Olhar Jornalístico

O Papa: não queremos ser indiferentes ou individualistas, duas atitudes contra a harmonia

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Publicado em 12 agosto 2020
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Na Audiência Geral desta quarta-feira, Francisco enfatizou que a pandemia de coronavírus evidenciou a nossa vulnerabilidade e mostrou também que estamos todos interligados. “Se não nos preocuparmos uns com os outros, a começar pelos últimos, por aqueles que são mais atingidos, incluindo a criação, não podemos curar o mundo”, frisou o Papa.

 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a pandemia de coronavírus, na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (12/08), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico.

O Pontífice enfatizou que a pandemia evidenciou a nossa vulnerabilidade e mostrou também que estamos todos interligados. “Se não nos preocuparmos uns com os outros, a começar pelos últimos, por aqueles que são mais atingidos, incluindo a criação, não podemos curar o mundo”, frisou o Papa.

 

Pandemia trouxe à luz patologias sociais mais vastas

Francisco lembrou o compromisso de “muitas pessoas que nestes meses estão demonstrando amor humano e cristão pelo próximo, dedicando-se aos doentes, arriscando a própria saúde”. “Eles são heróis”, disse o Papa, acrescentando:

No entanto, o coronavírus não é a única doença a ser combatida, mas a pandemia trouxe à luz patologias sociais mais vastas. Uma delas é a visão distorcida da pessoa, um olhar que ignora a sua dignidade e a sua índole relacional. Por vezes consideramos os outros como objetos, objetos para serem usados e descartados. Na realidade, este tipo de olhar cega e fomenta uma cultura do descarte individualista e agressiva, que transforma o ser humano num bem de consumo.

“Contudo, à luz da fé sabemos que Deus olha para o homem e para a mulher de outro modo”, disse ainda o Pontífice, enfatizando que Deus “nos criou não como objetos, mas como pessoas amadas e capazes de amar, nos criou à sua imagem e semelhança. Desta forma, deu-nos uma dignidade única, convidando-nos a viver em comunhão com Ele, em comunhão  com os nossos irmãos e irmãs, com respeito por toda a criação. Em comunhão, em harmonia, podemos dizer. A criação é uma harmonia para a qual somos chamados a viver. Nesta comunhão, nesta harmonia que é comunhão, Deus nos doa a capacidade de procriar e preservar a vida, trabalhar e cuidar da terra. Entendemos que não é possível procriar e preservar a vida sem harmonia. Será destruída”.

Nos Evangelhos, temos um exemplo desse olhar individualista, “que não é harmonia, no pedido feito a Jesus pela mãe dos discípulos Tiago e João. Ela gostaria que os seus filhos pudessem sentar-se à direita e à esquerda do novo rei. Mas Jesus propõe outro tipo de visão: a de servir e dar a vida pelos outros, e confirma isso, restituindo a vista a dois cegos e tornando-os seus discípulos".

“Procurar fazer carreira na vida, ser superior aos outros destrói a harmonia. É a lógica do domínio, de dominar os outros. A harmonia é outra coisa, é serviço.”

 

A harmonia nos leva a reconhecer a dignidade humana

O Papa disse ainda que devemos pedir “ao Senhor que nos conceda um olhar atento aos irmãos e irmãs, especialmente aos que sofrem”.

Audiência Geral de 12 de agosto de 2020

Como discípulos de Jesus, não queremos ser indiferentes ou individualistas, duas atitudes feias contra a harmonia. Indiferente: olho para o outro lado. Individualista: só para mim, olhar apenas para os próprios interesses. A harmonia criada por Deus nos pede para olharmos para os outros, para as necessidades dos outros, para os problemas dos outros, estar em comunhão. Queremos reconhecer em cada pessoa a dignidade humana, qualquer que seja a sua raça, língua ou condição. A harmonia nos leva a reconhecer a dignidade humana, essa harmonia criada por Deus, não é verdade? O homem no centro.

“O Concílio Vaticano II evidencia que esta dignidade é inalienável, porque «foi criada à imagem de Deus»”, frisou ainda Francisco, citando uma passagem da Constituição Pastoral Gaudium et spes.

Ela é a base de toda a vida social e determina os seus princípios operacionais. Na cultura moderna, a referência mais próxima ao princípio da dignidade inalienável da pessoa é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que São João Paulo II definiu «uma pedra miliária, posta na longa e difícil caminhada do gênero humano», e como «uma das mais altas expressões da consciência humana». Os direitos não são apenas individuais, mas também direitos sociais dos povos e das nações. Com efeito, o ser humano, na sua dignidade pessoal, é um ser social, criado à imagem do Deus Uno e Trino.

“Nós somos sociais, precisamos viver nesta harmonia social, mas quando há egoísmo, o nosso olhar não vai para os outros, para a comunidade, mas volta para nós mesmos e isso nos torna feios, maus, egoístas. Destrói a harmonia.”

 

Contrastar a indiferença

Segundo Francisco, “esta consciência renovada pela dignidade de cada ser humano tem sérias implicações sociais, econômicas e políticas”, e acrescentou:

Olhar para o irmão e para toda a criação como uma dádiva recebida do amor do Pai suscita um comportamento de atenção, cuidado e admiração. Assim o fiel, contemplando o seu próximo como um irmão e não como um estranho, olha para ele com compaixão e empatia, não com desprezo ou inimizade. E contemplando o mundo à luz da fé, se esforça por desenvolver, com a ajuda da graça, a sua criatividade e entusiasmo para resolver os dramas da história. Ele concebe e desenvolve as suas capacidades como responsabilidades que fluem da fé, como dons de Deus a serem postos ao serviço da humanidade e da criação.

“Ao trabalharmos para curar um vírus que atinge indistintamente todos, a fé nos exorta a comprometermo-nos séria e ativamente a contrastar a indiferença pelas violações da dignidade humana. Essa cultura da indiferença que acompanha a cultura do descarte”, disse

ainda o Papa. “A fé exige sempre que nos deixemos curar e converter do nosso individualismo, tanto pessoal quanto coletivo. Um individualismo partidário, por exemplo”, frisou ele

Francisco concluiu a sua catequese, pedindo ao Senhor para que nos “restitua a vista” a fim de que possamos “redescobrir o que significa sermos membros da família humana e que este olhar se traduza em ações concretas de compaixão e respeito por cada pessoa e de cuidado e tutela pela nossa Casa comum”. Fonte: https://www.vaticannews.va

O Papa visita Santa Maria Maior na festa da Dedicação da Basílica

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Publicado em 05 agosto 2020
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Por volta das 16h locais, Francisco deteve-se em oração diante da imagem da Salus Popoli Romani.

 

Benedetta Capelli, Silvonei José – Vatican News

Na tarde desta quarta-feira (06/08), por volta das 16h locais, Francisco foi a Santa Maria Maior, no centro de Roma, por ocasião da festa da Dedicação da Basílica, uma das quatro Basílicas papais romanas, onde rezou diante da imagem da Salus Populi Romani. Uma imagem que o Pontífice venera particularmente e à qual confia sempre as suas viagens apostólicas, prestando homenagem antes da sua partida e depois do seu retorno.

O Papa se deteve em oração, - comunica a Sala de Imprensa da Santa Sé -, confiando a Nossa Senhora tantas situações de dor que lhe preocupa, incluindo a do Líbano, que ele recordou esta manhã durante a Audiência Geral.

Pouco depois das 16h35, o Santo Padre regressou ao Vaticano.

 

A Festa da Basílica

Na manhã desta quarta-feira às 10h locias ( 5 da manhã, hora de Brasília), a Missa Pontifical, presidida pelo cardeal Stanislaw Rylko, arcipreste da Basílica. Durante o canto do Glória, a tradicional chuva de flores em recordação da queda de neve de 358 quando, segundo a tradição, a Virgem apareceu num sonho ao Papa Libério e ao patrício Giovanni, pedindo para construir uma igreja no local que ela indicaria. Na manhã de 5 de agosto, o bairro do Esquilino acordou com neve. Às 16h15 a recitação do Santo Rosário, seguida das Solenes Segundas Vésperas presididas por monsenhor Piero Marini, com uma nova chuva de flores durante o Magnificat. Às 18h, finalmente, a missa de encerramento da festa, presidida por Dom Francesco Canalini. Fonte: https://www.vaticannews.va

O Papa no Angelus: a lógica de Deus é cuidar do outro e não lavar as mãos

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Publicado em 02 agosto 2020
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No primeiro Angelus dominical de agosto, Francisco nos exorta a seguir a lógica de Deus, que nos leva a "cuidar do outro". O convite é de aproximar-se do Sacramento da Eucaristia com confiança no Senhor e sem esquecer nossos irmãos e irmãs que estão privados "do que é necessário".

 

Silvonei José – Vatican News

"Compaixão" pelas necessidades dos outros, confiança no amor "providente" do Pai e “corajosa” partilha. No Angelus de um domingo muito quente de agosto na Praça São Pedro, com a presença de muitos fiéis, entre os quais um grupo de religiosas brasileiras com bandeiras do Brasil, o Papa Francisco recorda as atitudes de Jesus com a multidão da passagem evangélica deste domingo, dedicada ao "prodígio da multiplicação dos pães", e exorta a seguir a lógica de Deus, que nos leva a "cuidar do outro". O convite é a "fraternidade", aproximando-se do Sacramento da Eucaristia sem esquecer os irmãos e irmãs "privados do necessário" e usando precisamente a "compaixão" e a "ternura" de Jesus: Ele - para aqueles que o seguem e que, "para estar com ele", se esqueceram de fazer provisões - não demonstrou "sentimentalismo" mas sim, explica, a manifestação "concreta" do amor que "assume" as necessidades das pessoas.

 

A lógica de Deus

O Papa recordou que a cena descrita pelo evangelista Mateus se desenvolve em um lugar deserto onde Jesus, tendo se retirado ali com seus discípulos, é alcançado por pessoas que querem "ouvi-lo e serem curados": "suas palavras e seus gestos - acrescenta - curam e dão esperança".

Ao entardecer, a multidão ainda estão lá, e os discípulos, homens práticos, convidam Jesus a se despedir deles para que possam ir procurar o que comer. Mas Ele responde: "Vocês mesmos dêem-lhes de comer". Imaginemos os rostos dos discípulos! Jesus sabe muito bem o que está prestes a fazer, mas quer mudar a atitude deles: não diz "deixem que se arranjem", mas "o que a Providência nos oferece para compartilhar? Duas atitudes opostas. E Jesus quer levá-los à segunda atitude, porque na primeira proposta, é uma proposta de um homem prático, mas não generoso: "deixem-os ir, que vão procurar, que se arranjem. E Jesus pensa de outra forma.

Jesus, através desta situação, quer educar seus amigos de ontem e de hoje para a lógica de Deus: a lógica de cuidar do outro.

E qual é a lógica de Deus que vemos aqui? A lógica de cuidar do outro. A lógica de não lavar as mãos, a lógica de não olhar para o outro lado. Não. A lógica de cuidar do outro. Eles que se arranjem não faz parte do vocabulário cristão.

 

Jesus nutre com Sua Palavra

Jesus toma os cinco pães e os dois peixes "em suas mãos", "levanta os olhos para o céu, recita a bênção e começa a dividir e dá as porções aos discípulos para distribuir": esses pães e esses peixes - recorda Francisco - não terminam, são suficientes e sobram para milhares de pessoas".

“Com este gesto Jesus manifesta seu poder, não de forma espetacular, mas como sinal de caridade, da generosidade de Deus Pai para com seus filhos cansados e necessitados. Ele é imerso na vida de seu povo, ele compreende seu cansaço e suas limitações, mas não deixa que ninguém se perca ou seja excluído: nutre com sua Palavra e dá alimento abundante para o sustento”.

 

O pão cotidiano

No relato evangélico o Pontífice observa a evidente referência à Eucaristia, "especialmente onde ele descreve a bênção, o partir do pão, a entrega aos discípulos, a distribuição ao povo".

“Deve-se notar quão estreita é a ligação entre o pão eucarístico, alimento para a vida eterna, e o pão cotidiano, necessário para a vida terrena. Antes de oferecer-se como Pão da salvação, Jesus cuida do alimento para aqueles que O seguem e que, para estar com Ele, se esqueceram de fazer provisões. Às vezes se contrapõem espírito e a matéria, mas na realidade o espiritualismo, como o materialismo, é alheio à Bíblia. Não é uma linguagem da Bíblia”.

 

A compaixão

A compaixão, a ternura que Jesus demonstrou para com a multidão – continuou o Papa - não é sentimentalismo, mas a manifestação concreta do amor que cuida das necessidades das pessoas. Somos chamados a nos aproximar da mesa eucarística com estas mesmas atitudes de Jesus: compaixão pelas necessidades dos outros…esta palavra que se repete no Evangelho quando Jesus vê um problema, uma doença ou estas pessoas sem alimento... "Ele teve compaixão". A compaixão não é um sentimento puramente material; a verdadeira compaixão é partire con, assumir as dores dos outros. Talvez nos faça bem – disse Francisco -  nos perguntar hoje: tenho compaixão quando leio as notícias de guerras, fome, pandemias? Tantas coisas... Tenho compaixão daquelas pessoas? Tenho compaixão das pessoas que estão próximas de mim? Sou capaz de sofrer com eles ou dirijo o meu olhar para o outro lado, ou digo "que eles se arranjem"? Não se esqueça desta palavra "compaixão", que é confiança no amor providente do Pai e significa corajosa  partilha.

 

Fraternidades para enfrentar a pobreza e o sofrimento

Antes das saudações, Francisco invocou Maria Santíssima para que  "nos ajude a percorrer o caminho" que nos foi indicado pelo Senhor.

“É o caminho da fraternidade, que é essencial para enfrentar as pobrezas e os sofrimentos deste mundo, e que nos projeta para além do próprio mundo, especialmente neste grave momento, porque é um caminho que começa com Deus e retorna a Deus".

Fonte: https://www.vaticannews.va

Papa Francisco: procuremos o contágio do amor, transmitido de coração a coração

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Publicado em 29 julho 2020
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  • Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e do sacerdote palotino
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O Papa Francisco escreveu o prefácio do livro organizado pelo cardeal Walter Kasper “Comunhão e esperança”. Testemunhar a fé em tempo de coronavírus. Francisco recorda que a pandemia “é um momento de provação e escolha para que possamos dirigir nossas vidas a Deus de uma maneira renovada

 

Vatican News

O Papa Francisco escreveu o prefácio do livro "Comunhão e esperança". Testemunhar a fé em tempo de coronavírus organizado pelo cardeal Walter Kasper e o sacerdote palotino George Augustin.  Publicado pela Libreria Editrice Vaticana – Dicastério para a Comunicação, como indica o subtítulo, o trabalho do Cardeal Presidente Emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e do sacerdote palotino que fundou e dirige o instituto com o nome do cardeal seu compatriota, recolhe contribuições sobre como "testemunhar a fé em tempo do coronavírus". A seguir o Prefácio escrito pelo Papa Francisco.

 

"A crise do coronavírus surpreendeu a todos como uma tempestade repentina, mudando de repente e em todos os lugares do mundo a nossa vida familiar, o nosso trabalho e a vida pública. Muitos lamentam a morte de parentes e amigos próximos. Muitas pessoas se encontram em dificuldades financeiras ou perderam seus empregos. Em vários países, justamente na Páscoa, a principal solenidade do cristianismo, não foi possível celebrar a Eucaristia de maneira comunitária e pública e receber a força e consolo dos sacramentos.

Esta dramática situação tornou evidente toda a vulnerabilidade, inconsistência e necessidade de redenção de nós homens e colocou em questão muitas certezas nas quais confiamos em nossa vida diária para nossos planos e projetos. A pandemia levanta questões fundamentais sobre a felicidade em nossas vidas e o tesouro de nossa fé cristã.

