagem do Pai. "Se vocês me conhecem, conhecerão também o Pai!" Jesus é a vida, porque caminhando como Jesus caminhou, estaremos unidos ao Pai e teremos a vida em nós!

João 14,7: Conhecer Jesus é conhecer o Pai. Jesus acrescentou: “Se vocês me conhecem, conhecerão também o meu Pai. Desde agora vocês o conhecem e já o viram". Jesus sempre fala do Pai, pois o Pai era a vida dele e transparecia em tudo que ele, Jesus, falava e fazia. Esta referência constante ao Pai provoca a pergunta de Filipe, cuja festa hoje celebramos.

João 14,8-11: Filipe pergunta: "Mostra-nos o Pai, e basta!"  Ver e experimentar o Pai era o desejo dos discípulos e das discípulas; era o desejo de muitas pessoas nas comunidades do Discípulo Amado da Ásia Menor e, até hoje, continua sendo o desejo de muitos de nós. Como experimentar a presença do Pai de que Jesus fala tanto? A resposta de Jesus é muito bonita e vale até hoje: "Filipe, tanto tempo estou no meio de vocês, e você ainda não me conhece! Quem me vê, vê o Pai!" A gente não deve pensar que Deus está longe de nós, como alguém distante e desconhecido. Quem quiser saber como é e quem é Deus Pai, basta olhar para Jesus. Ele o revelou nas palavras e gestos da sua vida! "O Pai está em mim e eu estou no Pai!" Através da sua obediência, Jesus está totalmente identificado com o Pai. Ele a cada momento fazia aquilo que o Pai mostrava que era para fazer (Jo 5,30; 8,28-29.38). Por isso, em Jesus tudo é revelação do Pai! E os sinais ou as obras de Jesus são as obras do Pai! Como diz o povo: "O filho é a cara do pai!" Em Jesus e por Jesus, Deus está no meio de nós.

João 14,12-14: Promessa de Jesus.  Jesus faz uma promessa para dizer que a intimidade dele com o Pai não é privilégio só dele, mas é possível para todos e todas que crêem nele: Eu garanto a vocês: quem acredita em mim, fará as obras que eu faço, e fará maiores do que estas, porque eu vou para o Pai. O que vocês pedirem em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se vocês pedirem qualquer coisa em meu nome, eu o farei. Nós também, através de Jesus, podemos chegar a fazer coisas bonitas para os outros do jeito que Jesus fazia para o povo do seu tempo. Ele vai interceder por nós. Tudo que a gente pedir a ele, ele vai pedir ao Pai e vai conseguir, contanto que seja para servir. Jesus é o nosso defensor. Ele vai embora, mas não nos deixa sem defesa. Ele promete que vai pedir ao Pai para Ele mandar um outro defensor ou consolador, o Espírito Santo (Jo 14,15-17). Jesus chegou a dizer que ele precisa ir embora, pois, do contrário, o Espírito Santo não poderá vira (Jo 16,7). É o Espírito Santo que realizará as coisas de Jesus em nós, desde que peçamos em nome de Jesus e observemos o grande mandamento da prática do amor.

 

4) Para confronto pessoal

1) Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Sem caminho, sem verdade e sem vida não se vive. Procure deixar isto penetrar na sua consciência.

2) Duas perguntas importantes: Quem é Jesus para mim? Quem sou eu para Jesus?

 

5) Oração final

Narram os céus a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos. O dia ao outro transmite essa mensagem, e uma noite à outra a repete (Sl 18).

Terça-feira, 30 de abril-2024. 5ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 30 abril 2024
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1) Oração

Ó Deus, que pela ressurreição do Cristo nos renovais para a vida eterna, dai ao vosso povo constância na fé e na esperança, para que jamais duvide das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 14,27-31a)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 27“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. 28Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. 29Disse-vos isto, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis. 30Já não falarei muito convosco, pois o chefe deste mundo vem. Ele não tem poder sobre mim, 31amas, para que o mundo reconheça que eu amo o Pai, eu procedo conforme o Pai me ordenou”.

 

3) Reflexão - Jo 14,27-31a

Aqui, em Jo 14,27, começa a despedida de Jesus e no fim do capítulo 14, ele encerra a conversa dizendo: "Levantem! Vamos embora daqui!" (Jo 14,31). Mas, em vez de sair da sala, Jesus continua falando por mais três capítulos: 15, 16 e 17. Se você pular estes três capítulos, você vai encontrar no começo do capítulo 18 a seguinte frase: "Tendo dito isto, Jesus foi com seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia ali um jardim onde entrou com seus discípulos" (Jo 18,1). Em Jo 18,1, está a continuação de Jo 14,31. O Evangelho de João é como um prédio bonito que foi sendo construído lentamente, pedaço por pedaço, tijolo por tijolo. Aqui e acolá, ficaram sinais destes remanejamentos. De qualquer maneira, todos os textos, todos os tijolos, fazem parte do edifício e são Palavra de Deus para nós.

João 14,27: O dom da Paz. 

