Olhar Jornalístico

Sobe para 47 o número de mortes pelas chuvas no RS; Porto Alegre tem voos cancelados

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Publicado em 12 setembro 2023
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Oito pessoas continuam desaparecidas; nova vítima foi confirmada no município de Colinas, banhada pelo rio Taquari

 

Imagens aéreas da enchente no Rio Taquari, em Lajeado - Divulgação - 05.ago.2023/Portal Agora no Vale

 

 Caue Fonseca

Francisco Lima Neto

PORTO ALEGRE e SÃO PAULO

O número de pessoas mortas em decorrência das chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul na última semana subiu para 47, de acordo com atualização do boletim da Defesa Civil do estado.

A nova morte foi confirmada no município de Colinas, banhado pelo rio Taquari e que faz fronteira com a cidade de Roca Sales, devastada pelo temporal.

Já o número oficial de pessoas desaparecidas caiu substancialmente. Após investigação da Polícia Civil que partiu de uma lista de 83 nomes, a maior parte foi localizada e restam ainda oito pessoas desaparecidas. Até a noite de segunda (11), a Defesa Civil comunicava 46 desaparecidos.

Em entrevista coletiva realizada nesta terça (12) no Centro de Ações de Recuperação montado em Encantado (RS), o vice-governador Gabriel Souza declarou que a lista pode aumentar novamente conforme as famílias comunicarem as autoridades.

Conforme os novos dados da Defesa Civil, 4 dos desaparecidos são de Muçum, 2 de Lajeado, 1 de Roca Sales e 1 de Arroio do Meio.

O boletim atualizado na manhã aponta que o estado tem 925 pessoas feridas e 25.311 fora de casa em decorrência dos problemas causados pela chuva. O estado tem 97 cidades afetadas de alguma maneira.

O governo gaúcho estima em 340 mil o total de afetados pelos temporais. Uma força-tarefa com cerca de 900 servidores atua nas buscas, resgates, identificação de corpos e reparos na infraestrutura.

Os corpos das vítimas estão sendo reconhecidos pelo Instituto Geral de Perícias em Porto Alegre e em cidades do interior.

A liberação para os velórios depende de uma normalização mínima na rotina das cidades afetadas, que chegaram a ter mais de 80% de sua área urbana submersa.

De acordo com o Climatempo, a previsão para o Rio Grande do Sul é de dia nublado com chuva forte, que deve diminuir de intensidade durante a noite.

O RS enfrenta chuva forte nesta semana, mas mais concentrada na metade sul e fronteira oeste. Nessas regiões, o acúmulo de chuva deverá superar 200 milímetros até a sexta-feira. O Inmet aponta alerta laranja para as regiões. Em seis municípios da metade sul, houve suspensão das aulas: Jaguarão, Pedro Osório, Pelotas, Rio Grande, São José do Norte e São Lourenço do Sul.

 

VOOS SÃO CANCELADOS EM PORTO ALEGRE

Em outras regiões, houve vento forte e queda de luz. No aeroporto internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, dez voos não conseguiram aterrissar na noite de segunda em razão do vento. Cinco voos foram cancelados nesta terça.

Pela manhã, a concessionária CEEE Equatorial comunicou queda de energia em 65 mil pontos em diferentes municípios, 13 mil deles em Porto Alegre. Municípios do litoral norte, como Capão da Canoa e Arroio do Sal foram afetados, com 5.000 pontos de queda de energia cada.

 

DOAÇÕES E FINANCIAMENTOS

Na sexta (8), o governo federal anunciou o repasse, via prefeituras, de R$ 800 por cada desabrigado e o envio de 20 mil cestas básicas.

Na quinta (7), a gestão Lula já havia reconhecido o estado de calamidade pública, conforme solicitado pelos municípios atingidos pelos temporais para simplificar os processos de compras e contratações, e acelerar a resposta à destruição. Segundo a CNM (Confederação Nacional dos Municípios), os prejuízos chegam a R$ 1,3 bilhão.

Em reunião com prefeitos das cidades afetadas, o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou a liberação de R$ 1 bilhão em financiamento por meio do banco estatal Banrisul. Desse total, cerca de R$ 300 milhões serão destinados ao setor agrícola, que segundo o governador foi um dos mais prejudicados pelas enchentes. Outros R$ 500 milhões serão destinados a empréstimos para prefeituras e R$ 100 milhões serão voltados para o financiamento imobiliário.

O plano de reconstrução do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, poderá mudar consideravelmente o mapa dos municípios afetados pela enxurrada da última semana.

A partir de um censo de residências destruídas, o governo gaúcho promete liberação de recursos para a reconstrução, mas não necessariamente na mesma localidade. Ao longo dos próximos meses, o Plano Diretor dessas cidades poderá ser modificado para prevenir novas tragédias.

Cidades que foram varridas pela enxurrada mesmo em suas áreas centrais como Roca Sales e Muçum, poderão ter uma geografia praticamente nova ao final da reconstrução. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Polícia Civil começa a identificar desaparecidos nas enchentes; RS tem 46 óbitos

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Publicado em 11 setembro 2023
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As enxurradas que atingiram o Rio Grande do Sul causaram 46 mortes, segundo boletim mais recente divulgado pela Defesa Civil na manhã desta segunda-feira (11). No sábado, a Polícia Civil começou os trabalhos para identificar o número exato de pessoas não localizadas e auxiliar na busca dos 46 desaparecidos.

Os policiais vão realizar diligências nos sete municípios do Vale do Taquari mais atingidos pelas enchentes - Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela, Lajeado, Muçum e Roca Sales. Dez equipes, em um total de 35 policiais civis que trabalham em Porto Alegre, deslocaram-se para as localidades atingidas, somados a mais 83 servidores policiais da região.

As equipes entrarão em contato com familiares de desaparecidos e realizarão investigações detalhadas para garantir que o número total seja o mais preciso possível.

Em parceria com o Instituto-Geral de Perícias (IGP), a polícia vai notificar as famílias afetadas, iniciando imediatamente o processo de coleta de DNA para identificar as vítimas.

Os dados serão disponibilizados de forma informatizada para que outros órgãos possam acessar e contribuir para a resolução da situação.

O chefe da Polícia Civil, Fernando Sodré, enfatizou a importância da colaboração e coordenação entre as várias instituições envolvidas nesse esforço conjunto. "Estamos à frente na busca pela precisão dos números de desaparecidos, mas também estamos trabalhando em estreita colaboração com outras instituições. Vamos compartilhar nossos números para que todos possam acessar as informações necessárias", afirmou.

RS tem mais de 4 mil desabrigados e 20 mil desalojados

As chuvas torrenciais que atingiram o Rio Grande do Sul entre os dias 1 e 4 de setembro provocaram destruição em 92 municípios, afetando 340.918 pessoas, com 924 feridos. Segundo a Defesa Civil, 4.794 pessoas estão desabrigadas, e 20.490 desalojados. As enchentes provocaram a morte de 46 pessoas e 46 desaparecidos.



Óbitos: 46
Cruzeiro do Sul: 5

Encantado: 1
Estrela: 2
Ibiraiaras: 2
Imigrante: 1
Lajeado: 3
Mato Castelhano: 1
Muçum: 16
Passo Fundo: 1
Roca Sales: 11
Santa Tereza: 1
Bom Retiro do Sul: 1
Colinas: 1

Desaparecidos: 46
Lajeado: 8

Arroio do Meio: 8
Muçum: 30

Fonte: https://www.jornaldocomercio.com

10 de setembro: Dia de prevenção mundial ao suicídio.

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Publicado em 10 setembro 2023
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“SE PRECISAR PEÇA AJUDA” 

 

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ) 

A frase que indica o título de nossa reflexão é o lema da campanha 2023, do dia de prevenção mundial ao suicídio, cuja data é o 10 de setembro. Esta campanha consegue ser o maior evento antiestigma que mobiliza a opinião pública buscando evitar esta conduta autodestrutiva que ceifa no Brasil especialmente os jovens.  

São convocadas a unir-se a este momento de sensibilização e conscientização todas as entidades da saúde pública e particulares, e a sociedade civil como um todo, desde a academia, escolas, Igrejas, famílias e as diversas associações e grupos de serviço. É importante ajudar identificando os sinais que indicam possíveis desequilíbrios que levem a desistência da vida.  

É crucial compreender que com a pandemia houve um crescimento de mais do 25% das doenças mentais e que os quadros de depressão, angústia e ansiedade tem atingido a muitas pessoas de diversas idades e situações. Além disso a dependência química em suas modalidades sociais e outras mais graves e transgressoras aumentam o risco da busca de por fim a vida.  

A crise afetiva, de relacionamentos e a solidão urbana, o desemprego e as dívidas financeiras podem também contribuir a esta soma de fatores. A atitude diante deste fenômeno que nos desafia e interpela deve ser sempre uma maior compreensão, empatia e presença amiga e solidária, dando suporte as famílias que lidam com pessoas que apresentam sinais de alerta e sintomas de perda da vontade de viver.  

Escutar narrativas, facilitar a ressignificação dos momentos de crise, apontando sempre saídas e o valor e beleza da vida, são procedimentos que abrem horizontes para aquelas situações sufocantes. Por isso as Igrejas e religiões podem em muito contribuir para a leitura de sinais ameaçadores de risco potencial e a sua transformação a partir da visão e experiência da bondade, misericórdia e ternura divinas e os meios de aceder a ela, vida comunitária, sacramental e espiritual, que nos comunicam a própria graça e vida sobrenaturais.  