 

Deus, nosso apoio e nossa meta

Esta crise é um sinal de alarme para refletir sobre onde se apoiam as raízes mais profundas que nos sustentam na tempestade. Nos lembra que esquecemos e ignoramos algumas coisas importantes da vida e nos faz refletir sobre o que é realmente importante e necessário e o que é menos importante ou o seja só na aparência. É um momento de provação e escolha para que possamos dirigir nossas vidas a Deus, que é nosso apoio e nossa meta, de uma maneira renovada. Esta crise nos mostrou que precisamente em situações de emergência dependemos da solidariedade dos outros e nos convida a colocar nossas vidas ao serviço dos outros de uma nova maneira. Ela deve nos fazer agir contra da injustiça global para que possamos despertar e ouvir o grito dos pobres e de nosso planeta tão gravemente doente.

 

"Contágio" do amor

Em meio à crise do coronavírus, celebramos a Páscoa e ouvimos a mensagem da Páscoa da vitória da vida sobre a morte. Esta mensagem sublinha que, como cristãos, não devemos nos permitir a ficar paralisados pela pandemia. A Páscoa nos dá esperança, confiança e coragem, ela nos fortalece na solidariedade. Nos diz para superar as rivalidades do passado e nos reconhecermos como membros de uma grande família que vai além de todas as fronteiras e na qual cada um carrega o fardo do outro. O perigo de ser infectado por um vírus deve nos ensinar outro tipo de "contágio", o do amor, que é transmitido de coração para coração. Sou grato pelos muitos sinais de prontidão para ajuda espontânea e  pelo compromisso heróico dos profissionais da saúde, médicos e sacerdotes. Nessas semanas sentimos a força que vinha da fé.

 

Jejum eucarístico

A primeira fase da crise do coronavírus, na qual as celebrações públicas da Eucaristia não foram possíveis, representou para muitos cristãos um tempo de doloroso jejum eucarístico. Muitos experimentaram que o Senhor está presente em todos os lugares, onde dois ou três estão reunidos em Seu nome. A transmissão das celebrações eucarísticas pela mídia foi uma solução de emergência pela qual muitos ficaram gratos. Mas a transmissão virtual não pode substituir a presença real do Senhor na celebração eucarística. Portanto, me alegro porque agora podemos voltar à vida litúrgica normal. A presença do Senhor Ressuscitado em sua Palavra e na celebração eucarística nos dará a força necessária para enfrentar os difíceis problemas que nos esperam após a crise.

Meu desejo e minha esperança é que as reflexões teológicas contidas neste livro inspirem reflexão e despertem em muitas pessoas uma nova esperança e uma nova solidariedade. Como com os dois discípulos no caminho de Emaús, também no futuro o Senhor nos acompanhará pelo caminho com sua Palavra e, repartindo o Pão eucarístico, nos dirá: 'Não tenhais medo! Eu venci a morte'".   Fonte: https://www.vaticannews.va

Angelus. O Papa: Jesus é o tesouro escondido que dá sentido à nossa vida

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Publicado em 26 julho 2020
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“Jesus, que é o tesouro escondido e a pérola de grande valor, só pode suscitar alegria, toda a alegria do mundo: a alegria de descobrir um sentido para a própria vida, a alegria de senti-la comprometida com a aventura da santidade”, disse o Papa Francisco no Angelus, comentando duas parábolas sobre o Reino dos Céus contidas no Evangelho deste XVII Domingo do Tempo Comum

 

“O Reino dos Céus é o contrário das coisas supérfluas que o mundo oferece, é o contrário de uma vida banal: é um tesouro que renova a vida a cada dia e a expande em direção a horizontes mais amplos.” Foi o que disse o Papa Francisco no Angelus ao meio-dia deste XVII Domingo do Tempo Comum, falando da janela do palácio apostólico que dá para a Praça São Pedro aos fiéis e peregrinos que com o Santo Padre rezaram a oração mariana.

A reflexão do Pontífice concentrou-se no Evangelho do dia (Mt 13,44-52), que corresponde aos últimos versículos do capítulo que Mateus dedica às parábolas do Reino dos Céus. O trecho compreende três parábolas brevemente acenadas e muito curtas: a do tesouro escondido no campo, a da pérola preciosa e a da rede lançada ao mar.

Na alocução que precedeu à oração mariana Francisco deteve-se sobre as duas primeiras nas quais o Reino dos Céus é assimilado a duas diferentes realidades “preciosas”, ou seja, o tesouro no campo e a pérola de grande valor.

 

A construção do Reino exige disponibilidade ativa do homem 

“A reação daquele que encontra a pérola ou o tesouro é praticamente igual”, observou: “o homem e o mercante vendem tudo para adquirir aquilo mais têm a peito”.

“Com essas duas semelhanças, Jesus se propõe envolver-nos na construção do Reino dos Céus, apresentando uma característica essencial do mesmo: aderem plenamente ao Reino aqueles que estão dispostos a arriscar tudo”, ressaltou:

“De fato, tanto o homem quanto o mercante das duas parábolas vendem tudo aquilo que possuem, abandonando assim suas seguranças materiais. Disso se entende que a construção do Reino exige não somente a graça de Deus, mas também a disponibilidade ativa do homem.”

 

Abandonar o pesado fardo de nossas seguranças mundanas

Os gestos daquele homem e do mercante que vão em busca, privando-se de seus bens, para comprar realidades mais preciosas, são gestos decididos e radicais. “E, sobretudo – observou –, feitos com alegria, porque ambos encontraram o tesouro.”

“Somos chamados a assumir a atitude destes dois personagens evangélicos, tornando-nos também nós saudáveis buscadores irrequietos do Reino dos Céus. Trata-se de abandonar o pesado fardo de nossas seguranças mundanas que nos impedem de buscar e construir o Reino: a ganância pela posse, a sede de lucro e de poder, o pensar somente em nós mesmos.”

Em nossos dias, prosseguiu o Papa, “a vida de alguns pode resultar medíocre e sem brilho porque provavelmente não foram em busca de um verdadeiro tesouro: contentaram-se com coisas atraentes, mas efêmeras, cintilantes, mas ilusórias, porque depois deixam na escuridão.”

 

Amar Deus, os outros e verdadeiramente a nós mesmos

 Ressaltando que o Reino dos Céus “é um tesouro que renova a vida a cada dia e a expande em direção a horizontes mais amplos”, o Pontífice acrescentou que “quem encontrou este tesouro tem um coração criativo e em busca, que não repete, mas inventa, traçando e percorrendo novos caminhos, que nos levam a amar Deus, a amar os outros, a amar verdadeiramente a nós mesmos”.

“Jesus, que é o tesouro escondido e a pérola de grande valor, só pode suscitar alegria, toda a alegria do mundo: a alegria de descobrir um sentido para a própria vida, a alegria de senti-la comprometida com a aventura da santidade.”

“Que a Santíssima Virgem nos ajude a buscar todos os dias o tesouro do Reino dos Céus, a fim de que em nossas palavras  e em nossos gestos se manifeste o amor que Deus nos deu através de Jesus”, disse o Santo Padre dirigindo-se a Nossa Senhora antes de recitar a oração do Angelus. Fonte: https://www.vaticannews.va

Festa de Nossa Senhora do Carmo: Mensagem do Papa Francisco. “Nossa Senhora do Carmo nos ajude a ter um coração puro”.

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Publicado em 16 julho 2020
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Os Carmelitas difundiram no povo cristão a devoção à Bem-Aventurada Virgem do Monte Carmelo, indicando-a como modelo de oração, de contemplação e de dedicação a Deus.

 

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

“Nossa Senhora do Carmo, nossa mãe, ajuda-nos a ter mãos inocentes e um coração puro, a não pronunciar uma mentira e a não falar em detrimento de outras pessoas. Assim poderemos subir o monte do Senhor e obter sua bênção, sua justiça, sua salvação.”

Com esta mensagem no Twitter, o Papa Francisco recorda hoje a festa litúrgica de Nossa Senhora do Carmo, mãe da Ordem Carmelita.

 

Modelo de oração, contemplação e dedicação

Venerada desde o século XIII, o nome de Nossa Senhora do Carmo está ligado à região do Monte Carmelo, alto promontório que se eleva na costa oriental do mar Mediterrâneo, precisamente na altura da Galileia. Em hebraico, “carmo” significa vinha; e “elo” significa senhor; portanto, “Vinha do Senhor”.

O Carmelo tem nas suas ladeiras numerosas grutas naturais, preferidas pelos eremitas. O mais célebre destes homens foi o grande profeta Elias que, no século IX a. C., defendeu estrenuamente da contaminação dos cultos idolátricos, a pureza da fé no Deus único e verdadeiro. Inspirando-se precisamente na figura de Elias, nasceu a Ordem contemplativa dos "Carmelitas", família religiosa que entre os seus membros enumera grandes Santos, como Teresa de Ávila, João da Cruz, Teresa do Menino Jesus e Teresa Benedita da Cruz (no século, Edith Stein).

Os Carmelitas difundiram no povo cristão a devoção à Bem-Aventurada Virgem do Monte Carmelo, indicando-a como modelo de oração, de contemplação e de dedicação a Deus.

O Escapulário também ajudou na difusão desta devoção mariana em todo o mundo, sinal de cuidado materno. Carregando sobre o peito, o escapulário nos recorda a misericórdia de Deus para conosco e nos convida a viver segundo a sua Santa Palavra. Fonte: https://www.vaticannews.va

14º Domingo do Tempo Comum: “Alívio oferecido por Jesus não é apenas psicológico ou esmola”. Papa Francisco

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Publicado em 05 julho 2020
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  • Alívio oferecido por Jesus não é apenas psicológico ou esmola

O mundo exalta o rico e o poderoso, não importa com que meios, e por vezes espezinha a pessoa humana e a sua dignidade. E nós vemos isso todos os dias, os pobres espezinhados. E é uma mensagem para a Igreja, chamada a viver obras de misericórdia e a evangelizar os pobres, ser mansos, humildes. Assim o Senhor quer que seja a sua Igreja, isto é, nós.

 

Vatican News

Antes de rezar o Angelus neste XIV Domingo do Tempo Comum, o Papa Francisco propôs a seguinte reflexão aos peregrinos presentes na Praça São Pedro:

Queridos  irmãos e irmãs, bom dia!

O trecho evangélico deste domingo articula-se em três partes: primeiro, Jesus eleva um hino de bênção e ação de graças ao Pai, pois revelou aos pobres e ao simples o mistério do Reino dos céus; depois manifesta a relação íntima e única entre ele e o Pai; e por fim convida-nos a estar com ele e segui-lo para encontrar alívio.

Em primeiro lugar, Jesus louva o Pai, porque escondeu os segredos do seu Reino, da sua Verdade, escondidos «aos sábios e aos entendidos». Chama-os assim com um véu de ironia, porque presumem ser sábios, entendidos e por isso têm o coração fechado, tantas vezes. A verdadeira sabedoria vem também do coração, não é somente entender ideias. A verdadeira sabedoria também entra no coração. E se tu sabes tantas coisas e tens o coração fechado, tu não és sábio. Jesus fala sobre os mistérios do seu Pai revelando-os aos «pequeninos», àqueles que confiantemente se abrem à sua Palavra de salvação, abrem o coração à Palavra da salvação, sentem necessidade d'Ele e esperam tudo d'Ele. O coração aberto e confiante em relação ao Senhor.

Jesus explica que recebeu tudo do Pai e chama-lhe “meu Pai”, para afirmar a singularidade da sua relação com Ele. De facto, só entre o Filho e o Pai existe reciprocidade total: um conhece o outro, um vive no outro. Mas esta comunhão única é como uma flor que desabrocha, para revelar gratuitamente a sua beleza e bondade. E assim, eis o convite de Jesus: «Vinde a mim...». Ele quer dar o que provém do Pai. Quer dar-nos a Verdade, e a Verdade de Jesus é sempre gratuita, é um dom, é o Espírito Santo, a Verdade.

Tal como o Pai tem preferência pelos «pequeninos», também Jesus se dirige aos «cansados e aos oprimidos». Com efeito, Ele coloca-se entre eles, porque é «manso e humilde de coração»: diz para ser assim. Como na primeira e terceira bem-aventuranças, a dos humildes ou pobres de espírito; e a dos mansos: a mansidão de Jesus.

Assim, Jesus, «manso e humilde», não é um modelo para os resignados nem simplesmente uma vítima, mas é o Homem que vive «de coração» esta condição em plena transparência ao amor do Pai, ou seja, ao Espírito Santo. Ele é o modelo dos “pobres em espírito” e de todos os outros “bem-aventurados” do Evangelho, que fazem a vontade de Deus e dão testemunho do seu Reino.

E depois Jesus diz que se formos até ele encontraremos alívio: o “alívio” que Cristo oferece aos cansados e oprimidos não é apenas psicológico ou esmola, mas a alegria dos pobres de serem evangelizados e construtores da nova humanidade: este é o alívio. A alegria. A alegria que nos dá Jesus. É única. É a alegria que ele mesmo tem. É uma mensagem para todos nós, para todas as pessoas de boa vontade, que Jesus transmite ainda hoje no mundo que exalta aqueles que se tornam ricos e poderosos. Mas, quantas vezes dizemos: “Ah, eu gostaria de ser como aquele, como aquela, que é rico, tem tanto poder, não lhe falta nada..”. O mundo exalta o rico e o poderoso, não importa com que meios, e por vezes espezinha a pessoa humana e a sua dignidade. E nós vemos isso todos os dias, os pobres espezinhados. E é uma mensagem para a Igreja, chamada a viver obras de misericórdia e a evangelizar os pobres, ser mansos, humildes. Assim o Senhor quer que seja a sua Igreja, isto é, nós.

Maria, a mais humilde e nobre das criaturas, implore de Deus a sabedoria do coração – a sabedoria do coração -  para nós, para que possamos discernir os seus sinais na nossa vida e participar daqueles mistérios que, escondidos aos soberbos, são revelados aos humildes. Fonte: https://www.vaticannews.va

Papa: hoje precisamos de testemunhos de que o Evangelho é possível

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Publicado em 29 junho 2020
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"A profecia nasce quando nos deixamos provocar por Deus: não quando gerimos a própria tranquilidade, mantendo tudo sob controle. Não nasce de meus pensamentos, não nasce de meu coração fechado. Nasce se nós nos deixamos provocar por Deus. Quando o Evangelho inverte as certezas, brota a profecia. Só quem se abre às surpresas de Deus é que se torna profeta (...). Hoje precisamos de profecia, de verdadeira profecia: não discursos que prometem o impossível, mas testemunhos de que o Evangelho é possível."

“Como o Senhor transformou Simão em Pedro, assim chama a cada um para fazer de nós pedras vivas, com as quais construir uma Igreja e uma humanidade renovadas. Há sempre quem destrua a unidade e quem apague a profecia, mas o Senhor acredita em nós e pede-te: «Queres ser construtor de unidade? Queres ser profeta do meu céu na terra?» Deixemo-nos provocar por Jesus e ganhemos a coragem de Lhe dizer: «Sim, quero»!

Não no Altar da Confissão com a Basílica de São Pedro lotada, mas no Altar da Cátedra, na presença de cerca de 90 fiéis. Na Solenidade dos Santos Pedro e Paulo - em tempos em que são tomados todos os cuidados para evitar nova onda de contágios por coronavírus - o Papa Francisco presidiu a Santa Missa destacando duas palavras-chave: unidade e profecia.

No início da celebração, após a saudação litúrgica, o Decano do Colégio Cardinalício, cardeal Giovanni Battista Re, fez um breve pronunciamento, para então receber o pálio do Papa Francisco, que também abençoou os pálios que serão entregues aos Arcebispos Metropolitas nomeados no decorrer do último ano. Entre eles: cardeal Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador da Bahia; Dom Josafá Menezes da Silva, arcebispo de Vitória da Conquista; Dom Irineu Roman, arcebispo de Santarém; Dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaur e Dom Virgílio do Carmo da Silva, arcebispo de Dili, Timor Leste.

 

Unidade

 A reflexão do Papa Francisco parte da familiaridade que unia Pedro e Paulo, “duas pessoas muito diferentes, mas sentiam-se irmãos, como numa família unida onde muitas vezes se discute mas sem deixar de se amarem”, uma familiaridade que “não provinha de inclinações naturais, mas do Senhor. Ele não nos mandou agradar, mas amar. É Ele que nos une, sem nos uniformizar. Nos une nas diferenças.”