Jesus comunica a sua paz aos discípulos. A mesma paz será dada depois da ressurreição (Jo 20,19). Esta paz é mais uma expressão da manifestação do Pai, de que Jesus tinha falado antes (Jo 14,21). A paz de Jesus é a fonte da alegria que ele nos comunica (Jo 15,11; 16,20.22.24; 17,13). É uma paz diferente da paz que o mundo dá, diferente da Pax Romana. Naquele fim do primeiro século a Pax Romana era mantida pela força das armas e pela repressão violenta contra os movimentos rebeldes. A Pax Romana garantia a desigualdade institucionalizada entre cidadãos romanos e escravos. Esta não é a paz do Reino de Deus. A Paz que Jesus comunica é o que no AT se chama Shalôm. É a organização completa de toda a vida em torno dos valores da justiça, fraternidade e igualdade.

João 14,28-29: O motivo por que Jesus volta ao Pai.   

Jesus volta ao Pai para poder retornar em seguida. Ele dirá a Madalena: “Não me segure, porque ainda não subi para o Pai “ (Jo 20,17). Subindo para o Pai, ele voltará através do Espírito que nos enviará (cf Jo 20,22). Sem o retorno ao Pai ele não poderá estar conosco através do seu Espírito.

João 14,30-31a: Para que o mundo saiba que amo o Pai.  

Jesus está encerrando a última conversa com os discípulos. O príncipe deste mundo vai tomar conta do destino de Jesus. Jesus vai ser morto. Na realidade, o Príncipe, o tentador, o diabo, nada pode contra Jesus. Jesus faz em tudo o que lhe ordena o Pai. O mundo vai saber que Jesus ama o Pai. Este é o grande e único testemunho de Jesus que pode levar o mundo a crer nele. No anúncio da Boa Nova não se trata de divulgar uma doutrina, nem de impor um direito canônico, nem de unir todos numa organização. Trata-se, antes de tudo, de viver e de irradiar aquilo que o ser humano mais deseja e tem de mais profundo dentro de si: o amor. Sem isto, a doutrina, o direito, a celebração não passa de peruca em cabeça calva.

João 14,31b: Levantem e vamos embora daqui.   

São as últimas palavras de Jesus, expressão da sua decisão de ser obediente ao Pai e de revelar o seu amor. Na eucaristia, na hora da consagração, em alguns países se diz: “Na véspera da sua paixão, voluntariamente aceita”. Jesus diz em outro lugar: “O Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la de novo. Ninguém tira a minha vida; eu a dou livremente. Tenho poder de dar a vida e tenho poder de retomá-la. Esse é o mandamento que recebi do meu Pai” (Jo 10,17-18).

 

4) Para confronto pessoal

1) Jesus disse: “Dou-vos a minha paz”. Como contribuo para a construção da paz na minha família e na minha comunidade?

2) Olhando no espelho da obediência de Jesus ao Pai, em que ponto eu poderia melhorar a minha obediência ao Pai?

 

5) Oração final

Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino e saibam proclamar vosso poder! (Sl 144, 10-11)

Segunda-feira, 29 de abril-2024. 5ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 29 abril 2024
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1) Oração

Ó Pai, que unis os corações dos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 14,21-26)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 21“Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele”. 22Judas — não o Iscariotes — disse-lhe: “Senhor, como se explica que te manifestarás a nós e não ao mundo?” 23Jesus respondeu-lhe: “Se alguém me ama, guardará minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. 24Quem não me ama não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou. 25Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. 26Mas o Defensor, o Espírito Santo que ­o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”.

 

3) Reflexão - Jo 14,21-26

Como dissemos anteriormente, o capítulo 14 do Evangelho de João é um exemplo bonito de como se praticava a catequese nas comunidades da Ásia Menor no fim do primeiro século. Através das perguntas dos discípulos e das respostas de Jesus, os cristãos formavam sua consciência e encontravam uma orientação para os seus problemas. Assim, neste capítulo 14, temos a pergunta de Tomé com a resposta de Jesus (Jo 14,5-7), a pergunta de Filipe com a resposta de Jesus (Jo 14,8-21), e a pergunta de Judas com a resposta de Jesus (Jo 14,22-26). A última frase da resposta de Jesus a Filipe (Jo 14,21) forma o primeiro versículo do evangelho de hoje.

João 14,21: Eu o amarei e me manifestarei a ele.

Este versículo traz o resumo da resposta de Jesus a Filipe. Filipe tinha dito: “Mostra-nos o Pai e isso nos basta!” (Jo 14,8). Moisés tinha perguntado a Deus: “Mostra-me a tua glória!” (Ex 33,18). Deus respondeu: “Não poderás ver minha face, porque ninguém pode ver-me e continuar vivendo” (Ex 33,20). O Pai não pode ser mostrado. Deus habita uma luz inacessível (1Tim 6,16). “Ninguém jamais viu a Deus” (1Jo 4,12). Mas a presença do Pai pode ser experimentada através da experiência do amor. Diz a primeira carta de São João: “Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. Jesus diz a Filipe: “Quem aceita os meus mandamentos e a eles obedece, esse é que me ama. E quem me ama, será amado por meu Pai. Eu também o amarei e me manifestarei a ele”. Observando o mandamento de Jesus, que é o mandamento do amor ao próximo (Jo 15,17), a pessoa mostra o seu amor por Jesus. E quem ama a Jesus, será amado pelo Pai e pode ter a certeza de que o Pai se manifestará a ele. Na resposta a Judas, Jesus dirá como acontece esta manifestação do Pai na nossa vida.

João 14,22: A pergunta de Judas, pergunta de todos.  

