Olhar Jornalístico

O crente vive da fé e ajuda Jair Bolsonaro a comprar o seu caviar com muitos Pix

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Publicado em 02 agosto 2023
  • Jair Bolsonaro,
  • Deputados bolsonaristas,
  • Universidade Federal da Bahia

A igreja ficar rica ou ex-presidente ter mais mansões é consequência, o importante é que o ato distingue minha crença

 

Ilustração de Ariel Severino para coluna de Wilson Gomes de 1º de agosto de 2023 - Ariel Severino

Wilson Gomes

Professor titular da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e autor de "Crônica de uma Tragédia Anunciada"

 

No país do homem cordial, a compaixão por quem padece suscita muito menos generosidade do que pareceria normal.

De fato, esse é um país muito difícil para as organizações que pedem ajuda humanitária para instituições que cuidam dos que sofrem e dos desvalidos. A explicação para tanto é a "fadiga de compaixão", pois até de misericórdia se cansa quando ela é exigida com tanta constância.

Em um país de tantas misérias, endurecer o coração pode ser forma de sobrevivência.

O que não é de fácil entendimento é o desprendimento com que os brasileiros comuns têm metido a mão no bolso para ir em socorro de seus políticos prediletos quando são multados por alguma conduta inapropriada.

Há antes de tudo um desafio a quem aplicou a sanção original, uma declaração de que consideram injusta a decisão ou tendenciosos juízes e autoridades que julgaram o caso.

Mas é também um tipo de concessão de imunidade, em que se declara afrontosamente que o político que colocamos debaixo das nossas asas não será tocado pelas mãos parciais da Justiça: essa multa ele não paga, nós pagamos.

Há, pois, uma dupla declaração no ato de cobrir a dívida: o que quer ele tenha feito, foi bem feito; se ele por punido, nós o tornaremos impune.

A desobediência civil ante a injustiça parece nobre, exceto pelo fato de que não estamos sob um regime de exceção e o devido processo é de regra. Nos dois casos recentes, de Dallagnol e de Bolsonaro, tratou-se de uma indenização por ataques à honra e de multas por não usar máscara de proteção em atos públicos na pandemia. Nenhum episódio de lawfare ou casuísmo.

Nas "campanhas de solidariedade", como o PT as chamava em 2014, em favor de Genoino ou Dirceu, essas alegações foram feitas e os petistas responderam aos apelos cobrindo as multas aplicadas como parte da condenação dos dois políticos.

Da perspectiva dos beneficiários das campanhas, porém, o negócio escalonou desde então. Genoino e Dirceu apenas cobriram as multas, e algum excedente —pelo que foi noticiado— foi repassado para cobrir débitos de outros condenados menos populares.

Já a campanha "pague por mim a minha punição" foi um negócio da China. Dallagnol devia R$ 75 mil e teve que pedir que parassem quando as doações chegaram a R$ 500 mil. Bolsonaro tinha obrigações de R$ 936.8 mil e, segundo apurou matérias de O Globo, recebeu R$ 17,2 milhões.

Deputados bolsonaristas, ante o susto com a revelação das doações, gabaram-se de que a meta agora é alcançar R$ 22 milhões em doações.

Só faltou o debochado bordão do saudoso Juca Chaves: "Ajudem o Juquinha a comprar seu caviar". No caso, conforme declaração orgulhosa de Bolsonaro, "Dá para pagar contas e comer pastel com Michelle". Contas que, aliás, ainda não foram pagas, embora o dinheiro esteja aplicado.

Um excelente negócio. Mais rápidas do que rachadinhas, mais limpas do que corrupção, vaquinhas para pagar multas ou indenizações se revelaram um método eficaz de enriquecimento de políticos.

É o ponto de vista dos contribuintes que me fascina. Sempre me impressionaram os fiéis das grandes igrejas neopentecostais que, nos ofertórios, doavam joias, escrituras de casas e documentos de venda de carros, numa espécie de barganha com a divindade.

Mas havia uma teologia e crença religiosa ali, nos muitos rituais a que assisti, pois o sujeito lançava a Deus um desafio: eu te dou mais do que posso para provar a minha fé e isso te obriga a cobrir a minha aposta e me devolver em prosperidade, saúde, paz familiar, etc. Para o crente, aquilo, paradoxalmente, faz sentido.

De algum modo, a seita bolsonarista não resolve só abrir um aplicativo bancário para dar R$ 20 milhões a Bolsonaro. Como na megaigreja neopentecostal, a ideia não é dar a única casa da família à obra do Senhor. É um testemunho de fé: provo à comunidade, ao mundo, aos descrentes e, sobretudo, a mim mesmo, que a crença é verdadeira, que o objeto da minha fé é tão excelso que merece o sacrifício.

A igreja ficar rica ou Bolsonaro comprar mais umas mansões para a família é consequência, o importante é que por esse ato me distingo dos incréus e dos vacilantes em sua crença, e me afirmo como devoto e contrito.

O crente —o religioso e o político— vivem da sua fé, mesmo quando os que não compartilham do credo veem o que fazem e apenas o considerem mais um otário enriquecendo o malandro de plantão. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

A espiritualidade metamoderna

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Publicado em 30 julho 2023
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Uma nova espiritualidade ocupa o vácuo criado nas religiões do Ocidente pela hegemonia da guerra cultural

 

Mulher meditando em frente ao mar - Personare

 

Álvaro Machado Dias

Neurocientista, professor livre-docente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e sócio do Instituto Locomotiva e da WeMind

 

A afiliação religiosa está em queda no Ocidente. A exceção costumeiramente apontada é o islamismo, especialmente prevalente nos Estados Unidos. Mesmo lá, porém, estudo da Pew Research mostra que o aumento no número de convertidos se equipara ao de pessoas que deixam a religião, contradizendo a hipótese de crescimento efetivo.

O Brasil não é exceção. Conforme escrevi em um dos artigos que dediquei ao tema: "de acordo com a última pesquisa do Latinobarómetro (2020/2021), os sem religião cresceram 6% entre 2010 e 2020. No mesmo período, os evangélicos tornaram-se 4% mais comuns no Brasil. Isso contrasta com o crescimento de 15% da década anterior".

Em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, o número de jovens sem religião supera o de católicos e evangélicos, mostrando que este não é um fenômeno passageiro.

O que as pesquisas também mostram é que a maioria dos sem religião crê em manifestações ou forças que transcendem a realidade material e recorrem à fé em situações delicadas, o que contradiz a ideia tão disseminada nos círculos cristãos de que a desfiliação surge "porque os jovens estão virando as costas para a vida espiritual".

A minha hipótese é que os seguintes fatores sejam determinantes para o fenômeno: menor protagonismo moral das igrejas, em função da elevação do padrão educacional global, reduzida conexão espiritual com os fiéis no âmbito institucional e rechaço cognitivo-comportamental às visões de mundo das lideranças religiosas. Eu expus esse ponto de vista em um artigo do ano passado. Foi outro dia, mas parece que faz tempo.

A mudança de clima dominante, que vem ganhando forma e que você pode conhecer aqui e aqui, era ainda pouco clara. O fim da pandemia não tinha sido declarado, a polarização estava em seu ápice, não havia chamado para nos unirmos contra os supostos riscos existenciais da inteligência artificial (IA), nem antropoceno, entre outros fenômenos massivos.

Hoje noto que a baixa conexão espiritual dos afiliados ocidentais é mais do que mero fator na afiliação religiosa descendente; ela é a pressão negativa do vácuo para um novo modelo de relacionamento com o invisível: a espiritualidade metamoderna, que este artigo apresenta.

 

RELIGIOSIDADE X ESPIRITUALIDADE

A experiência religiosa é um fenômeno duplo. De um lado, há a doutrina, que tem na escuta atenta a postura receptiva ideal. De outro, a fé ou ‘admiração misteriosa’, domínio do espiritual. Aquela é mais pré-frontal, sendo dependente da formação de modelos mentais coerentes com o dito, enquanto esta se distribui principalmente pela chamada "rede cerebral padrão", ativada na ausência de demandas analíticas, por exemplo, quando devaneamos.

A independência neurológica mostra que estas duas dimensões da experiência religiosa precisam ser nutridas separadamente para vicejar, o que não vem acontecendo, dado a importância exígua dessa segunda dimensão nas práticas religiosas hegemônicas do Ocidente.

Homossexualidade, descriminalização das drogas e outros tópicos centrais à guerra cultural pós-moderna ocupam o espaço que poderia ser dedicado à elevação espiritual dos fiéis na economia da atenção da maioria dos cultos cristãos, ampliando a demanda por formas alternativas de conexão.

"Exercite-se espiritualmente porque isso o ajudará, não só agora, nesta vida, mas também na vida futura", escreveu o apóstolo Paulo, na 1ª. Epístola à Timóteo (Timóteo 4:7-8). A percepção dominante é de que a relevância contextual destas palavras minguou, a despeito da aspiração crescente dos mais jovens por psicotecnologias espiritualizantes, como a explosão de popularidade dos apps de ioga e meditação dos últimos anos atesta.

Isso cria uma dissonância que, especialmente no catolicismo de orientação mais tradicional, é reforçada pela prevalência do princípio de que a vida terrena é puro sofrimento, como em: "A vós bradamos os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas". (Salve Rainha, Herman Contrat, 1050).

Na base deste raciocínio supostamente reconfortante está o princípio de que estamos aqui de passagem, o que, por sua vez, significa que as coisas da vida importam menos do que as do "post mortem". Como acomodar essa orientação em sistemas de entendimento que atribuem ao bem-estar e à longevidade caráter central?

Um grande estudo americano (2016) apresentou a seguinte questão: você prefere ser feliz ou ser o protagonista de grandes realizações? Só 13% escolheram a segunda opção. A taxa atual tende a ser ainda mais baixa, vide a grande demissão nos países ricos e a escalada do nomadismo digital.

Nada é mais distante da maneira como a geração Y dá sentido à vida do que a ideia de que esta se reduz ao campo fenomênico da negatividade e do sacrifício. Trata-se de uma dissonância esperada; afinal, qualquer apartamento da terceira década do século 21 é mais aprazível do que o castelo de Henrique 3,º que reinava sobre as terras onde Contrat escreveu a oração.

A espiritualidade metamoderna emerge do rechaço ao espaço institucional exíguo reservado à espiritualidade e da afirmação da felicidade como a grande missão existencial, concepção que, vale notar, prejudica sua própria realização, ao amplificar os impactos das experiências infelizes.

Seu leitmotiv é a reconexão espiritual. Mas seria errado considerá-la como fruto da transição para uma fase de relacionamento mais direto com o invisível.

Pelo contrário, ela é uma expressão do aumento da racionalização comportamental, em função da elevação do nível educacional e do amplo acesso a informações desmistificadoras e a modelos de subjetivização alternativos, disponibilizados pela internet. A nova forma de relação com o invisível é puro idealismo pragmático.

 

INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL

O que mais marca as manifestações da espiritualidade metamoderna é seu caráter antropofágico. A internet, fonte primária de psicotecnologias na terceira década do século 21, é essencialmente uma câmara de subjetivização antropofágica que os algoritmos lutam para conter em esferas de influência bem discriminadas, sem pleno sucesso.

Este caráter incontido da rede, aliado ao fim do embargo aos psicodélicos, forja um cenário propício para o desenvolvimento de fórmulas abertas para a reconexão.

Budismo, taoísmo, Qi Gong, neoplatonismo, estoicismo inventado, meditação via app, jejum, psilocibina e ayahuasca servem de ingredientes em combos espiritualizantes, tal como sono, árvores e jejum nas posologias dos saudáveis. A adoção é medida aos milhões.