Em meio a perseguições, os primeiros cristãos não pensam em fugir ou salvar a própria pele, “mas todos rezam juntos” – recordou o Papa - enfatizando que “a unidade é um princípio que se ativa com a oração, porque a oração permite ao Espírito Santo intervir, abrir à esperança, encurtar as distâncias, manter-nos juntos nas dificuldades.”

 

Só a oração desata as algemas e deixa livre o caminho para a unidade

Francisco observa que “naqueles momentos dramáticos, ninguém se lamenta do mal, das perseguições”, pois “é inútil, e até chato, que os cristãos percam tempo se lamentando do mundo, da sociedade, daquilo que está errado. As lamentações não mudam nada. Recordemo-nos de que as lamentações são a segunda porta fechada para o Espírito Santo, como disse  a vocês no dia de Pentecostes: a primeira é o narcisismo, a segunda o desânimo, a terceira o pessimismo. O narcisismo te leva ao espelho, para se olhar continuamente; desânimo, às lamentações. O pessimismo, ao escuro, à escuridão. Essas três atitudes fecham a porta do Espírito Santo." Aqueles cristãos, ao contrário, rezavam:

Hoje, podemos interrogar-nos: «Guardamos a nossa unidade com a oração, a nossa unidade da Igreja? Rezamos uns pelos outros?» Que aconteceria se se rezasse mais e murmurasse menos? Aquilo que aconteceu a Pedro na prisão: como então, muitas portas que separam, abrir-se-iam; muitas algemas que imobilizam, cairiam. Peçamos a graça de saber rezar uns pelos outros.” 

São Paulo – completou o Santo Padre - exortava os cristãos a rezar por todos, mas em primeiro lugar por quem governa:

"Mas este governante é ...", e os qualificadores são muitos: eu não os direi, porque este não é o momento nem o lugar para dizer os qualificadores que são ouvidos contra os governantes. Mas, que Deus os julgue: mas rezemos pelos governantes. Vamos rezar. Eles precisam de oração.  É uma tarefa que o Senhor nos confia. Temo-la cumprido? Ou limitamo-nos a falar, insultar e basta? Quando rezamos, Deus espera que nos lembremos também de quem não pensa como nós, de quem nos bateu a porta na cara, das pessoas a quem nos custa perdoar. Só a oração desata as algemas, só a oração deixa livre o caminho para a unidade.

 

Pedro e André

O Pontífice recorda que o pálio abençoado neste dia “recorda a unidade entre as ovelhas e o Pastor que, como Jesus, carrega a ovelha nos ombros e nunca mais a larga”.

Ao mesmo tempo, fala da bela tradição deste dia em que “unimo-nos de maneira especial ao Patriarcado Ecumênico de Constantinopla:

Pedro e André eram irmãos; e entre nós, quando é possível, trocamos uma visita fraterna nas respetivas festas; não tanto por gentileza, mas para caminhar juntos rumo à meta que o Senhor nos indica: a unidade plena. Hoje, eles não conseguiram vir por causa do coronavírus, mas quando desci para venerar os restos mortais de Pedro, sentia no coração ao meu lado meu amado irmão Bartolomeu. Eles estão aqui, conosco.

 

Hoje precisamos de verdadeira profecia

Depois da unidade, O Santo Padre fala de uma segunda palavra: profecia. Com perguntas provocatórias, Jesus faz Pedro entender que “não Lhe interessam as opiniões gerais, mas a opção pessoal de O seguir”, e a Saulo, o abala interiormente, fazendo-o cair por terra no caminho para Damasco, derrubando “sua presunção de homem religioso e bom”. Então, vem as profecias: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja» (Mt 16, 18); e a Paulo: «É instrumento da minha escolha, para levar o meu nome perante os pagãos» (At 9, 15):

Assim, a profecia nasce quando nos deixamos provocar por Deus: não quando gerimos a própria tranquilidade, mantendo tudo sob controle.  Não nasce de meus pensamentos, não nasce de meu coração fechado. Nasce se nós nos deixamos provocar por Deus. Quando o Evangelho inverte as certezas, brota a profecia. Só quem se abre às surpresas de Deus é que se torna profeta.

E isso, pode ser visto em Pedro e Paulo, “profetas que enxergam mais além: Pedro é o primeiro a proclamar que Jesus é «o Messias, o Filho de Deus vivo»; Paulo antecipa a conclusão da sua vida: «Já me aguarda a merecida coroa, que me entregará, naquele dia, o Senhor»:

Hoje precisamos de profecia, mas de verdadeira profecia: não discursos que prometem o impossível, mas testemunhos de que o Evangelho é possível. Não são necessárias manifestações miraculosas. Me dói quando ouço "mas, queremos uma Igreja profética"... Bem. O que fazes para que a Igreja seja profética? Queremos a profecia... é preciso vidas que manifestam o milagre do amor de Deus. Não potência, mas coerência; não palavras, mas oração; não proclamações, mas serviço. Queres uma Igreja profética? Comece a servir, fique calado. Não teoria, mas testemunho. Precisamos não de ser ricos, mas de amar os pobres; não de ganhar para nós, mas de nos gastarmos pelos outros; não do consenso do mundo (..) Mas precisamos da alegria pelo mundo que virá; não de projetos pastorais, estes projetos que parecem tem uma própria eficiência, como se fossem sacramentos, projetos pastorais eficientes, não, não, mas precisamos de pastores que ofereçam a vida: de enamorados de Deus.

E foi como “enamorados de Deus” - sublinhou Francisco - que Pedro e Paulo anunciaram Jesus:

Pedro, antes de ser colocado na cruz, não pensa em si mesmo, mas no seu Senhor e, considerando-se indigno de morrer como Ele, pede para ser crucificado de cabeça para baixo. Paulo está para ser decapitado e pensa só em dar a vida, escrevendo que quer ser «oferecido como sacrifício». Esta é a profecia. Não palavras. E esta é profecia, a profecia que muda a história.

Também para nós existe uma profecia, descrita no Livro do Apocalipse, “quando Jesus promete às suas testemunhas fiéis «uma pedra branca», na qual «estará gravado um novo nome»”. E assim, “como o Senhor transformou Simão em Pedro, assim chama a cada um para fazer de nós pedras vivas, com as quais construir uma Igreja e uma humanidade renovadas. Há sempre quem destrua a unidade e quem apague a profecia, mas o Senhor acredita em nós e pede-te: «Tu, tu, tu, tu: queres ser construtor de unidade? Queres ser profeta do meu céu na terra?»  Irmãos e irmãs, deixemo-nos provocar por Jesus e ganhemos a coragem de Lhe dizer: «Sim, quero»!” Fonte: https://www.vaticannews.va

Solenidade dos SS. Pedro e Paulo: a homilia do Papa na íntegra

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Publicado em 29 junho 2020
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  • Festa de Pedro e São Paulo
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"Como o Senhor transformou Simão em Pedro, assim chama a cada um para fazer de nós pedras vivas, com as quais construir uma Igreja e uma humanidade renovadas. Há sempre quem destrua a unidade e quem apague a profecia, mas o Senhor acredita em nós e pede-te: «Queres ser construtor de unidade? Queres ser profeta do meu céu na terra?» Deixemo-nos provocar por Jesus e ganhemos a coragem de Lhe dizer: «Sim, quero»!"

 

Homilia do Santo Padre

Eucaristia, com a bênção dos pálios, na Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo

(Basílica de S. Pedro, 29 de junho de 2020)

 

Na festa dos dois Apóstolos desta cidade, gostaria de partilhar convosco duas palavras-chave: unidade e profecia.

Unidade. Celebramos conjuntamente duas figuras muito diferentes: Pedro era um pescador que passava os dias entre os remos e as redes; Paulo, um fariseu culto, que ensinava nas sinagogas. Quando saíram em missão, Pedro dirigiu-se aos judeus; Paulo, aos pagãos. E, quando se cruzaram os seus caminhos, discutiram animadamente, como Paulo não tem vergonha de contar numa carta (cf. Gal 2, 11-14). Enfim, eram duas pessoas muito diferentes, mas sentiam-se irmãos, como numa família unida onde muitas vezes se discute mas sem deixar de se amarem. Contudo a familiaridade, que os unia, não provinha de inclinações naturais, mas do Senhor. Ele não nos mandou agradar, mas amar. É Ele que nos une, sem nos uniformizar. Nos une nas diferenças.

A primeira Leitura de hoje leva-nos à fonte desta unidade. Narra que a Igreja, pouco depois de ter nascido, passava por uma fase crítica: Herodes não lhe dava paz, a perseguição era violenta, o apóstolo Tiago fora morto; e agora acabou preso o próprio Pedro. A comunidade parece decapitada; cada qual teme pela própria vida. Contudo, neste momento trágico, ninguém foge, ninguém pensa em salvar a pele, ninguém abandona os outros, mas todos rezam juntos. Da oração, tiram coragem; da oração, vem uma unidade mais forte do que qualquer ameaça. Diz o texto que, «enquanto Pedro estava encerrado na prisão, a Igreja orava a Deus, instantemente, por ele» (At 12, 5). A unidade é um princípio que se ativa com a oração, porque a oração permite ao Espírito Santo intervir, abrir à esperança, encurtar as distâncias, manter-nos juntos nas dificuldades.

Notemos outra coisa: naqueles momentos dramáticos, ninguém se lamenta do mal, das perseguições, de Herodes. Ninguém insulta Herodes. E nós estamos muito habituados a insultar os responsáveis. É inútil, e até chato, que os cristãos percam tempo a lamentar-se do mundo, da sociedade, daquilo que está errado. As lamentações não mudam nada. Recordemo-nos de que as lamentações são a segunda porta fechada ao Espírito Santo, como disse  a vocês no dia de Pentecostes: a primeira é o narcisismo, a segunda o desânimo, a terceira o pessimismo. O narcisismo te leva ao espelho, para se olhar continuamente; desânimo, as lamentações. O pessimismo, ao escuro, à escuridão. Essas três atitudes fecham a porta do Espírito Santo. Aqueles cristãos não culpavam, mas rezavam. Naquela comunidade, ninguém dizia: «Se Pedro tivesse sido mais cauteloso, não estaríamos nesta situação». Ninguém. Pedro, humanamente, tinha motivos para ser criticado; mas ninguém o criticava. Não murmuravam contra ele, mas rezavam por ele. Não falavam por trás, mas falavam com Deus. Hoje, podemos interrogar-nos: «Guardamos a nossa unidade com a oração, nossa unidade da Igreja? Rezamos uns pelos outros?» Que aconteceria se se rezasse mais e murmurasse menos, com a língua um pouco mais tranquila? Aquilo que aconteceu a Pedro na prisão: como então, muitas portas que separam, abrir-se-iam; muitas algemas que imobilizam, cairiam. E nós ficaríamos maravilhados como aquela jovem que vendo Pedro na porta, não conseguia abrir a porta, mas ia dentro, maravilhada de alegria em ver Pedro. Peçamos a graça de saber rezar uns pelos outros. São Paulo exortava os cristãos a rezar por todos, mas em primeiro lugar por quem governa (cf. 1 Tim 2, 1-3). Mas este governante é ...", e os qualificadores são muitos: eu não os direi, porque este não é o momento nem o lugar para dizer os qualificadores que são ouvidos contra os governantes. Mas, que Deus os julgue: mas rezemos pelos governantes. Vamos rezar. Eles precisam de oração.  É uma tarefa que o Senhor nos confia. Temo-la cumprido? Ou limitamo-nos a falar, insultar e basta? Quando rezamos, Deus espera que nos lembremos também de quem não pensa como nós, de quem nos bateu a porta na cara, das pessoas a quem nos custa perdoar. Só a oração desata as algemas, como a Pedro; só a oração deixa livre o caminho para a unidade.

Neste dia, benzem-se os pálios que serão entregues ao Decano do Colégio Cardinalício e aos Arcebispos Metropolitas nomeados no decorrer do último ano. O pálio recorda a unidade entre as ovelhas e o Pastor que, como Jesus, carrega a ovelha aos ombros e nunca mais a larga. Além disso, segundo uma bela tradição, hoje unimo-nos de maneira especial ao Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. Pedro e André eram irmãos; e entre nós, quando é possível, trocamos uma visita fraterna nas respetivas festas; não tanto por gentileza, mas para caminhar juntos rumo à meta que o Senhor nos indica: a unidade plena. Hoje, eles não conseguiram vir por causa do coronavírus, mas quando desci para venerar os restos mortais de Pedro, sentia no coração ao meu lado meu amado irmão Bartolomeu. Eles estão aqui, conosco.

A segunda palavra: profecia. Unidade e profecia. Os nossos Apóstolos foram provocados por Jesus. Pedro ouviu-O perguntar-lhe: «Tu, quem dizes que Eu sou?» (cf. Mt 16, 15). Naquele momento, compreendeu que, ao Senhor, não Lhe interessam as opiniões gerais, mas a opção pessoal de O seguir. Também a vida de Paulo mudou depois duma provocação de Jesus: «Saulo, Saulo, porque Me persegues?» (At 9, 4). O Senhor abalou-o dentro: mais do que fazê-lo cair por terra no caminho de Damasco, derrubou a sua presunção de homem religioso e bom. Assim um Saulo altivo tornou-se Paulo. Paulo que significa «pequeno». A estas provocações, a estas inversões da vida seguem as profecias: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja» (Mt 16, 18); e a Paulo: «É instrumento da minha escolha, para levar o meu nome perante os pagãos» (At 9, 15). Assim, a profecia nasce quando nos deixamos provocar por Deus: não quando gerimos a própria tranquilidade, mantendo tudo sob controle. Não nasce de meus pensamentos, não nasce de meu coração coração. Nasce se nós nos deixamos provocar por Deus. Quando o Evangelho inverte as certezas, brota a profecia. Só quem se abre às surpresas de Deus é que se torna profeta. Vemo-lo em Pedro e Paulo, profetas que enxergam mais além: Pedro é o primeiro a proclamar que Jesus é «o Messias, o Filho de Deus vivo» (Mt 16, 16); Paulo antecipa a conclusão da sua vida: «Já me aguarda a merecida coroa, que me entregará, naquele dia, o Senhor» (2 Tim 4, 8).

Hoje precisamos de profecia, de verdadeira profecia: não discursos que prometem o impossível, mas testemunhos de que o Evangelho é possível. Não são necessárias manifestações miraculosas.  Me dói quando ouço "mas, queremos uma Igreja profética"... Bem. O que fazes para que a Igreja seja profética? Queremos a profecia. É preciso vidas que manifestam o milagre do amor de Deus. Não potência, mas coerência; não palavras, mas oração; não proclamações, mas serviço. Tu queres uma Igreja profética? Comece a servir, fique calado. Não teoria, mas testemunho. Precisamos não de ser ricos, mas de amar os pobres; não de ganhar para nós, mas de nos gastarmos pelos outros; não do consenso do mundo, o de estar bem com todos. Costumamos dizer: “estar bem com Deus e com o diabo”...estar bem com todos. Não. Isso não é profecia. Mas precisamos da alegria pelo mundo que virá; não de projetos pastorais, estes projetos que parecem ter a própria eficiência, como se fossem sacramentos, projetos pastorais eficientes: não; mas precisamos de pastores que ofereçam a vida: de enamorados de Deus. Foi assim, como enamorados, que Pedro e Paulo anunciaram Jesus. Pedro, antes de ser colocado na cruz, não pensa em si mesmo, mas no seu Senhor e, considerando-se indigno de morrer como Ele, pede para ser crucificado de cabeça para baixo. Paulo está para ser decapitado e pensa só em dar a vida, escrevendo que quer ser «oferecido como sacrifício» (2 Tim 4, 6). Esta é a profecia. Não palavras. E esta é profecia, a profecia que muda a história.