A pergunta de Judas: “Por que o senhor se manifesta só a nós e não ao mundo?” Esta pergunta de Judas reflete um problema que é real até hoje. Às vezes, sobe em nós cristãos o pensamento de que somos melhores que os outros e que Deus nos ama mais do que os outros. Será que Deus faz distinção de pessoas? 

João 14,23-24: Resposta de Jesus.  

A resposta de Jesus é simples e profunda. Ele repete o que acabou de dizer a Filipe. O problema não é se nós cristãos somos mais amados por Deus do que os outros, ou que os outros são desprezados por Deus. Este não é o critério da preferência do Pai. O critério da preferência do Pai é sempre o mesmo: o amor. "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras”. Independentemente do fato de a pessoa ser ou não ser cristã, o Pai se manifesta a todos aqueles que observam o mandamento de Jesus que é o amor ao próximo (Jo 15,17). Em que consiste a manifestação do Pai? A resposta a esta pergunta está estampada no coração da humanidade, na experiência humana universal. Observe a vida das pessoas que praticam o amor e que fazem da sua vida uma doação aos outros. Examine a sua própria experiência. Independentemente de religião, classe, raça ou cor, a prática do amor traz uma paz profunda e uma alegria que conseguem conviver com dor e sofrimento. Esta experiência é o reflexo da manifestação do Pai na vida das pessoas. É a realização da promessa: Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada

João 14,25-26: A promessa do Espírito Santo. 

Jesus termina sua resposta a Judas dizendo: Essas são as coisas que eu tinha para dizer estando com vocês. Jesus comunicou tudo que ouviu do Pai (Jo 15,15). As palavras dele são fonte de vida e devem ser meditadas, aprofundadas e atualizadas constantemente à luz da realidade sempre nova que nos envolve. Para esta meditação constante das suas palavras Jesus nos promete a ajuda do Espírito Santo: “O Advogado, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ele ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes disse.

 

4)  Para confronto pessoal

1) Jesus disse: Eu  e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada.  Como eu experimento esta promessa?

2) Temos a promessa do dom do Espírito para nos ajudar a entender as palavra de Jesus. Eu invoco a luz do Espírito quando vou ler e meditar a Escritura?

 

5) Oração final

Que a minha boca cante a glória do Senhor e que bendiga todo ser seu nome santo, desde agora, para sempre e pelos séculos. (Sl 144, 21)

No lusco-fusco cansativo do mundo, a teologia pode ser uma forma de repouso

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Publicado em 29 abril 2024
  • Antigo Testamento
  • Bíblia hebraica
  • Deus de Abraão,

 

Ricardo Cammarota/Folhapress

 

Luiz Felipe Pondé

Escritor e ensaísta, autor de "Notas sobre a Esperança e o Desespero" e “A Era do Niilismo”. É doutor em filosofia pela USP.

 

Deus nos deixa mais inteligentes, ao contrário do que pensa o ingênuo ateísmo militante

Afinal, quem é Deus? Moisés, na famosa passagem da sarça ardente no Sinal —livro do "Êxodo"–, em que Deus o manda libertar os hebreus da escravidão no Egito e levá-los até o monte Sinai para receberem os mandamentos divinos, pergunta num dado momento: "E se me perguntarem quem me mandou, o que eu respondo? Qual o seu nome? Quem é você?". Evidente que faço aqui uma versão simplificada do texto bíblico.

Essa passagem é conhecida na tradição cristã como teologia do Êxodo, a teologia em que Deus se dá a conhecer a Moisés, revela "um pouco" quem Ele é, e se vincula à ideia de libertação da escravidão.

A versão grega da Bíblia hebraica, conhecida como Septuaginta ("LXX", em latim), teria sido uma versão grega de livros do Antigo Testamento ou Bíblia hebraica feita por cerca de setenta —daí LXX, setenta em latim– judeus gregos, nos três últimos séculos da era antes de Cristo.

Nesta versão, Deus teria respondido à pergunta de Moisés algo como "Eu sou quem eu sou". Dessa ideia surgirá a concepção de que Deus seria aquele que é, ou seja, aquele que carrega seu ser em si mesmo.

À diferença do restante dos seres existentes, Deus seria o único que é "causa sui", ou seja, que é causa de si mesmo. Os demais seres são causados por Ele. Deus seria —conversando um pouco com Aristóteles, que nada sabia da Bíblia hebraica– o incausado que tudo causa, o incondicionado que tudo condiciona, o imóvel que tudo move.

O paralelo entre esse deus do Aristóteles e o Deus israelita é recusado, por exemplo, pelo filósofo judeu do século 20 A.I. Heschel que, na sua monumental obra "The Prophets", sem tradução no Brasil, nega que o Deus de Abraão, dos patriarcas e de Moisés seja considerado imóvel, uma vez que é puro páthos, ou paixão. Tampouco incondicionado, na medida que reage apaixonadamente às ações dos homens.

De qualquer forma, essa diferença ontológica entre Deus e os outros seres criados por Ele —que, portanto, recebem o ser das mãos Dele, de graça, pela eternidade— , ideia esta decorrente da resposta de Deus a Moisés –que Ele é quem é–, fará escola no cristianismo e produzirá das mais sofisticadas discussões teológicas acerca do ser de Deus e do nosso ser frágil e dependente Dele.