Os elementos são semelhantes, mas o espírito é muito diferente do movimento new age (1970-80). A tendência atual não é em nada contracultural. Pelo contrário, ela está intimamente ligada à divulgação dos trabalhos que mostram que cogumelos mágicos e ayahuasca podem ser bons para as mazelas da alma e que isso tem a ver com a experiência mística induzida.

A mesma coisa pode ser dita sobre a meditação: a Índia deixou de ser a terra da sabedoria há tempos, mas o reconhecimento do valor de práticas típicas do budismo e de outras religiões nascidas no país tornou-se praticamente unânime entre os formadores de opinião da geração Y.

A tendência atual também diverge do new age pela subtração do sexo e da conotação de desrepressiva, que Herbert Marcuse chamou de disrupção repressiva, dado seu potencial para aumentar a repressão.

Em seu lugar entram flow —estado em que comportamentos se acoplam ao mundo, tal como se tivéssemos sendo ajudados de fora— e uma busca ainda maior do que a habitual por sentido, a qual foi intensificada na pandemia, conforme as pesquisas atestam.

Estas direções alinham a espiritualidade à saúde mental, numa espécie de profilaxia cósmica que se quer científica. Sai de cena a busca espiritual antiestablishement e entra a inteligência espiritual —o afã conectivo como defesa contra a praga do sofrimento mental. Num cenário em que depressão e ansiedade atingem máximas históricas, é de se entender que seja assim.

A espiritualidade metamoderna tem ares de soft skill. Não do tipo encontrado em livros como "O Monge e o Executivo" (2010), de natureza puramente profissional, mas como metacompetência, a ser cultivada em casa. Quem respira o novo zeitgeist quer se espiritualizar metodologicamente.

A mudança de orientação é relevante, vide o fato de que, após amplo debate, Howard Gardner, pai do conceito de múltiplas inteligências, desqualificou a ideia de inteligência espiritual (2009), no que foi seguido pelos principais pesquisadores envolvidos neste debate. Tempo, tempo, tempo.

Outro fator digno de nota é o declínio da guruficação típica da era new age. Gurus são os padres desviantes das mulheres adultas. Se você entendeu, é porque também compreendeu: eles são culpados a priori, conforme visto na Netflix.

Essa é a razão mais visível para o seu rareamento, ao passo que a mais profunda é a supremacia da concepção de que o brilho da condição humana surge da cognição distribuída pelas mentes ao redor do mundo e juntada pela rede mundial de computadores.

Assim como quase não existe mais espaço para gênios solitários, quase não existe mais para gurus. Em seu lugar, entram especialistas, ou quase isso, em inteligência espiritual, que além de não contarem com qualquer coisa que lembre a devoção incondicional daqueles, tampouco podem construir cidades indianas no Oregon, já que habitam protocolos HTTPS.

 

KEN WILBER, O METAMODERNO

Ninguém sintetiza melhor os princípios da espiritualidade metamoderna do que Ken Wilber. O intelectual americano desenvolveu um sistema chamado Teoria Integral, cuja complexidade e sofisticação vão muito além do que daria para cobrir aqui. Isso não é um problema, já que as noções que justificam o título desta seção são simples e fundamentam todas as suas teses.

Wilber filia-se à corrente intelectual dos que dividem a espiritualidade em dois grandes eixos: despertamento e crescimento. O primeiro diz respeito à capacidade de se conectar com a dimensão espiritual e, então, de se aprofundar neste processo fundamentalmente sensorial. Por exemplo, existe uma diferença imensa entre o estado de conexão de uma pessoa qualquer e o de um monge tibetano, conforme demonstrado por estudos com ressonância magnética cerebral.

No modelo de Wilber, isso significa que este segundo tipo está muito mais acordado do que você e eu, razão pela qual também tem uma saúde mental superior, a despeito das condições pouco convidativas em que vive.

Psicodélicos se tornaram centrais nessa reconfiguração da espiritualidade porque, ao menos em tese, permitem ao praticante dar saltos não lineares na esfera do despertamento, redefinindo padrões neurais de conectividade de um modo que lembra o que acontece no cérebro dos monges.

Por outro lado, é sabido que a capacidade de secar cobertores molhados na neve e elevar em 8 graus a temperatura dos dedos do pé (1981) não se traduz automaticamente em sabedoria ou mesmo bom senso. Difícil ignorar o dalai-lama pedindo para um menino lhe dar um beijo de língua.

Do lado de cá do mundo é a mesma coisa. O ex-bispo e hoje comentarista político amador Sérgio Von Helder não chutou a imagem de Nossa Senhora Aparecida (TV Record, 1995) por viver um simulacro. Pelo contrário, estivesse ele no mesmo estágio que eu (despertar incipiente), nem sequer lembraria da existência da santa, naquele fatídico Dia da Criança.

A questão que chocou o país é o primitivismo no trato da espiritualidade como uma dimensão que transcende a sua igreja. A mesma lógica se aplica aos terroristas religiosos de A a Z, cuja relação com o invisível facilita imensamente a condução de ataques suicidas.

Wilber chama essa dimensão que parece estar enfraquecida nestes casos de "crescimento espiritual" e a segmenta em 4 estágios: egocêntrico, etnocêntrico, centrado no mundo e cosmológico.

A esquizofrenia é uma doença do neurodesenvolvimento que leva a dificuldades para se desvencilhar do ponto de vista pessoal e enxergar as coisas pela perspectiva do outro. Não por acaso, os episódios psicóticos muitas vezes incluem a experiência de ter sido contatado por Deus, o que é chamado de delírio de referência. É disso que Wilber está falando quando se refere ao estágio de espiritualidade egocêntrica em adultos do século 21.

Estágio etnocêntrico é o do pastor iconoclasta e de todos os grupos religiosos que pregam o amor aos de dentro e cultivam o ódio aos de fora. É, enfim, a regra desde antes das Cruzadas, com suas parcas exceções.

O estágio centrado no mundo é aquele em que estão as pessoas que veem mais do que graça naquele quadro do Porta dos Fundos em que a Clarisse Falcão morre e descobre que o Deus certo é o dos polinésios. Trata-se do estado que cresce com o nível educacional e a defesa dos valores laicos.

Já o estágio cosmológico é o da transcendência da materialidade e da atribuição de alta relevância às coisas comezinhas.

O que torna Wilber metamoderno é a maneira como compõe um mosaico metodologicamente fundamentado de práticas espiritualizantes ocidentais e orientais. Seu sistema de pensamento é como uma pequena internet antropofágica, costurando tudo o que vê pela frente sob a premissa de que importa ser feliz e saudável, aqui e agora.

No entanto, existe um segundo aspecto que reforça esse posicionamento. Ao colocar o etnocentrismo religioso como estágio espiritual pouco elaborado e endossar um modelo de crescimento baseado na diversidade, ele se alinha às crenças hegemônicas das gerações Y e Alpha (nascidos após 2010; crianças e pré-adolescentes), que rechaçam ideias como a de que a homossexualidade é errada pelo simples fato de isso contrastar com os modelos de subjetivação aos quais são expostos no dia a dia, além daquilo que aprenderam na escola, se esta tiver um padrão mínimo de ensino.

Esta perspectiva adiciona um novo sentido ao descompasso entre a aspiração por maior contato com a admiração misteriosa e o espaço institucional exíguo disponibilizado pelas grandes religiões em função da tese de que mais importa investir na guerra cultural: o rechaço às diferentes subjetividades cada vez mais transparece como atraso intelectual ou, na linguagem de Wilber, falta de evolução espiritual —talvez não para o tio do pavê, mas certamente para os novos formadores de opinião.

Essa é a essência da metamodernidade e razão pela qual vejo a espiritualidade como uma de suas dimensões mais determinantes. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

17º Domingo do tempo comum: O TESOURO A SER DESCOBERTO.

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Publicado em 30 julho 2023
  • 17º Domingo do Tempo Comum,
  • Homilia do 17º Domingo do Tempo Comum,
  • Evangelho do 17º Domingo do Tempo Comum,
  • Salomão,
  • O TESOURO A SER DESCOBERTO
  • tesouro

 

Dom Rodolfo Luís Weber

Arcebispo de Passo Fundo (RS)


Tesouros misteriosos aguçam a curiosidade e a imaginação. Tema que inspira livros, filmes, jogos, como também empreendimentos econômicos. Por passatempo e divertimento se organiza a “caça ao tesouro” através de uma série de enigmas e provas a serem superadas para apossar-se do desejado tesouro. O que é um tesouro? Qual é o volume? Qual a quantidade de dinheiro que vale? O tesouro em geral são coisas materiais. É o que está no senso comum. Mas será que só coisas materiais podem ser verdadeiramente tesouros?  

A Palavra de Deus deste domingo (1 Reis 3,5.7-12, Salmo 118, Romanos 8, 28-30 e Mateus 13,44-52) fala de tesouros. São parábolas que partem do cotidiano da vida pera conduzir o ouvinte a algo maior que é o Reino de Deus. Fala de tesouros não materiais, mas imateriais e espirituais. Apresenta o misterioso tesouro de Deus e seu o projeto de vida e amor para as pessoas e a humanidade. Jesus revela aos ouvintes a existência deste tesouro, como também desperta neles o desejo de procurá-lo.  

O tesouro existe, é real. Alcançá-lo é resultado de busca, de opções a serem feitas que resultam em grande alegria. As parábolas descrevem os passos de quem quer se apossar dele. Precisa “vender”, “comprar”. Antes disso vem a decisão de fazer tudo para chegar ao tesouro. Quando se decide pelo mais importante, as outras coisas se tornam secundárias. Renunciar a elas não se torna um peso, pelo contrário um alívio para focar-se no essencial. O investimento no que se quer é uma ação do tempo presente. Não de perde nada, mas se ganha tudo. A parábola aponta para o próprio Jesus, o maior tesouro que a humanidade já recebeu. Seguir a Cristo, estar com Ele exige uma opção consciente e livre que requer tempo e investimento.  

A leitura do primeiro livro dos Reis descobre o tesouro da sabedoria, um bem imaterial e incalculável. Salomão, recém escolhido como rei, é jovem e inexperiente para substituir o pai Davi no governo do povo. Em um ambiente religioso e litúrgico Deus lhe dá a oportunidade de “pedir o que desejar, e eu te darei”. Salomão pede: “Um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal”. Pediu “sabedoria para praticar a justiça”. Não pediu “vida longa, nem riquezas, nem a morte dos inimigos”.  

Salomão pediu “um coração sábio”. O “coração” na bíblia não indica apenas uma parte do corpo, mas sim o âmago da pessoa, a sede das intenções e dos juízos. Podemos dizer, é a consciência da pessoa. Ter “coração sábio” quer dizer ter consciência que sabe ouvir, que é sensível à voz da verdade, e por isso é também capaz de discernir o bem do mal. Salomão pede sabedoria para governar bem.  