Não vamos esquecer estes irmãos e irmãs aflitos/as e sofredores, pois o amor de Cristo nos impele a dar-lhes nossa acolhida, amparo e socorro antes que seja tarde. Deus seja louvado! Fonte: https://www.cnbb.org.br

Terremoto no Marrocos deixa 2.012 mortos; tremor é o mais letal do país desde 1960

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Publicado em 10 setembro 2023
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Abalo ainda feriu pelo menos 2.059 pessoas e causou danos na cidade antiga de Marrakech, Patrimônio Mundial da Unesco

 

Ivan Finotti

MARRAKECH (MARROCOS)

Vinte e quatro horas depois que o terremoto de magnitude destruiu parte do antigo kasbah de Marrakech, a cidade antiga que é Patrimômnio Mundial da Unesco, poucos dos 14 mil moradores já tinham conseguido dormir.

Os amigos Belameur Kamal, 23, e Amine el Mssiehe, 24, estavam falando de futebol na frente da enorme mesquita Moulay el Yazid, às 23h05 (7h05 no Brasil) de sexta-feira (8), quando a construção começou a rasgar a partir do alto. Pedaços da obra erquida entre 1185 e 1190 explodiam nas ruas e os muros se dividiam ao meio até a nova fenda encontrasse uma janela, cuspindo seu batente na rua.

"Foram 40 segundos tremendo tudo. A gente estava sentado em cima das motos e fomos jogados no chão", conta Kamal, que passou por um sismo em 2004 quando estava na escola. Na ocasião, porém, sua carteira e a de seus colegas apenas tremeu por cinco segundos.

Desta vez, há pelo menos 51 mortos na cidade. Contando as vilas adjacentes, os números são bem mais assustadores: 2.012 pessoas mortas e 2.059 feridos, segundo contagem mais atualizada do Ministério do Interior, fazendo deste o terremoto mais letal no país em 63 anos.

O terremoto ocorreu em Ighil, nas montanhas do Alto Atlas, cerca de 70 quilômetros a sudoeste de Marrakech, a uma profundidade de 18,5 quilômetros, às 23h11 no horário local (19h11 em Brasília). De acordo com as autoridades, as mortes se concentram nas províncias e municípios de Al Hauz, Marrakech, Uarzazat, Azilal, Chichaoua e Tarudant. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram cenários de devastação.

Neste sábado (9), o governo do Marrocos declarou luto oficial durante três dias. As Forças Armadas anunciaram que enviarão mantimentos, barracas e cobertores para as áreas afetadas.

"A terra tremeu por cerca de 20 segundos. As portas se abriram e fecharam sozinhas enquanto eu descia correndo do segundo andar", disse à agência de notícias Reuters Hamid Afkir, professor em uma área montanhosa a oeste do epicentro, perto da cidade de Taroudant.

A vice-governadora do Ceará, Jade Romero, e o vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, estavam em Marrakech com suas respectivas comitivas para o Encontro Mundial de Geoparques. "Toda nossa comitiva do Governo do Estado do Ceará está bem e em local seguro", afirmou Romero pelo X, antigo Twitter. A equipe de Souza também está protegida e deve retornar ao Brasil neste sábado (9), de acordo com a assessoria do político.

O Itamaraty informou que não há notícias de brasileiros mortos ou feridos até o momento.

"A população nessa região vive em estruturas altamente vulneráveis a abalos sísmicos", afirmou o Serviço Geológico dos Estados Unidos, que estimou a magnitude do terremoto em 6.8. O centro geofísico do Marrocos, por sua vez, disse que o terremoto teve magnitude de 7.2.

Segundo o instituto americano, o tremor já é o mais letal no país desde 1960, quando um sismo provocou a morte de 12 mil pessoas, e também o mais intenso em cem anos, dado que a magnitude 6.8 é rara de ser atingida no Marrocos.

Na cidade antiga de Marrakech, um Patrimônio Mundial da Unesco densamente povoado, casas desabaram e um muro apresentava rachaduras e trechos destruídos. Durante a noite, as pessoas estavam tentando remover manualmente os escombros enquanto aguardavam equipamentos adequados, disse à Reuters Id Waaziz Hassan, um morador.

"Via os edifícios se movendo", disse à AFP Abdelhak el Amrani, de Marrakech, que afirmou ter havido uma queda da eletricidade de dez minutos. "As pessoas estavam em pânico. As crianças choravam, os pais estavam desamparados."

Pessoas na capital, Rabat, e na cidade costeira de Imsouane, ambas perto do epicentro, também fugiram de suas casas com medo de um terremoto mais forte, segundo testemunhas da Reuters.

Montasir Itri, morador da vila de Asni, disse que a maioria das casas foi danificada. "Nossos vizinhos estão sob os escombros e as pessoas estão trabalhando duro para resgatá-los usando os meios disponíveis", disse ele.

Marrocos frequentemente experimenta terremotos em sua região norte devido à sua localização entre as placas africana e euroasiática. Em 2004, pelo menos 628 pessoas morreram e 926 ficaram feridas quando um terremoto atingiu Alhucemas, no nordeste do país.

Em 1980, o terremoto em El Asnam, na Argélia, com uma magnitude de 7.3, foi um dos terremotos mais destrutivos da história contemporânea. Resultou na morte de 2.500 pessoas e deixou pelo menos 300 mil pessoas desabrigadas. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Passa de 800 o número de mortos após terremoto no Marrocos

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Publicado em 09 setembro 2023
  • terremoto no Marrocos
  • forte terremoto que atingiu o Marrocos
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  • Tremores

De acordo com o Serviço Geológico dos EUA, tremor atingiu magnitude 6,8, e foi sentido em Portugal, Espanha e Argélia.

 

Por g1

O forte terremoto que atingiu o Marrocos na noite desta sexta-feira (8) - no horário do Brasil - já deixou 820 mortos e 672 feridos, de acordo com um balanço divulgado pelo Ministério do Interior para a TV estatal. O número de vítimas, porém, não é definitivo e pode aumentar, segundo as mesmas autoridades.

O tremor, de cerca de 15 segundos, danificou desde aldeias nas montanhas do Atlas até a cidade histórica de Marrakech.

O terremoto ocorreu por volta das 19h30 (de Brasília), atingiu magnitude 6,8 e aconteceu a uma profundidade de 18,5 km, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).

O epicentro do sismo ocorreu no alto das montanhas do Atlas, 70 km ao sul de Marrakech, onde se concentra o maior número de mortos. A região também fica perto de Toubkal, o pico mais alto do Norte da África, e de Oukaimeden, uma popular estação de esqui marroquina.

As províncias mais atingidas foram Al Haouz, Ouarzazate, Marrakech, Azilal, Chichaoua e Taroudant.

Homens, mulheres e crianças permaneceram nas ruas em algumas cidades da região, temendo réplicas. Há também vídeos que mostram pessoas saindo de centros de compras, restaurantes e de edifícios residenciais.

Um segundo tremor, mais fraco, ocorreu 15 minutos depois, informaram as agências internacionais de notícias.

Segundo informações da agência de notícias Reuters, um oficial do país declarou que há dezenas de mortos em áreas de difícil acesso ao sul de Marrakech.

Na rede social X (o antigo Twitter), há relatos de pessoas que correram pelas ruas, enquanto prédios balançavam. De acordo com agências de notícias, vários prédios colapsaram.

O tremor foi sentido em outros países: há relatos em veículos de imprensa de Portugal, Espanha e Argélia.

O chefe da cidade de Talat N’Yaaqoub, Abderrahim Ait Daoud, disse ao site de notícias marroquino 2M que várias casas em cidades da região de Al Haouz desabaram parcial ou totalmente, que a eletricidade foi cortada e há estradas bloqueadas em alguns trechos.

Ait Daoud disse ainda que as autoridades estão limpando estradas na província para permitir a passagem de ambulâncias.

Imagens compartilhadas em redes sociais mostraram pessoas correndo e gritando perto da Mesquita Koutoubia, do século XII, em Marrakech, um dos marcos mais famosos da cidade. A mídia marroquina informou que a mesquita sofreu danos.

 

Tremores na região

Marrocos frequentemente experimenta terremotos em sua região norte devido à sua localização entre as placas africana e euroasiática. Em 2004, pelo menos 628 pessoas morreram e 926 ficaram feridas quando um terremoto sacudiu Alhucemas, no nordeste do país.

Em 1980, o terremoto em El Asnam, na Argélia, de magnitude de 7,3, foi um dos mais destrutivos na região: matou 2.500 pessoas e deixou 300.000 desabrigados.

O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, informou em comunicado que "as Nações Unidas estão prontas para ajudar o governo marroquino". Fonte: https://g1.globo.com

Número de desaparecidos após as enchentes no RS sobe para 46

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Publicado em 08 setembro 2023
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  • enchentes no sul
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A Defesa Civil divulgou novo boletim no fim da tarde desta sexta-feira (8) sobre a situação no Rio Grande do Sul após as chuvas e enchentes. O número de mortes segue em 41 até o momento, assim como o de pessoas desaparecidas, em 46. As vítimas são sobretudo de cidades do Vale do Taquari, como Muçum, que teve 15 óbitos, e Roca Sales, com 10 mortes. As duas cidades foram praticamente destruídas pela força das águas que subiram do Rio Taquari.
O número atualizado de pessoas feridas subiu para 223, e causaram estragos em 85 cidades. Há também 3.193 desabrigados e 8.256 desalojados, um aumento em relação aos dados divulgados no começo da tarde.