Amados irmãos e irmãs, Jesus profetizou a Pedro: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja». Existe, também para nós, uma profecia semelhante; encontra-se no último livro da Bíblia, quando Jesus promete às suas testemunhas fiéis «uma pedra branca», na qual «estará gravado um novo nome» (Ap 2, 17). Como o Senhor transformou Simão em Pedro, assim chama a cada um para fazer de nós pedras vivas, com as quais construir uma Igreja e uma humanidade renovadas. Há sempre quem destrua a unidade e quem apague a profecia, mas o Senhor acredita em nós e pede-te: «Tu, tu, tu, tu: queres ser construtor de unidade? Queres ser profeta do meu céu na terra?» Irmãos e irmãs, deixemo-nos provocar por Jesus e ganhemos a coragem de Lhe dizer: «Sim, quero»! Fonte: https://www.vaticannews.va

Papa aos heróis da pandemia: o início de um milagre

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Publicado em 23 junho 2020
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“Não esqueçam que, com o trabalho de todos vocês, médicos, paramédicos, voluntários, sacerdotes, religiosos e leigos que fizeram isso, começaram um milagre”, disse o Papa Francisco a uma grande delegação do norte da Itália recebida em audiência no sábado (20), no Vaticano. E acrescentou que Deus vai ajudar para “que termine bem esse milagre que vocês começaram!”.

Um sinal de esperança é a marca deixada pelo Papa Francisco em cada uma das pessoas que participaram da audiência no Vaticano no último sábado (20). Uma grande delegação formada por profissionais da saúde e sacerdotes que vieram da área mais afetada pelo coronavírus na Itália, a região norte do país.

 

O milagre em meio à pandemia

Médicos e enfermeiros, em particular, descritos pelo Pontífice como “artesãos silenciosos da cultura da proximidade e da ternura”, se sentiram abraçados pelas palavras tanto de reconhecimento pelo “serviço árduo e até heroico” feito durante a pandemia como de encorajamento para seguir adiante. Ao final da audiência, o Papa motivou esses “anjos” a canalizar a energia positiva para produzir frutos no futuro:

“E não se esqueçam que, com o trabalho de vocês, de todos vocês, médicos, paramédicos, voluntários, sacerdotes, religiosos, leigos, que fizeram isso, começaram um milagre. Tenham fé e, como dizia aquele alfaiate, um teólogo já falecido: "eu nunca vi Deus começar um milagre sem terminá-lo bem". [Manzoni, Promessi sposi, cap. 24°]. Que termine bem esse milagre que vocês começaram!”

A enfermeira do Hospital Papa João XXIII, da cidade de Bergamo, Barbara Valle, presente na audiência, comentou as palavras de Francisco: “palavras muito bonitas, inclusive usar a palavra milagre é realmente uma coisa muito forte. Esperamos que, olhando para o futuro, mantenhamos essa experiência como algo que nos fortaleceu mesmo se devemos continuar mantendo os comportamentos que temos que manter. Mas, deixando para trás a provação, com todo o sofrimento que mesmo assim permanece no coração que, depois, com o tempo, vamos reelaborando em sentido positivo, nos deu uma grande força”.

 

As enfermeiras são mães

A enfermeira foi cumprimentada pelo Papa ao final da audiência, com palavras de “ternura e esperança”, depois da bênção e da foto em grupo: “devemos ser obedientes às disposições”, disse Francisco, em referência às medidas de segurança por causa da pandemia. De fato, além do distanciamento social durante todo o encontro, o Papa é quem foi ao encontro dos presentes para saudá-los, um a um, “com gentileza, como se deve fazer, como as autoridades disseram para fazer”, ressaltou o Pontífice.

“Quando ele se aproximou, disse palavras muito bonitas. Eu disse que era uma enfermeira, junto com as outras colegas, e ele nos disse que as enfermeiras são como mães que expressam ternura. Depois, me contou uma anedota pessoal: disse que devia a sua vida à uma enfermeira que lhe tinha dado uma dose a mais daquela recomendada pelo médico.”

 

Gestos de proximidade

O médico do Pronto-Socorro do Hospital Papa João XXIII, de Bergamo, Massimiliano De Vecchi, também presente na audiência, falou da situação atual sob controle em relação aos meses anteriores, apesar de ter vivido uma tragédia pessoal. De Vecchi chegou a contar ao Pontífice que perdeu o pai, vítima da Covid-19: “percebi que o Papa, naquele momento, rezou por ele. Foi um gesto de proximidade que me marcou muito”, disse o médico.

“Das suas palavras me impactaram mais quando enfatizou as boas coisas vividas e emersas durante essa tragédia. O Papa nos recordou que, em meio a tanta dor, a tanto sofrimento, existiram muitos gestos de proximidade, de solidariedade e que não devemos nos esquecer disso, mas guardar tudo para o futuro.” Fonte: https://www.vaticannews.va

Domingo 14. "Com Jesus, podemos nos imunizar contra a tristeza". Papa Francisco.

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Publicado em 14 junho 2020
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No altar da cátedra da Basílica Vaticana, o Papa Francisco presidiu à Missa no dia em que a Itália celebra a Solenidade de Corpus Christi. Jesus se faz presente "na fragilidade desarmante da Hóstia".

 

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

"A Eucaristia não é simples lembrança; é um fato: é a Páscoa do Senhor, que ressuscita para nós." No dia em que a Itália celebra a Solenidade de Corpus Christi, o Papa Francisco presidiu à missa na Basílica de São Pedro, com a participação de cerca de 50 fiéis.

A homilia do Pontífice foi inspirada no seguinte versículo extraído do Deuteronômio: «Recorda-te de todo esse caminho que o Senhor, teu Deus, te fez percorrer» (Dt 8, 2). As palavras do Papa, portanto, falam de memória: memória de quem somos e do que devemos fazer.

 

Fazei isto em memória de mim.

Para Francisco, é essencial recordar o bem recebido: se o não conservamos na memória, tornamo-nos estranhos a nós mesmos, meros «passantes» pela existência. Pelo contrário, fazer memória é amarrar-se aos laços mais fortes, sentir-se parte duma história transmitida de geração em geração.

Nossa memória é frágil, recordou o Papa, por isso Deus nos deixou um memorial. Não nos deixou apenas palavras, mas nos deu um Alimento: a Eucaristia não é simples lembrança; é um fato: é a Páscoa do Senhor, que ressuscita para nós. “Fazei isto em memória de Mim.”

A Eucaristia cura a nossa memória ferida e órfã. Introduz em nossa memória um amor maior: o Dele. Cura também aquilo que o Pontífice chamou de "nossa memória negativa", isto é, pensar de que não servimos para nada, que só cometemos erros.

“O Senhor sabe que o mal e os pecados não são a nossa identidade; são doenças, infeções. E Ele vem curá-las com a Eucaristia, que contém os anticorpos para a nossa memória doente de negativismo. Com Jesus, podemos imunizar-nos contra a tristeza.”

 

Somos portadores de Deus

Os problemas cotidianos não desaparecem, mas o seu peso deixará de nos esmagar, porque, na profundidade de nós mesmos, temos Jesus que nos encoraja com o seu amor.

“Aqui está a força da Eucaristia, que nos transforma em portadores de Deus.” Justamente por isso, ao sair da missa, não podemos continuar a reclamar, a criticar e a nos lamentar, pois a alegria do Senhor muda a vida.

Enfim a Eucaristia cura a nossa memória fechada. Se no início somos medrosos e desconfiados, aos poucos nos tornamos cínicos e indiferentes, agindo com insensibilidade e arrogância.

“Só o amor cura o medo pela raiz, e liberta dos fechamentos que aprisionam. É assim que faz Jesus, vindo ter conosco com mansidão, na fragilidade desarmante da Hóstia; assim faz Jesus, Pão partido para romper a carapaça dos nossos egoísmos.”

Eis o convite a não desperdiçar a vida, correndo atrás de mil coisas inúteis que criam dependências e deixam o vazio dentro. “A Eucaristia apaga em nós a fome de coisas e acende o desejo de servir.” Somos as mãos de Deus para saciar o próximo e juntos devemos formar correntes de solidariedade:

“Agora é urgente cuidar de quem tem fome de alimento e dignidade, de quem não trabalha e tem dificuldade em seguir adiante. E fazê-lo de modo concreto, como concreto é o Pão que Jesus nos dá.”

Por fim, uma recomendação: “Queridos irmãos e irmãs, continuemos a celebrar o Memorial que cura a nossa memória: a Missa. É o tesouro que deve ocupar o primeiro lugar na Igreja e na vida. E, ao mesmo tempo, redescubramos a adoração, que continua em nós a ação da Missa”.

A cerimônia se concluiu com a exposição do Santíssimo, com o qual o Pontífice concedeu a sua bênção. Fonte: https://www.vaticannews.va

Angelus: Eucaristia implica união a Cristo e ao próximo

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Publicado em 14 junho 2020
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Em sua alocução dominical, o Papa falou de dois efeitos da celebração eucarística: o efeito místico e o efeito comunitário.

 

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano (14/06/2020)

Após celebrar a missa de Corpus Christi neste domingo, o Papa Francisco rezou da janela de seu escritório a oração mariana do Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro.

Em sua alocução, falou de dois efeitos da celebração eucarística: o efeito místico e o efeito comunitário.

 

Sem a nossa transformação, missas são ritos vazios

O efeito místico ou espiritual diz respeito à união com Cristo, que no pão e no vinho se oferece para a salvação de todos.

“Jesus está presente no sacramento da Eucaristia para ser o nosso nutrimento, para ser assimilado e se tornar força renovadora." Mas isso requer o nosso consenso, a nossa disponibilidade para nos deixar transformar; do contrário, advetiu o Papa, "as celebrações eucarísticas se reduzem a ritos vazios e formais".

Muitos vão à missa como ato social, disse o Pontífice, mas o mistério é outra coisa: "é Jesus presente, que vem para nos nutrir".

 

Sincera fraternidade

O segundo efeito é comunitário, isto é, da comunhão recíproca entre os que participam da Eucaristia, a ponto de se tornar um só corpo.

“Não se pode participar da Eucaristia sem se comprometer numa sincera fraternidade recíproca.”

Mas sabendo que as forças humanas não são suficientes, pois entre os discípulos haverá sempre a tentação da rivalidade, o Senhor nos deixou o Sacramento da sua Presença real, concreta e permanente.

Este é o dúplice fruto da Eucaristia: a união com Cristo e a comunhão entre os que se nutrem Dele. Citando a Constituição conciliar Lumen gentium, Francisco recordou que a Igreja faz a Eucaristia, mas é mais fundamental que a Eucaristia faz a Igreja e lhe permite ser a sua missão antes mesmo de realizá-la.

“Este é o mistério da Eucaristia: receber Jesus para que nos transforme interiormente, para que faça a unidade entre nós, não a divisão.”

“Que Nossa Senhora nos ajude a acolher sempre com estupor e gratidão o grande dom que Jesus nos fez deixando-nos o Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue”, foi a oração final do Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va

Domingo de Pentecostes-Homilia do Papa: “O segredo da unidade na Igreja, o segredo do Espírito, é o dom”

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Publicado em 31 maio 2020
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“Peçamos o Espírito Santo, memória de Deus, reavivai em nós a lembrança do dom recebido. Libertai-nos das paralisias do egoísmo e acendei em nós o desejo de servir, de fazer bem. Porque pior do que esta crise, só o drama de a desperdiçar fechando-nos em nós mesmos. Vinde, Espírito Santo! Vós que sois harmonia, tornai-nos construtores de unidade; Vós que sempre Vos doais, dai-nos a coragem de sair de nós mesmos, de nos amar e ajudar, para nos tornarmos uma única família. Amém”

 

Cidade do Vaticano

“O que é que nos une, em que se baseia a nossa unidade?”. Na homilia da Missa na Solenidade de Pentecostes, celebrada no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro, com a presença de 50 fiéis, o Papa Francisco falou sobre a unidade como dom do Espírito Santo.

E começou, partindo da Igreja nascente: «Há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo – escreve Paulo aos Coríntios –; há diversidade de serviços, mas o Senhor é o mesmo; e há diversos modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos».

 

Diversos, unidos pelo Espírito Santo

“Diversidade – o mesmo, diversos – um só”. O Apóstolo – observa o Papa - insiste em juntar duas palavras que parecem opostas. Quer-nos dizer que este um só que junta os diversos é o Espírito Santo. E a Igreja nasceu assim: diversos, unidos pelo Espírito Santo”.

O Papa recordou que entre os apóstolos havia “pessoas simples, habituadas a viver do trabalho das suas mãos, como os pescadores”, mas também Mateus, “certamente dotado de instrução pois fora cobrador de impostos”.  Ou seja, há “origens e contextos sociais diversos, nomes hebraicos e nomes gregos, temperamentos pacatos e outros ardorosos, ideias e sensibilidades diferentes. Todos eram diferentes”.

 

A união vem com a unção

“Jesus - enfatizou Francisco - não os mudara, nem os uniformizara, tornando-os modelos em série. Não! Deixara as suas diversidades; e agora une-os, ungindo-os com o Espírito Santo. A união vem com a unção.”

Em Pentecostes, “os Apóstolos compreendem a força unificadora do Espírito”, pois constatam, que apesar de todos falarem línguas diversas, “formam um só povo: o povo de Deus, plasmado pelo Espírito, que tece a unidade com as nossas diferenças, que dá harmonia porque é harmonia”.

Voltando para a Igreja hoje, o Papa pergunta: «O que é que nos une, em que se baseia a nossa unidade?»,  pois também entre nós “existem diversidades, por exemplo de opinião, preferência, sensibilidade”. Mas a tentação, “é defender sempre de espada desembainhada as nossas ideias, considerando-as boas para todos e pactuando apenas com quem pensa como nós. E esta é uma má tentação que divide”.

 

Nosso princípio de unidade é o Espírito Santo

 Mas esta – ressalta o Papa – “é uma fé à nossa imagem”, em que aquilo que nos une “são as próprias coisas em que acreditamos e os próprios comportamentos que adotamos”. Mas “o nosso princípio de unidade é o Espírito Santo. E a primeira coisa que Ele nos lembra é que somos filhos amados de Deus. Todos iguais nisso, e todos diferentes”:

“O Espírito vem a nós, com todas as nossas diversidades e misérias, para nos dizer que temos um só e mesmo Senhor, Jesus, e um só e mesmo Pai; por isso, somos irmãos e irmãs. Partamos daqui! Olhemos a Igreja como faz o Espírito, não como faz o mundo. O mundo vê-nos de direita e de esquerda, com esta ideologia, com aquela outra; o Espírito vê-nos do Pai e de Jesus. O mundo vê conservadores e progressistas; o Espírito vê filhos de Deus. O olhar do mundo vê estruturas, que se devem tornar mais eficientes; o olhar espiritual vê irmãos e irmãs implorando misericórdia. O Espírito ama-nos e conhece o lugar de cada um no todo: para Ele não somos papelinhos coloridos levados pelo vento, mas ladrilhos insubstituíveis do seu mosaico”

 

O perigo da "Igreja ninho"

 Voltando ao dia de Pentecostes, o Papa observa que a primeira obra da Igreja é “o anúncio”:

“Vemos, porém, que os Apóstolos não preparam uma estratégia; quando estavam fechado ali, no Cenáculo, não faziam uma estratégia, não preparavam um plano pastoral. Teriam podido dividir as pessoas por grupos segundo os vários povos, falar primeiro aos de perto e depois aos que eram de longe, tudo organizado. Teriam podido também temporizar um pouco no anúncio e, entretanto, aprofundar os ensinamentos de Jesus, para evitar riscos... Mas não! O Espírito não quer que a recordação do Mestre seja cultivada em grupos fechados, em cenáculos onde tendemos a «fazer o ninho». E esta é uma séria doença que pode ocorrer na Igreja: a Igreja não comunidade, não família, não mãe, mas ninho. O Espírito abre, relança, impele para além do que já foi dito e feito, Ele impele para mais além dos recintos duma fé tímida e cautelosa”.

 

O segredo da unidade é o dom

Diferentemente do mundo que precisa de uma “estrutura compacta e uma estratégia calculada”, na Igreja – disse o Santo Padre - é o Espírito que assegura ao arauto a unidade”. Assim, os Apóstolos partem “sem preparação, lançam-se, saem. Anima-os um único desejo: dar o que receberam.”