Na possibilidade de “pedir o que quiser”, Salomão surpreende. Não é o mais comum pedir sabedoria, normalmente é dinheiro, saúde. O seu pedido permitiu que fizesse um governo “justo” e os outros bens viessem por acréscimo. “Ter um coração sábio” é ter um grande tesouro. A sabedoria não se refere somente à dimensão moral de ter uma consciência reta e realizar o bem e evitar mal. A sabedoria abraça quase todos os setores da formação humana em uma espécie de humanismo integral. Temas sociais como justiça, prudência, relação com o próximo, problemas políticos e diplomáticos, filosóficos e teológicos requerem sabedoria. Numa escala de valores a sabedoria saberá ordenar os valores fundamentais e indispensáveis dos que são secundários, com isso as decisões serão baseadas em valores e não em falsos valores que são palha e pó. Fonte: https://www.cnbb.org.br  

17º Domingo do Tempo Comum: O VALOR DO REINO DE DEUS

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Publicado em 30 julho 2023
  • Evangelho Dominical,
  • 17º Domingo do Tempo Comum,
  • Homilia do 17º Domingo do Tempo Comum,
  • Evangelho do 17º Domingo do Tempo Comum,
  • Reino de Deus
  • Dom Adimir Antonio Mazali
  • Bispo de Erexim
  • O VALOR DO REINO DE DEUS
  • Reino dos Céus
  • sabedoria para praticar a justiça
  • Salamão

 

Dom Adimir Antonio Mazali

Bispo de Erexim (RS)

 

Saúdo com carinho os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. O Evangelho deste Domingo continua a narrativa das parábolas de Jesus sobre o Reino de Deus. O Reino de Deus é o resultado de duas profundas aspirações, a saber: primeiro por parte de Deus, e segundo, por parte do ser humano. O desejo de Deus, tantas vezes expresso na Bíblia, é que a humanidade viva em paz e em harmonia. Que todos possam, como disse o próprio Jesus, ter vida e vida em abundância, conforme relata Jo 10,10. O desejo das pessoas, é ter vida digna numa sociedade, na qual as relações humanas sejam de justiça, de fraternidade, de solidariedade, e o bem comum esteja à frente do bem particular. Por isso, o que Deus quer é aquilo que também aspira ao coração do ser humano.   

Caríssimos irmãos e irmãs. O Evangelho deste Domingo apresenta três parábolas de Jesus. A primeira, relata que “o Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo” (Mt 13,44). A segunda parábola, é um tanto semelhante quando afirma: “O Reino dos Céus é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola” (Mt 13,45-46).  

Estas duas parábolas de Jesus fazem pensar qual é o tesouro ou a pérola de grande valor de nossa vida? Para Jesus, este tesouro ou pérola de grande valor é a justiça do Reino. Diante da descoberta da justiça do Reino, vale a pena arriscar tudo. As duas parábolas mostram a atitude de alguém que, ao fazer esta descoberta em sua vida, vende tudo o que possui para conquistar este tesouro, algo de valor incalculável e que passa a ser o único valor absoluto de sua vida. As parábolas destacam a alegria daqueles que fazem essa descoberta. Perante o valor do tesouro, o Reino de Deus, tudo o resto passa a ser relativo. Trata-se da descoberta do valor absoluto da vida. Como reage quem encontra um tesouro? Como reage quem descobre que a justiça, a verdade, a solidariedade são os únicos caminhos para poder construir uma sociedade nova?  

Prezados irmãos e irmãs. Já a terceira parábola, apresenta o Reino dos Céus semelhante a “uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo o tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para fora e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam” (Mt 13,47-48). Esta parábola prolonga o tema da parábola do joio no meio do trigo (cf. Mt 13,24-30). Trigo e joio crescem juntos. Escatologicamente, esta separação é feita só no fim dos tempos, sendo que a triagem é feita por Deus. A parábola, porém, transmite-nos uma certeza: os “peixes ruins”, assim como o “joio”, são jogados fora, não são acolhidos no Reino. Este é o juízo de Deus.  

Além desses ensinamentos de Jesus, a liturgia da Palavra, deste domingo, ainda nos apresenta a súplica de Salomão ao Senhor. Salamão pediu a Deus “a sabedoria para praticar a justiça” e um coração compreensivo, capaz de governar a vida de acordo com os seus planos, e capaz de discernir sempre entre o bem e o mal” (cf 1Rs5.7-12). É essa sabedoria que também nós pedimos a Deus. E mais, assim como afirma o Apóstolo Paulo, somos “chamados para a salvação” (cf. Rm 8,28-30), a qual nos é dada pela prática da justiça do Reino de que fala Jesus. 

Peçamos a Deus, a graça de alcançar a sabedoria para compreender os sinais e os valores do Reino anunciado por Jesus, a fim de que a salvação que nos é prometida por Ele, conduza nossa vida segundo Sua vontade. Amém! 

Deus abençoe a todos e um bom domingo! Fonte: https://www.cnbb.org.br

DOMINGO 23. DIA MUNDIAL DOS AVÓS E DAS PESSOAS IDOSAS

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Publicado em 23 julho 2023
  • Dia dos Avós e dos Idosos,
  • Dia dos Avós
  • DIA MUNDIAL DOS AVÓS E DAS PESSOAS IDOSAS
  • 3º Dia Mundial dos Avós e das Pessoas Idosas,

 

Dom Jaime Vieira Rocha 

Prezados/as leitores/as! 

Sua misericórdia se estende de geração em geração (cf. Lc 1, 50) 

Esse é o tema escolhido pelo Papa Francisco para o 3º Dia Mundial dos Avós e das Pessoas Idosas, a ser comemorado no próximo dia 23 de julho. O Dia dos Avós e das Pessoas Idosas foi instituído pelo Papa Francisco em 2021. Essa comemoração, instituída pelo Francisco para celebrar os avós e idosos no mês em que a Igreja faz memória de Sant’Ana e São Joaquim, pais de Nossa Senhora e avôs de Jesus, tem o sentido de expressar a atenção, o respeito e o cuidado com aqueles que nos apresentam um caminho de vida cheio de sabedoria. Em sua mensagem, o Papa Francisco ressalta a proximidade dessa comemoração com a Jornada Mundial da Juventude, propondo aquela relação sadia dos jovens e dos idosos: “Neste ano, regista-se uma proximidade estupenda entre a celebração do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos e a Jornada Mundial da Juventude; no tema de ambas, sobressai a ‘pressa’ de Maria (cf. 1, 39) quando visita Isabel, levando-nos assim a refletir sobre a ligação entre jovens e idosos. O Senhor espera que os jovens, ao encontrar os idosos, acolham o apelo a guardar as memórias e reconheçam, graças a eles, o dom de pertencerem a uma história maior”.   

Essa relação deve levar-nos à bela experiência do encontro, da atenção e do reconhecimento da graça divina, presente nos jovens e nos idosos. Justificando a escolha do tema, dentro da relação da Mãe de Jesus com a Mãe do João Batista, o Papa reconhece: “O tema leva-nos a um encontro abençoado: o encontro entre Maria, jovem, e sua parente Isabel, idosa (cf. Lc 1, 39-56). Esta, cheia de Espírito Santo, dirige à Mãe de Deus palavras que, dois milénios depois, cadenciam a nossa oração diária: ‘Bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre’ (1, 42). E o Espírito Santo, que já tinha descido sobre Maria, sugere-Lhe como resposta o Magnificat, onde proclama que a misericórdia do Senhor se estende de geração em geração. O Espírito Santo abençoa e acompanha todo o encontro fecundo entre gerações diversas, entre avós e netos, entre jovens e idosos”. O Papa ainda ressalta que o no encontro da jovem Maria com a idosa Isabel manifestou-se a salvação: “No encontro entre Maria e Isabel, entre jovens e idosos, Deus dá-nos o seu futuro. Na realidade, o caminho de Maria e o acolhimento de Isabel abrem as portas à manifestação da salvação: através do seu abraço, a misericórdia irrompe, com alegre mansidão, na história humana”. 

Por fim, o grande apelo de Papa Francisco, uma expressão de seu coração cheio de ternura para com os idosos e os jovens: “A vós, jovens, que estais a preparar-vos para partir para Lisboa ou que vivereis a Jornada Mundial da Juventude na própria localidade, quero dizer: antes de sair para a viagem, ide visitar os vossos avós, fazei uma visita a um idoso sozinho. A sua oração proteger-vos-á e levareis no coração a bênção daquele encontro. A vós, idosos, peço para acompanhardes com a oração os jovens que estão prestes a celebrar a JMJ. Aqueles jovens são a resposta de Deus aos vossos pedidos, o fruto daquilo que semeastes, o sinal de que Deus não abandona o seu povo, mas sempre o rejuvenesce com a criatividade do Espírito Santo”. 

Celebremos esse dia – Dia Mundial dos Avós e das Pessoas Idosas – com grande alegria, com gratidão e peçamos ao Senhor Deus que nos dê sempre um coração generoso, agradecido pelo dom imenso dos avós e das pessoas idosas. Eles são a maturidade da vida que todos necessitamos de contemplar. Jovens, tenham paciência com as pessoas idosas. Idosos não deixem de transmitir a todos, especialmente aos jovens, a força, o vigor e a grande esperança de que todos eles possam viver em dignidade, em generosidade e grande partilha de coração, de amor. À Pastoral da Pessoa Idosa, presente em nossas paróquias, concedo minha bênção e as mais cordiais congratulações pelo trabalho realizado em favor das pessoas idosas. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Na Paraíba: pastor é investigado por prática de estelionato contra fiéis da Igreja; valores podem chegar a R$ 3 milhões

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Publicado em 22 julho 2023
  • Assembleia de Deus
  • pastor é investigado por prática de estelionato contra fiéis da Igreja
  • Polícia Civil da Paraíba
  • bairro de Jaguaribe,

Felipe Nunes/Portal Paraíba

Em entrevista, a delegada Sileide Azevedo disse que os prejuízos causados por um  possível crime de estelionato praticado por um pastor da Assembleia de Deus, dirigente de uma congregação no bairro de Mangabeira, em João Pessoa contra os próprios fiéis, podem chegar a R$ 3 milhões. A delegada explicou revelou ainda  que a denúncia foi formalizada pela própria igreja, que também foi vítima de dilapidação por parte do pastor.

Sileide Azevedo disse ainda que  a Polícia Civil da Paraíba instaurou, nesta quarta-feira (19), um inquérito policial para apurar o crime. A investigação foi aberta depois que, esta semana, membros da congregação local procuraram a diretoria da igreja, no bairro de Jaguaribe, onde fica situado o templo central, para denunciar as possíveis irregularidades praticadas por Péricles Cardoso. Suspeita-se de que a própria denominação tenha sido vítima das irregularidades.

De acordo com uma fonte da igreja evangélica, ouvida pela reportagem do blog Agenda Política, o pastor persuadia as vítimas a transferirem valores correspondentes a seus limites de cartão de crédito para uma conta bancária ligada a ele. O pastor prometia devolver os valores por meio de pagamentos mensais, porém não honrava o compromisso.

Para conseguir que os membros fizessem essa transferência, o pastor utilizava, dentre outros argumentos, a ideia de que a igreja precisava do valor para a realização de alguma ação ou obra. Conforme a apuração inicial do blog, dezenas de pessoas teriam caído no golpe e resolveram denunciar a situação à liderança da igreja, que interveio no caso.

Desde que o suposto golpe foi revelado, os cultos na congregação de Mangabeira estão sendo dirigidos pelo presidente da Assembleia de Deus na Paraíba, o pastor José Carlos de Lima, que lidera cerca de 150 templos somente em João Pessoa.

A denominação ainda não se pronunciou oficialmente, mas uma liderança da igreja disse ao blog, de forma reservada, que a Assembleia de Deus pretende acionar o pastor supostamente golpista na Justiça, já que há suspeitas de que ele possa ter utilizado recursos da própria igreja para a prática das irregularidades.

Com a abertura do inquérito, a Polícia Civil já começou a ouvir vítimas e lideranças da igreja sobre o caso. O paradeiro do pastor Péricles não era conhecido até a publicação desta reportagem. Fonte: https://www.falaparaiba.com

Os motivos que levaram Arcebispo a renunciar em Aracaju

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Publicado em 20 julho 2023
  • Dom João José Costa,
  • arquidiocese de Aracaju,
  • Arcebispo metropolitano de Aracaju
  • Renuncias de Dom João José Costa
  • dom João José Costa renunciou ao cargo de Arcebispo Metropolitano de Aracaju

Dom João José Costa — Foto: Arquidiocese de Aracaju

Como NE Notícias informou, dom João José Costa renunciou ao cargo de Arcebispo Metropolitano de Aracaju.

