Explosão aconteceu perto de um comboio de ônibus que levava refugiados à cidade síria

ALEPPO — Ao menos 24 pessoas morreram neste sábado quando um suicida detonou um carro-bomba perto da cidade síria de Aleppo contra ônibus que transportavam civis e combatentes evacuados no dia anterior das localidades pró-regime, de acordo com um novo balanço do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Anteriormente, o observatório havia informado que o número de mortos era 16, mas o dado foi atualizado menos de uma hora depois. "O suicida estava dirigindo uma caminhonete que transportava ajuda alimentar e detonou o veículo perto dos 75 ônibus" estacionados em Al Rashidin, região rebelde a oeste da metrópole, de acordo com OSDH.

Pouco antes do meio-dia, a TV Síria chegou a afirmar que já se somavam 39 mortes, mas ainda não há confirmação oficial.

Cerca de 5 mil pessoas evacuadas na sexta-feira das cidades de Fua e Kafraya, duas localidades favoráveis ao regime e sitiadas pelos rebeldes, estavam a bordo dos ônibus visados. A evacuação se deu em virtude de um acordo que permitiu a evacuação simultânea de duas cidades rebeldes sitiadas pelo regime.

O correspondente da agência de notícias AFP no local viu muitos cadáveres, alguns carbonizados, incluindo de crianças, e membros espalhados pelo chão, perto dos ônibus destruídos pela explosão. Ele também relatou um grande número de feridos e pessoas em pânico na área onde os ônibus estão estacionados. Antes do ataque, as milhares de pessoas evacuadas das quatro cidades sitiadas permaneciam bloqueadas desde sexta-feira em razão de divergências entre as partes em conflito, impedindo-os de prosseguir viagem.

Estas evacuações, as últimas de uma longa série desde o início da guerra na Síria, há cerca de seis anos, foi possível graças a um acordo entre todas as partes que foi patrocinado pelo Catar, que apoia os rebeldes, e o Irã, aliado do regime. Os habitantes de Fua e Kafraya deveriam se dirigir, passando por Rashidin, a Aleppo, Damasco ou Latakia (oeste), redutos do regime.

Simultaneamente, e também através de Aleppo, os evacuados de Madaya e Zabadani deveriam seguir para a província rebelde de Idlib (noroeste). Mas em razão de divergências, os evacuados de Fua e Kafraya se viram bloqueados em Rashidin, enquanto os de Madaya e Zabadani ainda estavam esperando em Ramussa, localidade pró-regime a oeste de Aleppo.

Um líder rebelde havia dito à AFP que as diferenças estavam relacionadas ao número de combatentes armados evacuados. No total, mais de 30 mil pessoas deveriam ser evacuadas em duas etapas sob os termos do acordo alcançado em março.

Vários redutos rebeldes foram tomados no ano passado pelo regime, com o apoio de sua aliada Rússia que interveio militarmente na Síria em setembro de 2015. Fonte: http://oglobo.globo.com