E isso, leva-nos a compreender que “o segredo da unidade, o segredo do Espírito. O segredo da unidade na Igreja, o segredo do Espírito, é o dom. Porque Ele é dom, vive doando-Se e, assim, nos mantém unidos, fazendo-nos participantes do mesmo dom”:

“É importante acreditar que Deus é dom, que não se comporta tomando, mas dando. E por que é importante? Porque o nosso modo de ser crentes depende de como entendermos Deus. Se tivermos em mente um Deus que toma e que Se impõe, desejaremos também nós tomar e impor-nos: ocupar espaços, reivindicar importância, procurar poder."

“Mas, se tivermos no coração que Deus é dom, muda tudo. Se nos dermos conta de que aquilo que somos é dom d’Ele, dom gratuito e imerecido, então também nós quereremos fazer da vida um dom. E amando humildemente, servindo gratuitamente e com alegria, ofereceremos ao mundo a verdadeira imagem de Deus.”

 

Os três inimigos do dom

O Espírito, memória viva da Igreja, lembra-nos que nascemos de um dom e crescemos doando-nos; não poupando-nos, mas dando-nos.

O Papa então nos convida a olhar no íntimo de nós mesmos e nos perguntar o que é que impede de nos darmos, indicando três inimigos do dom, “sempre deitados à porta do coração: o narcisismo, a vitimização e o pessimismo”.

 

O narcisimo

“O narcisismo leva a idolatrar-me a mim mesmo, a comprazer-me apenas com o lucro próprio. O narcisista pensa: «A vida é boa, se eu ganho com ela». E assim chega a dizer: «Por que deveria eu doar-me aos outros?» Nesta pandemia, faz um mal imenso o narcisismo, o debruçar-se apenas sobre as próprias carências, insensível às dos outros, o não admitir as próprias fragilidades e erros.

 

A vitimização

Mas o segundo inimigo, a vitimização, também é perigoso. A vítima lamenta-se todos os dias do seu próximo: «Ninguém me compreende, ninguém me ajuda, ninguém me quer bem, estão todos contra mim!» E o seu coração fecha-se, enquanto se interroga: «Por que não se doam a mim os outros?» Quantas vezes ouvimos estas lamentações! No drama que vivemos, como é má a vitimização! Como é mau pensar que ninguém nos compreende e sente aquilo que sentimos nós. Isso é a vitimização!

 

O pessimismo

Por fim, temos o pessimismo. Neste caso, a ladainha diária é: «Nada vai bem, a sociedade, a política, a Igreja...» O pessimista insurge-se contra o mundo, mas fica inerte e pensa: «Assim para que serve doar-se? É inútil». Agora, no grande esforço de recomeçar, como é prejudicial o pessimismo, ver tudo negro, repetir que nada voltará a ser como antes!”

Com este tipo de pensamento – observou Francisco - o que seguramente não volta é a esperança: "Nestes três - o ídolo narcisista do espelho, o deus-espelho; o deus-lamentação: "eu me sinto pessoa nas lamentações"; e o deus-negatividade: "tudo é escuro" - , “encontramo-nos na carestia da esperança e precisamos apreciar o dom da vida, o dom que é cada um de nós. Por isso, necessitamos do Espírito Santo, dom de Deus que nos cura do narcisismo, da vitimização e do pessimismo, nos cura do espelho, das lamentações e do escuro.”

 

Construtores de unidade

O Pontífice concluiu sua homilia com a oração:

“Irmãos e irmãs, rezemos: Espírito Santo, memória de Deus, reavivai em nós a lembrança do dom recebido. Libertai-nos das paralisias do egoísmo e acendei em nós o desejo de servir, de fazer bem. Porque pior do que esta crise, só o drama de a desperdiçar fechando-nos em nós mesmos. Vinde, Espírito Santo! Vós que sois harmonia, tornai-nos construtores de unidade; Vós que sempre Vos doais, dai-nos a coragem de sair de nós mesmos, de nos amar e ajudar, para nos tornarmos uma única família. Amém”. Fonte: https://www.vaticannews.va

Francisco: “A Igreja não é uma gaiola para o Espírito Santo"

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Publicado em 29 maio 2020
  • Sinais do Espírito Santo,
  • SE NÃO FOSSE O ESPÍRITO SANTO,
  • Pe. José Tolentino Mendonça,
  • A Igreja não é uma gaiola para o Espírito Santo

“Obrigado por nos recordar que a Igreja não é uma gaiola para o Espírito Santo”, disse o Papa Francisco ao concluir no meio-dia da sexta-feira, 23 de fevereiro, os Exercícios Espirituais da Quaresma da cúria com um agradecimento ao Pe. José Tolentino Mendonça,  encarregado das meditações, nas quais abordou a questão das periferias e da sede de Deus, e colocou preto no branco alguns dos pecados das estruturas eclesiásticas.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 23-02-2018. A tradução é de André Langer.
“Padre, gostaria de agradecer, em nome de todos, por este acompanhamento nestes dias, que hoje se estenderá com o dia de oração e jejum pelo Sudão do Sul, Congo e Síria”, disse Francisco no final da última meditação e da missa de encerramento dos exercícios.
O Papa agradeceu a Tolentino “por nos falar sobre a Igreja, por nos fazer sentir a Igreja, este pequeno rebanho”. E também, enfatizou, por “nos ter advertido a não ‘encolhê-la’ com os nossos mundanismos burocráticos”.

“Obrigado por nos lembrar que a Igreja não é uma gaiola para o Espírito Santo, que o Espírito também voa e trabalha fora”, enfatizou o Pontífice, ressaltando a necessidade de trabalhar também com os “não-crentes, as pessoas de outras religiões”, pois “o Espírito de Deus é universal, é para todos”. Mesmo para “os centuriões, os ‘Cornelios’, os guardiões da prisão de Pedro”, que “vivem uma busca interior e sabem distinguir quando há algo que chama”.

“Obrigado – acrescentou ele – por essa chamada a nos abrir sem medo, sem rigidez, para sermos suaves no Espírito e não nos mumificar nas nossas estruturas que nos fecham”. “Somos homens, pecadores, todos”, concluiu suas palavras Bergoglio, agradecendo novamente ao poeta português por suas reflexões.

“Obrigado, Padre, por nos ter falado da Igreja, por nos ter feito sentir a Igreja, este pequeno rebanho. E também por nos ter advertido a não ‘encolhê-la’ com os nossos mundanismos burocráticos! Obrigado por nos ter recordado que a Igreja não é uma gaiola para o Espírito Santo, que o Espírito voa também fora e trabalha fora. E com as citações e as coisas que o senhor nos disse, nos fez ver como trabalha nos não crentes, nos ‘pagãos’, nas pessoas de outras confissões religiosas: é universal, é o Espírito de Deus, que é para todos. Também hoje existem os ‘Cornélios’, ‘centuriões’, ‘guardiões da prisão de Pedro’ que vivem uma busca interior ou sabem também distinguir quando há algo que chama. Obrigado por esta chamada a nos abrir sem medo, sem rigidez, para sermos suaves no Espírito e não nos mumificar nas nossas estruturas que nos fecham. Obrigado, padre. E continue a rezar por nós. Como dizia a madre superiora às irmãs: ‘Somos homens!’, pecadores, todos. Obrigado, padre. E que o Senhor o abençoe.” Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Mensagem para o 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais

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Publicado em 24 maio 2020
  • Histórias de vida,
  • Histórias
  • 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais
  • Mensagem para o 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais
  • História de histórias
  • Tecer histórias

Propomos na íntegra a Mensagem do Papa Francisco para o 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais

 

« “Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10, 2). A vida faz-se história »

Desejo dedicar a Mensagem deste ano ao tema da narração, pois, para não nos perdermos, penso que precisamos de respirar a verdade das histórias boas: histórias que edifiquem, e não as que destruam; histórias que ajudem a reencontrar as raízes e a força para prosseguirmos juntos. Na confusão das vozes e mensagens que nos rodeiam, temos necessidade duma narração humana, que nos fale de nós mesmos e da beleza que nos habita; uma narração que saiba olhar o mundo e os acontecimentos com ternura, conte a nossa participação num tecido vivo, revele o entrançado dos fios pelos quais estamos ligados uns aos outros.

 

1- Tecer histórias

O homem é um ente narrador. Desde pequenos, temos fome de histórias, como a temos de alimento. Sejam elas em forma de fábula, romance, filme, canção, ou simples notícia, influenciam a nossa vida, mesmo sem termos consciência disso. Muitas vezes, decidimos aquilo que é justo ou errado com base nos personagens e histórias assimiladas. As narrativas marcam-nos, plasmam as nossas convicções e comportamentos, podem ajudar-nos a compreender e dizer quem somos.

O homem não só é o único ser que precisa de vestuário para cobrir a própria vulnerabilidade (cf. Gn 3, 21), mas também o único que tem necessidade de narrar-se a si mesmo, «revestir-se» de histórias para guardar a própria vida. Não tecemos apenas roupa, mas também histórias: de facto, servimo-nos da capacidade humana de «tecer» quer para os tecidos, quer para os textos. As histórias de todos os tempos têm um «tear» comum: a estrutura prevê «heróis» – mesmo do dia-a-dia – que, para encalçar um sonho, enfrentam situações difíceis, combatem o mal movidos por uma força que os torna corajosos, a força do amor. Mergulhando dentro das histórias, podemos voltar a encontrar razões heroicas para enfrentar os desafios da vida.

O homem é um ente narrador, porque em devir: descobre-se e enriquece-se com as tramas dos seus dias. Mas, desde o início, a nossa narração está ameaçada: na história, serpeja o mal.

 

2- Nem todas as histórias são boas

«Se comeres, tornar-te-ás como Deus» (cf. Gn 3, 4): esta tentação da serpente introduz, na trama da história, um nó difícil de desfazer. «Se possuíres…, tornar-te-ás…, conseguirás…»: sussurra ainda hoje a quem se utiliza do chamado storytelling para fins instrumentais. Quantas histórias nos narcotizam, convencendo-nos de que, para ser felizes, precisamos continuamente de ter, possuir, consumir. Quase não nos damos conta de quão ávidos nos tornamos de bisbilhotices e intrigas, de quanta violência e falsidade consumimos. Frequentemente, nos «teares» da comunicação, em vez de narrações construtivas, que solidificam os laços sociais e o tecido cultural, produzem-se histórias devastadoras e provocatórias, que corroem e rompem os fios frágeis da convivência. Quando se misturam informações não verificadas, repetem discursos banais e falsamentepersuasivos, percutem com proclamações de ódio, está-se, não a tecer a história humana, mas a despojar o homem da sua dignidade.

Mas, enquanto as histórias utilizadas para proveito próprio ou ao serviço do poder têm vida curta, uma história boa é capaz de transpor os confins do espaço e do tempo: à distância de séculos, permanece atual, porque nutre a vida.

Numa época em que se revela cada vez mais sofisticada a falsificação, atingindo níveis exponenciais (o deepfake), precisamos de sapiência para patrocinar e criar narrações belas, verdadeiras e boas. Necessitamos de coragem para rejeitar as falsas e depravadas. Precisamos de paciência e discernimento para descobrirmos histórias que nos ajudem a não perder o fio, no meio das inúmeras lacerações de hoje; histórias que tragam à luz a verdade daquilo que somos, mesmo na heroicidade oculta do dia a dia.

 

3- A História das histórias

A Sagrada Escritura é uma História de histórias. Quantas vicissitudes, povos, pessoas nos apresenta! Desde o início, mostra-nos um Deus que é simultaneamente criador e narrador: de facto, pronuncia a sua Palavra e as coisas existem (cf. Gn 1). Deus, através deste seu narrar, chama à vida as coisas e, no apogeu, cria o homem e a mulher como seus livres interlocutores, geradores de história juntamente com Ele. Temos um Salmo onde a criatura se conta ao Criador: «Tu modelaste as entranhas do meu ser e teceste-me no seio de minha mãe. Dou-Te graças por me teres feito uma maravilha estupenda (…). Quando os meus ossos estavam a ser formados, e eu, em segredo, me desenvolvia, recamado nas profundezas da terra, nada disso Te era oculto» (Sal 139/138, 13-15). Não nascemos perfeitos, mas necessitamos de ser constantemente «tecidos» e «recamados». A vida foi-nos dada como convite a continuar a tecer a «maravilha estupenda» que somos.

Neste sentido, a Bíblia é a grande história de amor entre Deus e a humanidade. No centro, está Jesus: a sua história leva à perfeição o amor de Deus pelo homem e, ao mesmo tempo, a história de amor do homem por Deus. Assim, o homem será chamado, de geração em geração, a contar e fixar na memória os episódios mais significativos desta História de histórias: os episódios capazes de comunicar o sentido daquilo que aconteceu.

O título desta Mensagem é tirado do livro do Êxodo, narrativa bíblica fundamental que nos faz ver Deus a intervir na história do seu povo. Com efeito, quando os filhos de Israel, escravizados, clamam por Ele, Deus ouve e recorda-Se: «Deus recordou-Se da sua aliança com Abraão, Isaac e Jacob. Deus viu os filhos de Israel e reconheceu-os» (Ex 2, 24-25). Da memória de Deus brota a libertação da opressão, que se verifica através de sinais e prodígios. E aqui o Senhor dá a Moisés o sentido de todos estes sinais: «Para que possas contar e fixar na memória do teu filho e do filho do teu filho (…) os meus sinais que Eu realizei no meio deles. E vós conhecereis que Eu sou o Senhor» (Ex 10, 2). A experiência do Êxodo ensina-nos que o conhecimento de Deus se transmite sobretudo contando, de geração em geração, como Ele continua a tornar-Se presente. O Deus da vida comunica-Se, narrando a vida.

O próprio Jesus falava de Deus, não com discursos abstratos, mas com as parábolas, breves narrativas tiradas da vida de todos os dias. Aqui a vida faz-se história e depois, para o ouvinte, a história faz-se vida: tal narração entra na vida de quem a escuta e transforma-a.

Também os Evangelhos – não por acaso – são narrações. Enquanto nos informam acerca de Jesus, «performam-nos»[1] à imagem de Jesus, configuram-nos a Ele: o Evangelho pede ao leitor que participe da mesma fé para partilhar da mesma vida. O Evangelho de João diz-nos que o Narrador por excelência – o Verbo, a Palavra – fez-Se narração: «O Filho unigénito, que é Deus e está no seio do Pai, foi Ele quem O contou» (1, 18). Usei o termo «contou», porque o original exeghésato tanto se pode traduzir «revelou» como «contou». Deus teceu-Se pessoalmente com a nossa humanidade, dando-nos assim uma nova maneira de tecer as nossas histórias.

 

4- Uma história que se renova

A história de Cristo não é um património do passado; é a nossa história, sempre atual. Mostra-nos que Deus tomou a peito o homem, a nossa carne, a nossa história, a ponto de Se fazer homem, carne e história. E diz-nos também que não existem histórias humanas insignificantes ou pequenas. Depois que Deus Se fez história, toda a história humana é, de certo modo, história divina. Na história de cada homem, o Pai revê a história do seu Filho descido à terra. Cada história humana tem uma dignidade incancelável. Por isso, a humanidade merece narrações que estejam à sua altura, àquela altura vertiginosa e fascinante a que Jesus a elevou.

Vós «sois uma carta de Cristo – escrevia São Paulo aos Coríntios –, confiada ao nosso ministério, escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações» (2 Cor 3, 3). O Espírito Santo, o amor de Deus, escreve em nós. E, escrevendo dentro de nós, fixa em nós o bem, recorda-no-lo. De facto, re-cordar significa levar ao coração, «escrever» no coração. Por obra do Espírito Santo, cada história, mesmo a mais esquecida, mesmo aquela que parece escrita em linhas mais tortas, pode tornar-se inspirada, pode renascer como obra-prima, tornando-se um apêndice de Evangelho. Assim as Confissões de Agostinho, o Relato do Peregrino de Inácio, a História de uma alma de Teresinha do Menino Jesus, os Noivos prometidos (Promessi sposi) de Alexandre Manzoni, os Irmãos Karamazov de Fiódor Dostoevskij… e inumeráveis outras histórias, que têm representado admiravelmente o encontro entre a liberdade de Deus e a do homem. Cada um de nós conhece várias histórias que perfumam de Evangelho: testemunham o Amor que transforma a vida. Estas histórias pedem para ser partilhadas, contadas, feitas viver em todos os tempos, com todas as linguagens, por todos os meios.