 

Em sua carta renúncia, o Arcebispo atribuiu ao cansaço e limitações da Saúde:

Neste momento de minha vida, consciente das minhas limitações e vulnerabilidades,  diante da fadiga que me impõe o ministério, sem fugir às minhas responsabilidades, em atitude de escuta e acatamento obediente da vontade do Senhor e da Igreja, coloquei nas mãos do Santo Padre a minha missão como bispo e o caminho pastoral  de nossa querida Arquidiocese. Compreendo que esta decisão, amadurecida não sem sofrimento, seja para o meu bem e para o proveito comum de nossa igreja particular, neste momento singular de sua história.

Compartilhamos o inteiro teor da carta do arcebispo dom João José Costa, dirigida à igreja particular de aracaju, pela qual ele explicita as razões do seu pedido de renúncia ao ofício de arcebispo metropolitano de Aracaju. O pedido foi aceito pelo Papa Francisco, nesta quarta-feira, 19 de julho.:

 

À igreja particular de Aracaju

Dirijo-me aos membros do Clero Arquidiocesano, aos diáconos e seminaristas, aos religiosos e religiosas, aos cristãos leigos e leigas envolvidos nas pastorais, serviços e movimentos, aos fiéis das paróquias e comunidades da nossa amada Arquidiocese de Aracaju e a todos aqueles que caminharam comigo, colaborando diretamente na missão pastoral que me foi confiada.

Desde 2014, quando o Santo Padre me nomeou Arcebispo Coadjutor, confirmando-me depois, em 2017, como Arcebispo Metropolitano, obediente ao mandado recebido da Santa Igreja, busquei servir com amor e dedicação a esta porção do povo de Deus que está na Arquidiocese de Aracaju, não obstante a minha pequenez e as minhas fragilidades. Tenho consciência do meu esforço quotidiano em cumprir o meu dever de pastor durante todo esse tempo, marcado por desafios, exigências que, às vezes, pareciam superar as minhas capacidades de habilidades. Sempre senti e confessei a presença do Senhor ao meu lado em cada passo do meu caminho, ao experimentar a força de sua graça em minha vida, através de tantos dons e estímulos concedidos à minha fraqueza, para que eu pudesse servir com generosidade ao seu Povo Santo. Sua misericórdia não me abandonou em nenhuma circunstância da minha caminhada e a força do seu amor sempre me abraçou, sobretudo nos momentos de maior fragilidade. Por isto, nesta ocasião, com o coração agradecido, elevo a Deus a mais sincera demonstração de reconhecimento, ao sentir que não corri em vão.

Reconheço o bem que procuramos fazer, juntamente com tantos colaboradores, envolvidos nos vários âmbitos da vida e da missão de nossa igreja particular, homens e mulheres que não hesitam em oferecer os seus dons e talentos, muitas vezes sacrificando-se, tendo como único fim o crescimento da comunidade eclesial e a glória de Deus. Dentre os cooperadores, dirijo um pensamento agradecido aos sacerdotes que, pela graça do Sacramento da Ordem, estiveram mais intimamente unidos à pessoa do Bispo, como servidores, compartilhando a missão comum de pastorear, ensinar e santificar os fiéis. Que Deus os abençoe e os santifique, concedendo a cada um o prêmio dos servidores fiéis.

Os vários encontros com os fiéis, nas celebrações, nos ambientes formais e informais, são também motivo da minha gratidão ao Senhor, e sobretudo quando reunimos as forças vivas de nossa igreja particular para pensar e construir caminhos e diretrizes para a ação evangelizadora, desenhando percursos para a nossa missão comum. Agradeço a Deus pelos autênticos momentos de proximidade, vividos particularmente juntos aos mais vulneráveis, os sofredores e pobres, a quem busquei oferecer o unguento da consolação. Eles, como bússola, indicaram o horizonte seguro do meu ministério e da realização da minha vocação.

Neste momento de minha vida, consciente das minhas limitações e vulnerabilidades, diante da fadiga que me impõe o ministério, sem fugir às minhas responsabilidades, em atitude de escuta e acatamento obediente da vontade do Senhor e da Igreja, coloquei nas mãos do Santo Padre a minha missão como bispo e o caminho pastoral de nossa querida Arquidiocese. Compreendo que esta decisão, amadurecida não sem sofrimento, seja para o meu bem e para o proveito comum de nossa igreja particular, neste momento singular de sua história.

Peço a compreensão de todos, ao mesmo tempo em que me penitencio por qualquer incômodo ou sofrimento que possa ter causado a alguém, por conta das minhas fraquezas. Conto com a caridade e a oração de todos, para que possa, em outra fronteira, continuar servindo, com amor à Igreja, a quem dediquei toda a vida, fiel à minha condição de discípulo, a mais nobre de todas as distinções de quem recebeu a indelével marca de Cristo Senhor. Que a Imaculada Mãe de Deus, Senhora do Carmelo e minha mãe, receba o meu presente e o meu futuro em suas mãos maternais. Que São José, patrono da Igreja, conduza-me em meu caminhar, para que este momento, serenamente acolhido e vivido, seja ocasião para que eu possa testemunhar, mais uma vez, a fidelidade à minha vocação e o meu amor obediente a Deus e à Igreja.

 

Aracaju, 19 de julho de 2023

Em Cristo Jesus, Servo e Pastor.

Dom João José Costa, O. Carm.

Arcebispo Metropolitano de Aracaju

Fonte: https://www.nenoticias.com.br

Papa Francisco convida duas brasileiras para participar do Sínodo dos Bispos

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Publicado em 15 julho 2023
  • Cáritas,
  • sínodo no Vaticano
  • Papa Francisco convida duas brasileiras para participar do Sínodo
  • Sônia Gomes de Oliveira,
  • Conselho Nacional do Laicato do Brasil,
  • Maria Cristina dos Anjos,
  • Igreja Católica no Brasil

Mulheres negras de Minas Gerais vão ao Vaticano integrar evento tradicionalmente composto pela hierarquia da igreja

  

Maria Cristina dos Anjos, 61, e Sônia Gomes de Oliveira, 54, brasileiras convidadas pelo papa Francisco para o sínodo no Vaticano - Divulgação

 

Jeferson Batista

O movimento do papa Francisco de aproximar a sociedade civil das discussões da Igreja Católica abriu as portas para duas mulheres negras do Brasil, convidadas pelo pontífice para participar da primeira etapa global do atual sínodo, em outubro, no Vaticano.

Tradicionalmente, apenas bispos participam dos sínodos. Sob a batuta de Francisco, agora as mulheres ganham espaço mais relevante.

Sônia Gomes de Oliveira, 54, líder do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, e Maria Cristina dos Anjos, 61, assessora de migração da Cáritas, fazem parte da lista dos 70 católicos —35 mulheres e 35 homens— escolhidos pelo próprio pontífice para integrarem o encontro.

As brasileiras, mulheres negras e do estado de Minas Gerais, têm ampla atuação em projetos sociais ligados à Igreja Católica no Brasil e serão observadoras na reunião, tendo espaço também para falas.

"Levo comigo a representatividade do laicato, de uma mulher preta do sertão mineiro e os gritos de grupos como pessoas encarceradas, LGBTQIA+, da juventude, dos indígenas e dos povos tradicionais", diz Oliveira, que lidera a organização dos católicos leigos brasileiros.

Já Maria Cristina dos Anjos diz que o sínodo, ao incluir a participação ativa dos que não são bispos, abre esperança de que agendas debatidas há anos ganhem mais espaço. Além de fazer parte da Cáritas, ela integra uma comissão do Conselho Episcopal Latino-Americano que discute a participação das mulheres na igreja e na sociedade.

O modelo do sínodo, criado pelo papa Paulo 6º em 1965, é uma reunião episcopal convocada pelos pontífices para discutir temas relacionados à instituição. Sob a liderança de Francisco, a igreja já discutiu questões como família, em 2015, juventude (2018) e Amazônia (2019).

Com o tema "Comunhão, Participação e Missão", o processo sinodal agora em andamento começou em 2021 e deve ser concluído em 2024. O primeiro passo foram as assembleias em paróquias e dioceses. No próximo mês de outubro, ocorre a primeira fase global. A etapa final, por sua vez, está prevista para um ano depois, também em Roma.

As brasileiras convidadas por Francisco relatam que o papel das mulheres na igreja, a diversidade sexual e de gênero, o combate ao racismo e os direitos dos migrantes foram alguns dos temas em destaque nas conversas que ocorreram nas etapas anteriores.

São, afinal, demandas globais —em junho, o Vaticano publicou um documento preparatório, elaborado a partir de uma consulta global sobre o futuro da igreja, que aborda questões relacionadas a sexualidade, divórcio, celibato dos padres e diaconato para mulheres.

Em um trecho, o texto questiona: "Como pode a igreja do nosso tempo cumprir melhor sua missão por meio de um maior reconhecimento e promoção da dignidade batismal das mulheres?".

Mas as mudanças de Francisco no sínodo e também as discussões mais progressistas encabeçadas pelo papa não são aceitas de forma pacífica em todos os segmentos católicos.

"As tensões aparecem porque os temas estão relacionados com as estruturas da igreja, com o espaço de poder", diz o cientista social Leon Souza, diretor da Casa Galileia, ONG especializada em mobilização de públicos religiosos. Para ele, o conflito surge por conta da tentativa de romper com o muro do clericalismo e com a estrutura engessada do catolicismo institucional.

Dos Anjos diz acreditar que os representantes da América Latina estão comprometidos em não deixar de lado as questões levantadas na etapa regional. "Espero que todos possam falar e ser ouvidos. Porém, não dá para dizer até onde conseguiremos avançar."

Oliveira, por sua vez, afirma que a inclusão de não bispos é uma demonstração do papa Francisco de que os leigos não são "objetivos de segunda qualidade" na igreja. "Muitos bispos ainda não entenderam nosso papel, mas o papa Francisco entendeu."

Além dos fiéis convidados pelo papa, a lista divulgada pelo Vaticano conta com 363 participantes, incluindo padres, freiras, bispos e leigos. O número total de mulheres presentes no encontro é de 85.

Ao todo, 13 brasileiros devem participar da reunião. Dos Anjos e Oliveira compartilharão espaço com nomes da alta hierarquia da igreja no país, como o cardeal Sérgio da Rocha, arcebispo de São Salvador (BA) e Dom Jaime Spengler, presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

"Garantimos representatividade, mas a assembleia ainda é um sínodo dos bispos. Portanto, a dimensão episcopal está salvaguardada", afirmou o cardeal maltês Mario Grech, secretário-geral do sínodo, em recente comunicado divulgado pelo Vaticano. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

UM POLÍTICO SANTO

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Publicado em 12 julho 2023
  • Dom Fernando Arêas Rifan,
  • UM POLÍTICO SANTO
  • Tomás More
  • São Tomás More,

Dom Fernando Arêas Rifan

Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney 

 

Isso existiu, acreditem, por mais raro que seja! Foi São Tomás More, proclamado pelo Papa São João Paulo II padroeiro dos governantes e dos políticos.  

Nascido em Londres em 1478, estudou em Oxford e aos vinte e dois anos já era doutor em direito e brilhante professor, tornando-se logo um renomado intelectual, literato e político. Casou-se, teve quatro filhos, foi um excelente esposo e pai, vivendo sempre como virtuoso cristão. Dedicava-se à oração e à penitência e participava das Missas na Igreja paroquial. Foi eleito duas vezes para o Parlamento, Representante da Coroa, Juiz, Cavaleiro, Presidente da Câmara dos Comuns e Chanceler do Reino da Inglaterra. Estimado por todos pela sua integridade moral, caráter aberto e divertido, argúcia de pensamento e erudição extraordinária, sempre amigo dos pobres e necessitados, nunca aceitou propinas ou subornos no exercício de sua profissão. Em 1532, não querendo dar o seu apoio ao plano de Henrique VIII que desejava dissolver o próprio casamento para se casar com outra mulher e assumir o controle da Igreja na Inglaterra, opôs-se duramente a isso e pediu demissão do seu cargo. Retirou-se da vida pública, resignando-se a sofrer a pobreza e o abandono de muitos que, na prova, se revelaram falsos amigos. 