Óbitos: 41
Cruzeiro do Sul: 4

Encantado: 1
Estrela: 2
Ibiraiaras: 2
Imigrante: 1
Lajeado: 3
Mato Castelhano: 1
Muçum: 15
Passo Fundo: 1
Roca Sales: 10
Santa Tereza: 1
Desaparecidos: 46
Lajeado: 8
Arroio do meio: 8
Muçum: 30
Pessoas resgatadas:  3.130

Fonte: https://www.jornaldocomercio.com

Inmet emite alerta para chuvas de até 50mm e granizo no Rio Grande do Sul

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Publicado em 08 setembro 2023
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  • risco de temporais no Sul do Brasil
  • Santa Catarina

 

O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu novo alerta para o risco de temporais no Sul do Brasil entre esta sexta-feira (8) e o sábado (9). Segundo o Inmet as condições meteorológicas estarão favoráveis a ocorrência de tempestades com chuvas de até 50mm/dia, com trovoadas, possibilidade de queda de granizo, rajadas de vento entre (40km/h e 60km/h) e todas as áreas de Santa Catarina e Paraná, em áreas isoladas do Oeste, Noroeste e Norte do Rio Grande do Sul.

Nas demais áreas gaúchas, há perigo potencial para chuvas intensas de até 50mm/dia, mas sem
possibilidade de queda de granizo, no período das 12h de sexta-feira (08) até as 10h do sábado (09). Fonte: https://www.jornaldocomercio.com

RS tem 41 mortes após as chuvas; número de desalojados passa de 7 mil

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Publicado em 08 setembro 2023
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Muçum, um dos municípios mais atingidos, tem registro de 15 mortes e nove pessoas desaparecidas


LUCIANO NAGEL/DIVULGAÇÃO/JC

A Defesa Civil divulgou novo balanço no início da noite desta quinta-feira (7) sobre a situação no Rio Grande do Sul após as enchentes. O número de mortes registradas subiu para 41. Houve também aumento no número desabrigados e desalojados. São 2.944 desabrigados e 7.607 desalojados. Ainda, 25 pessoas estão desaparecidas, sendo oito em Arroio do Meio, oito em Lajeado e nove em Muçum. 

O novo boletim atualiza para 83 o número de municípios afetados pelas chuvas e enchentes a partir do domingo (3). A situação é considerada a maior tragédia natural do Rio Grande do Sul nas últimas décadas. O forte volume de chuvas elevou o nível de rios, sobretudo no Vale do Taquari, deixando um rastro de destruição em cidades como Muçum e Roca Sales. Segundo a Defesa Civil, 122.992 pessoas foram afetadas e há 43 feridas. 

Na tarde de quinta-feira (7), o governador Eduardo Leite visitou Muçum, um dos municípios mais atingidos, onde 15 mortes foram registradas. Leite falou em dar condições de sobrevivência à população e trabalhar para reconstrução das áreas atingidas. 

 

Municípios que registraram mortes em decorrência das chuvas no RS:

Cruzeiro do Sul: 4
Encantado: 1
Estrela: 2
Ibiraiaras: 2
Imigrante: 1
Lajeado: 3
Mato Castelhano: 1
Muçum: 15
Passo Fundo: 1
Roca Sales: 10
Santa Tereza: 1

Fonte: https://www.jornaldocomercio.com 

'Ser pobre também não é pecado', diz Gleisi, em crítica a artigo de empresário sobre super-ricos

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Publicado em 05 setembro 2023
  • Luiz Inácio Lula da Silva,
  • Gleisi Hoffmann,
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  • Ser pobre também não é pecado
  • presidente do Grupo Esfera Brasil e da CNN Brasil
  • super-ricos

Em texto publicado na Folha, João Camargo argumenta que tributação de fortunas afasta investimentos do país

 

Retrato de João Camargo, presidente do Grupo Esfera Brasil e da CNN Brasil. - Bruno Santos/ Folhapress

 

Stéfanie Rigamonti

SÃO PAULO

No último domingo (3) o empresário João Camargo, presidente da CNN Brasil e do Esfera —empresa que reúne e propõe debate entre empresários e políticos— publicou um artigo na Folha criticando a taxação de super-ricos. Intitulado "Ser rico não é pecado", o texto caiu mal na internet e foi criticado por políticos do PT, intelectuais e influenciadores nas redes sociais.

Segundo Camargo, além de causar evasão de fortunas e investimentos do país, os impostos sobre a riqueza líquida diminuem a arrecadação do governo. O empresário cita exemplos de países europeus e a vizinha Argentina.

Em reação ao artigo, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, diz que os super-ricos e "seus porta-vozes" são insensíveis ao debate sobre a desigualdade social e econômica no Brasil.

"Ser pobre também não é pecado nem tão pouco sinônimo de insucesso, mas sim resultado de diferenças econômicas abissais em nossa sociedade, da falta de oportunidades, decorrente de um modelo concentrador de renda e da insensibilidade da elite rica e ensimesmada", publicou Hoffmann em seu perfil de uma rede social.

O artigo de Camargo usou como gancho uma medida provisória assinada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na semana passada prevendo a tributação dos fundos exclusivos, conhecidos como fundos dos super-ricos, e também um projeto de lei sobre a taxação de fundos offshore (que estão fora do Brasil, mas são administrados do país).

"Qual é a contribuição para o Brasil dessa turma que tira dinheiro daqui para colocar em paraísos fiscais? Investem no quê? Já não estão com o dinheiro no Brasil", questiona Hoffmann.

"E esses fundos exclusivos, de um só dono, que têm de ter no mínimo R$ 10 milhões, contribuem no que para a riqueza do país, a não ser do seu próprio dono?", completa.

O deputado federal petista Lindbergh Farias também criticou o artigo nas redes sociais. "Todo mundo paga imposto, mas os super-ricos que têm empresas em paraíso fiscal e aplicações milionárias não querem pagar nada", publicou.

"Essa turma, além de não pagar impostos, também não gera empregos. É dinheiro que fica rendendo sem gerar nada para o país. É uma elite com cabeça escravocrata", continua.

O professor de economia na Unifesp e colunista da Folha André Roncaglia foi outro a questionar o conteúdo do texto. Segundo ele, a falta de tributação dos super-ricos eleva a carga tributária de toda a população para que a deles seja reduzida.

O colunista de economia do UOL, José Paulo Kupfer, por sua vez, argumentou que o artigo de Camargo faz confusão entre taxação de fortunas e o imposto sobre rendimentos de investimentos —que é o que está de fato em jogo na MP e no projeto de lei enviados na semana passada pelo governo federal ao Congresso.

Kupfer também diz que o texto faz ligação "propositada" entre empreendedores, que geram riquezas, e os herdeiros.

Já alguns nomes do mercado financeiro defenderam nas redes sociais o debate que o artigo propõe sobre a taxação de fortunas.

O analista financeiro Rafael Zattar, por exemplo, reproduziu o artigo com o comentário "Taxar os ricos gera queda de arrecadação? Como assim? Artigo que provoca uma boa reflexão".

Procurada, a assessoria de João Camargo disse que não se manifestaria sobre o artigo e que as opiniões do empresário já estão expressas no texto. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Jornalismo – reflexões

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Publicado em 04 setembro 2023
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  • O jornalismo é a busca da verdade

Jornalismo – reflexões

O jornalismo é a busca da verdade possível. Não é a transcrição de versões. Ouvir o outro lado, prática essencial, não significa a renúncia em buscar a verdade

 

Por Carlos Alberto Di Franco

O jornalismo vive uma crise e uma oportunidade. Vivemos um momento de desintermediação. Dos políticos, dos partidos, das igrejas, da própria mídia. É necessário perceber, para o bem ou para o mal, que perdemos a hegemonia da informação e da narrativa. Precisamos olhar as nossas coberturas e nos questionarmos se há valor diferencial no que estamos entregando aos nossos consumidores. Precisamos desenvolver uma boa curadoria da informação.

O momento, creio, exige recuperar a capacidade de dar bem o factual. Há uma overdose de colunismo e de opinião. É preciso declarar guerra ao jornalismo declaratório e assumir, efetivamente, a agenda do cidadão.

É importante fixar a atenção da cobertura não mais nos políticos e em suas estratégias de imagem, mas nos problemas dos cidadãos. O papel da imprensa é ouvir as pessoas, conhecer suas queixas, identificar suas carências e cobrar soluções.

Precisamos ouvir. Sair das nossas bolhas. Jornalista conversa com jornalista. Pensa, age e produz informação com a cabeça de jornalista. Tem dificuldade para se colocar no lugar do consumidor, na posição do leitor. Logo, a cobertura caminha na contramão do consumidor. Frequentemente, o jornalista escreve para os colegas. Não escreve para o público.

Outro desvio: o protagonismo do jornalista. O bom repórter, diz Carl Bernstein, ícone do jornalismo investigativo, “ilumina a cena, o jornalista engajado constrói a história”. Daí a importância de recuperar a primazia do factual e da apuração cuidadosa. O importante é saber escutar. As respostas são sempre mais importantes que as perguntas que fazemos. A grande surpresa no jornalismo é descobrir que quase nunca uma história corresponde àquilo que imaginávamos. A reportagem não é o empenho de confirmação de uma hipótese. É a tentativa de descobrir a verdade dos fatos.

A overdose de pautas a cumprir, a redução das equipes, a falta de especialização e a má utilização dos bancos de dados podem transformar repórteres em coadjuvantes de um espetáculo conduzido pelos entrevistados. A cobertura de política está dominada pela síndrome declaratória. Sobra Brasília e falta País real. Há excesso de declarações e falta apuração. Que interesse tem o leitor pelo bate-boca no Congresso? É preciso avançar numa cobertura mais profunda e propositiva. Frequentemente, o jornalismo político não tem notícia. Tem fofoca. Show. Espuma. Precisamos dar uma guinada de 180 graus. A agenda pública não pode ser conduzida pelo político, mas pelo cidadão. Precisamos fugir do fascínio exercido pelo poder.