 

5- Uma história que nos renova

Em cada grande história, entra em jogo a nossa história. Ao mesmo tempo que lemos a Escritura, as histórias dos Santos e outros textos que souberam ler a alma do homem e trazer à luz a sua beleza, o Espírito Santo fica livre para escrever no nosso coração, renovando em nós a memória daquilo que somos aos olhos de Deus. Quando fazemos memória do amor que nos criou e salvou, quando metemos amor nas nossas histórias diárias, quando tecemos de misericórdia as tramas dos nossos dias, nesse momento estamos a mudar de página. Já não ficamos atados a lamentos e tristezas, ligados a uma memória doente que nos aprisiona o coração, mas, abrindo-nos aos outros, abrimo-nos à própria visão do Narrador. Nunca é inútil narrar a Deus a nossa história: ainda que permaneça inalterada a crónica dos factos, mudam o sentido e a perspetiva. Narrarmo-nos ao Senhor é entrar no seu olhar de amor compassivo por nós e pelos outros. A Ele podemos narrar as histórias que vivemos, levar as pessoas, confiar situações. Com Ele, podemos recompor o tecido da vida, cosendo as ruturas e os rasgões. Quanto nós, todos, precisamos disso!

Com o olhar do Narrador – o único que tem o ponto de vista final –, aproximamo-nos depois dos protagonistas, dos nossos irmãos e irmãs, atores juntamente connosco da história de hoje. Sim, porque ninguém é mero figurante no palco do mundo; a história de cada um está aberta a possibilidades de mudança. Mesmo quando narramos o mal, podemos aprender a deixar o espaço à redenção; podemos reconhecer, no meio do mal, também o dinamismo do bem e dar-lhe espaço.

Por isso, não se trata de seguir as lógicas do storytelling, nem de fazer ou fazer-se publicidade, mas de fazer memória daquilo que somos aos olhos de Deus, testemunhar aquilo que o Espírito escreve nos corações, revelar a cada um que a sua história contém maravilhas estupendas. Para o conseguirmos fazer, confiemo-nos a uma Mulher que teceu a humanidade de Deus no seio e – diz o Evangelho – teceu conjuntamente tudo o que Lhe acontecia. De facto, a Virgem Maria tudo guardou, meditando-o no seu coração (cf. Lc 2, 19). Peçamos-Lhe ajuda a Ela, que soube desatar os nós da vida com a força suave do amor:

Ó Maria, mulher e mãe, Vós tecestes no seio a Palavra divina, Vós narrastes com a vossa vida as magníficas obras de Deus. Ouvi as nossas histórias, guardai-as no vosso coração e fazei vossas também as histórias que ninguém quer escutar. Ensinai-nos a reconhecer o fio bom que guia a história. Olhai o cúmulo de nós em que se emaranhou a nossa vida, paralisando a nossa memória. Pelas vossas mãos delicadas, todos os nós podem ser desatados. Mulher do Espírito, Mãe da confiança, inspirai-nos também a nós. Ajudai-nos a construir histórias de paz, histórias de futuro. E indicai-nos o caminho para as percorrermos juntos.

Roma, em São João de Latrão, na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2020. 

[Franciscus]

[1] Cf. Bento XVI, Carta enc. Spe salvi (30/XI/2007), 2: «A mensagem cristã não era só "informativa", mas "performativa". Significa isto que o Evangelho não é apenas uma comunicação de realidades que se podem saber, mas uma comunicação que gera factos e muda a vida».

Fonte: https://www.vaticannews.va

Segunda-feira 18. “João Paulo II, homem de oração, proximidade e justiça que é misericórdia”. Papa Francisco

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Publicado em 18 maio 2020
  • Papa Francisco,
  • São João Paulo II,
  • COVID-19
  • religião e covid-19
  • Túmulo do São João Paulo II,
  • Papa Wojtyla
  • centésimo aniversário do nascimento de São João Paulo II

Francisco celebrou esta segunda-feira (18/05) na Basílica de São Pedro, na Capela onde se encontra o Túmulo do São João Paulo II, no centenário do nascimento do Papa polonês. Na homilia, afirmou que Deus visitou o seu povo enviando o Papa Wojtyla para guiar a Igreja e ressaltou três traços da sua personalidade: a oração, a proximidade às pessoas e um sentido pleno de justiça que jamais se pode separar da misericórdia

 

Vatican News

No centésimo aniversário do nascimento de São João Paulo II (18 de maio de 1920), o Papa Francisco presidiu a Missa na capela da Basílica de São Pedro onde se encontra o túmulo do Papa Wojtyla. Entre os concelebrantes, o vigário do Papa para a Cidade do Vaticano e arcipreste da Basílica Vaticana, cardeal Angelo Comastri; o esmoleiro apostólico, o cardeal polonês Konrad Krajewski; dom Piero Marini, durante 18 anos mestre das celebrações litúrgicas no Pontificado de João Paulo II; e o arcebispo polonês Jan Romeo Pawłowski, chefe da terceira Seção da Secretaria de Estado que se ocupa dos diplomatas da Santa Sé.

Esta foi a última das Missas da manhã celebradas ao vivo streaming por Francisco desde 9 de março passado, após a suspensão das celebrações com a participação de fiéis por causa da pandemia da Covid-19. Com a retomada na Itália, e em outros países, das celebrações com fiéis, cessa, a partir de amanhã, 19 de maio, a transmissão ao vivo da Missa das 7h locais da Casa Santa Marta. O Papa faz votos de que o povo de Deus possa voltar à familiaridade comunitária com o Senhor nos sacramentos, sempre respeitando – como disse ontem, no Regina Caeli dominical – as prescrições estabelecidas para a saúde de todos. A Basílica de São Pedro saneada sexta-feira passada.

O Papa, recitando a oração da Coleta, rezou “Deus, rico de misericórdia”, que colocastes “o Santo João Paulo II” à frente da vossa Igreja, fazei que, “instruídos pelos seus ensinamentos, abramos confiadamente os nossos corações à graça salvadora de Cristo, único Redentor do homem”.

Na homilia, o Papa recordou que “o Senhor ama o seu povo” e o povo de Israel “quando o Senhor por este amor enviava um profeta, um homem de Deus, dizia: “O Senhor visitou o seu povo, porque o ama”. E o esmo dizia a multidão que seguia Jesus vendo as coisas que fazia: “O Senhor visitou o seu povo”. “E hoje nós aqui podemos dizer: cem anos atrás o Senhor visitou o seu povo, enviou um homem, o preparou para ser bispo e guiar a Igreja”. “O Senhor ama o seu povo, o Senhor visitou o seu povo, enviou um pastor”.

Francisco indicou três traços do bom pastor que se encontram em São João Paulo II: “A oração, a proximidade ao povo, e o amor pela justiça. São João Paulo II era um homem de Deus porque rezava e rezava muito”, apesar do muito trabalho que tinha para guiar a Igreja. “Ele bem sabia que a primeira tarefa de um bispo é rezar” e “ele o sabia, ele o fazia. Modelo de bispo que reza, a primeira tarefa. E nos ensinou que à noite, quando um bispo faz o exame de consciência, deve perguntar-se: quantas horas rezei hoje? Um homem de oração”.

“Segundo traço, um homem de proximidade. Não era um homem separado do povo, aliás, ia encontrar o povo e rodou o mundo inteiro, encontrando o seu povo, buscando o seu povo, fazendo-se próximo. E a proximidade é um dos traços de Deus com o seu povo. Recordamos que o Senhor diz ao povo de Israel: ‘Olha, qual povo teve seus deuses tão próximos como tu comigo?’. Uma proximidade de Deus com o povo que depois se faz estreita em Jesus, se faz forte em Jesus. Um pastor é próximo do povo, do contrário não é pastor, é um hierarca, é um administrador, talvez bom, mas não é pastor. Proximidade ao povo. E São João Paulo II nos deu o exemplo desta proximidade: próximo dos grandes e dos pequenos, dos de perto e dos de longe, sempre próximo, se fazia próximo”.

“Terceiro traço, o amor pela justiça. Mas a justiça plena! Um homem que queria a justiça, a justiça social, a justiça dos povos, a justiça que expulsa as guerras. Mas a justiça plena! Por isso São João Paulo II era o homem da misericórdia porque justiça e misericórdia caminham juntas, não se podem distinguir, estão juntas: justiça é justiça, misericórdia é misericórdia, mas uma sem a outra não está bem. E falando do homem da justiça e da misericórdia, pensemos o muito que São João Paulo II fez para que as pessoas entendessem a misericórdia de Deus. Pensemos como ele levou adiante a devoção a Santa Faustina”, cuja memória litúrgica agora é estendida à Igreja no mundo inteiro. “Ele havia sentido que a justiça de Deus tinha esta face de misericórdia, esta atitude de misericórdia. E este é um dom que nos deixou: a justiça-misericórdia e a misericórdia justa.”

“Peçamos a ele hoje, que nos dê a todos nós, especialmente aos pastores da Igreja, mas a todos, a graça da oração, a graça da proximidade e a graça da justiça-misericórdia, misericórdia-justiça.”

Ao término da Missa, Francisco pediu a Deus que suscite em nós “a chama da caridade que alimentou incessantemente a vida de São João Paulo II” e “o impeliu a gastar-se” pela Igreja.

Entre os cantos durante a Missa, um dos mais conhecidos das Jornadas Mundiais da Juventude, “Jesus Christ you are my life”, entoado durante a vigília da JMJ de Torvergata, em Roma, no ano 2000 com um João Paulo II que de modo comovente movimentava os braços erguidos acompanhando os jovens que cantavam:

Jesus Christ you are my life, aleluia, aleluia.

Jesus Cristo, você é minha vida.

Você é o caminho, é a verdade,

Você é a nossa vida,

Caminhando com Você

Viveremos em Você para sempre.

Na alegria caminharemos

Trazendo seu Evangelho;

Testemunho de caridade,

Filhos de Deus no mundo.

 

A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:

“O Senhor ama o seu povo” (Sl 149,4), cantamos, era o refrão do canto entre as leituras e também uma verdade que o povo de Israel repete, gostava de repetir: “O Senhor ama o seu povo” e nos momentos difíceis, sempre “o Senhor ama”; deve-se esperar como este amor se manifestará. Quando o Senhor por este amor enviava um profeta, um homem de Deus, a reação do povo era: “Deus visitou o seu povo” (Lc 7,16 cf. Lc 1,68 Êx 4,31), porque o ama, “o visitou”. E o mesmo dizia a multidão que seguia Jesus vendo as coisas que Jesus fazia: “Deus visitou o seu povo”. E hoje nós aqui podemos dizer: cem anos atrás o Senhor visitou o seu povo, enviou um homem, o preparou para ser bispo e guiar a Igreja. Recordando São João Paulo II retomemos isto: “O Senhor ama o seu povo”, o Senhor visitou o seu povo, enviou um pastor.

E quais são, digamos, “os traços” de bom pastor que podemos encontrar em São João Paulo II? Muitos! Mas digamos três deles somente. Como dizem que os jesuítas sempre dizem as coisas... três, digamos três: a oração, a proximidade ao povo, e o amor pela justiça. São João Paulo II era um homem de Deus porque rezava e rezava muito. Mas como pode um homem que tem tanto o que fazer, tanto trabalho para guiar a Igreja... ter tanto tempo para oração? Ele bem sabia que a primeira tarefa de um bispo é rezar e isso não foi o Vaticano II que disse, o disse São Pedro, quando com os Doze escolheu os diáconos, disseram: “E a nós bispos, a oração e o anúncio da Palavra” (cf At 6,4).

A primeira tarefa de um bispo é rezar. E ele sabia disso, ele o fazia. Modelo de bispo que reza, a primeira tarefa. E nos ensinou que à noite, quando um bispo faz o exame de consciência, deve perguntar-se: hoje, quantas horas rezei? Um homem de oração.

Segundo traço, um homem de proximidade. Não era um homem separado do povo, aliás, ia encontrar o povo e rodou o mundo inteiro, encontrando o seu povo, buscando o seu povo, fazendo-se próximo. E a proximidade é um dos traços de Deus com o seu povo. Recordemos que o Senhor diz ao povo de Israel: “Olha, qual povo teve deuses tão próximos como eu contigo?” (cf. Dt 4,7). Uma proximidade de Deus com o povo que depois se torna estreita em Jesus, se torna forte em Jesus. Um pastor é próximo do povo, do contrário, se não o é, não é pastor, é um hierarca, é um administrador, talvez bom, mas não é pastor. Proximidade ao povo. E São João Paulo II nos deu o exemplo desta proximidade: próximo dos grandes e dos pequenos, próximo dos de perto e dos de longe, sempre próximo, se fazia próximo.

Terceiro traço, o amor pela justiça. Mas a justiça plena! Um homem que queria a justiça, a justiça social, a justiça dos povos, a justiça que afasta as guerras. Mas a justiça plena! Por isso, São João Paulo II era o homem da misericórdia, porque justiça e misericórdia caminham juntas, não se podem distinguir, estão juntas: justiça é justiça, misericórdia é misericórdia, mas uma sem a outra não está bem. E falando do homem da justiça e da misericórdia, pensemos o muito que São João Paulo II fez para que as pessoas entendessem a misericórdia de Deus. Pensemos como ele levou adiante a devoção a Santa Faustina cuja memória litúrgica, a partir de hoje, será para a Igreja no mundo inteiro. Ele havia sentido que a justiça de Deus tinha esta face de misericórdia, esta atitude de misericórdia. E este é um dom que ele nos deixou: a justiça-misericórdia e a misericórdia justa.

Peçamos a ele hoje, que nos dê a todos nós, especialmente aos pastores da Igreja, mas a todos, a graça da oração, a graça da proximidade e a graça da justiça-misericórdia, misericórdia-justiça. Fonte: https://www.vaticannews.va

DOMINGO 17: Francisco celebra a Missa no centenário do nascimento de São João Paulo II

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Publicado em 17 maio 2020
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O Papa recordou quem alguns países as celebrações litúrgicas com os fiéis foram retomadas; em outros a possibilidade está sendo considerada; na Itália, a partir desta segunda-feira a missa será celebrada com o povo. Francisco recordou ainda que teve início a semana da Laudato si.

 

Silvonei José – Cidade do Vaticano

Depois de rezar a oração do Regina Coeli o Papa Francisco recordou que nesta segunda-feira comemora-se o centenário do nascimento de São João Paulo II, em Wadowice, Polônia. Recordamo-lo com muito carinho e gratidão disse.

“Amanhã de manhã, às 7 da manhã, celebrarei a Santa Missa, que será transmitida para todo o mundo, no altar onde repousam seus restos mortais. Do Céu ele continua a interceder pelo Povo de Deus e pela paz no mundo”.

Em alguns países as celebrações litúrgicas com os fiéis foram retomadas; em outros a possibilidade está sendo considerada; na Itália, a partir desta segunda-feira a missa será celebrada com o povo. Mas, por favor, - disse o Papa continuemos com as normas, as prescrições que nos dão para proteger assim a saúde de cada um e do povo.

O Santo Padre recordou ainda que no mês de maio, é tradição em muitas paróquias celebrar as Missas da Primeira Comunhão. Claramente, por causa da pandemia, este belo momento de fé e celebração foi adiado. Francisco então enviou um pensamento afetuoso aos meninos e meninas que deveriam ter recebido a Eucaristia pela primeira vez.

“Caríssimos, convido vocês a viverem este tempo de espera como uma oportunidade para se prepararem melhor: rezando, lendo o livro de catecismo para aprofundar o conhecimento de Jesus, crescer na bondade e no serviço aos outros. Bom caminho”.