Recusou-se a comparecer aos cerimoniais de coroação da nova rainha, amante do rei. Constatando a firmeza irremovível com que ele recusava qualquer compromisso contra a própria consciência, o rei mandou prendê-lo, em 1534, na Torre de Londres, onde foi sujeito a várias formas de pressão psicológica. Mas Tomás More não se deixou vencer, resistindo aderir ao cisma do rei e defendendo a indissolubilidade do matrimônio. À pressão da sua família para que cedesse, ele respondeu: “Se tivesse duas almas, poderia arriscar uma delas, mas como só tenho uma, preciso salvá-la”. Na prisão escreveu o Diálogo do Conforto nas Tribulações.  

Foi condenado por alta traição a ser decapitado. Mesmo condenado, não perdeu o seu peculiar bom humor cristão, sua naturalidade e simplicidade. No dia da execução, pediu ajuda para subir ao cadafalso. E disse ao povo: “Morro leal a Deus e ao Rei, mas a Deus antes de tudo”. E abraçando o carrasco, disse: “Coragem, amigo, não tenhas medo! Mas como tenho o pescoço muito curto, atenção! Está nisso a tua honra!” E pediu para que não lhe estragasse a barba, porque ela, ao menos, não cometera nenhuma traição. Morreu no dia 6 de Julho de 1535. Foi beatificado em 1886 por Leão XIII e canonizado em 1935 por Pio XI. 

Nesse clima de corrupção e venalidade que invadiu o mundo político, possa o exemplo de S. Tomás More ensinar aos nossos governantes e políticos, atuais e futuros, que o homem não pode se separar de Deus, nem a política da moral, e que a consciência não se vende por nenhum preço, mesmo que isto nos custe caro e até a própria vida. O legítimo laicismo, que é a independência dos poderes da Igreja e do Estado, não isenta a “César” do dever de dar a Deus o que é de Deus.  Recomendo a todos o excelente filme, vencedor de seis Oscar, cujo título resume bem a vida de São Tomás More: “O homem que não vendeu a sua alma”.  Fonte: https://www.cnbb.org.br

Papa convida líder católico que defende direitos LGBTQIA+ para sínodo

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Publicado em 09 julho 2023
  • Papa Francisco,
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  • Papa convida líder católico que defende direitos LGBTQIA+ para sínodo
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  • Sínodo Católico

James Martin, um defensor dos LGBTQIA+ na Igreja Católica, vai participar de uma das assembleias mais importantes do Vaticano.

 

 Imagem sem data mostra James Martin e o Papa Francisco — Foto: Reprodução/outreach.faith

Por g1

O Vaticano divulgou a lista de convidados do próximo Sínodo, que vai acontecer em outubro, e um dos convidados do Papa Francisco é o jesuíta James Martin, um defensor dos LGBTQIA+ na Igreja Católica.

O Sínodo Católico é uma assembleia convocada pelo papa na qual se discutem questões importantes sobre temas relacionados à fé.

Martin tem uma organização nos EUA chamada Outreach, que se define como uma organização católico LGBTQIA+ que publica artigos, ensaios e fontes de informação para católicos LGBTQIA+, suas famílias e amigos e também para aqueles quem ministram na Igreja Católica em todo o mundo.

A organização afirma que, de fato, na Bíblia há algumas referências à homossexualidade que condenam a prática, mas o libro também tem códigos morais que orientações éticas que os cristãos contemporâneos ignoram (por exemplo, no Novo Testamento, São Paulo fala para os escravos serem obedientes a seus mestres e que as mulheres devem ficar em silêncio nas igrejas).

Martin já trocou cartas com o Papa Francisco sobre o tema.

O papa havia dado entrevistas nas quais tinha dito que a homossexualidade não deveria ser criminalizada.

Em seu texto para a Outreach, Fracisco diz que quando afirmou que a homossexualidade é um pecado, estava se referindo ao ensinamento moral católico, que diz que todo ato sexual fora do casamento é um pecado. “É claro que também se deve considerar as circunstâncias, que podem diminuir ou eliminar a culpa. Como você pode ver, eu estava repetindo algo em geral. Eu deveria ter dito ‘É um pecado, assim como qualquer ato sexual fora do casamento’”, afirmou ele. Fonte: https://g1.globo.com

Domingo 9. 14º Domingo do Tempo Comum: Um Olhar

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Publicado em 08 julho 2023
  • Dom Rodolfo Luís Weber,
  • 14º Domingo do Tempo Comum,
  • Homilia do 14º Domingo do Tempo Comum
  • arcebispo dom Rodolfo Luís Weber

MANSO E HUMILDE DE CORAÇÃO 

 

 

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

Jesus reza louvando o “Pai, Senhor do céu e da terra”, porque aos pequeninos foram revelados os mistérios divinos. A seguir faz um convite: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomais sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. A liturgia dominical (Mateus 11, 25-30, Zacarias 9,9-10, Salmo 144 e Romanos 8,9.11-13) revela um rosto divino que é humilde de coração, justo, salvador e manso. 

Vivemos num tempo em que tudo deve ser excepcional, extraordinário, grandioso, super, hiper, mega, nota mil, entrar no guinness. Da parte de Deus também se espera ações milagrosas, intervenções impactantes. Parece que se tem medo das coisas normais, simples e humildes. Os textos bíblicos nos convidam a valorizar, redescobrir e propagar que a simplicidade, a humildade é algo belo e bom. Simplicidade não é ser simplista, mas ser capaz de reconduzir as múltiplas coisas ao que é essencial, pois isto fundamenta a vida.  

A oração de Jesus se volta ao “Pai, Senhor do céu e da terra”. Uma oração de louvor porque os “pequeninos” e não os “sábios e entendidos” foram os destinatários das “coisas” de Deus. O primeiro ensinamento de Jesus é tornar-nos capazes de louvar. O que é louvar a Deus? “O louvor é a forma de oração que reconhece o mais imediatamente possível que Deus é Deus! Canta-o pelo que ele mesmo é, lhe dá glória, por aquilo que Ele é mais do que por aquilo que ele faz. Participa da bem-aventurança dos corações puros que o amam na fé antes de o verem na glória. Por ela, o Espírito se associa a nosso espírito para atestar que somos filhos de Deus, dando testemunho ao Filho único, em quem somos adotados e por quem glorificamos o Pai. O louvor integra as outras formas de oração e as leva àquele que é a sua fonte e seu término: “existe um só Deus, o Pai, do qual vem todos os seres e para ao qual nós existimos “(1 Cor 8,6) (Catecismo da Igreja Católica, n.2639). Portanto, a oração de louvor é totalmente desinteressada, dirige-se a Deus, o canta por ele mesmo, lhe dá glória por aquilo que Ele é, mais do que pelo que Ele faz.  

O convite de Jesus se dirige aos “cansados e fatigados sob o peso dos fardos”. As causas da fadiga e do cansaço são as mais variadas. Uma multidão não tem as condições para satisfazer as necessidades básicas: alimento, saúde, casa. Há muitos refugiados e migrantes a procura de um lugar mais digno. Outros têm as condições materiais ou até demais, mas vivem insatisfeitos e uma vida sem sentido. A todos se dirige o convite de Jesus: “Vinde a mim, todos vós ….”. 

Jesus promete dar a todos “alívio’, mas sob uma condição. “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração”. O que é o “jugo”, que em vez de pesar alivia, e em vez de esmagar conforta? O “jugo” de Cristo é a Lei do AMOR, é o seu mandamento deixado para os discípulos e para todos os seguidores. É o seu modo de agir, de se relacionar, de se posicionar diante das múltiplas situações vitais. Quando se coloca um jugo ou uma canga num animal é para permitir que possa potencializar a sua força e realizar a tarefa com menos dor e sofrimento. É um auxílio necessário.  

Amar é um “jugo” porque é o verdadeiro remédio para as feridas da humanidade, quer materiais, como a fome e as injustiças, quer para dar um sentido para a vida, quer para os problemas éticos por dar um parâmetro. Para o cristão a fonte do amor é Deus. Jesus pede para aceitar o jugo do amor que faz a pessoa humilde, simples e “ter um coração semelhante ao do Senhor”, como se reza na Ladainha do Sagrado Coração de Jesus. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Sexta-feira, 7º de julho. 13ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do Dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 06 julho 2023
  • Artigos do Frei Carlos Mesters,
  • Frei Carlos Mesters,
  • Biblista Frei Carlos Mesters,
  • lectio divina,
  • Evangelho do Dia com Frei Carlos Mesters,
  • EVANGELHO DO DIA-LECTIO DIVINA,
  • Mensagem do Frei Carlos Mesters,
  • Frei Carlos Mesters, O. Carm
  • Lectio Divina do Frei Carlos Mesters,

 

1) Oração

Ó Deus, pela vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mt 9, 9-13)

9Saindo daí, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse: "Siga-me!" Ele se levantou, e seguiu a Jesus.
10Estando Jesus à mesa em casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e pecadores foram e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos.
11Alguns fariseus viram isso, e perguntaram aos discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?"
12Jesus ouviu a pergunta e respondeu: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes.
13Aprendam, pois, o que significa: 'Eu quero a misericórdia e não o sacrifício'. Porque eu não vim para chamar justos, e sim pecadores."

 

3) Reflexão

O Sermão da Montanha ocupou os capítulos 5 a 7 do evangelho de Mateus. A parte narrativa dos capítulos 8 e 9, tem como finalidade mostrar como Jesus praticava o que acabava de ensinar. No Sermão da Montanha, ele ensinou o acolhimento (Mt 5,23-25.38-42.43). Agora, ele mesmo o pratica acolhendo leprosos (Mt 8,1-4), estrangeiros (Mt 8,5-13), mulheres (Mt 8,14-15), doentes (Mt 8,16-17), endemoninhados (Mt 8,28-34), paralíticos (Mt 9,1-8), publicanos (Mt 9,9-13), pessoas impuras (Mt 9,20-22), etc. Jesus rompe com as normas e costumes que excluíam e dividiam as pessoas, isto é, o medo e a falta de fé (Mt 8,23-27) e as leis da pureza (9,14-17), e não faz segredo das exigências para os que querem segui-lo. Eles terão que ter a coragem de largar muita coisa (Mt 8,18-22). Assim, nas atitudes e na prática de Jesus, aparece em que consistem o Reino e a observância perfeita da Lei de Deus.

Mateus 9,9:  O chamado para seguir Jesus.

As primeiras pessoas chamadas para seguir Jesus eram quatro pescadores, todos judeus (Mt 4,18-22). Agora, Jesus chama um publicano, considerado pecador e tratado como impuro pelas comunidades mais observantes dos fariseus. Nos outros evangelhos, este publicano se chama Levi. Aqui, o nome dele é Mateus que significa dom de Deus ou dado por Deus. As comunidades, em vez de excluir o publicano como impuro, devem considerá-lo como um Dom de Deus para a comunidade, pois a presença dele faz com que a comunidade se torne sinal de salvação para todos! Como os primeiros quatro chamados, assim o publicano Mateus larga tudo que tem e segue Jesus. O seguimento de Jesus exige ruptura. Mateus largou a coletoria, sua fonte de renda, e foi atrás de Jesus!