Já na versão hebraica, Deus teria dito "Eu serei o que serei", já que a formulação do presente do verbo ser não existe, propriamente, em hebraico. Eu diria "Eu brasileiro" e não "Eu sou brasileiro".

Pensando a partir dai, teríamos a absoluta liberdade de Deus que seria, portanto, impredicável e ilimitado —Deus multiplica o futuro pelo futuro nesta formulação, portanto, Ele é absolutamente livre. Deus está fora da linguagem e da representação.

Esse caráter de Deus será também discutido no cristianismo naquilo que ficou conhecido como teologia negativa ou apofática —o que não pode ser enunciado na linguagem—, na esteira do tratado teológico mais curto do cristianismo, conhecido como "Teologia Negativa" de Pseudo-Dionísio, o Aeropagita, que viveu entre os séculos 5 e 6 da era cristã.

Deus é superior à linguagem porque esta só representa o que é despedaçado como ela, e, portanto, aquilo que pode ser "alocado" nas palavras, que são, por sua vez, "pedaços" do todo.

A teologia é um dos exercícios intelectuais mais sofisticados que existe. Principalmente quando não está a serviço nem da direita evangélica que brinca com a supressão do Estado laico no Brasil, nem, tampouco, com as versões à esquerda, que querem nos fazer crer que o PT seja a representação pura da santidade política democrática.

Deus nos deixa mais inteligentes, ao contrário do que pensa o ingênuo ateísmo militante. No judaísmo, a ideia de que Deus seja inteligente, e de que buscar sê-lo seja uma espécie de mandamento, é comum. Pensar é uma forma de se aproximar de Deus.

No lusco-fusco cansativo do mundo em que vivemos, esse exercício intelectual pode ser uma forma de repouso. Não por acaso que na tradição monástica cristã –para alguns, podendo ser resumida como "opção beneditina"– o estudo é uma das formas de se viver com Deus. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

5º Domingo da Páscoa: Um Olhar para vida, outro para Bíblia

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Publicado em 28 abril 2024
  • 5º Domingo da Páscoa,
  • liturgia do 5º Domingo da Páscoa
  • Homilia do 5º Domingo da Páscoa
  • Jesus é a verdadeira videira
  • produzirão frutos bons,

 

JESUS NOS DÁ A VIDA AUTÊNTICA! 

 

Dom Anuar Battisti

Arcebispo Emérito de Maringá (PR) 

A liturgia do quinto Domingo da Páscoa fala-nos de Jesus como a fonte da Vida autêntica. Os discípulos de Jesus, unidos a Ele, bebem d’Ele essa Vida e testemunham-na em gestos concretos de amor. É assim que a proposta de Vida nova de Deus alcança o mundo e a vida dos homens. 

No Evangelho – Jo 15,1-8 – Jesus, em contexto de despedida, apresenta-se aos discípulos como “a verdadeira videira” e convida-os a permanecerem ligados a Ele para receberem d’Ele Vida. Jesus (a videira) e os discípulos (os ramos) produzirão frutos bons, os frutos que Deus espera. Enquanto se mantiverem unidos a Jesus, os discípulos serão testemunhas verdadeiras, no meio dos homens, da Vida nova de Deus. 

A primeira leitura – At 9,26-31 –, a pretexto de nos contar a inserção de Paulo de Tarso na comunidade cristã de Jerusalém, lembra-nos que a experiência cristã é um caminho feito em comunidade: é no diálogo e na partilha com os irmãos que a nossa fé nasce, cresce e amadurece. A comunidade cristã deve ser uma casa de portas abertas, onde todos têm lugar e onde todos podem fazer, de mãos dadas com os outros irmãos, uma experiência de encontro com Jesus ressuscitado. 

A segunda leitura – 1Jo 3,18-24 – lembra que na base da vida cristã autêntica está o “acreditar em Jesus” e o amar os irmãos “como Ele mandou”. São esses os “frutos” que Deus espera de todos aqueles que estão unidos a Cristo. Se testemunharmos em gestos concretos o amor de Jesus, estamos unidos a Jesus e a vida de Jesus circula em nós. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Sexta-feira, 26 de abril-2024. 4ª SEMANA DA PÁSCOA. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 26 abril 2024
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  • 4ª Semana da Páscoa

 

1) Oração

Deus, a quem devemos a liberdade e a salvação, fazei que possamos viver por vossa graça e encontrar em vós a felicidade eterna, pois nos remistes com o sangue do vosso Filho. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (João 14, 1-6)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos,“1Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim. 2Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fosse assim, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós. 3E depois que eu tiver ido e preparado um lugar para vós, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também. 4E para onde eu vou, conheceis o caminho”. 5Tomé disse: “Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” 6Jesus respondeu: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim.

 

3) Reflexão

Estes cinco capítulos (Jo 13 a 17) são um exemplo bonito de como as comunidades do Discípulo Amado do fim do primeiro século lá na Ásia Menor, atual Turquia, faziam catequese. Por exemplo, neste capítulo 14, as perguntas dos três discípulos, Tomé (Jo 14,5), Filipe (Jo 14,8) e Judas Tadeu (Jo 14,22), eram também as perguntas e os problemas das Comunidades. Assim, as respostas de Jesus para os três eram um espelho em que as comunidades encontravam uma resposta para as suas próprias dúvidas e dificuldades.  Para sentir melhor o ambiente em que se fazia a catequese, você pode fazer o seguinte. Durante ou depois da leitura do texto, feche os olhos e faça de conta que você está lá na sala no meio dos discípulos e discípulas, participando do encontro com Jesus. Enquanto vai escutando, procure prestar atenção na maneira como Jesus prepara seus amigos para a separação e lhes revela sua amizade, transmitindo segurança e apoio.