Francisco recordou ainda que teve início a semana da Laudato si, que terminará no próximo domingo, que comemora o quinto aniversário da publicação da Encíclica.

Nestes tempos de pandemia em que estamos mais conscientes da importância do cuidado da nossa casa comum, faço votos de que toda a nossa reflexão e compromisso comuns ajudem a criar e fortalecer atitudes construtivas para o cuidado da Criação.

Antes de se despedir de todos os fiéis Francisco assomou a janela do apartamento pontifício para abençoar mais uma vez os fiéis de Roma e do mundo inteiro. Fonte: https://www.vaticannews.va

Sexta-feira 15. “Cresça o amor nas famílias. Onde há rigidez não se encontra o Espírito de Deus”. Papa Francisco

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Publicado em 15 maio 2020
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Na Missa esta sexta-feira (15/05) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa rezou pelas famílias, recordando o Dia internacional a elas dedicado pelas Nações Unidas. Na homilia, ressaltou que a fé em Jesus leva à alegria e à liberdade, enquanto a rigidez causa perturbação

 

VATICAN NEWS

Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta sexta-feira (15/05) da V Semana da Páscoa. Na introdução, dirigiu o pensamento às famílias:

Hoje é o Dia Mundial das Famílias: rezemos pelas famílias, para que cresça nas famílias o Espírito do Senhor, o espírito de amor, de respeito, de liberdade.

Na homilia, o Papa comentou a passagem dos Atos dos Apóstolos (At 15,22-31) em que Paulo e Barnabé são enviados aos pagãos convertidos de Antioquia, transtornados e perturbados com os discursos de alguns que não tinham recebido nenhum encargo. Os apóstolos levam consigo uma carta que encoraja e alegra os novos discípulos, explicando-lhes que não são obrigados à circuncisão segundo a Lei mosaica, como pretendiam alguns fariseus que se tinham se tornado cristãos.

“No Livro dos Atos dos Apóstolos – disse o Papa – vemos que na Igreja, no início, havia tempos de paz”, mas “havia também tempos de perseguição” e “tempos de perturbação. E esse é o tema da primeira leitura de hoje: um tempo de perturbação”. Deu-se que os cristãos que provinham do paganismo “tinham acreditado em Jesus Cristo e recebido o batismo, e estavam felizes: tinham recebido o Espírito Santo. Do paganismo ao cristianismo, sem nenhuma etapa intermediária”.

Mas havia cristãos “judaizantes” que “defendiam que não se podia fazer isso. Se alguém era pagão, primeiro devia tornar-se judeu, um bom judeu, e depois tornar-se cristão”. E os cristãos convertidos do paganismo não entendiam isso: “Como é isso, somos cristãos de segunda classe? Não se pode passar do paganismo diretamente ao cristianismo?” Perguntavam-se se a Ressurreição de Cristo tinha ou não levado a lei antiga a uma maior plenitude. Estavam perturbados e havia muitas discussões entre eles.

Os “judaizantes” defendiam suas teses “com argumentos pastorais, argumentos teológicos, alguns inclusive morais” e “isso colocava em discussão a liberdade do Espírito Santo, também a gratuidade da Ressurreição de Cristo e da graça. Eram metódicos. E também rígidos”. Jesus já tinha repreendido esses doutores da Lei por tornar os prosélitos pior do que eles. “Este povo que era ideológico”, mais que dogmático”, tinha “reduzido a Lei, o dogma a uma ideologia”, a “uma religião de prescrições, e com isso tolhiam a liberdade do Espírito. E seus seguidores eram pessoas rígidas”, que não conheciam a alegria do Evangelho. A perfeição do caminho para seguir Jesus era a rigidez. “Esses doutores manipulavam as consciências dos fiéis, ou os faziam tornar-se rígidos ou iam embora”.

O Papa reiterou isso: “A rigidez não é do bom Espírito, porque coloca em questão a gratuidade da Redenção, a gratuidade da Ressurreição de Cristo” e “durante a história da Igreja isso se repetiu. Pensemos nos pelagianos”, “rígidos famosos”. E também em nossos tempos vimos algumas organizações apostólicas que pareciam muito bem organizadas, que trabalhavam bem… mas todos rígidos, todos iguais um ao outro, e depois soubemos da corrupção que havia internamente, inclusive nos fundadores”.

“Onde há rigidez não se encontra o Espírito de Deus, porque o Espírito de Deus é liberdade”. E esse povo tolhia “a liberdade do Espírito de Deus e a gratuidade da Redenção”. Mas “a justificação é gratuita. A morte e a Ressurreição de Cristo é gratuita. Não se paga, não se compra: é um dom”.

“Os apóstolos se reúnem neste concílio e ao término escrevem uma carta que começa assim: ‘Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor nenhum fardo’ (além das coisas indispensáveis), e colocam essas obrigações mais morais, de bom senso: não confundir o cristianismo com o paganismo”, e, “por fim, quando esses cristãos que estavam perturbados, reunidos em assembleia, receberam a carta”, se “alegraram pelo encorajamento que infundia. Da perturbação à alegria. O espírito da rigidez sempre leva você à perturbação: ‘Fiz bem isso? Não o fiz bem?’ O escrúpulo”. Ao invés, o espírito da liberdade evangélica leva você à alegria, porque foi propriamente isso que Jesus fez com a sua Ressurreição: trouxe a alegria! A relação com Deus, a relação com Jesus não leva você a dizer: “Eu faço isso e Vós me dais aquilo”, uma “relação comercial: não! É gratuita, como a relação de Jesus com os discípulos é gratuita: ‘Vós sois meus amigos. Não vos chamo servos, chamo-vos amigos. Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi’: essa é a gratuidade”.

“Peçamos ao Senhor que nos ajude a discernir os frutos da gratuidade evangélica dos frutos da rigidez não-evangélica, e que nos liberte de toda perturbação daqueles que colocam a fé, a vida da fé sob as prescrições casuísticas, as prescrições que não têm sentido. Refiro-me a essas prescrições que não têm sentido, não aos Mandamentos. Que nos liberte desse espírito de rigidez que lhe tolhe a liberdade”.

 

A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:

No Livro dos Atos dos Apóstolos vemos que na Igreja, no início, havia tempos de paz, diz isso várias vezes: a Igreja crescia, em paz, e o Espírito do Senhor se difundia; tempos de paz (cf. At 9,31). Havia tempos de perseguição, a começar pela perseguição a Estêvão (cf. At 7,59), depois Paulo perseguidor, convertido, também ele depois perseguido (cf. At 13,50)... Tempos de paz, tempos de perseguições, e havia tempos de perturbação. E esse é o tema da primeira leitura de hoje: um tempo de perturbação. “Ficamos sabendo que alguns dos nossos – escrevem os apóstolos aos cristãos oriundos do paganismo –, ficamos sabendo que alguns dos nossos, aos quais não damos nenhum encargo, vieram perturbar-vos – perturbar-vos – com palavras que transtornaram vosso espírito (At 15,24).

O que tinha acontecido? Esses cristãos que provinham dos pagãos tinham acreditado em Jesus Cristo e recebido o batismo, e estavam felizes: tinham recebido o Espírito Santo. Do paganismo ao cristianismo, sem nenhuma etapa intermediária. Ao invés, esses que se chamavam “os judaizantes” defendiam que não se podia fazer isso. Se alguém era pagão, primeiro devia tornar-se judeu, um bom judeu, e depois tornar-se cristão, para estar na linha da eleição do povo de Deus. E esses cristãos (convertidos do paganismo) não entendiam isso: “Como é isso, somos cristãos de segunda classe? Não se pode passar do paganismo diretamente ao cristianismo? A Ressurreição de Cristo não rompeu a lei antiga e a levou uma plenitude maior ainda? Estavam perturbados e havia muitas discussões entre eles. E aqueles que queriam isso eram pessoas que com argumentos pastorais, argumentos teológicos, alguns inclusive morais, defendiam que não: que se devia fazer a passagem assim! E isso colocava em discussão a liberdade do Espírito Santo, também a gratuidade da Ressurreição de Cristo e da graça. Eram metódicos. E também rígidos. Jesus tinha dito deles, de seus mestres, dos doutores da Lei: “Ai de vós que percorreis céu e mar para fazer um prosélito e quando o encontrais fazei-o pior do que antes. Fazei-o filho da Geena”. Jesus diz mais ou menos assim no capítulo 23 de Mateus (cf. v.15). Este povo que era “ideológico” – mais que “dogmático”, era “ideológico”, – tinha reduzido a Lei, o dogma a uma ideologia e “se deve fazer isso, isso, e isso, e isso”: uma religião de prescrições, e com isso tolhiam a liberdade do Espírito. E as pessoas que o seguiam eram pessoas rígidas, pessoas que não se sentiam confortavelmente, não conheciam a alegria do Evangelho. A perfeição do caminho para seguir Jesus era a rigidez: “É preciso fazer isso, isso, isso, isso...” Essas pessoas, esses doutores “manipulavam” as consciências dos fiéis, ou os faziam tornar-se rígidos... ou iam embora.

Por isso, eu me repito muitas vezes, digo que a rigidez não é do bom Espírito, porque coloca em questão a gratuidade da Redenção, a gratuidade da Ressurreição de Cristo. E isso é uma coisa antiga: durante a história da Igreja isso se repetiu. Pensemos nos pelagianos”, nesses... nesses rígidos, famosos. E também em nossos tempos vimos algumas organizações apostólicas que pareciam muito bem organizadas, que trabalhavam bem… mas todos rígidos, todos iguais um ao outro, e depois soubemos da corrupção que havia internamente, inclusive nos fundadores.

Onde há rigidez não se encontra o Espírito de Deus, porque o Espírito de Deus é liberdade. E esse povo queria dar passos tirando a liberdade do Espírito de Deus e a gratuidade da Redenção: “Para ser justificado, você deve fazer isso, isso, isso, isso...” A justificação é gratuita. A morte e a Ressurreição de Cristo é gratuita. Não se paga, não se compra: é um dom! E estes não queriam fazer isso.

O caminho é bonito: os apóstolos se reúnem neste concílio e ao término escrevem uma carta que começa assim: “De fato, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor nenhum fardo” (At 15,28), e colocam essas obrigações mais morais, de bom senso: não confundir o cristianismo com o paganismo, abster-se das carnes oferecidas aos ídolos, etc. E por fim, esses cristãos que estavam perturbados, reunidos em assembleia recebem a carta e “Sua leitura causou alegria, por causa do estímulo que trazia” (v. 31). Da perturbação à alegria. O espírito da rigidez sempre leva você à perturbação: “Fiz bem isso? Não o fiz bem?” O escrúpulo, isso... O espírito da liberdade evangélica leva você à alegria, porque foi propriamente isso que Jesus fez com a sua Ressurreição: trouxe a alegria! A relação com Deus, a relação com Jesus não é uma relação assim, de “fazer as coisas”: “Eu faço isso e Vós me dais aquilo”. Uma relação assim – o Senhor me perdoe – comercial: não! É gratuita, como a relação de Jesus com os discípulos é gratuita: “Vós sois meus amigos (Jo 15,14). “Não vos chamo servos, chamo-vos amigos (cf. Jo 15). “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi” (v. 16): essa é a gratuidade.

Peçamos ao Senhor que nos ajude a discernir os frutos da gratuidade evangélica dos frutos da rigidez não-evangélica, e que nos liberte de toda perturbação daqueles que colocam a fé, a vida da fé sob as prescrições casuísticas, as prescrições que não têm sentido. Refiro-me a essas prescrições que não têm sentido, não aos Mandamentos. Que nos liberte desse espírito de rigidez que lhe tolhe a liberdade.

 

O Papa convidou a fazer a Comunhão espiritual com a seguinte oração:

Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.

O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística. Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:

Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!

Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!

Ressuscitou como disse. Aleluia!

Rogai por nós a Deus. Aleluia!

D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!

C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!

Fonte: https://www.vaticannews.va

Quinta-feira 14. Homilia do Papa: “Rezemos juntos como irmãos pela libertação de todas as pandemias”.

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Publicado em 14 maio 2020
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Na Missa na Casa Marta, no Vaticano, o Papa recordou o Dia Mundial de Oração, esta quinta-feira (14/05), promovido pelo Alto Comitê para a Fraternidade Humana para pedir ao Senhor o fim da pandemia da Covid-19. Na homilia, recordou que existem outras pandemias que causam milhões de mortos, como a pandemia da fome, a pandemia da guerra e das crianças que não têm acesso à instrução, e convidou a pedir a Deus que nos abençoe e tenha piedade de nós

 

VATICAN NEWS

Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quinta-feira, 14 de maio, data em que a Igreja celebra em seu calendário litúrgico a Festa de São Matias Apóstolo. Na introdução, recordou o Dia mundial de oração, jejum e obras de caridade, promovido pelo Alto Comitê da Fraternidade Humana, e encorajou todos a se unirem como irmãos, para pedir a libertação deste mal:

O Alto Comitê para a Fraternidade Humana convocou para hoje um dia de oração, jejum para pedir a Deus misericórdia e piedade neste momento trágico da pandemia. Todos somos irmãos. São Francisco de Assis dizia: “Todos irmãos”. E por isto, homens e mulheres de todas as confissões religiosas hoje nos unimos na oração e na penitência para pedir a graça da cura desta pandemia.

Na homilia, o Papa comentou a primeira leitura, extraída do Livro de Jonas, em que o profeta convida o povo de Nínive a converter-se para não sofrer a destruição da cidade. Nínive se converteu e a cidade foi salva de alguma pandemia, talvez “uma pandemia moral”, observou o Santo Padre. “E hoje – ressaltou – todos nós, irmãos e irmãs de todas as tradições religiosas, rezamos: dia de oração e de jejum, de penitência, convocado pelo Alto Comitê para a Fraternidade Humana. Cada um de nós reza, as comunidades rezam, as confissões religiosas rezam: rezam a Deus, todos irmãos, unidos na fraternidade que nos une neste momento de dor e de tragédia.”

“Nós não esperávamos esta pandemia, veio sem que nós a esperássemos, mas agora está aí. E muitas pessoas morrem. E muitas pessoas morrem sozinhas e muita gente morre sem poder fazer nada. Muitas vezes se pode pensar: ‘Não me diz respeito, graças a Deus me salvei’. Mas pense nos outros! Pense na tragédia e também nas consequências econômicas, nas consequências sobre a educação” e “naquilo que virá depois. E por isso hoje, todos, irmãos e irmãs, de toda e qualquer confissão religiosa, rezemos a Deus”.

“Talvez – observou o Papa – alguém possa dizer:  ‘Mas isso é relativismo religioso e não se pode fazer’. Como não se pode fazer, rezar ao Pai de todos? Cada um reza como sabe, como pode”, segundo a própria cultura. “Nós não estamos rezando um contra o outro, esta tradição religiosa contra aquela, não! Estamos todos unidos como seres humanos, como irmãos, rezando a Deus, segundo a própria cultura, segundo a própria tradição, segundo os próprios credos, mas irmãos rezando a Deus, isso é importante: irmãos, fazendo jejum, pedindo perdão a Deus pelos nossos pecados, para que o Senhor tenha misericórdia de nós, para que o Senhor nos perdoe, para que o Senhor detenha esta pandemia. Hoje é um dia de fraternidade, olhando para o único Pai, irmãos e paternidade. Dia de oração.”

Esta pandemia – disse Francisco – “veio como um dilúvio, veio abruptamente. Agora estamos nos acordando um pouco. Mas existem tantas outras pandemias que fazem as pessoas morrer e não nos damos conta disso, olhamos para outro lado. Somos um pouco inconscientes diante das tragédias que se verificam no mundo neste momento”.