Mateus 9,10: Jesus senta à mesa junto com pecadores e publicanos

Naquele tempo, os judeus viviam separados dos pagãos e dos pecadores e não comiam com eles na mesma mesa. Os judeus cristãos deviam romper este isolamento e criar comunhão de mesa com os pagãos e os impuros. Foi isto que Jesus ensinou no Sermão da Montanha como sendo uma expressão do amor universal de Deus Pai. (Mt 5,44-48). A missão das comunidades era oferecer um lugar aos que não tinham lugar. Mas esta nova lei não era aceita por todos. Em algumas comunidades, as pessoas vindas do paganismo, mesmo sendo cristãs, não eram aceitas na mesma mesa (cf. At 10,28; 11,3; Gal 2,12). O texto do evangelho de hoje mostra como Jesus comia com publicanos e pecadores na mesma casa e na mesma mesa.  

Mateus 9,11: A pergunta dos fariseus

Para os judeus era proibida a comunhão de mesa com publicanos e pagãos, mas Jesus nem liga. Ele até faz uma confraternização com eles. Os fariseus, vendo a atitude de Jesus, perguntam aos discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?" Esta pergunta pode ser interpretada como expressão do desejo deles de quererem saber por que Jesus agia assim. Outros interpretam a pergunta como crítica deles ao comportamento de Jesus, pois durante mais de quinhentos anos, desde os tempos do cativeiro na Babilônia até à época de Jesus, os judeus tinham observado as leis da pureza. Esta observância secular tornou-se para eles um forte sinal identidade. Ao mesmo tempo, era fator de sua separação no meio dos outros povos. Assim, por causa das leis da pureza, não podiam nem conseguiam sentar na mesma mesa para comer com pagãos. Comer com pagãos significava contaminar-se, tornar-se impuro. Os preceitos da pureza legal eram rigorosamente observados, tanto na Palestina como nas comunidades judaicas da Diáspora. Na época de Jesus, havia mais de quinhentos preceitos para preservar a pureza. Nos anos setenta, época em que Mateus escreve, este conflito era muito atual.

Mateus 9,12-13: Eu quero misericórdia e não sacrifício

Jesus ouviu a pergunta dos fariseus aos discípulos e responde com dois esclarecimentos. O primeiro é tirado do bom senso: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes”. O outro é tirado da Bíblia: “Aprendam, pois, o que significa: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício”. Por meio destes dois esclarecimentos Jesus explicita e esclarece a sua missão junto ao povo: “Eu não vim para chamar os justos, e sim os pecadores".  Jesus nega a crítica dos fariseus, nem aceita os argumentos deles, pois nasciam de uma idéia falsa da Lei de Deus. Ele mesmo invoca a Bíblia: "Eu quero misericórdia e não sacrifício!" Para Jesus a misericórdia é mais importante que a pureza legal. Ele apela para a tradição profética para dizer que a misericórdia vale mais para Deus do que os todos sacrifícios (Os 6,6; Is 1,10-17). Deus tem entranhas de misericórdia, que se comovem diante das faltas do seu povo (Os 11,8-9).

 

4) Para um confronto pessoal

  1. Hoje, na nossa sociedade, quem é o marginalizado e o excluído? Por que? Na nossa comunidade temos preconceitos? Quais? Qual o desafio que as palavras de Jesus colocam para a nossa comunidade hoje?
  2. Jesus manda o povo ler e entender o Antigo Testamento que diz: "Quero misericórdia e não sacrifício". O que Jesus quer com isto para nós hoje?

5) Oração final

Feliz o homem que observa os seus preceitos, e de todo o coração procura a Deus! De todo o coração eu vos procuro, não deixeis que eu abandone a vossa lei! (Sl 118, 2.10)

Quem é Jessé Aguiar, cantor gay que deixou o gospel e divide feito com Tom Jobim

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Publicado em 06 julho 2023
  • homossexualidade e religião,
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  • Igreja e homossexualidade
  • Jessé Aguiar,
  • Está Tudo Bem
  • gospel
  • Não Sou de Me Entregar

 

Artista, que tem louvor entre as dez canções brasileiras mais gravadas de todos os tempos, agora se lança na música pop

 

Anna Virginia Balloussier

Jessé Aguiar compôs "Está Tudo Bem" quando nada estava bem. A música o colocou na lista das dez canções brasileiras mais gravadas de todos os tempos, uma façanha e tanto para um jovem de 21 anos pouco conhecido fora do meio gospel.

Ocupando a décima posição, com 220 adaptações de seu louvor cristão, ele é o único artista vivo num ranking povoado por medalhões, que vão de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, na cabeceira com "Garota de Ipanema", a Cartola e Pixinguinha.

Mas Jessé não estava num bom momento quando escreveu a letra em que simula uma conversa com Deus —"Pai, tu sabe das feridas que eu carrego/ de alguns confrontos que só tu assistiu/ eu sei que com Cristo vai ficar tudo bem".

Acontece que Jessé é evangélico e gay, um binômio que lhe parecia impossível depois de uma vida toda escutando na igreja que ser homossexual era pecado aos olhos de Deus.

Jessé estava em depressão quando criou "Está Tudo Bem". Tentou se matar com uma overdose de remédios, em 2020. Três anos depois, fez as pazes com Cristo e começou uma revolução em sua vida que incluiu se assumir LGBTQIA+ e ainda assim um servo do Senhor.

Primeiro foi o divórcio com a indústria gospel, seguindo os passos de outras duas artistas de quilate no meio —Priscilla Alcantara, vencedora do reality show "The Masked Singer Brasil, da Globo, e Jotta A, que se descobriu trans após anos se sentindo sufocada na pele masculina.

Como as duas colegas, Jessé trocou uma bem-sucedida carreira na música cristã pelo mercado secular, adjetivo que evangélicos usam para se referir àqueles alheios à sua fé.

Ele nutria números superlativos com sua pose de bom cristão. O clipe de "Alívio" sozinho, seu maior sucesso, foi visto 213 milhões de vezes no YouTube. As sertanejas Maiara e Maraisa entoaram no velório da amiga Marília Mendonça a canção, sobre extrair de Jesus o "combustível para continuar".

Jessé quer continuar, mas de outro patamar. Ele lança nesta quarta-feira (12) um single secular, "Não Sou de Me Entregar". Distribuído pela ADA Music, divisão de música independente do Warner Music Group, o pop sentimental começa com sons que emulam batidas de coração e tratam de uma paixão por alguém que o tem nas mãos.

Ele anunciou em fevereiro sua saída do gospel, terminando o contrato com a gravadora Todah Music, que representa de Davi Sacer, artista forte do gênero, à mirim Ana Julia Canela de Fogo. A decisão chegou ao público por meio de um vídeo compartilhado nas redes sociais. Nele, Jessé dizia que sua "fé ímpar" e "não vinculada ao sistema" permanecia intacta.

Dois meses antes, o cantor horrorizou conservadores ao aparecer cantando hits sensuais de Anitta e Luísa Sonza. A escolha musical nem foi o pior para a audiência recatada. Isso porque ele estava num carro com outro rapaz. Com tintas sensacionalistas, O Fuxico Gospel, site de fofocas do segmento, manchetou: "Vídeo de Jessé com namorado é o que faltava para ele sair do armário".

Em junho, o artista decidiu que era hora de assumir a narrativa da própria vida. "Tenho 21 anos e sou gay", disse. "Isso para alguns vai ser um choque. Outras [pessoas] vão até brincar: choca um total de zero pessoas."

Ele contou então que a identidade sexual já lhe era clara desde os 12 anos, e que dois anos depois achou melhor informá-la a mãe. Não dava para sufocar, mas, fora um círculo super-restrito que incluía uma namorada "que teve muita paciência", abafou sua homossexualidade por quase uma década.

Jessé descreveu como, a partir dali, começou a viver um inferno particular, coalhado de ansiedade e picos depressivos. Tentou a todo custo reprimir quem era, como se uma "cura gay" fosse possível. Fazia campanha de oração e um tal de "subir monte, descer monte" —percurso de fé que, acreditava, o ajudaria a se livrar do que via como chaga.

Suas preces nunca foram atendidas, e só anos depois entendeu ele o porquê. Não havia nada de errado com ele. Ser gay também é de Deus, e misericórdia daqueles que não enxergam isso. "Não quero que minha sexualidade me torne um vilão para as pessoas", disse.

Jessé até ironizou o pastor André Valadão por sua cruzada anti-LGBTQIA+. Quem era ele para falar que ser gay feria os princípios de Deus? "Eu jurava que o senhor era também… Apita muito!", comentou num post do líder da Igreja Batista Lagoinha em Orlando, nos Estados Unidos.

Jessé ainda frequenta o Ministério Balneário da Assembleia de Deus em Goiás, seu estado natal. Filho de uma costureira e de um químico que se separaram quando ele era adolescente, começou a cantar no púlpito aos quatro anos. Substituiu a mãe, que naquele dia não conseguiu se apresentar, mas que ensaiava letra e melodia em casa. O filho decorou.

Para Jessé, a igreja sempre será sua origem. E que Deus o livre de quem achar que seu lugar não é ali. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br 

Domingo de Pedro e Paulo- Dia do Papa: Um Olhar

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Publicado em 29 junho 2023
  • Dia do Papa,
  • Domingo de Pedro e Paulo
  • MÁRTIRES DA FÉ
  • Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja
  • história do cristianismo

 

MÁRTIRES DA FÉ 

  

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba (MG)

A beleza da palavra “vida” revela o dinamismo da criação e da natureza. O mundo é contagiado por aquilo que contribui para o bem viver. Mas, também, ao lado do belo e das satisfações cotidianas, a história registra sofrimentos, angústias, destruição e antivida. A evidência está na vida humana, responsável por zelar por tudo que é vida e contribuir para a preservação da natureza. 

Aí entendemos a frase “mártires da fé”, referente a quem é capaz de morrer para salvar vidas. A história do cristianismo tem essas marcas de forma muito sensível. Assim podemos começar pelos primeiros seguidores de Jesus Cristo, no caso dos dois Apóstolos Pedro, que morreu pregado numa cruz e Paulo, sendo degolado em Roma. Agiram livres e conscientes em relação à fé em Jesus Cristo.  

Pedro representa a instituição Igreja, nas palavras de Jesus: “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Uma construção bimilenar, estruturada na convergência do Papa Francisco e espalhada pelo mundo inteiro. Paulo sinaliza a ação ministerial presente nas comunidades cristãs. Portanto, a Igreja é uma instituição projetada dentro de um prisma missionário. 

Esses mártires da fé participaram do mesmo destino do Mestre. O rei Herodes tinha o firme propósito de destruir a Igreja nascente, prendendo e matando os líderes cristãos mais influentes. Mas não conseguiu eliminar o avanço corajoso de muitos outros, que também morreram martirizados. Foi tempo de grande perseguição e derramamento de sangue, fertilizando as bases do cristianismo. 

 Por detrás de tudo estavam as dificuldades e tribulações fazendo parte do projeto de evangelização proclamado e motivado por Jesus Cristo, quando ele mesmo diz aos seus seguidores: Ide todos pelo mundo inteiro para proclamar a Boa-Nova do Reino do Pai (cf. Mt 28,19). As palavras de Jesus deram firmeza e coragem aos que foram enviados e alguns tiveram que enfrentar o martírio. 