João 14,1-2: Nada te perturbe.   O texto começa com uma exortação: "Não se perturbe o coração de vocês!" Em seguida, diz: "Na casa do meu Pai há muitas moradas!" A insistência em conservar palavras de ânimo que ajudam a superar a perturbação e as divergências, é um sinal de que havia muita polêmica e divergências entre as comunidades. Uma dizia para a outra: "Nossa maneira de viver a fé é melhor do que a de vocês. Nós estamos salvos! Vocês estão erradas! Se quiserem ir para o céu, têm que se converter e viver como nós vivemos!" Jesus diz: "Na casa do meu Pai há muitas moradas!" Não é necessário que todos pensem do mesmo jeito. O importante é que todos aceitem Jesus como revelação do Pai e que, por amor a ele, tenham atitudes de compreensão, de serviço e de amor. Amor e serviço são o cimento que liga entre si os tijolos e faz as várias comunidades serem uma igreja de irmãos e de irmãs.

João 14,3-4: Jesus se despede.  Jesus diz que vai preparar um lugar e depois retornará para levar-nos com ele para a casa do Pai. Ele quer que estejamos todos com ele para sempre. O retorno de que Jesus fala é a vinda do Espírito que ele manda e que trabalha em nós, para que possamos viver como ele viveu (Jo 14,16-17.26; 16,13-14). Jesus termina dizendo: "Para onde eu vou, vocês conhecem o caminho!" Quem conhece Jesus conhece o caminho, pois o caminho é a vida que ele viveu e que o levou através da morte para junto do Pai.

João 14,5-6: Tomé pergunta pelo caminho. Tomé diz: "Senhor, não sabemos para onde vai. Como podemos conhecer o caminho?" Jesus responde: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida! Ninguém vai ao Pai senão por mim”. Três palavras importantes. Sem caminho, não se anda. Sem verdade, não se acerta. Sem vida, só há morte! Jesus explica o sentido. Ele é o caminho, porque "ninguém vem ao Pai senão por mim!" Pois, ele é a porteira, por onde as ovelhas entram e saem (Jo 10,9). Jesus é a verdade, porque olhando para ele, estamos vendo a imagem do Pai. "Se vocês me conhecem, conhecerão também o Pai!" Jesus é a vida, porque caminhando como Jesus caminhou, estaremos unidos ao Pai e teremos a vida em nós!

 

4) Para um confronto pessoal

1) Que encontros bons do passado você guarda na memória e que são força na sua caminhada?

2) Jesus disse: "Na casa de meu Pai há muitas moradas". O que significa esta afirmação para nós hoje?

 

5) Oração final

Cantai ao SENHOR um cântico novo, pois ele fez maravilhas. Deu-lhe vitória sua mão direita e seu braço santo. (Sl 97, 1)

Festa de São Marcos, Evangelista (25 de abril). Evangelho, com Frei Carlos Mesters, O. Carm.

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Publicado em 25 abril 2024
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  • Evangelho do Dia com Frei Carlos Mesters,
  • Frei Carlos Mesters, O. Carm
  • Festa de São Marcos,
  • 25 de março
  • anunciar a Boa Nova a toda a criatura
  • curar doentes

 

1) Oração

Ó Deus, que concedestes a são Marcos, vosso evangelista, a glória de proclamar a Boa nova, dai-nos assimilar de tal modo seus ensinamentos, que sigamos fielmente os caminhos do Cristo. Que conosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho segundo Marcos (Mc 16,15-20)

Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos, 15e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! 16Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. 17Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os ­doentes, eles ficarão curados”.

19Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. 20Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam.

 

3) Reflexão - Mc 16,15-20

O Evangelho de hoje faz parte do apêndice do Evangelho de Marcos (Mc 16,9-20) que traz a lista de algumas aparições de Jesus: a Madalena (Mc 16,9-11), a dois discípulos a caminho do campo (Mc 16,12-13) e aos doze apóstolos (Mc 16,14-18). Esta última aparição junto com a descrição da ascensão ao céu (Mc 16,19-20) constitui o evangelho de hoje. 

Marcos 16,14: Os sinais que acompanham o anúncio da Boa Nova.  

Jesus aparece aos onze discípulos e os repreende por não terem acreditado nas pessoas que o tinham visto ressuscitado. Não acreditaram em Madalena (Mc 16,11), nem nos dois a caminho do campo (Mc 16,13). Várias vezes, Marcos se refere à resistência dos discípulos em crer no testemunho daqueles e daquelas que experimentaram a ressurreição de Jesus. Por que será que Marcos insiste tanto na falta de fé dos discípulos? Provavelmente, para ensinar duas coisas. Primeiro, que a fé em Jesus passa pela fé nas pessoas que dão testemunho dele. Segundo, que ninguém deve desanimar quando a descrença nasce no coração. Até os onze discípulos tiveram dúvidas!