A imprensa é presa fácil dos políticos. Eles são mestres na produção de denúncias pouco fundamentadas. Dossiê não é matéria para publicação. É matéria para apuração. Não é ponto de chegada. É pauta, ponto de partida. A precipitação pode ser, no médio prazo, um tiro de morte na credibilidade.

O jornalismo investigativo, sério, responsável e necessário cedeu espaço para uma compulsiva e acrítica veiculação de declarações. A opinião pública começa a ficar cansada com o clima de espetáculo que tomou conta da cobertura. Quer menos estardalhaço e mais criminoso na cadeia.

É preciso revalorizar as clássicas perguntas que devem ser feitas a qualquer repórter que cumpre pauta investigativa: Checou? Tem provas? A quem interessa essa informação? O jornalismo, dizia Paul Johnson, pode ser uma arma carregada quando dirigido com intenção hostil contra alguém. Por isso é preciso pôr a mão na consciência antes de apertar o gatilho. Caso contrário, é assassinato moral.

O consumidor não quer pacote opinativo. Quer informação. A imparcialidade, que não é neutralidade, é uma meta a perseguir. O jornalismo é a busca da verdade possível. Não é a transcrição de versões. Ouvir o outro lado, prática essencial, não significa a renúncia em buscar a verdade. O bom repórter procura a verdade que está camuflada atrás da verdade aparente.

Tratar adequadamente a intimidade é outro grande desafio. A invasão da privacidade pode significar um roubo, mas também pode representar um dever ético. É preciso trabalhar corretamente o tema. Entender que existem matérias de interesse público e outras interessantes para o público. A fofoca não deve ter espaço. Mas a denúncia de desvios, sobretudo em figuras públicas, deve ser objeto de informação, mesmo com a justa invasão da privacidade. O interesse público se sobrepõe ao resguardo da intimidade. O direito à privacidade não pode ser um muro de arrimo, instrumento de ocultação.

São algumas reflexões, amigo leitor. O jornalismo vive uma crise? Sim. Mas também pode vislumbrar grandes oportunidades. Em vez de ficarmos reféns do diz-que-diz, do blá-blá-blá inconsistente, das intrigas e da espuma que brota nos corredores do poder, que não são rigorosamente notícia, mergulhemos de cabeça em pautas que, de fato, ajudem a construir um país que não pode continuar olhando pelo retrovisor.

Chegou a hora, não me canso de dizer, do jornalismo propositivo. Aquele que não se limita a mostrar os problemas, mas vai além: aponta alternativas e soluções. Esta quadra, sem dúvida difícil para o setor, também pode abrir uma avenida de oportunidades.

*JORNALISTA. E-MAIL: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.. Fonte: https://www.estadao.com.br

Sete dicas para tirar fotos melhores pela câmera do celular

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Publicado em 02 setembro 2023
  • dicas para tirar fotos pelo celular
  • câmera do celular
  • Os Fabelmans
  • tirar fotos melhores
  • fotos
  • ENCONTRE O CENÁRIO CERTO

Escolher cenários com cuidado e acertar o enquadramento podem trazer bons resultados

 

No caso de retratos, o ideal é escolher fundos com formas ou cores sólidas - Dani Pendergast/NYT

 

James Hill

THE NEW YORK TIMES

Um telefone celular permite que os viajantes tenham sempre uma câmera à mão. Aqui estão algumas dicas sobre quando e o que fotografar, além de como enquadrar melhor o que está a sua frente.

 

IMAGINE SUAS FOTOS COMO UM ÁLBUM

Tente captar uma grande variedade de imagens. Embora seja importante focar em fotos clássicas de paisagens e retratos, procure também tirar fotografias com cores e formas atraentes.

 

ENCONTRE SEU HORIZONTE

Steven Spielberg encerrou seu filme autobiográfico, "Os Fabelmans", com um encontro com o lendário diretor John Ford. O principal conselho de Ford? Coloque o horizonte na parte superior ou inferior da imagem, porque o meio é "chato".

Essa ideia divide o quadro em terços, horizontal e verticalmente. Na maioria dos celulares, você pode configurar uma grade de 3x3 para a tela nas configurações da câmera.

 

MOSTRE AS CAMADAS DA IMAGEM

Boas fotos de paisagens atraem a atenção para todo o quadro, e para isso você precisa procurar pontos de interesse em primeiro plano, meio plano e à distância.

Encontre um ponto de vista que permita ver as diferentes camadas de uma cena.

 

PARA RETRATOS, ENCONTRE O CENÁRIO CERTO

Procure um fundo limpo –uma tela natural com cores ou formas relativamente sólidas, como uma parede, céu aberto ou folhagem.

 

TRABALHE O QUADRO

É bom ter uma variedade de retratos: fotos de rosto, meio corpo e corpo inteiro, bem como horizontais e verticais. Ter esses "quadros" em mente ajuda você a escolher o melhor clique.

 

EDITE SUAS FOTOS MAIS DE UMA VEZ

Não tenha pressa e reveja todas as fotografias que tirou, percorrendo as imagens pelo menos duas vezes.

 

VÁ COM CALMA NA PÓS-PRODUÇÃO

As câmeras dos celulares, assim como as câmeras comuns, nem sempre conseguem ler a luz corretamente. Muitas vezes é necessário ajustar a exposição, as sombras ou a temperatura da cor de uma fotografia.

Em geral, gaste o mínimo de tempo possível trabalhando em uma foto e concentre-se em equilibrar o tom e a iluminação das imagens para que pareçam coesas.

Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Nove pessoas, incluindo três crianças, são encontradas carbonizadas na Bahia

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Publicado em 28 agosto 2023
  • Violência na Bahia,
  • Nove pessoas mortas na Bahia
  • 9 são encontradas carbonizadas na Bahia
  • nove pessoas em Mata de São João

Um menino de 12 anos sobreviveu e está em estado grave; polícia suspeita de chacina

 

Polícia Civil apura morte de nove pessoas em Mata de São João (BA) - Polícia Civil da Bahia / Divulgação

 

João Pedro Pitombo

SALVADOR

Nove pessoas foram encontradas mortas e carbonizadas dentro de duas casas incendiadas em Mata de São João (62 km de Salvador). Dentre as vítimas, ao menos três eram crianças.

O crime aconteceu na madrugada desta segunda-feira (28) em uma localidade da zona rural do município conhecida como Portal do Lunda.

As duas casas incendiadas eram vizinhas. Sete corpos carbonizados estavam em uma delas e outros dois na outra. Um menino de 12 anos sobreviveu e foi encaminhada para o Hospital Geral do Estado, em Salvador, com queimaduras graves.

Em nota, a Polícia Militar da Bahia informou que ainda não há dados sobre as circunstâncias das mortes, que estão sendo investigadas pela Polícia Civil. A Folha apurou que as forças de segurança trabalham com a hipótese de uma possível chacina.

A localidade Portal do Lunda fica no Núcleo Colonial JK, colônia agrícola fundada em 1959 na Bahia para abrigar imigrantes japoneses que deixaram o país após um terremoto.

A Bahia enfrenta um de seus momentos mais graves na gestão da segurança, com o acirramento da guerra entre facções, chacinas e escalada da letalidade policial, com epicentro nas periferias das cidades, cujas famílias vivenciam a morte diária de uma legião de jovens negros e pobres.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam a Bahia como o estado com maior número absoluto de mortes violentas do Brasil desde 2019. Em 2022, o estado conseguiu reduzir em 5,9% o número de ocorrências, fechando o ano com 6.659 assassinatos. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Dias de barbárie e ódio

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Publicado em 28 agosto 2023
  • assassinato da líder quilombola Mãe Bernadete Pacífico,
  • Mãe Bernadete Pacífico,
  • Academia Brasileira de Letras
  • líder quilombola Mãe Bernadete Pacífico,
  • Aumenta no Brasil registro de autoagressão e de tentativa de suicídio entre crianças e jovens
  • suicídio entre crianças e jovens
  • colombiano Luis Garavito,

Nenhuma semana é particularmente violenta no Brasil. Em todas elas há manchetes aterrorizadoras

 

Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

O assassinato da líder quilombola Mãe Bernadete Pacífico, na Bahia, no dia 17 último, chocou não só pela motivação —execução óbvia, ordenada provavelmente pelos madeireiros ilegais que ela denunciava—, mas pela violência. O que leva dois homens portando armas calibre 9 mm, de uso restrito das forças de segurança, a disparar 12 tiros contra uma senhora de 72 anos enquanto ela via TV com os netos em sua casa? Ódio e barbárie. Este é o Brasil.

Escrevi aqui outro dia (13/7) sobre o fato de que, por qualquer motivo, brasileiros trocam garrafadas, jogam seus carros ou sacam facas, pistolas e barras de ferro uns contra os outros. E transcrevi manchetes que recolhi por aqueles dias em jornais e sites. Não foram dias particularmente violentos. Veja, por exemplo, manchetes da última semana.

No Rio, mulher foge de blitz, sobe em canteiro, atropela moto e ainda xinga o motociclista. PMs socam e arrastam homem em situação de rua que se abrigava da chuva em supermercado no Paraná. Em Alagoas, mulher é suspeita de roubar cabelo de cadáver. Aumenta no Brasil registro de autoagressão e de tentativa de suicídio entre crianças e jovens.

Servidora de 68 anos é amarrada e espancada até desmaiar por homem armado em prédio da Secretaria Municipal de Saúde em São Paulo. Em Manaus, advogado é baleado por mulher de policial ao defender bebê. Médica foi morta com 30 facadas em seu apartamento em São Paulo e mala usada no crime para ocultar o cadáver rasgou. Em Senador Camará, no Rio, professora carbonizada foi enforcada com corda, teve álcool jogado nos olhos e gasolina no corpo enquanto ainda respirava.

