Não é de hoje que a publicidade aproveita uma causa ou um movimento para vender um produto, uma marca, divulgar um artista e, com isso, fazer com que alguém lucre alguns milhões. Alguns chamam isso de oportunismo, outros são mais diretos e chamam de mau-caratismo mesmo. Enquanto não se decide, a prática segue a todo vapor e a bola da vez é a poderosa Pepsi.

Um novo comercial do refrigerante mostra um protesto de jovens que caminham em direção a um grupo de policiais que parece pretender confrontá-los. Em determinado momento, uma lata de Pepsi é oferecida por uma manifestante (a modelo Kendall Jenner) a um dos policiais e ele aceita. Neste instante o homem sorri e magicamente parece se dar conta de que os jovens estão certos.

Todos vibram e o vídeo acaba como um filme adolescente.

A repercussão da propaganda foi enorme e extremamente negativa. Muita gente achou que a mensagem do comercial menospreza a luta de vários movimentos sociais que acabam sendo oprimidos pela violência policial nos Estados Unidos. Especialmente os movimentos que denunciam as frequentes mortes de afro-americanos nas mãos da polícia, como o Black Lives Matter.

Estes tristes casos, tão enraizados à doença do preconceito, parecem estar bem longe de acabar, nem mesmo com latas de Pepsi (contém ironia).

As maiores reclamações se concentraram especialmente à cena em que Kendall entrega o refrigerante ao agente, que foi considerada uma cópia descarada do momento protagonizado por Leisha Evans em Baton Rouge (Louisiana, Estados Unidos) em julho de 2016. A imagem da ativista se tornou viral quando ela enfrentou policiais em um protesto pela morte de um jovem negro por policiais.

Bernice King, a filha de ninguém menos que Martin Luther King, um dos mais importantes ativistas pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, foi uma das que usaram as redes sociais para falar a respeito. Em um tuíte completamente irônico, ela escreveu:

‘Se ao menos papai soubesse sobre o poder da Pepsi’. Fonte: http://www.hypeness.com.br