A Igreja hoje continua desempenhando a mesma missão daquele tempo, enfrentando novas realidades para construir o Reino, que não é dela, mas de Deus. A isto chamamos de cuidado pastoral, tarefa de orientação na prática dos ensinamentos do Evangelho. Em vários países, cristãos continuam sendo martirizados, quando ajudam irmãos a solidificar a fé e a levar adiante a missão de Jesus Cristo. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Com a mente e o coração na "Cidade Maravilhosa": Papa recorda os dez anos da JMJ do Rio

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Publicado em 28 junho 2023
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  • Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro em 2013
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  • 10 anos da Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro
  • 10 anos da Jornada Mundial da Juventude

 

Em carta, Papa recorda a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro em 2013 e faz votos que se renove nos participantes daquela Jornada, e brote no coração dos jovens de hoje, o empenho missionário de uma "Igreja em saída", sempre atenta ao mandato de Jesus Cristo: "Ide e fazei discípulos entre todas as nações (Mt 28, 19).

 

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

Prestes a viver as emoções da JMJ de Lisboa, o Papa voltou sua "mente e coração" à Cidade Maravilhosa, onde dez anos atrás viveu um dos eventos mais intensos do seu pontificado.

As lembranças do Papa afloraram quando o arcebispo de Rio de Janeiro, card. Orani João Tempesta, escreveu uma carta ao Pontífice recordando justamente os dez anos da Jornada, que se completam agora no próximo mês de julho.

Francisco retribuiu com outra carta, em que assegura que continua "indelével" em sua memória a recordação daquele encontro em terras cariocas, durante sua primeira Viagem Apostólica fora da Itália, como Bispo de Roma e Sucessor do Apóstolo Pedro, "com a missão de confirmar os irmãos na fé".

As palavras contidas na carta de Dom Orani, afirma o Papa, "transportaram-me o coração e a mente até aqueles dias vividos no meio da juventude do Brasil e do Mundo reunida na 'Cidade Maravilhosa'".

Por ocasião do décimo aniversário do evento, o Pontífice faz votos que se renove nos participantes daquela Jornada, e brote no coração dos jovens de hoje, o empenho missionário de uma "Igreja em saída", sempre atenta ao mandato de Jesus Cristo: "Ide e fazei discípulos entre todas as nações (Mt 28, 19).

O Papa conclui confiando tais votos à intercessão de Nossa Senhora Aparecida e de São Sebastião, enviando ao seu anfitrião no Rio a sua saudação, acompanhada da bênção de Deus, que estende de bom grado ao clero e a todos os fiéis da dileta Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

O arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta conversou com a Rádio Vaticano - Vatican News. Fonte: https://www.vaticannews.va

Quarta-feira, 28 de junho-2023. EVANGELHO DO DIA-12ª Domingo do Tempo Comum. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 28 junho 2023
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1) Oração

Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 15-20)

15Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. 16Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? 17Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. 18Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. 19Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. 20Pelos seus frutos os conhecereis.

 

3) Reflexão -  Mt 7,15-20

Estamos chegando às recomendações finais do Sermão da Montanha. Comparando o evangelho de Mateus com o de Marcos percebe-se uma grande diferença na maneira de os dois apresentarem o ensinamento de Jesus. Mateus insiste mais no conteúdo do ensinamento e o organizou em cinco grande discursos, dos quais o Sermão da Montanha é o primeiro (Mt 5 a 7). Marcos, por mais de quinze vezes, diz que Jesus ensinava, mas raramente diz o que ele ensinava. Apesar destas diferenças, os dois concordam num ponto: Jesus ensinava muito. Ensinar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). Mateus se interessava pelo conteúdo. Será que Marcos não se interessava pelo conteúdo? Depende do que entendemos por conteúdo! Ensinar não é só uma questão de comunicar verdades para o povo aprender de memória. O conteúdo não está só nas palavras, mas também nos gestos e no próprio jeito de Jesus se relacionar com as pessoas. O conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica. Ela, a pessoa, é a raiz do conteúdo. A bondade e o amor que transparecem nas palavras e gestos de Jesus fazem parte do conteúdo. São o seu tempero. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado. Não convence e não à conversão.

As recomendações finais e o resultado do Sermão da Montanha na consciência do povo ocupam o evangelho de hoje (Mt 7,15-20) e o de amanhã (Mt 7,21-29). (A seqüência dos evangelhos diários da semana nem sempre é a mesma dos próprios evangelhos.)

Mateus 7,13-14:       Escolher o caminho certo

Mateus 7,15-20:      O profeta se conhece pelos frutos

Mateus 7,21-23:      Não só falar, também praticar

Mateus 7,24-27:     Construir a casa na rocha

Mateus 7,28-29:     A nova consciência do povo

Mateus 7,15-16ª : Cuidado com os falsos profetas

No tempo de Jesus, havia profetas de todo tipo, pessoas que anunciavam mensagens apocalípticas para envolver o povo nos vários movimentos daquela época: essênios, fariseus, zelotes e outros (cf. At 5,36-37). No tempo em que Mateus escreve também havia profetas que anunciavam mensagens diferentes da mensagem proclamada pelas comunidades. As cartas de Paulo mencionam estes movimentos e tendências (cf 1Cor 12,3; Gal 1,7-9; 2,11-14;6,12). Não deve ter sido fácil para as comunidades fazer o discernimento dos espíritos. Daí a importância das palavras de Jesus sobre os falsos profetas. A advertência de Jesus é muito forte: "Cuidado com os falsos profetas: eles vêm a vocês vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes”. A mesma imagem é usada quando Jesus envia os discípulos e as discípulas para a missão: “Mando vocês como cordeiros no meio de lobos” (Mt 10,16 e Lc 10,3). A oposição entre lobo voraz e manso cordeiro é irreconciliável, a não ser que o lobo se converta e perca a sua agressividade como sugere o profeta Isaías (Is 11,6; 65,25). O que importa aqui no nossos texto é o dom do discernimento. Não é fácil discernir os espíritos. Às vezes, acontece que interesses pessoais ou grupais levam as pessoas a proclamar como falsos aqueles profetas que anunciam a verdade que incomoda. Isto aconteceu com o próprio Jesus. Ele foi eliminado e morto como falso profeta pelas autoridades religiosas da época. De vez em quando, o mesmo aconteceu e continua acontecendo na nossa igreja.

Mateus 7,16b-20 : A comparação da árvore e seus frutos

Para ajudar no discernimento dos espíritos, Jesus usa a comparação do fruto: “Vocês os conhecerão pelos frutos”. Um critério semelhante já tinha sido sugerido pelo livro do Deuteronômio (Dt 18,21-22). E Jesus acrescenta: “Uma árvore boa não pode dar frutos maus, e uma árvore má não pode dar bons frutos.  19 Toda árvore que não der bons frutos, será cortada e jogada no fogo”. No evangelho de João, Jesus completa a comparação: “Todo ramo que não dá fruto em mim, o Pai o corta. Os ramos que dão fruto, ele os poda para que deem mais fruto ainda.  O ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados." (Jo 15,2.4.6)

 

4) Para um confronto pessoal

1) Falsos profetas! Conhece algum caso em que uma pessoa boa e honesta que proclamava uma verdade incômoda foi condenada como falso profeta?

2) A julgar pelos frutos da árvore da sua vida pessoal, como você se define: falso ou verdadeiro?

 

5) Oração final

Desvia meu olhar para eu não ver as vaidades, faze-me viver no teu caminho. Eis que desejo teus preceitos; pela tua justiça conserva-me a vida. (Sl 118, 37.40)

Quinta-feira, 29 de junho-2023. EVANGELHO DO DIA-12ª Domingo do Tempo Comum. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

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Publicado em 28 junho 2023
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1) Oração

Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 21-29)

21Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. 22Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? 23E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus! 24Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. 26Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. 27Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína. 28Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina. 29Com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas.

 

3) Reflexão  -  Mt 7,21-29

O Evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Montanha: (1) não basta falar e cantar, é preciso viver e praticar (Mt 7,21-23). (2) A comunidade construída em cima do fundamento da nova Lei do Sermão da Montanha ficará em pé na hora da tempestade (Mt 7,24-27). (3) O resultado das palavras de Jesus nas pessoas é uma consciência mais crítica com relação aos líderes religiosos, os escribas (Mt 7,28-29).

Este final do Sermão da Montanha desenvolve algumas oposições ou contradições que continuam atuais até nos dias de hoje: (1) Há pessoas que falam continuamente de Deus, mas se esquecem de fazer a vontade de Deus; usam o nome de Jesus, mas não traduzem em vida sua relação com o Senhor (Mt 7,21). (2) Há pessoas que vivem na ilusão de estarem trabalhando para o Senhor, mas no dia do encontro definitivo com Ele, descobrem, tragicamente, que nunca o conheceram (Mt 7,22-23). As duas parábolas finais do Sermão da Montanha, da casa construída sobre a rocha (Mt 7,24-25) e da casa construída sobre a areia (Mt 7,26-27), ilustram estas contradições. Por meio delas Mateus denuncia e, ao mesmo tempo, tenta corrigir a separação entre fé e vida, entre falar e fazer, entre ensinar e praticar.

Mateus 7,21: Não basta falar, é preciso praticar

O importante não é falar bonito sobre Deus ou saber explicar bem a Bíblia para os outros, mas é fazer a vontade do Pai e, assim, ser uma revelação do seu rosto e da sua presença no mundo. A mesma recomendação foi dada por Jesus àquela mulher que elogiou Maria, sua mãe. Jesus respondeu: “Felizes os que ouvem a Palavra e a põem em prática” (Lc 11,28).

Mateus 7,22-23: Os dons devem estar a serviço do Reino, da comunidade.

Havia pessoas com dons extraordinários como, por exemplo, o dom da profecia, do exorcismo, das curas, mas elas usavam os dons para si mesmas, fora do contexto da comunidade. No julgamento, elas ouvirão uma sentença dura de Jesus: "Afastem-se de mim vocês que praticam a iniqüidade!". Iniqüidade é o oposto de justiça. É fazer com Jesus o que alguns doutores faziam com a lei: ensinavam mas não praticavam (Mt 23,3). Paulo dirá a mesma coisa com outras palavras e argumentos: “Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria”. (1Cor 13,2-3).

Mateus 7,24-27: A parábola da casa na rocha.

Ouvir e praticar, esta é a conclusão final do Sermão da Montanha. Muita gente procurava sua segurança nos dons extraordinários ou nas observâncias. Mas a segurança verdadeira não vem do prestígio nem das observâncias, não vem de nada disso. Ela vem de Deus! Vem do amor de Deus que nos amou primeiro (1Jo 4,19). Seu amor por nós, manifestado em Jesus ultrapassa tudo (Rom 8,38-39). Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos praticar a sua vontade. Aí, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.

Mateus 7,28-29: Ensinar com autoridade

O evangelista encerra o Sermão da Montanha dizendo que a multidão ficou admirada com o ensinamento de Jesus, porque "ele ensinava com autoridade, e não como os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência mais crítica do povo com relação às autoridades religiosas da época. Suas palavras simples e claras brotavam da sua experiência de Deus, da sua vida entregue ao Projeto do Pai. O povo estava admirado e aprovava os ensinamentos de Jesus.

Comunidade: casa na rocha

No livro dos Salmos, frequentemente encontramos a expressão: “Deus é a minha rocha e a minha fortaleza... Meus Deus, rocha minha, meu refúgio, meu escudo, força que me salva...”(Sl 18,3). Ele é a defesa e a força de quem nele acredita e busca a justiça (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus, tornam-se, por sua vez, uma rocha para os outros. Assim, o profeta Isaías faz um convite ao povo que estava no cativeiro: "Vocês que estão à procura da justiça e que buscam a Deus! Olhem para a rocha da qual foram talhados, para a pedreira da qual foram extraídos. Olhem para Abraão, seu pai, e para Sara, sua mãe” (Is 51,1-2). O profeta pede para o povo não esquecer o passado. O povo deve lembrar como Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram rocha, começo do povo de Deus. Olhando para esta rocha, o povo devia criar coragem para lutar e sair do cativeiro. Do mesmo modo, Mateus exorta as comunidades para que tenham como alicerce a mesma rocha (Mt 7,24-25) e possam, dessa maneira, elas mesmas ser rocha para fortalecer os seus irmãos e irmãs na fé. Este é o sentido do nome que Jesus deu a Pedro: “Você é Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unir-se a Jesus, a pedra viva, para tornarem-se, também elas, pedras vivas pela escuta e pela prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).