Em compensação, em Bogotá, o colombiano Luis Garavito, conhecido como La Bestia, acusado da morte de 300 meninos nos anos 1990 e condenado a 1.853 anos, acaba de ganhar liberdade condicional.

Como diz meu amigo Ancelmo Gois, deve ser terrível viver num país assim. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

O choro do seu filho vale quantas curtidas?

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Publicado em 25 agosto 2023
  • Mídias sociais,
  • Internet e mídias,
  • Mídias,
  • Estatuto da Criança e do Adolescente,
  • memes
  • Trends
  • tendências das redes,

Trends que expõem crianças abrem debate sobre responsabilidade parental nas redes

 

Mariana Mandelli

Coordenadora de comunicação do Instituto Palavra Aberta

A cena começa com uma mulher e seu filho, de aproximadamente 4 anos, em uma cozinha, em frente a uma tigela de plástico, como se estivessem cozinhando juntos. De repente, ela pega um ovo e quebra na cabeça da criança, que se assusta e passa a mão no rosto, sem entender o que aconteceu. Em outro vídeo semelhante, uma garotinha, também pega desprevenida pela atitude da mãe, cai no choro enquanto a mulher ri para a câmera. Logo depois, para acalmá-la, ela permite que a filha faça o mesmo: parta um ovo em sua testa. Tudo filmado, postado e viralizado.

Esses são apenas dois exemplos entre centenas de uma trend no TikTok bastante popular nas últimas semanas. Trends são, em tradução livre, tendências das redes, que engajam milhares de usuários a reproduzirem uma determinada performance, que pode ser uma dança, um desafio, uma dublagem ou mesmo uma brincadeira —pelo menos a princípio. A ideia é participar do momento e, se possível, viralizar, ganhando visibilidade e, claro, seguidores.

Mas vídeos como os da trend do ovo não podem ser encarados apenas como potenciais memes —por mais que façam sucesso entre muita gente —por um motivo que deveria ser óbvio: eles expõem crianças a situações depreciativas. E os autores da humilhação são os próprios responsáveis por elas.

"É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor", diz o artigo 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O texto ainda completa que eles têm o direito de ser cuidados "sem o uso de tratamento cruel ou degradante".

Além de ferirem o ECA e afetarem o vínculo familiar, uma vez que psicólogos apontam que atitudes como as exibidas nos vídeos podem significar uma quebra de confiança entre mães/pais e filhos, conteúdos desse tipo elevam a prática do sharenting (termo usado para definir o compartilhamento de imagens dos filhos) a níveis ainda mais preocupantes.

É claro que, hoje, os registros da infância não se encontram mais aprisionados em álbuns de fotos impressas ou em gravações de VHS, como há algumas décadas. Antes mesmo de nascerem, os bebês já ganham perfis próprios em redes sociais —alguns com milhões de seguidores, como os filhos de celebridades. E também é preciso lembrar que essas plataformas têm sido importantes para mulheres compartilharem suas experiências com a maternidade, tratando abertamente de temas antes invisibilizados, como a exaustão e a sobrecarga a que mães são submetidas.

Contudo, ao contrário das fotografias e dos vídeos de festinhas de nascimento, batizado ou aniversário dos anos 80 e 90, as imagens postadas no TikTok e Instagram podem ser vistas e revistas por audiências inestimáveis. Podem ser curtidas, comentadas, compartilhadas e manipuladas incessantemente por conhecidos e estranhos. E não podem ser apagadas, o que nos leva à pergunta: que efeito toda essa exposição, muitas vezes constrangedora, terá na vida desses futuros adultos?

Mesmo em casos de vídeos de crianças chorando que se transformaram em correntes de afeto e apoio, como o garotinho australiano Quaden, filmado em 2020 pela mãe após ser vítima de bullying, é importante ressaltar que não há como prever se um conteúdo vai viralizar, muito menos como será a reação do número exponencial de pessoas que terão acesso a ele.

O ambiente digital já está repleto de riscos de diferentes escalas de gravidade para crianças e adolescentes. Os responsáveis por eles precisam focar em protegê-los, controlando e qualificando o uso que fazem de redes sociais, aplicativos e games, não em ridicularizá-los em troca de likes. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Assassinato de Mãe Bernadete resume país que nos fragiliza e envergonha

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Publicado em 23 agosto 2023
  • Violência na Bahia,
  • Quilombo Pitanga dos Palmares,
  • Assassinato de Mãe Bernadete
  • Maria Bernadete Pacífico,
  • Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais de Quilombolas
  • Mãe Bernadete
  • Flávio Gabriel Pacífico,

Assassinato de Mãe Bernadete resume país que nos fragiliza e envergonha

Líder de era símbolo da luta contra a intolerância e o racismo

 

 

A líder quilombola Bernadete Pacífico - Facebook

 

Tom Farias

Jornalista e escritor, é autor de 'Carolina, uma Biografia' e do romance 'A Bolha'

Na quarta-feira passada (16), escrevi aqui neste espaço sobre a "experiência dolorosa" da perda de uma pessoa próxima e amiga, me referindo à morte da atriz Léa Garcia (1933-2023).

O estado de abatimento mal saiu de nossas mentes e corações e imediatamente somos afrontados com a notícia do brutal assassinato de Mãe Maria Bernadete Pacífico, ialorixá e líder de uma importante comunidade quilombola, o quilombo Pitanga dos Palmares, e até então coordenadora da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais de Quilombolas), em Simões Filho, região metropolitana de Salvador. Mãe Bernadete, como era conhecida também por sua liderança religiosa, foi morta aos 72 anos, de forma sorrateira e covarde, por dois motoqueiros encapuzados, praticamente na presença de familiares –seus três netos adolescentes.

Veja como são as coisas. Em 2017, Mãe Bernadete perdeu o filho, Flávio Gabriel Pacífico, conhecido como Binho, liderança do mesmo quilombo, em condições análogas à que agora ceifou a sua vida.

Duas situações devem ser levadas em conta quando falamos do assassinato de Mãe Bernadete e do seu filho: ambos lutavam pela posse definitiva de suas terras –o quilombo Pitanga dos Palmares é apenas certificado pela Fundação Cultural Palmares— e eram adeptos de uma religião de matriz africana.

Esses dois fatores têm levado a seculares conflitos e mortes de lideranças e de religiosos de forma escandalosa no país. No ano do assassinato de Binho, em 2017, o número de mortes violentas em comunidades quilombolas, por exemplo, apenas na Bahia, aumentou 350% em comparação ao ano anterior.

No caso de intolerância religiosa, de acordo com o Ministério Público da Bahia, só em 2019 foram notificadas cerca de 107 denúncias. Já a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, perto do mesmo período, ou seja, entre 2017 e 2018, registrou aumento de 124% desse tipo de crime no estado. Dentro de uma série histórica, com base em seis anos, houve um crescimento de 2.250%.

Associar o assassinato de Mãe Bernadete à questão religiosa não fica fora de contexto, uma vez que a religião sempre foi alvo de perseguição e preconceito, porque atinge pessoas negras e periféricas. O mesmo pode-se dizer da disputa pela terra, sobretudo em territórios quilombolas e indígenas.

Mãe Bernadete, certamente, pode ter sido vítima de um crime encomendado e o mandante do assassinato do seu filho pode ser o mesmo que ordenou o seu. A grilhagem de terras, com todo seu histórico de violências físicas e violações das leis, pode responder por essas mortes, mas sem descartar aí a questão religiosa.

"Ser quilombola é um ato de resistência", disse Mãe Bernadete certa vez. Ela está certíssima. De acordo com o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com base em dados do ano de 2022, o Brasil estima ter 1,3 milhão de pessoas que autodeclaram ser quilombolas, em um universo de 220 milhões de brasileiros. Como são dados inéditos, ainda não sabemos o verdadeiro potencial desses números –se aumentaram, se diminuíram ou se estão estáticos.

Uma fala de Elida Laures, coordenadora de pesquisa da ONG Terra de Direitos, para a Agência Brasil, é bem representativa para atualizar o que vem acontecendo nos territórios quilombolas, especialmente no estado da Bahia.

"Existe um estado de vulnerabilidade dos quilombos que é resultado de uma fraqueza da política pública em assegurar os direitos territoriais quilombolas. E isso cria uma situação de exposição à violência, somada ao racismo institucional da sociedade brasileira, que faz com que os quilombolas sejam vítimas de atrocidades."

Quilombos, desde o tempo de Zumbi, no século 17, sempre foram territórios que povoaram o imaginário do poder dominante e jurídico, no sentido do seu domínio e extinção pela força.

Não é diferente hoje em dia. A acepção de "quilombo", palavra que traz por referência a língua kinbundu, falada em Angola, é ainda aterrador quando vertida para a compreensão da América portuguesa: "Local escondido, no mato, onde se abrigam escravos fugidos", ou "povoação fortificada de escravos negros fugidos da escravidão, dotada de divisões e organização interna –onde também se acoitavam indígenas e eventualmente brancos socialmente desprivilegiados". Também tem o sentido de "toda habitação de negros fugidos".

Não é possível que em pleno século 21 os dicionários brasileiros e os sites de consultas do nosso idioma tragam acepções dessa natureza. A sociedade está adoecida pela má formação, que começa com uma educação baseada no eugenismo, na pureza e superioridade das raças –termo derivado de pensamento colonial.

O assassinato brutal de Mãe Bernadete e de seu filho não podem representar estatística macabra. Há uma sociedade que cada vez mais repudia essas atrocidades e exige, na prática, justiça efetiva. Até hoje não se esclareceu o assassinato de Binho.

