*(Com comentário do Frei Petrônio de Miranda, Carmelita/RJ)  

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo (Mateus 22,34-40), que corresponde ao 30° Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

A religião cristã representa, para muitos, um sistema religioso difícil de entender e, sobretudo, um quadro de leis demasiado complicado para viver corretamente ante Deus. Não necessitamos, os cristãos, de concentrar muito mais a nossa atenção em cuidar antes de mais nada do essencial da experiência cristã?

Os evangelhos recolheram a resposta de Jesus a um setor de fariseus que lhe perguntam qual é o mandamento principal da Lei. Assim resume Jesus o essencial: o primeiro é “amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu ser”; o segundo é “amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

A afirmação de Jesus é clara. O amor é tudo. O decisivo na vida é amar. Aí está o fundamento de tudo. Por isso, o primeiro é viver ante Deus e ante os demais numa atitude de amor. Não devemos perder-nos em coisas acidentais e secundárias, esquecendo o essencial. Do amor sai todo o resto. Sem amor, tudo fica desvirtuado.

Ao falar do amor a Deus, Jesus não está pensando nos sentimentos ou emoções que podem brotar do nosso coração; tampouco está nos convidando à multiplicação das nossas rezas e orações. Amar o Senhor, nosso Deus, com todo o coração é reconhecer Deus como Fonte última da nossa existência, despertar em nós uma adesão total à sua vontade e responder com fé incondicional ao seu amor universal de Pai de todos.

Por isso agrega Jesus um segundo mandamento. Não é possível amar a Deus e viver de costas aos seus filhos e filhas. Uma religião que predica o amor a Deus e se esquece dos que sofrem é uma grande mentira. A única postura realmente humana ante qualquer pessoa que encontramos no nosso caminho é amá-la e procurar o seu bem como quiséssemos para nós mesmos.

Toda esta linguagem pode parecer demasiado velha, demasiado gasta e pouco eficaz. No entanto, também hoje o primeiro problema no mundo é a falta de amor, que vai desumanizando uma e outra vez os esforços e as lutas por construir uma convivência mais humana.

Há alguns anos, o pensador francês Jean Onimus escrevia assim: “O cristianismo está, todavia, nos seus começos: tem vindo a trabalhar apenas há dois mil anos. A massa é pesada e serão necessários séculos de maduração antes que a caridade a faça fermentar”. Os seguidores de Jesus não devem esquecer-se da sua responsabilidade. O mundo necessita de testemunhas vivas que ajudem as futuras gerações a acreditar no amor, pois não há um futuro esperançoso para o ser humano se acaba por perder a fé no amor. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

*Comentário do Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e jornalista, Rio de Janeiro.

Fiquei pensando...

         Fiquei... Pensando nos corruptos da Lava Jato- todos, ou 99, 9 % são cristãos- Como é possível alguém dizer que segue o amor de Jesus e desvia bilhões dos pobres? Quantos estão padecendo nos hospitais ou em suas casas vítimas dos desvios das verbas da saúde? No Rio de Janeiro, várias crianças foram vítimas das balas perdidas. Enquanto o Gedel Vieira Lima- Cristão- “guardava” mais de 50 milhões em seu apartamento, no sertão baiano diversas famílias não tem o precioso líquido, a água. É possível seguir o Cristo e o seu amor e deixando o povo padecer?

       Fiquei... Pensando nos moradores de rua das grandes cidades. Ontem estive na Praça da Sé, São Paulo. Lá tem a maior concentração de moradores e rua por metro quadrado. Onde resido, na Lapa, Rio de Janeiro, também se repete a mesma sena da Sé. Será que podemos falar do amor de Jesus e fingir que não existem homens e mulheres vivendo de uma maneira sub-humana? Que amor é esse?    

       Fiquei pensando... Pensando nos refugiados e seus diversos campos- verdadeiros campos de concentração- onde crianças e anciões- as principais vítimas- morrem por não ter o básico para a sobrevivência. É possível falarmos em alto e bom som no amor do Nazareno sem voltar o nosso olhar para esta realidade que envergonha o mundo?

      Fiquei pensando... Pensando nos milhares de desempregados no Brasil. Famílias que não tem mais o básico para sobreviver. Jovens sem perspectivas de futuros, sem sonhos e sem brilho nos olhos. Como podemos falar do amor de Jesus fechando os nossos olhos para esse Brasil real que os nossos governantes fingem não ver?

      Fiquei pensando... Pensando nos novos escribas, sacerdotes, fariseus e doutores da lei de nossas igrejas que esquecem o fundamental da nossa espiritualidade: O AMOR. Muitas vezes tais “guardiões” da doutrina excluem aqueles que, por um motivo ou outro falharam, seja na vida conjugal, moral ou social. Será o Jesus-amor desses letrados o mesmo do Evangelho? Tenho absoluta certeza que não.

Fiquei pensando...