 

4) Para um confronto pessoal

1) Como a nossa comunidade equilibra oração e ação, louvor e prática, falar e fazer, ensinar e praticar? O que deve melhorar na nossa comunidade, para que ela seja rocha, casa segura e acolhedora para todos?

2) Qual a rocha que sustenta a nossa Comunidade? Qual o ponto em que Jesus mais insiste?

 

5) Oração final

Ajudai-nos, ó Deus salvador, pela glória de vosso nome; livrai-nos e perdoai-nos os nossos pecados pelo amor de vosso nome. (Sl 78, 9)

A onda do secularismo

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Publicado em 25 junho 2023
  • Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos
  • secularismo
  • Secular Surge
  • David E. Campbell,
  • Layman e John C
  • Os sem religião
  • ateus e agnósticos

Livro mostra que a política pode estar por trás do crescimento dos sem religião nos EUA

 

Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

 

Países ricos tendem a ser bem menos religiosos que os pobres. Os EUA é que despontam como exceção à regra, por ser uma das nações mais ricas do mundo e ostentar uma religiosidade forte: 63% dos americanos dizem acreditar com certeza que Deus existe; na Europa Ocidental, essa cifra é de 15%. Não obstante, nos EUA, a categoria dos sem religião é uma das que mais cresce. Eles eram 5% em 1972, passaram a 14% em 2000, e bateram nos 18% em 2010.

Em "Secular Surge" (onda secular), David E. Campbell, Geoffrey C. Layman e John C. Green analisam mais detidamente o fenômeno e chegam a conclusões surpreendentes.

Os sem religião são uma categoria notoriamente bagunçada, que inclui desde ateus e agnósticos até pessoas que creem num Deus pessoal, mas não estão vinculadas a nenhuma igreja. Os autores tentam ordenar um pouco melhor as coisas separando a religiosidade pura, da qual a crença em Deus e a frequência a cultos são bons indicadores, de uma visão de mundo secular, uma espécie de militância em favor da razão e da ciência, que se manifesta também em atividades comunitárias. Pense numa festa para arrecadar fundos para o combate à fome na África, por exemplo.

As duas dimensões tendem a andar juntas, mas há várias outras combinações possíveis. Um sujeito pode ser religioso de ir à missa toda semana, mas defender que o Estado seja laico; outro pode ser ateu, mas ter verdadeira alergia a essa ideologia secularista.

Os autores escarafuncharam várias pesquisas e mostram que o crescimento do secularismo é pelo menos em parte uma reação aos avanços da direita religiosa. E isso é uma novidade, porque os sociólogos sempre consideraram que era a religião que influenciava as posições políticas do indivíduo e não o contrário. Embora não descartem um cenário mais róseo, sugerem que o movimento deverá introduzir novas tensões no Partido Democrata e atiçar a polarização com os republicanos. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

12º Domingo do Tempo Comum: “Não tenhais medo”

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Publicado em 24 junho 2023
  • 12º Domingo do Tempo Comum,
  • Homilia do 12º Domingo do Tempo Comum,
  • Não tenhais medo

“NÃO TENHAIS MEDO” 

 

 Dom Rodolfo Luís Weber

Arcebispo de Passo Fundo (RS)

 

O Evangelho da liturgia dominical ressalta dois convites de Jesus: por um lado recomenda aos apóstolos “não tenhais medo” e por outro lado diz “temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!” (Mateus 19,26-33). O caminho de quem crê é repleto de dificuldades provocadas por eventos históricos externos ou por crises pessoais. A liturgia abre a oportunidade para refletir sobre o medo humano e o temor a Deus. 

A vida dos apóstolos será parecida com a dos profetas e de Jesus. Jesus é franco com eles e os prepara para viverem o ministério nas adversidades. Porém não podem deixar-se tomar pelo medo. O medo é uma dimensão natural da vida. Na medida justa ajuda a proteger a vida. Porém há medos questionáveis que podem inibir e paralisar a pessoa fazendo-a abandonar seus compromissos.   

Jesus exemplifica três situações para os apóstolos: “Não tenhais medo dos homens, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido”. A transparência de vida e a clareza do anúncio do Evangelho iluminarão os métodos obscuros e de “segundas intenções” tão presentes na sociedade. O apóstolo não tem nada a esconder. “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma!” Quantos cristãos padeceram e padecem o martírio. O corpo é morto, mas o testemunho perdura. “Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais”. A dignidade humana do apóstolo tem um valor incalculável, mesmo que haja tentativas de minimizar o seu valor e dignidade. 

A sociedade contemporânea tão desafiadora faz emergir um medo mais profundo, de tipo existencial, que por vezes termina em angústia. A palavra angústia, oriunda do latim, significa apertar, estrangular. Filosofias da existência refletiram muito sobre esta situação humana. A angústia é um sentimento que, ao contrário do medo, não tem objeto preciso. Tem-se medo diante de algo real e quando a causa que provoca o medo desaparece ou se vence, volta a segurança, a serenidade. O que alimenta a angústia é um estado que manifesta a relação do indivíduo com o mundo, relação determinada pela liberdade. Inúmeras possibilidades se apresentam ao ser humano convocando-o escolher. Mas escolher o quê? Qual é a escolha certa? Posso não escolher? Tantas possibilidades e ao mesmo tempo tantas incertezas. Depois que Jesus anunciou a traição de Judas, lhe disse: “O que tens a fazer, faze-o depressa” (Jo 13,27). Pedido que revela claramente um coração angustiado. 

Não ter medo dos homens repete Jesus, “pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!”. A presença de Deus, afirmam os textos bíblicos, fortalecem os fiéis diante das ameaças humanas. Mesmo nas pequenas coisas se manifesta o cuidado de Deus. “Quanto a vós, até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados”.  

O que significa o temor de Deus? Ensina o Cardeal Carlo Maria Martini: “O temor de Deus nasce do conhecimento que é preciso se comparar não somente com o curto horizonte das coisas que passam, mas com o horizonte último e definitivo da vida eterna que não passa. O temor de Deus é agora a relação que nos faz viver constantemente sobre o olhar do Senhor, preocupados em agradar mais a Ele do que os homens. Deus que te cuida é sim o Deus juiz, mas esta expressão deve ser bem entendida porque não tem nada a ver com uma espécie de olhar maligno ou severo direcionado sobre ti para captar os erros: se trata do Deus Pai que te conhece e te ama como nenhum outro e que quer verdadeiramente o teu bem. Agir como lhe agrada é agora para ti o bem maior, a consolação mais profunda, (…) o temor de Deus é um temor filial reverente, afetuoso, que teme sobretudo desagradar o coração do Pai”. Fonte: https://www.cnbb.org.br

Sexta-feira, 23 de junho-2023. 11º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

Detalhes
Publicado em 22 junho 2023
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1) Oração

 

Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

2) Leitura do Evangelho (Mateus 6, 19-23)

19Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. 20Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. 21Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração. 22O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. 23Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!

 

3) Reflexão  - Mt 6, 19-23

No evangelho de hoje continuamos nossa reflexão sobre o Sermão da Montanha. Anteontem e ontem refletimos sobre a prática das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e jejum (Mt 6,16-18). O evangelho de hoje e de amanhã trazem quatro recomendações sobre o relacionamento com os bens materiais, explicitando assim como viver a pobreza da primeira bem-aventurança: (1) não acumular (Mt 6,19-21); (2) ter a visão correta dos bens materiais (Mt 6,22-23); (3) não servir a dois senhores (Mt 6,24); (4) abandonar-se à providência divina (Mt 6,25-34). O evangelho de hoje trata das duas primeiras recomendações: não acumular bens  (6,19-21) e não olhar o mundo com olhos doentes (6,22-23).

Mateus 6,19-21: Não acumular tesouros na terra

Se, por exemplo, hoje na TV é dado o aviso de que vai faltar açúcar e café no próximo mês, todos vamos comprar o máximo possível de café e de açúcar. Acumulamos, porque não confiamos. Nos quarenta anos de deserto, o povo foi provado para ver se era capaz de observar a lei de Deus (Ex 16,4). A prova consistia nisto: ver se eles eram capazes de recolher só o necessário de maná para um único dia e de não acumular para o dia seguinte. Jesus diz: "Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões assaltam e roubam. Ajuntem riquezas no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não assaltam nem roubam”. O que significa ajuntar tesouros no céu? Trata-se de saber onde coloco o fundamento da minha existência. Se o coloco nos bens materiais desta terra, sempre corro o perigo de perder o que acumulei. Se coloco o fundamento em Deus, ninguém vai poder destruí-lo e terei a liberdade interior de partilhar com os outros os bens que possuo. Para que isto seja possível e viável, é importante que se crie uma convivência comunitária que favoreça a partilha e a ajuda mútua, e na qual a maior riqueza ou tesouro não é a riqueza material, mas sim a riqueza ou o tesouro da convivência fraterna nascida a partir da certeza trazida por Jesus de que Deus é Pai/Mãe de todos. Onde está o teu tesouro (riqueza), aí está o teu coração.

Mateus 6,22-23: A lâmpada do corpo é o olho

Para entender o que Jesus pede é necessário ter olhos novos. Jesus é exigente e pede muita coisa: não acumular (6,19-21), não servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo (6,24), não se preocupar com comida e bebida (6,25-34). Estas recomendações exigentes tratam daquela parte da vida humana, onde as pessoas tem mais angústias e preocupações. É também a parte do Sermão da Montanha, que é a mais difícil de se entender e de praticar. Por isso Jesus diz: "Se teu olho estiver doente, ....".  Alguns traduzem olho doente e olho são. Outros traduzem olho mesquinho e olho generoso.  Tanto faz. Na realidade, a pior doença que se possa imaginar é uma pessoa se fechar sobre si mesma e sobre seus bens e confiar só neles. É a doença da mesquinhez! Quem olha a vida com este olhar viverá na tristeza e na escuridão. O remédio para curar esta doença é a conversão, a mudança de mentalidade e de ideologia. Colocando o fundamento da vida em Deus, o olhar se torna generoso e a vida toda se torna luminosa, pois faz nascer a partilha e a fraternidade.

Jesus quer uma mudança radical. Quer a observância da lei do ano sabático, onde se diz que, na comunidade dos que crêem, não pode haver pobres (Dt 15,4). A convivência humana deve ser organizada de tal maneira que já não seja necessário uma pessoa se preocupar com comida e bebida, roupa e moradia, saúde e educação (Mt 6,25-34). Mas isto só é possível se todos buscarem primeiro o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6,33). O Reino de Deus é permitir que Deus reine e tome conta: é imitar Deus (Mt 5,48). A imitação de Deus leva à partilha justa dos bens e ao amor criativo, que gera fraternidade verdadeira. A Providência Divina deve ser mediada pela organização fraterna, Só assim é possível jogar fora toda a preocupação pelo dia de amanhã (Mt 6,34).

 

4) Para um confronto pessoal

1) Jesus disse: “Onde está tua riqueza, aí estará o teu coração”. Onde está minha riqueza: no dinheiro ou na fraternidade?

2) Qual a luz que está nos meus olhos para olhar a vida, os acontecimentos?

 

5) Oração final

Porque o Senhor escolheu Sião, ele a preferiu para sua morada. É aqui para sempre o lugar de meu repouso, é aqui que habitarei porque o escolhi. (Sl 131, 13-14)

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