Em nota pública, dirigentes da Conaq se referem a Mãe Bernadete como "uma luz brilhante na luta contra o preconceito, o racismo e a marginalização". Mãe Bernadete expôs seu corpo no limite de sua resistência. Mas até quando lideranças como ela precisam resistir para o Brasil mudar? Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Além de fim de remoções forçadas, entenda o que muda com decisão STF sobre população de rua

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Publicado em 22 agosto 2023
  • padre Júlio Lancellotti,
  • população de rua,
  • Cracolândia
  • decisão STF sobre população de rua
  • Arguição de descumprimento de preceito fundamental
  • Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania do governo Lula
  • Comitê intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional

Pessoas se agasalham na rua no Pateo do Collegio, na região central de São Paulo - Gabriel Cabral - 13.mai.23/Folhapress

Governo deverá criar plano nacional e diagnóstico de pessoas em situação de rua em 120 dias

 

Lucas Lacerda

SÃO PAULO

O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, nesta segunda (21), proibir a remoção forçada de pessoas ou de seus pertences da rua. A corte determinou também a elaboração, em até 120 dias, de um plano nacional para atendimento de pessoas em situação de rua, e de diagnósticos locais para saber o perfil e as necessidades desses públicos no Brasil.

As regras haviam sido adiantadas em decisão do ministro Alexandre de Moraes na ADPF (Arguição de descumprimento de preceito fundamental) 976. Além do atendimento a pessoas na rua e questões de zeladoria, o texto estabelece, em outro eixo, obrigações para União, estados e municípios de produzir dados e políticas públicas sobre o tema.

A decisão atende parcialmente a uma discussão da Rede Sustentabilidade, do PSOL e do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), apresentada em maio do ano passado.

O tema tem provocado embates sobre como colocar em prática os pedidos, e também é visto como oportunidade para induzir mudanças no atendimento em todo o país. Entre as prefeituras, há uma expectativa de que a definição seja feita a partir dos planos do governo federal e dos estaduais.

Entenda os principais pontos da decisão do STF sobre políticas para pessoas em situação de rua.

 

REMOÇÃO DE PERTENCES

A decisão do STF não define tipos de item, e essa definição pode recair sobre cidades. Para Laura Salatino, coordenadora da Clínica Diretos Humanos Luiz Gama da Faculdade de Direito da USP e pesquisadora da Fiocruz, a obrigação de formar comitês locais para acompanhamento vai fazer os municípios criarem legislação própria, como é o caso de São Paulo.

"Zeladoria é uma coisa municipal, e essa decisão tem que ser olhada como um todo. Os comitês podem demandar uma legislação sobre que pertences podem ou não ser retirados." Ainda, ela diz que, com a decisão, aumenta a margem de defesa das pessoas em situação de rua. "É possível, na Justiça, definir o que é material de trabalho, como carroça, papelão, que não poderia ser retirado".

A capital paulista tem três decretos sobre o tema. O atual é de 2020. "Em ações de zeladoria, somente são retirados os que não são configurados como pertences pessoais, tais como pedaços de madeira, paus, colchões grandes, cadeiras, camas, sofás, barracas montadas e lonas para montar tendas", afirmou a gestão Ricardo Nunes (MDB) em nota.

Por outro lado, colchonetes, travesseiros, tapetes, carpetes, cobertores, mantas, lençóis, toalhas e barracas desmontáveis são considerados itens pessoais.

Segundo o decreto, não é permitida a ocupação que caracterize o uso permanente em local público. "Principalmente quando impedir a livre circulação de pedestres e veículos, tais como os objetos supramencionados."

 

ARMAZENAMENTO DE PERTENCES

Hoje, em São Paulo, caso algum item seja apreendido, a pessoa deve receber um contra-lacre e retirar o item no depósito da subprefeitura da região em até 30 dias corridos.

Segundo Saltino, a Clínica acompanhou uma tentativa de retirada, e a pessoa precisou ir a uma central com documentos e o contra-lacre para agendar a retirada em outro dia em um dos depósitos. "Isso é incompatível com o modo de sobrevivência na rua, porque tem horário de pedir dinheiro, fazer bico, entrada em centro de acolhida, toda uma circulação na cidade." A prefeitura não explicou esse processo de recuperação.

Por outro lado, os governos devem disponibilizar bagageiros para que as pessoas possam guardar seus pertences caso precisem. Em São Paulo, há 272 compartimentos no Bagageiro da Secretaria Municipal de Assistência Social e Desenvolvimento, que fica na rua Visconde de Parnaíba, 700, no Brás.

 

REMOÇÃO E TRANSPORTE COMPULSÓRIO DE PESSOAS

O Supremo proibiu que órgãos públicos promovam a remoção ou o transporte de pessoas sem o seu consentimento. Em São Paulo, falhou uma tentativa de direcionar pessoas da cracolândia, atualmente na região da Santa Ifigênia, para uma área sob a ponte Governador Orestes Quércia, conhecida como Estaiadinha, no Bom Retiro (ambos no centro). A medida rendeu críticas e fazia parte de um conjunto de opções para deslocar o público.

Ainda, a corte determinou que as vigilâncias sanitárias sejam acionadas para abrigar os animais de estimação das pessoas encaminhadas a centros de acolhimento.

 

COMUNICAÇÃO PRÉVIA SOBRE ZELADORIA

Moraes estabeleceu que deve haver ampla comunicação prévia de ações de zeladoria, com horário e local definidos, para que as pessoas possam se preparar e retirar seus pertences. Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que essa comunicação deve ser feita preferencialmente por meio de agentes que abordam as pessoas. Eles poderão indicar, além de bagageiros para guardar pertences, o encaminhamento a algum serviço de acolhida ou saúde.

 

MAPEAMENTO DE QUEM ESTÁ NA RUA

O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania do governo Lula (PT), liderado por Silvio Almeida, afirmou em nota publicada em seu site, que pretende se antecipar ao prazo dado pelo STF.

A pasta reconhece, no entanto, o desafio de fazer um mapeamento das populações, e afirmou que assinou um acordo com a pasta de Desenvolvimento Social e o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) para fazer um censo nacional da população de rua. Isso serviria para apontar um problema, segundo especialistas, de quem não é encontrado por não acessar serviços públicos.

O prazo de 120 dias para as cidades, segundo a Frente Nacional de Prefeitos, é viável. "Até porque, todas as cidades acompanham o movimento dessas pessoas", disse Izaias Santana, prefeito de Jacareí (SP) e vice-presidente de Assuntos Jurídicos da Frente.

 

CRIAÇÃO DE PLANO NACIONAL

A decisão estabelece que a elaboração do plano pelo Executivo federal deverá ter participação de um Comitê intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para População em Situação de Rua (CIAMP-Rua), do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), da Defensoria Pública da União (DPU) e do Movimento Nacional da População em Situação de Rua.

Deve capacitar agentes, desenvolver programas de educação, transferência de renda e saúde para essas populações, com o objetivo de que as pessoas deixem a rua.

Nas cidades, segundo Santana, da Frente Nacional de Prefeitos, o planejamento deve esperar os desenhos do governo federal e dos estados. "Mas quando pensamos em avançar em políticas públicas, [o prazo] é insuficiente. O plano municipal deverá ser realizado a partir dos planos nacional e estadual, porque precisa ser enfrentado com a participação das três esferas."

 

FIM DA ARQUITETURA HOSTIL

Os governos locais devem vedar as técnicas de arquitetura hostil às populações que estão na rua, assim como dificuldades para acessos a serviços e equipamentos públicos. O tema vem ganhando força inclusive a partir de denúncias do padre Julio Lancellotti, que deu nome a uma lei de dezembro do ano passado que introduz o tema no país.

O ministério de Direitos Humanos discutia, no fim de julho, a regulamentação da lei Padre Julio Lancellotti com a Casa Civil. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br

Bernadete Pacífico, líder quilombola, é assassinada a tiros na Bahia

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Publicado em 18 agosto 2023
  • Violência no Rio,
  • Bernadete Pacífico é assassinada a tiros na Bahia
  • Mãe Bernadete assassinada
  • Quilombo Pitanga dos Palmares em Simões Filho
  • Quilombo Pitanga dos Palmares,
  • Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos
  • Secretaria da Segurança Pública da Bahia
  • líder quilombola Bernadete Pacífico,
  • secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho
  • comunidade Quingoma,

Governo federal envia equipes ao local do crime, e governador da Bahia promete empenho na investigação; Vítima teve o filho morto há seis anos

 

Bernadete Pacífico era líder quilombola na Bahia e coordenadora da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) - Conaq/Divulgação

Cristina Camargo/ João Pedro Pitombo

SÃO PAULO e SALVADOR

A líder quilombola Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, foi assassinada a tiros na noite desta quinta-feira (17) a tiros dentro do terreiro que comandava em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador.

Ela era coordenadora nacional da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) e liderava o Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho. Era ialorixá e mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, o Binho, líder assassinado há 6 anos.

A Secretaria da Segurança Pública da Bahia informou que dois homens, usando capacetes, entraram no imóvel de Bernardete e efetuaram disparos com arma de fogo. As polícias Militar, Civil e Técnica da Bahia iniciaram as diligências e a perícia no local para identificar os autores do crime.

A Conaq repudiou o crime em nota divulgada nesta quinta. "Sua dedicação incansável à preservação da cultura, da espiritualidade e da história de seu povo será sempre lembrada por nós", diz o texto. "Sua ausência será profundamente sentida. Seu espírito inspirador, sua história de vida, suas palavras de guia continuarão a orientar-nos e às gerações futuras".

Segundo a organização, a morte de Binho não foi elucidada e Bernadete atuava para solucionar o caso. "Enquanto lamentamos a perda dessa corajosa liderança, também devemos nos unir em solidariedade e determinação para continuar o legado que ela deixou", diz a Conaq.

