A formadores de seminários da França, Francisco indicou aspectos essenciais para a formação dos candidatos ao sacerdócio, como a missão e a humildade.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
O tema da formação dos futuros sacerdotes esteve no centro do discurso do Papa aos reitores dos Seminários Maiores e Propedêuticos da França, recebidos em audiência na manhã deste sábado.
Presentes em Roma para a peregrinação jubilar, Francisco citou uma frase de São Paulo VI, que dizia que o homem contemporâneo ouve de bom grado mais as testemunhas do que os mestres. E se ouve os mestres é porque são testemunhas.
Isso, disse Francisco, vale certamente para os formadores nos seminários, que devem cuidar da qualidade e da autenticidade das relações humanas neste período de amadurecimento dos candidatos ao sacerdócio.
Em seguida, o Pontífice fez uma análise do perfil dos seminaristas de hoje, cuja característica é a diversidade, seja por idade, seja por experiência de vida e de fé. Para Francisco, o importante é que os formadores aceitem essa diversidade sem medo, concentrados no principal objetivo: formar discípulos missionários apaixonados pelo Mestre, pastores com o cheiro das ovelhas, que vivam no meio delas para servi-las e levar-lhes a misericórdia de Deus.
Não se trata de formar clones. Todavia, há regras a serem respeitadas e o Pontífice ofereceu algumas indicações como, por exemplo, a formação de uma “verdadeira liberdade interior”, de modo que o futuro sacerdote saiba raciocinar com a própria cabeça, iluminado pela fé e movido pela caridade, para fazer escolhas às vezes contracorrente, sem alinhar-se a respostas pré-confeccionadas.
Outro aspecto importante apontado por Francisco é o amadurecimento de uma humanidade equilibrada e capaz de relações humanas. Isso inclui imitar as próprias atitudes de Deus, que são a ternura, a proximidade e compaixão, sem temer personalidades muito frágeis ou rígidas ou desordens de caráter afetivo. “O homem perfeito não existe e a Igreja é composta por membros frágeis e por pecadores”, disse o Papa, pedindo paciência e prudência aos formadores. “Não tenham medo das fraquezas e dos limites de deus seminaristas. Não os condenem apressadamente e saibam encorajá-los. É o martírio da paciência.”
Outro aspecto desenvolvido por Francisco é a missão: "O sacerdote é para a missão. Um sacerdote que faça o 'senhor abade' não é para a missão. Isso não pode". Mesmo que ser sacerdote comporte uma realização pessoal, não é para si mesmos que são ordenados, e sim para o Povo de Deus. Isso pressupõe gratuidade, desprendimento de si e humildade.
Não é raro que, durante o percurso, alguns sacerdotes acabem servindo a si mesmos. "Atenção, sobretudo com o dinheiro. Minha vó sempre dizia que o diabo entre pelo bolso. Por favor, a pobreza é algo muito belo. Servir os outros. E cuidado com o carreirismo. Cuidado com a mundanidade, do ciúme e da vaidade."
Deste modo, analisou o Papa, o amor por Deus e pela Igreja nada mais são que um pretexto para a autocelebração. "Quando se encontra algum eclesiástico que parece mais um pavão é feio. Que o amor por Deus e a Igreja não seja um pretexto", exortou o Pontífice, concluindo seu discurso com um agradecimento pela difícil missão que desempenham a serviço da Igreja. Fonte: https://www.vaticannews.va