Marcos 16,15-18: A missão de anunciar a Boa Nova a toda a criatura.

Depois de ter criticado a falta de fé dos discípulos, Jesus lhes confere a missão: "Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. Quem acreditar e for batizado, será salvo. Quem não acreditar, será condenado”. Aos que tiverem a coragem de crer na Boa Nova e que são batizados, Jesus promete os seguintes sinais: expulsarão demônios, falarão línguas novas, pegarão em serpentes e não serão molestados pelo veneno, imporão as mãos aos doentes e eles ficarão curados. Isto acontece até hoje:

expulsar os demônios:   é combater o poder do mal que estraga a vida. A vida de muitas pessoas ficou melhor pelo fato de terem entrado na comunidade e de terem começado a viver a Boa Nova da presença de Deus em sua vida.

falar línguas novas:   é começar a comunicar-se com os outros de maneira nova. Às vezes, encontramos uma pessoa que nunca vimos antes, mas parece que já a conhecemos há muito tempo. É porque falamos a mesma língua, a linguagem do amor.

vencer o veneno:   há muita coisa que envenena a convivência. Muita fofoca que estraga o relacionamento entre as pessoas. Quem vive a presença de Deus dá a volta por cima e consegue não ser molestado por este veneno terrível.

curar doentes:   em todo canto, onde aparece uma consciência mais clara e mais viva da presença de Deus, aparece também um cuidado especial para com as pessoas excluídas e marginalizadas, sobretudo para com os doentes. Aquilo que mais favorece a cura é a pessoa sentir-se acolhida e amada.

Marcos 16,19-20: Através da comunidade Jesus continua a sua missão. 

O mesmo Jesus que viveu na Palestina, e acolhia os pobres do seu tempo, revelando assim o amor do Pai, este mesmo Jesus continua vivo no meio de nós, nas nossas comunidades. É através de nós, que ele quer continuar a sua missão para revelar a Boa Nova do amor de Deus aos pobres. Até hoje, a ressurreição acontece. Ela nos leva a cantar: "Quem nos separará, quem vai nos separar, do amor de Cristo, quem nos separará?" Poder nenhum deste mundo é capaz de neutralizar a força que vem da fé na ressurreição (Rm 8,35-39). Uma comunidade que quiser ser testemunha da Ressurreição deve ser sinal de vida, deve lutar contra as forças da morte, para que o mundo seja um lugar favorável à vida, deve crer que um outro mundo é possível. Sobretudo aqui na América Latina, onde a vida do povo corre perigo por causa do sistema de morte que nos foi imposto, as comunidades devem ser uma prova viva da esperança que vence o mundo, sem medo de ser feliz!.

 

4) Para confronto pessoal

  1. Como estes sinais da presença de Jesus acontecem na minha vida?
  2. Quais são, hoje, os sinais que mais convencem as pessoas da presença de Jesus no nosso meio?

 

5) Oração final

Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, de geração em geração eu cantarei vossa verdade! Porque dissestes: “O amor é garantido para sempre!” E a vossa lealdade é tão firme como os céus (Sl 88).

São Jorge e o dragão dos boletos

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Publicado em 22 abril 2024
  • São Jorge,
  • Festa de São Jorge,
  • Homilia de São Jorge,
  • Memória de São Jorge,
  • memória litúrgica de São Jorge,
  • SÃO JORGE NO RIO
  • Espadas de São Jorge
  • padroeiro São Sebastião,

Peço vênia ao padroeiro São Sebastião, coitado, cariocamente amarrado pelas cordas da violência urbana no tronco Largo do Russel. Hoje é preciso radicalizar a fé e chamar aquele que. para ajudar o próximo. sentou praça na cavalaria dos santos

 

Espadas de São Jorge — Foto: Internet

 

Por Joaquim Ferreira dos Santos

Toda noite de lua cheia eu te vejo aqui de baixo, golpeando o dragão da maldade, e eis que hoje, meu santo guerreiro da Capadócia, às vésperas do teu dia municipal, aproveito este gancho, a necessidade pagã de escrever a crônica de jornal, para agradecer o feriadão e principalmente o empréstimo, sempre generoso, das lanças para que teus fiéis enfrentem os dragões do cotidiano. O bicho tá solto e solta fogo, estresse e boleto pelas ventas.

Eu ando vestido com as armas, com as roupas vermelhas e com todas as canções já compostas sobre São Jorge em sua lua deslumbrante, de um azul verdejante, cauda de pavão. Desde o início ele estava desenhado na fachada da casa na infância suburbana, num azulejo que funcionava como alarme Verisure vintage, como câmera Gabriel pré-moderna, na segurança máxima contra todo tipo de ladrão.

Peço vênia ao padroeiro São Sebastião, coitado, sempre tão cariocamente flechado, amarrado pelas cordas da violência urbana e para sempre inerte em seu tronco de dor no Largo do Russel. Hoje é preciso radicalizar a fé e discar o 190 do socorro celestial, chamar aquele que, para ajudar o próximo, sentou praça na cavalaria dos santos.

É urgente acionar Jorge, o mártir cristão que não quer saber de calçar as sandálias da humildade de São Francisco de Assis, mas as botas de guerra. Que ele venha montado em seu cavalo branco cumprir a oração, a promessa de que as armas de fogo, e também as bicicletas nas calçadas, muito menos as balas perdidas, aos corpos de seus crentes não alcançarão.