O Papa citou uma estatística oficial, que não fala da pandemia do coronavírus, mas de outra pandemia: “Nos primeiros quatro meses deste ano morreram de fome 3 milhões e 700 mil pessoas. Existe a pandemia da fome. Em quatro meses, quase 4 milhões de pessoas. Esta oração de hoje para pedir que o Senhor detenha esta pandemia nos deve levar a pensar nas outras pandemias do mundo. Há muitas pandemias! A pandemia das guerras, da fome e muitas outras. Mas o importante é que, hoje, juntos e graças à coragem que o Alto Comitê para a Fraternidade Humana teve, juntos fomos convidados a rezar cada um segundo a própria tradição e a fazer um dia de penitência de jejum e também de caridade, de ajuda aos outros. Isso é importante. No livro de Jonas ouvimos que o Senhor, quando viu como o povo tinha reagido – tinha se convertido –, o Senhor cessou, desistiu daquilo que Ele queria fazer”.

“Que Deus detenha esta tragédia – foi a oração do Papa Francisco –, que detenha esta pandemia. Que Deus tenha piedade de nós e que cesse também as outras pandemias tão ruins: a da fome, a da guerra, a das crianças sem instrução. E peçamos isso como irmãos, todos juntos. Que Deus nos abençoe a todos e tenha piedade de nós.”

 

A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:

Na primeira Leitura ouvimos a história de Jonas, num estilo da época. Como havia “alguma pandemia”, não sabemos, na cidade de Nínive, talvez uma “pandemia moral”, (a cidade) estava para ser destruída (conf. Jn 3,1-10). E Deus manda Jonas pregar: oração e penitência, oração e jejum (conf. vers. 7-8). Diante daquela pandemia, Jonas se assustou e fugiu (conf. Jn 1,1-3). Depois o Senhor o chamou pela segunda vez e ele aceitou ir pregar isso (conf. Jn 3,1-2). E hoje todos nós, irmãos e irmãs de todas as tradições religiosas, rezamos: dia de oração e de jejum, de penitência, convocado pelo Alto Comitê para a Fraternidade Humana. Cada um de nós reza, as comunidades rezam, as confissões religiosas rezam, rezam a Deus: todos irmãos, unidos na fraternidade que nos une neste momento de dor e de tragédia.

Nós não esperávamos esta pandemia, veio sem que nós a esperássemos, mas agora está aí. E muitas pessoas morrem. E muitas pessoas morrem sozinhas e muita gente morre sem poder fazer nada. Muitas vezes se pode pensar: “Não me diz respeito, graças a Deus me salvei”. Mas pense nos outros! Pense na tragédia e também nas consequências econômicas, nas consequências sobre a educação, as consequências... naquilo que virá depois. E por isso hoje, todos, irmãos e irmãs, de toda e qualquer confissão religiosa, rezemos a Deus. Talvez alguém possa dizer:  “Isso é relativismo religioso e não se pode fazer”. Como não se pode fazer, rezar ao Pai de todos? Cada um reza como sabe, como pode, como recebeu da própria cultura. Nós não estamos rezando um contra o outro, esta tradição religiosa contra aquela, não! Estamos todos unidos como seres humanos, como irmãos, rezando a Deus, segundo a própria cultura, segundo a própria tradição, segundo os próprios credos, mas irmãos rezando a Deus, isso é importante! Irmãos, fazendo jejum, pedindo perdão a Deus pelos nossos pecados, para que o Senhor tenha misericórdia de nós, para que o Senhor nos perdoe, para que o Senhor detenha esta pandemia. Hoje é um dia de fraternidade, olhando para o único Pai, irmãos e paternidade. Dia de oração.

Nós, no ano passado, aliás, em novembro do ano passado, não sabíamos o que era uma pandemia: veio como um dilúvio, veio abruptamente. Agora estamos nos acordando um pouco. Mas existem tantas outras pandemias que fazem as pessoas morrer e não nos damos conta disso, olhamos para outro lado. Somos um pouco inconscientes diante das tragédias que se verificam no mundo neste momento. Gostaria simplesmente de citar a vocês uma estatística oficial dos primeiros quatro meses deste ano, que não fala da pandemia do coronavírus, fala de outra. Nos primeiros quatro meses deste ano morreram de fome 3 milhões e 700 mil pessoas. Existe a pandemia da fome. Em quatro meses, quase 4 milhões de pessoas. Esta oração de hoje para pedir que o Senhor detenha esta pandemia nos deve levar a pensar nas outras pandemias do mundo. Há muitas pandemias! A pandemia das guerras, da fome e muitas outras. Mas o importante é que, hoje - juntos e graças à coragem que o Alto Comitê para a Fraternidade Humana teve, juntos fomos convidados a rezar cada um segundo a própria tradição e a fazer um dia de penitência de jejum e também de caridade, de ajuda aos outros. Isso é importante. No livro de Jonas ouvimos que o Senhor, quando viu como o povo tinha reagido – que tinha se convertido –, o Senhor cessou, desistiu daquilo que Ele queria fazer.

Que Deus detenha esta tragédia, que detenha esta pandemia. Que Deus tenha piedade de nós e que cesse também as outras pandemias tão ruins: a da fome, a da guerra, a das crianças sem instrução. E peçamos isso como irmãos, todos juntos. Que Deus nos abençoe a todos e tenha piedade de nós.

 

O Papa convidou a fazer a Comunhão espiritual com a seguinte oração:

Meu Jesus, eu creio que estais realmente presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!

Francisco terminou a celebração com adoração e a bênção eucarística. No final da Missa, o Papa agradeceu a Tommaso Pallottino, o técnico de som do Dicastério para a Comunicação que o acompanhou nestas transmissões ao vivo e hoje era seu último dia de trabalho antes da aposentadoria: “Que o Senhor – pediu o Santo Padre – o abençoe e o acompanhe na nova etapa da vida”. Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:

Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!

Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!

Ressuscitou como disse. Aleluia!

Rogai por nós a Deus. Aleluia!

D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!

C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!

Fonte: https://www.vaticannews.va

Quarta-feira 13. O Papa reza por alunos e professores. A vida cristã é permanecer em Jesus

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Publicado em 13 maio 2020
  • Reflexão do Evangelho do Dia,
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  • homilia da Missa na Casa Santa Marta,
  • V Semana da Páscoa
  • permanecer em Jesus
  • Papa reza por alunos e professores

Na Missa esta quarta-feira (13/05) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa rezou ao Senhor a fim de que dê a estudantes e professores a coragem de seguir adiante neste tempo da pandemia. Na homilia, afirmou que a vida cristã é a mística de um “permanecer” recíproco: nós em Jesus e Jesus em nós

 

VATICAN NEWS

Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quarta-feira (13/05) da V Semana da Páscoa e no dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de Nossa Senhora de Fátima. Na introdução, dirigiu seu pensamento a estudantes e professores:

Rezemos hoje pelos estudantes, os jovens que estudam, e os professores que devem encontrar novas modalidades para seguir adiante no ensino: que o Senhor os ajude neste caminho, lhes dê coragem e também sucesso.

Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 15,1-8) em que Jesus diz a seus discípulos: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que em mim não dá fruto, ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda… Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”.

“O Senhor – disse o Papa – retorna ao ‘permanecer n’Ele’, e nos diz: ‘A vida cristã é permanecer em mim’. Permanecer. E usa aqui a imagem da videira, como os ramos permanecem na videira. E esse ‘permanecer’ não é um permanecer passivo, um adormentar-se no Senhor: esse talvez fosse um sono beatífico.” Ao invés, “este ‘permanecer’ é um ‘permanecer’ ativo, e também é um ‘permanecer’ recíproco. Por que? Porque Ele diz: ‘Permanecei em mim e eu em vós’. Também Ele permanece em nós, não somente nós n’Ele. É um permanecer recíproco”.

Este “permanecer recíproco” – prosseguiu – “é um mistério”, “um mistério de vida, um mistério belíssimo”. “É verdade, os ramos sem a videira não podem fazer nada porque a seiva não chega, precisam da seiva para crescer e para dar fruto. Mas também a árvore, a videira precisa dos ramos, porque os frutos não crescem na árvore, na videira. É uma necessidade recíproca, é um permanecer recíproco para dar fruto.”

“E esta é a vida cristã: é verdade, a vida cristã é cumprir os mandamentos, isso deve ser feito. A vida cristã é trilhar no caminho das bem-aventuranças, isso deve ser feito. A vida cristã é levar adiante as obras de misericórdia, como o Senhor nos ensina no Evangelho, e isso deve ser feito. Mas tem mais: é esse permanecer recíproco. Nós sem Jesus nada podemos fazer, como os ramos sem a videira. E Ele – o Senhor me permita dizer isso – parece que sem nós nada pode fazer, porque o fruto é dado pelos ramos, não pela árvore, a videira”. Neste “permanecer” recíproco está a fecundidade.

E qual é – pergunta-se o Papa “com um pouco de audácia” – a necessidade que a árvore da videira tem dos ramos? “É ter frutos”. “Qual é a necessidade que Jesus tem de nós? O testemunho. Quando no Evangelho diz que nós somos luz, diz: ‘Sede luz, para que os homens vejam vossas boas obras e glorifiquem o Pai’, ou seja, a necessidade que Jesus tem de nós é do testemunho. Dar testemunho de seu nome, porque a fé, o Evangelho cresce pelo testemunho.”

Jesus “precisa do nosso testemunho” para que “a Igreja cresça. E esse é o mistério recíproco do ‘permanecer’. Ele, o Pai e o Espírito Santo permanecem em nós, e nós permanecemos em Jesus”.

“Pensar e refletir sobre isto nos fará bem: permanecer em Jesus e Jesus permanece em nós. Permanecer em Jesus para ter a seiva, a força, para ter a justificação, a gratuidade, para ter a fecundidade. E Ele permanece em nós para dar-nos a força do fruto, para dar-nos a força do testemunho com o qual a Igreja cresce.”

E a relação entre nós e Jesus “é uma relação de intimidade, uma relação mística, uma relação sem palavras. ‘Mas padre, que sejam os místicos a fazer isso!’ Não: isso é para todos nós. Com pequenos pensamentos: ‘Senhor, eu sei que Vós estais presente: Dai-me a força e eu farei aquilo que vós me direis’. Aquele diálogo de intimidade com o Senhor. O Senhor está presente, o Senhor está presente em nós, o Pai está presente em nós, o Espírito está presente em nós; permanecem em nós. Mas eu devo permanecer n’Eles”.

“Que o Senhor – foi a oração do Papa – nos ajude a entender, a sentir essa mística do ‘permanecer’ sobre o qual Jesus insiste tanto.” “Muitas vezes nós, quando falamos da videira e dos ramos, nos detemos à figura, ao trabalho do agricultor, do Pai, que àquele que produz fruto, o poda; e àquele que não produz fruto, o corta.” “É verdade, faz isso, mas não é tudo, não. Tem mais. Esta é a ajuda: as provações, as dificuldades da vida, também as correções que o Senhor nos faz. Mas não nos detenhamos aí. Entre a videira e os ramos há esse ‘permanecer’ íntimo. Os ramos, nós, precisamos da seiva, e a videira precisa dos frutos, do testemunho.”

 

A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:

O Senhor retorna ao ‘permanecer n’Ele’, e nos diz: “A vida cristã é permanecer em mim”. Permanecer (conf. Jo 15,1-8). E usa aqui a imagem da videira, como os ramos permanecem na videira. E esse permanecer não é um permanecer passivo, um adormentar-se no Senhor: esse talvez fosse um “sono beatífico”; mas não é isso. Este permanecer é um permanecer ativo, e também é um permanecer recíproco. Porquê? Porque Ele diz: “Permanecei em mim e eu em vós”. (vers. 4). Também Ele permanece em nós, não somente nós n’Ele. É um permanecer recíproco. Em outro lugar diz: Eu e o Pai “a ele viremos e nele estabeleceremos morada” (Jo 14,23). Este é um mistério, mas um mistério de vida, um mistério belíssimo. Este permanecer recíproco. Também com o exemplo dos ramos: é verdade, os ramos sem a videira não podem fazer nada porque a seiva não chega, precisam da seiva para crescer e para dar fruto. Mas também a árvore, a videira precisa dos ramos, porque os frutos não crescem na árvore, na videira. É uma necessidade recíproca, é um permanecer recíproco para dar fruto.”

E esta é a vida cristã: é verdade, a vida cristã é cumprir os mandamentos (conf. Ex 20,1-11), isso deve ser feito. A vida cristã é trilhar no caminho das bem-aventuranças (conf. Mt 5,1-13), isso deve ser feito. A vida cristã é levar adiante as obras de misericórdia, como o Senhor nos ensina no Evangelho (conf. Mt 5,31-36), e isso deve ser feito. Mas tem mais: é esse permanecer recíproco. Nós, sem Jesus, nada podemos fazer, como os ramos sem a videira. E Ele – o Senhor me permita dizer isso – parece que sem nós nada pode fazer, porque o fruto é dado pelos ramos, não pela árvore, a videira. Nesta comunidade, nesta intimidade de “permanecer fecunda”, o Pai e Jesus permanecem em mim e eu permaneço n’Eles.

Qual é – me vem em mente dizer – a “necessidade” que a árvore da videira tem dos ramos? É ter frutos. Qual é a “necessidade” – digamos assim, com um pouco de audácia –, qual é a “necessidade” que Jesus tem de nós? O testemunho. Quando no Evangelho diz que nós somos luz, diz: “Sede luz, para que os homens ‘vejam vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai’ (Mt 5,16)”, ou seja, a necessidade que Jesus tem de nós é do testemunho. Dar testemunho de seu nome, porque a fé, o Evangelho cresce pelo testemunho.”

Este é um modo misterioso: Jesus glorificado no céu, após ter passado a Paixão, precisa do nosso testemunho para fazer crescer, para anunciar, para que a Igreja cresça. E este é o mistério recíproco do “permanecer”. Ele, o Pai e o Espírito Santo permanecem em nós, e nós permanecemos em Jesus.

Pensar e refletir sobre isto nos fará bem: permanecer em Jesus; e Jesus permanece em nós. Permanecer em Jesus para ter a seiva, a força, para ter a justificação, a gratuidade, para ter a fecundidade. E Ele permanece em nós para dar-nos a força do (dar) fruto (conf. Jo 5,15), para dar-nos a força do testemunho com o qual a Igreja cresce.

E me faço uma pergunta:

Como é a relação entre Jesus que permanece em mim e eu que permaneço n’Ele? É uma relação de intimidade, uma relação mística, uma relação sem palavras. “Mas padre, que sejam os místicos a fazer isso!” Não: isso é para todos nós. Com pequenos pensamentos: “Senhor, eu sei que Vós estais presente: dai-me a força e eu farei aquilo que vós me direis”. Aquele diálogo de intimidade com o Senhor. O Senhor está presente, o Senhor está presente em nós, o Pai está presente em nós, o Espírito está presente em nós; permanecem em nós. Mas eu devo permanecer n’Eles...

Que o Senhor nos ajude a entender, a sentir essa mística do permanecer sobre o qual Jesus insiste tanto. Muitas vezes nós, quando falamos da videira e dos ramos, nos detemos à figura, ao trabalho do agricultor, do Pai, que àquele (os ramos) que produz fruto, o poda; e àquele que não produz fruto, o corta e o lança fora (conf. Jo 15,1-6). É verdade, faz isso, mas não é tudo, não. Tem mais. Esta é a ajuda: as provações, as dificuldades da vida, também as correções que o Senhor nos faz. Mas não nos detenhamos aí. Entre a videira e os ramos há esse ‘permanecer’ íntimo. Os ramos, nós, precisamos da seiva, e a videira precisa dos frutos, do testemunho.

 

O Papa convidou a fazer a Comunhão espiritual com a seguinte oração:

Meu Jesus, eu creio que estais realmente presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!

Francisco terminou a celebração com adoração e a bênção eucarística. Por fim, na memória litúrgica de Nossa Senhora de Fátima, celebrada este 13 de maio, foram entoadas duas estrofes da Ave-Maria:

"A treze de maio na cova da Íria
No céu aparece a Virgem Maria
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
A três pastorinhos cercada de luz
Visita Maria, mãe de Jesus
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
A virgem nos manda o terço rezar
Assim diz "meus filhos, vos hei de salvar"
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria".

Fonte: https://www.vaticannews.va

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