Na nota, a organização cobra do governo medidas imediatas para a proteção dos outros líderes do quilombo de Pitanga de Palmares e uma investigação rápida para encontrar os responsáveis pelo crime.

Considerada uma das principais líderes da luta quilombola no país, Bernadete foi secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho na gestão do então prefeito Eduardo Alencar (PSD), irmão do senador Otto Alencar (PSD).

Em julho, ao lado de outras líderes quilombolas, ela participou de um encontro com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, na comunidade Quingoma, na cidade de Lauro de Freitas. Na ocasião, ela afirmou que era ameaçada por fazendeiros.

"É o que nós recebemos, ameaças. Principalmente de fazendeiros, de pessoas da região. Hoje eu vivo assim que não posso sair que eu estou sendo revistada. Minha casa é toda cercada de câmeras, eu me sinto até mal com um negócio desse", afirmou.

O ministro Silvio Almeida determinou o deslocamento de equipes do Ministério dos Direitos Humanos para Simões Filho e expressou solidariedade aos familiares e à comunidade.

Nas redes sociais, a conta do ministério fez uma postagem cobrando rapidez na investigação e punição do crime.

O Ministério da Igualdade Racial também enviará uma comitiva para reunião com órgãos governamentais da Bahia, atendimento aos familiares de Bernadete e proteção ao quilombo.

Outra providência será a convocação de uma reunião extraordinária do Grupo de Trabalho de Enfrentamento ao Racismo Religioso, para que providências sejam tomadas no âmbito interministerial.

"O ataque contra terreiros e o assassinato de lideranças religiosas de matriz africana não são pontuais. Mãe Bernardete tinha muitas lutas, e a luta pela liberdade e direitos para todo o povo negro e de terreiro tranversalizava todas", diz nota do ministério.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), disse que recebeu com indignação a notícia sobre o assassinato e determinou que as polícias Militar e Civil desloquem-se para o local e "sejam firmes na investigação".

Segundo ele, o governo está empenhado no acompanhamento do caso e no apoio à família e à comunidade.

"Deixo aqui meu compromisso na apuração das circunstâncias", afirmou. "Não permitiremos que defensores de direitos humanos sejam vítimas de violência em nosso estado".

Outros políticos baianos lamentarem a morte da líder e pediram justiça. O deputado federal Valmir Assunção (PT-BA) afirmou ter recebido a notícia com tristeza e indignação.

"O governador Jerônimo Rodrigues tem que determinar investigação rigorosa desses crimes abomináveis, que não podem ficar impunes. Uma perda dolorosa e irreparável", afirmou a deputada estadual Olívia Santana (PC do B-BA).

A vereadora Marta Rodrigues (PT), de Salvador, pediu rigor nas investigações.

"Precisamos nos indignar coletivamente. Não podemos aceitar a morte de uma grande defensora de direitos humanos Quem matou Bernadete e a mando de quem?", perguntou a cantora Daniela Mercury.

O Instituto Marielle Franco também divulgou nota pedindo uma investigação rápida e responsável do assassinato da líder, uma mulher negra e ialorixá. Fonte: /www1.folha.uol.com.br

Redes sociais: afinal, o que crianças e adolescentes podem ter de bom?

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Publicado em 15 agosto 2023
  • Redes sociais,
  • internet e as redes sociais,
  • discrição no uso das redes sociais
  • imagens viralizaram nas redes sociais
  • redes sociais do Brasil
  • crianças e adolescentes
  • Instagram e TikTok

 

Por Carolina Delboni

Já é mais do que sabido que o uso indiscriminado e irrestrito das redes sociais pode ser danoso à saúde mental de crianças e adolescentes. Mas é fato que elas fazem parte do mundo e não tem data para expirarem. Então, afinal, o que crianças e adolescentes podem ter de bom?

Lidar com o tempo e o uso das redes sociais têm sido um desafio. Não só para crianças e adolescentes, mas para os próprios pais que não sabem gerenciar as questões todas que se apresentam. Violência, ansiedade, depressão, baixa autoestima e bullying são alguns dos temas que mais aparecem quando a gente relaciona redes sociais x saúde mental.

Pesquisas recentes apontam os estragos - sim, são estragos - que Instagram e TikTok têm feito na vida de muitos adolescentes. Mas o que fazer? Não é de hoje que as redes sociais dominam nossas vidas e, ao contrário de algumas espécies animais, elas não sumirão no mapa.

A proporção alcançada é tamanha que políticos e especialistas já se mobilizam em torno de estratégias para melhor usar essas ferramentas diante das ameaças que elas podem representar. Globalmente, são quase 5 bilhões de pessoas que possuem contam nas diversas plataformas e elas passam, em média, duas horas de meia do dia rolando a tela para cima.

Para crianças e adolescentes, o cuidado deve ser redobrado, o que não quer dizer que as plataformas digitais não possam apresentar boas oportunidades de aprendizado e de entretenimento.

O TikTok, por exemplo, foi o app mais baixado de 2022, com 672 milhões de downloads pelo mundo, segundo a revista Forbes. Para se ter uma ideia, o aplicativo divulgou que, em 2021, 1 bilhão de usuários visitaram a plataforma todos os meses. Com tanta gente acessando e tanto conteúdo circulando é difícil saber se as publicações de fato são recomendáveis para crianças e adolescentes - o que em si já é um problema.

Um estudo do Centro de Combate ao Ódio Digitai (CCDH, em inglês) feito com contas de jovens de 13 anos interessados em conteúdos de imagem corporal e saúde mental mostrou que o algoritmo do TikTok recomenda conteúdos de suicídio em 2,6 minutos. Pois é.

Enquanto isso o Brasil é o terceiro país com maior número de suicídios entre adolescentes e jovens, segundo dados da OMS, Organização Mundial da Saúde. O mesmo órgão revela um aumento da taxa nos últimos 20 anos, um dado na contramão de estimativas globais.

Mas e aí, o que fazer? Proibir não é a solução e achar que elas vão deixar de existir é ilusão. Daniela Penteado, gerente da WGSN, empresa líder em tendências de comportamento e consumo, porém, é otimista com relação às potencialidades das redes sociais. "O TikTok deixou de ser um espaço de coreografias para se tornar um hub de aprendizado e entretenimento. É um espaço fértil para os criadores". Ela compara o aplicativo à gravidade, em que o usuário se prende a um centro e em sua volta orbitam diversos tipos de conteúdo.

Uma das correntes positivas encontradas nas redes é o aprendizado. Hoje, já é possível encontrar diversos perfis para se aprender temas diversos que vão desde cozinhar até falar outro idioma. A própria plataforma do TikTok já disponibiliza uma seção "Aprender" com conteúdos mais educativos. Assim, o caráter autodidata da geração atual é reforçado. Com isso, o Tik Tok acabou sendo, junto com o Instagram, a ferramenta de pesquisa favorita de 40% da Geração Z, em 2021.

O relatório da Reuters Institute Digital News divulgou relatório que aponta o Tik Tok como ferramenta de busca de 40% dos adolescentes e jovens da Geração Z. Isso revela uma mudança comportamental pela busca de informação e conhecimento e indica plataformas de entretenimento ocupando espaço de veículos de mídia.

Além do acesso ao conhecimento, as redes sociais também ampliaram as interações sociais. Conhecer novas pessoas com interesses em comum, por exemplo, faz com que as redes sociais promovam aspectos de socialização e comunicação. Isso acontece com mais intensidade durante a adolescência, já que essa é uma fase em que há a inclusão social do indivíduo em grupos.

E por que as redes sociais estão ampliando as interações em suas plataformas? Porque elas perceberam que o número de adolescentes e jovens solitários estava aumentando. Perceberam também que este poderia ser um canal de conexão e interação com eles, uma vez que existe um movimento chamado "cura social" em que a Geração Z tem procurado passar menos tempo nas redes sociais e promover mais encontros presenciais. Hoje, 30% dos jovens da Geração Z estão reduzindo o tempo de uso de telas de celular, segundo apontou um relatório do WGSN de 2023.

 

Sinais de alerta

Mas nem tudo são flores. A adolescência é o momento de construção de identidade e quando o adolescente se vê dependente das redes este processo fica comprometido e a "vida real", com suas interações e conflitos, perde o foco - muitas vezes, o prumo - que é vital nesta fase da vida.

O uso das redes sociais ainda apresenta outros perigos, como falsas informações e discursos de ódio. É por isso que diversos países estão se movimentando para regular o ambiente virtual. No Brasil está em discussão o Projeto de Lei (PL) 2630, de 2020 que propõe a regulação da internet, o que inclui um regramento maior sobre o que circula nas redes sociais.

Para crianças e adolescentes, esse tipo de esforço ganha uma outra dimensão. Isso porque os mais jovens são mais vulneráveis aos efeitos negativos das redes sociais, segundo um estudo das Universidades de Cambridge, Oxford e do Instituto Donders para Cérebro, Cognição e Comportamento, publicado na revista Nature Communications.

No estado americano de Utah, uma lei determinou que menores de 18 anos só podem usar as redes sociais com autorização dos pais. A legislação de países europeus também busca impedir que crianças e adolescentes acessem serviços que geram riscos a elas.

Um outro impacto que aparece junto às redes sociais em crianças e adolescentes se dá nas emoções e comportamentos desse grupo. Por exemplo, uma pesquisa publicada pela Common Sense Media, uma organização sem fins lucrativos, e divulgada no The New York Times, diz que, em média, crianças de 8 a 12 anos passam cinco horas no mundo digital. Para adolescentes, de 13 a 18 anos, esse tempo chega em oito horas. Oito das doze horas que passamos acordados. Veja que loucura.