Viver no Rio de Janeiro é matar um dragão de maldade a cada dia e por isso é preciso saudar a quem sabe da dureza do ofício, quem estende o escudo protetor e inspira na missão diuturna de correr atrás.

Salve ‘seu’ Jorge, salve Benjor, Jorge Mautner e também Aragão, salve os que estão felizes na companhia deste que, todo 23 de abril, desce da “lua bonita” da toada triste de Zé do Norte, da “lua soberana” da balada dançante do Caetano, e sai em procissão pela cidade que tanto pede por ele. O cortejo parte da igreja do Campo de Santana, passa pela matriz de Quintino, veste-se de Ogum para o batuque na feijoada do Império Serrano em Madureira – e eu sugeriria ao prefeito que esse percurso sagrado, uma versão tropical do Caminho de Santiago, fosse cercado por sublimes touceiras de Espadas de São Jorge.

O Rio de Janeiro tem árvores fundamentais que explicam a carioquice – a sumaúma do Tom Jobim no Jardim Botânico, o tamarindeiro do Zeca Pagodinho no Cacique de Ramos – e a todas elas, mais a Palma Mater do Dom João, deve-se a sombra divina para erigir tamanho sonho de civilização.

Dentro de casa, porém, de preferência logo na porta da entrada, é a Espada de São Jorge, principalmente a de borda amarela, que serve de amuleto contra energias negativas, o mau olhado da vizinha faladeira e a inveja da visita fuxiqueira. Ela reforça a esperança do morador e embeleza a crença de que, mesmo tendo mãos, os inimigos não o pegarão. Esta crônica pagã, um abraço em todos que são desta cavalaria de fé, foi escrita aos pés de uma delas, uma Espada de São Jorge com bordas amarelíssimas. Fonte: https://oglobo.globo.com

Papa: para o Bom Pastor somos valiosos sempre, insubstituíveis

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Publicado em 22 abril 2024
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  • Bom Pastor,
  • o bom pastor toca a carne ferida,
  • Domingo do Bom Pastor
  • Eu sou o bom pastor
  • parábola do Bom Pastor
  • Regina Caeli
  • Homilia do Bom Pastor
  • o Bom Pastor é Jesus Cristo,
  • IV domingo da Páscoa,

No Regina Caeli, o Papa explicou o que o Senhor quer nos dizer com a imagem do Bom Pastor: não só que Ele é a guia, o Chefe do rebanho, mas sobretudo que pensa em cada um de nós como no amor da sua vida. Pensemos nisto: eu para Cristo sou importante, insubstituível.

 

Vatican News

O Papa rezou o Regina Caeli com os fiéis reunidos na Praça São Pedro neste IV domingo da Páscoa,  dedicado a Jesus Bom Pastor. Em sua alocução, Francisco se deteve numa frase repetida três vezes pelo Mestre: "O bom pastor dá a vida por suas ovelhas".

O Pontífice recordou que ser pastor, especialmente no tempo de Cristo, não era só uma profissão, mas significava compartilhar jornadas inteiras, e também noitadas, com as ovelhas, de viver em simbiose com elas. Com efeito, Jesus explica que não é um mercenário que não se importa com as ovelhas, mas Ele as conhece, chama por nome. E mais: Jesus não é só um bom pastor que compartilha a vida do rebanho, é o Bom Pastor que por nós sacrificou a vida e, ressuscitado, nos deu o seu Espírito.

“Eis o que quer nos dizer o Senhor com a imagem do Bom Pastor: não só que Ele é o guia, o Chefe do rebanho, mas sobretudo que pensa em cada um de nós, e nos pensa como o amor da sua vida. Pensemos nisto: eu para Cristo sou importante, Ele pensa em mim, sou insubstituível, valho o preço infinito da sua vida. E isso não é um modo de dizer: Ele deu realmente a vida por mim, morreu e ressuscitou por mim, por quê? Porque me ama e encontra em mim uma beleza que eu frequentemente não vejo.”

Quantas pessoas hoje se consideram inadequadas ou até mesmo erradas, prosseguiu o Pontífice. Ou se pensa que o nosso valor depende dos objetivos que conseguimos alcançar, do sucesso aos olhos do mundo, dos julgamentos dos outros: "Hoje, Jesus nos diz que nós para Ele valemos muito e sempre. E então, para reencontrar a nós mesmos, a primeira coisa a fazer é colocar-nos na sua presença, deixar-nos acolher e levantar pelos braços amorosos do nosso Bom Pastor".

Francisco então dirigiu algumas perguntas aos fiéis: "Consigo encontrar todos os dias um momento para abraçar a certeza que dá valor à minha vida? Consigo encontrar um momento de oração, de adoração, de louvor, para estar na presença de Cristo e deixar-me acariciar por Ele?". E concluiu:

"Irmão, irmã, se o fizer, redescobrirá o segredo da vida: lembrará que o Bom Pastor, Ele que deu a vida por você, por mim, por todos nós. E que, para Ele, somos todos importantes, cada um de nós, todos. Que Nossa Senhora nos ajude a encontrar em Jesus o essencial para viver." Fonte: https://www.vaticannews.va

Democracia, confiança e plataformas digitais

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Publicado em 21 abril 2024
  • fake news,
  • calúnia,
  • plataformas digitais
  • o ódio
  • A democracia
  • Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo

A era digital confere inédita abrangência ao sentimento de ódio que coloca em questão a pluralidade e a diversidade da condição humana, bases da sociedade democrática

 

Celso Lafer 

Professor emérito da USP, ex-ministro das Relações Exteriores (1992 e 2001-2002) e presidente da Fapesp, Celso Lafer escreve mensalmente na seção Espaço Aberto

 

A democracia requer confiança. A confiança recíproca entre os cidadãos e destes nas instituições, como diz Bobbio. A confiança exige transparência. A cidadania precisa saber quem é quem, o que faz e quais são seus parceiros na vida pública. A institucionalização da confiança passa pelas boas leis e pressupõe o cumprimento das regras da democracia.

O fundamento ético da democracia é o reconhecimento da autonomia de todos, sem distinções. Isso significa realçar na relação governantes/governados a relevância da perspectiva ex parte populi, que se traduz pelo voto. Daí a importância de eleições periódicas nas quais os eleitores votam livremente, de acordo com a melhor informação, formada na livre concorrência da disputa entre partidos.

No jogo democrático, a decisão se desenvolve de baixo para cima, a partir dos eleitores. Eleger (eligere) é escolher, designar, o primeiro verbo da gramática da democracia, como aponta Michelangelo Bovero. Daí a importância capital da integridade do processo eleitoral, que tem na Justiça Eleitoral um guardião da lisura do seu processo. A pergunta, na hora presente, é se é possível transpor por analogia para o mundo virtual a regra do que é permitido/proibido no mundo real. O desafio é como tornar realizáveis estes valores no novo mundo virtual, aquilo que no seu instantâneo abrangente escapa aos tradicionais ritmos da vida jurídica.

A técnica e o conhecimento não fazem a História, mas mudam as condições pelas quais os seres humanos a fazem. Elas modificaram-se com a era digital, que trouxe um novo paradigma transformador da convivência coletiva.

As redes sociais operam pelas plataformas digitais, que não são só ferramentas de comunicação que dão acesso à informação e à expansão da liberdade de expressão. O impacto do seu alcance em todas as dimensões da vida transcende a dimensão privada de sua propriedade pelas big techs. Comportam a preocupação com a sua presença e responsabilidade jurídica na res publica.

Esta preocupação é de generalizado reconhecimento. Dela têm se ocupado decisões jurisdicionais em vários países democráticos que criaram marcos normativos de regulação, instrução e regras técnicas distintas das do mundo analógico.

A construção da confiança numa democracia requer a transparência que contém os segredos do poder. Um dos desafios das plataformas digitais para a democracia são as arcas de segredo que nelas se ocultam. Destituídas de apropriados marcos normativos e de controle jurisdicional, elas operam num belicoso estado de natureza hobbesiana. Suas metodologias não são transparentes, nem é transparente o processo decisório dos algoritmos de que se valem. Propiciam assim, pelas arcas dos seus segredos, o potencial de desinformação que delas emana por meio da transmissão das fake news e de “discursos de ódio”. É o que proporciona danos para a integridade do processo eleitoral. Disso tratou Alexandre de Moraes na sua tese de titularidade recém-defendida na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), que aponta para a relevância das regras de calibração da moderação do conteúdo das matérias que discutiu.

O ódio não é um sentimento novo na interação humana. Caracteriza-se pela duração da sua intransitividade. Passa pela ameaça e pela calúnia, como registrou Aristóteles. A era digital confere inédita abrangência ao sentimento de ódio que coloca em questão a pluralidade e a diversidade da condição humana, bases da sociedade democrática. A persistência do discurso de ódio, facilitada pelas plataformas, integra suas manifestações como um dado permanente do tecido visível da sociedade. Consolida práticas discriminatórias que se contrapõem ao princípio da inclusão, de favorecer o bem de todos sem qualquer discriminação, contemplado pela Constituição.

As fake news versam um tema clássico: o emprego da mentira na vida política, que busca enganar, induzindo pela falsidade a opinião alheia, como ensina São Tomás.

A era digital dá inédita abrangência às narrativas das palavras mentirosas. As fake news denegam o princípio da veracidade que alimenta a reciprocidade da confiança. Colocam em questão a verdade factual, a verdade da política, na lição de Hannah Arendt. Esta não carrega no seu bojo a clareza da evidência, mas é, no entanto, o solo sobre o qual nos colocamos de pé. As fake news solapam o chão que permite diferenciar fato e ficção. Ensejam a sombra de conspirações imaginárias e o arbítrio da escolha de “inimigos objetivos”. Geram, no vigor de seu ubíquo negacionismo, insegurança generalizada que provém da incapacidade de distinguir, no espaço público, o falso do verdadeiro.

O digital do extremismo dos discursos de ódio e das fake news, favorecidos pelas plataformas operando num estado de natureza hobbesiano, compromete a confiança da dinâmica do processo eleitoral. Tende a transformar na era digital as eleições, ao modo de Carl Schmitt, na assertiva polarização de uma relação amigo/inimigo, ontologicamente constitutiva de um decisionismo antidemocrático.

*PROFESSOR EMÉRITO DA FACULDADE DE DIREITO DA USP, FOI MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES (1992, 2001-2002) Fonte: https://www.estadao.com.br

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