Especialistas alertam que o uso excessivo das redes sociais é um perigo, pois pode provocar dependência e, consequentemente, sofrimento quando há uma desconexão do ambiente offline. É o chamado Folo (Fear of Logging Off, ou "Medo de Desconectar"), que pode vir junto ao Fomo (Fear Of Missing Out ou "Medo de Perder", que é o receio de estar sendo deixado de fora de algo), ambos motivados por um cenário de superexposição nas redes.

Pais mais conscientes das oportunidades e perigos das redes sociais, e plataformas mais responsáveis pelo conteúdo que por lá circula são bons caminhos para garantir uma relação mais saudável entre jovens e as redes sociais. O Instagram, por exemplo, dispara um aviso quando o usuário está prestes a comentar algo ofensivo ou maldoso em alguma postagem, o que força as pessoas a repensarem comportamentos agressivos no ambiente digital.

"O equilíbrio é fundamental. O fácil acesso e a democratização são algo para usarmos em nosso favor, para aprendermos algo novo, por exemplo. Mas ao mesmo tempo, podemos criar limitações dentro do aplicativo para controlar o tempo de uso e viver o mundo real", diz Daniela, que também lembra da importância de as plataformas digitais promoverem transparência no uso dos dados de seus usuários. Fonte: https://www.estadao.com.br

Chacinas

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Publicado em 03 agosto 2023
  • Violência em Guarujá,
  • Chacinas
  • Jaqueline Lima Santos e Paulo César Ramos
  • Juliana Farias,
  • The Washington Post,

O outro é uma ameaça, e a resposta é encarceramento em massa ou violência letal

 

Quarto onde jovem foi morto por policiais do BAEP, na manhã de terça-feira, no bairro do Jabaquara, em Santos - Danilo Verpa - 2.ago.2023/Folhapress

 

Cida Bento

Conselheira do CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), é doutora em psicologia pela USP

Chacina pode ser definida como um tipo de violência extremada: a execução orquestrada de várias pessoas em uma mesma localidade.

O jornalista Shannon Sims afirma, no The Washington Post, que a palavra "chacina" é a mais assustadora do português brasileiro, referindo-se ao massacre de pessoas após a morte de um policial, conforme excelente texto de Uvanderson Vitor da Silva, Jaqueline Lima Santos e Paulo César Ramos.

Os mandantes são sempre poderosos homens brancos, e a chacina ocorre em periferias e favelas onde a maioria da população é pobre e negra, como evidenciam os estudos realizados por diferentes universidades brasileiras.

As chacinas são uma exibição pública de poder, usada por organizações criminosas e por agentes públicos.

Elas ocorrem em períodos de crítica à violência e de reivindicações por políticas públicas para a garantia da Justiça e da vida como um direito de todos no país.

"Suspeitos" não têm classe social ou cor e podemos ver muitos deles, que não são periféricos, nem pobres, nem negros, se manifestando na grande mídia, justificando por que se apropriaram ou desviaram volumosos recursos públicos. Mas esses "suspeitos" estão inacessíveis às regras de segurança do país.

E uma extensa rede os protege —98% dos casos de morte ocorridos em operações policiais são arquivados, segundo estudos da antropóloga Juliana Faria (Unicamp 2022).

Costumo nomear esse fenômeno de pacto narcísico da branquitude.

Assim é que, para alguns segmentos das elites, o narcisismo "do pensamento único, cultura única, gênero único, religião única" impossibilita a convivência com a alteridade, com a diferença ou a oposição. O outro é uma ameaça, e a resposta é encarceramento em massa ou violência letal.

Uma sociedade aterrorizada pelo medo, em que a população exige respostas imediatas de segurança do Estado, e que tem um Legislativo conservador é um território propício para aceitar o "olho por olho, dente por dente".

 

Juliana Farias, antropóloga da Unicamp, desenvolve há 20 anos estudos sobre a violência de Estado no Rio de Janeiro e acompanha a luta por Justiça em relação às chacinas protagonizada por mulheres, mães, avós e filhas de vítimas de violência que reivindicam que os crimes cometidos contra suas pessoas queridas sejam apurados e punidos.

Juliana afirma que "os casos que caminham mais na Justiça são aqueles em que as famílias e o movimento social estão acompanhando, fazendo atos nos dias de audiência e julgamentos, nas portas dos Fóruns, na porta do Ministério Público. Para esses movimentos, cada instância do Estado é responsável por essa política de morte, que acontece não só devido ao policial que está na ponta".

Lideranças brancas muitas vezes se perguntam: o que podemos fazer como antirracistas? Manifeste-se, do lugar onde está; da sua corporação industrial, financeira, da universidade, do Parlamento, da sua entidade de direitos humanos ou ambiental. Manifeste publicamente sua indignação contra a violência e a paralisação do Estado, não só no período em que os crimes ocorrem, mas acompanhe o processo para evitar os recorrentes arquivamentos.

Não podem lutar sós, as Mães de Maio, do Acari, de Cabula, do Jacarezinho, de Guarujá, de Santos, do movimento "Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar" e tantos outros. Todos os crimes têm de ser investigados e punidos contra a população civil e contra os agentes de Estado.

É preciso acreditar no Bem Viver, para poder construir uma sociedade na qual a relação com a natureza e com os diferentes grupos populacionais seja humanizada, solidária e cooperativa e em que políticas públicas de segurança incorporem ações que podem efetivamente mudar a situação de violência no Brasil, quais sejam a garantia de acesso aos direitos fundamentais, de educação qualificada, emprego, renda e moradia para todos os brasileiros. Fonte: www1.folha.uol.com.br

Um estranho conceito de sucesso

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Publicado em 02 agosto 2023
  • violência policial
  • Violência em Guarujá,
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  • governador de São Paulo
  • Tarcísio de Freitas,
  • assassinato de um PM,
  • Guarujá
  • operação policial

Ao se dizer ‘extremamente satisfeito’ com operação policial que matou mais de uma dezena de pessoas no Guarujá, Tarcísio ignora indícios de abuso, que precisam ser investigados

 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, se disse “extremamente satisfeito” com a operação policial que, a pretexto de reagir ao assassinato de um PM, deixou ao menos 13 mortos no Guarujá. Isso significa que, para o governador, mesmo que, até este momento, pairem fundadas suspeitas de excesso por parte da polícia, a operação foi bem-sucedida. Ora, não cabe ao chefe do Executivo estadual fazer essa avaliação antes da apuração detalhada do caso, especialmente quando os indícios apontam para o exato contrário.

A segurança pública envolve decisões políticas a respeito de várias questões complexas, sobre as quais cada governante pode e deve ter uma específica compreensão. Há muitos possíveis caminhos, com diferentes propostas, para prover paz e ordem pública. São, em última análise, escolhas que cabe à população realizar por meio do voto.

No entanto, existem alguns princípios norteadores da segurança pública que não estão à disposição de escolhas políticas. Eles não são negociáveis. Por exemplo, o Estado não tem o direito de executar ninguém, tampouco o de torturar. Trata-se de uma limitação constitucional intransponível do poder estatal. Ressalte-se ainda que não há pena de morte no País – e, ainda que houvesse, não cabe à polícia fazer o julgamento e executar sumariamente a sentença. A tarefa das forças policiais é prover segurança aos cidadãos, e não realizar revanches ou vinganças, seja por qual motivo for.

Nenhum desses princípios depende da inclinação político-ideológica do governante ou mesmo da sua popularidade perante a opinião pública. É a lei brasileira, à qual todos estão igualmente sujeitos. Por isso, operações policiais que causam mortes – especialmente as que causam muitas mortes – devem ser objeto de apuração rigorosa e isenta. Só assim será possível distinguir os casos de abuso policial daquela outra situação, excepcional, na qual o agente de segurança tem não apenas o direito, mas o dever de matar, para proteger a coletividade e a si mesmo.

Certamente, a morte de um policial é um fato gravíssimo, a exigir imediata atuação do poder público. Mas ela não suspende a vigência da lei por um período, numa espécie de autorização excepcional para que a polícia promova a correspondente vingança. Também não elimina as regras da razoabilidade e da proporcionalidade. “Não houve excesso”, afirmou o governador de São Paulo, antecipando-se às investigações e ignorando os indícios que indicam o oposto. Há inclusive relatos de tortura e de execução sumária, o que demanda acurada e independente apuração.

Num juízo de valor precipitado, Tarcísio de Freitas disse que “houve uma atuação profissional” da polícia no caso do Guarujá. Ora, não parece muito profissional uma polícia que mata mais de uma dezena de pessoas a título de prender o suspeito de um crime. Isso pode ser aceitável para quem acha que “bandido bom é bandido morto”, mas, além de desalinhada com a lei, essa concepção de segurança pública coloca em risco a vida e a segurança da própria população. No Estado Democrático de Direito, nenhuma autoridade pública tem o direito de aplaudir uma atuação policial que, neste momento, parece eivada de truculência.

Tarcísio de Freitas tem todo o direito de ter suas ideias políticas, mas se afasta da lei e das evidências ao tratar violência policial como boa política de segurança pública. Na condição de governador do Estado, deve evitar que suas palavras sejam confundidas com estímulo à atuação da polícia à margem da lei, com regras próprias de funcionamento. A lei é para todos. E polícia não é milícia.

Na investigação da ação policial, serão muito úteis as imagens produzidas pelas câmeras usadas nos uniformes dos PMs. Ainda não está claro se essas imagens existem ou mesmo se os policiais envolvidos estavam com câmeras, mas esse é o típico caso em que o equipamento justifica o investimento: se os PMs agiram conforme os protocolos e as leis, as imagens vão mostrar. É essa transparência que incomoda tanto aqueles que acham que justiçamento é justiça. Fonte: https://www.estadao.com.br

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