No dia de hoje a Igreja nos convida a celebrar, nas pessoas destes dois apóstolos, a unicidade da experiência de fé cristã, a diversidade do seguimento a Jesus num “diferenciado” serviço ao Reino e a fecundidade do amor até o fim. O comentário do Evangelho, correspondente ao 13º Domingo do Tempo Comum (03-07-2016), é elaborado por Maria Cristina Giani, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Evangelho de Mateus 16,13-19
Jesus chegou à região de Cesareia de Filipe e perguntou aos seus discípulos:
«Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?»
Eles responderam: «Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias, ou algum dos profetas».
Então Jesus perguntou-lhes: «E vocês, quem dizem que eu sou?».
No próximo domingo 3 de julho a Igreja celebra a festa dos Apóstolos Pedro e Paulo. Esta solenidade é uma das mais antigas do calendário litúrgico.
É interessante que se tenha escolhido o mesmo dia para celebrar a vida e o martírio destes dois grandes homens de fé. Por isso cabe a pergunta do porquê dessa escolha.
Buscaremos no evangelho de hoje luz para nos aventurar a balbuciar alguma resposta.
Mateus narra o diálogo de Jesus com seus discípulos no qual ele procura saber o que se pensa, o que diz de sua pessoa, “Quem dizem os homens que é o Filho do homem?”. Mas o que mais importa ao Senhor é saber o que pensam seus amigos mais íntimos, por isso pergunta a eles: «E vocês, quem dizem que eu sou?».
A resposta de Pedro o surpreende alegremente: «Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo». Jesus percebe que a reposta brota de uma convicção de fé que não é fruto de elucubrações humanas, mas dom de Deus que Pedro acolhe e proclama.
Por trás das palavras de Pedro Jesus vê a ação do Espírito que ilumina o coração de seu discípulo abrindo-lhe os olhos para reconhecer quem é seu Mestre. O mesmo aconteceu com Paulo quando, no seu caminho a Damasco, o Senhor sai ao seu encontro e logo cheio do Espírito lhe caem dos olhos algo assim como escamas, então abraça a fé e é batizado (At 9,3-10).
Pedro e Paulo iniciam sua vida de discípulos de Jesus a partir de uma experiência de fé que marca e reorienta sua vida no seguimento do Filho de Deus.
Está é a pedra fundamental sobre a qual se edificou e continua edificando a Igreja, a fé de seus membros. Essa experiência de fé em Jesus Ressuscitado é o que mantém viva e firme a Igreja de Jesus durante todos estes séculos. A partir desta experiência de fé, cada uma destes homens viveu caminhos de fé originais, em contextos culturais e religiosos diferentes, respondendo a diversos desafios.
Pedro desenvolveu sua missão desde Jerusalém, dirigindo-se principalmente aos judeus e cristãos vindos do judaísmo, liderou a primeira comunidade de discípulos de Jesus, fundou as linhas apostólicas de Antioquia e Síria. Paulo recebeu a missão de ser o apóstolo dos gentios, dos pagãos. Foi o primeiro intérprete do evangelho e quem levou adiante o dialogo da fé cristã com a cultura helênica. Os dois exerceram o ministério da reconciliação confiado pelo próprio Deus.
Assim o explicita o evangelho de hoje: “o que você ligar na terra será ligado no céu, e o que você desligar na terra será desligado no céu». E na segunda carta aos Coríntios, Paulo descreve da seguinte forma: “Pois era Deus quem reconciliava com ele mesmo o mundo por meio de Cristo, não levando em conta os pecados dos homens e colocando em nós a palavra da reconciliação. Sendo assim exercemos a função de embaixadores em nome de Cristo, e é por meio de nós que o próprio Deus exorta vocês. Em nome de Cristo, suplicamos: reconciliem-se com Deus” (2Cor 5,18-21).
Sem dúvida que, assim como Jesus, Pedro e Paulo mexeram nas estruturas sociais, políticas e religiosas de seu tempo, incomodando aqueles que as mantinham e exerciam o poder injustamente. Foi por isso que os dois alcançam a mesma glória que seu Mestre, o martírio.
No dia de hoje a Igreja nos convida a celebrar, nas pessoas destes dois apóstolos, a unicidade da experiência de fé cristã, a diversidade do seguimento a Jesus num “diferenciado” serviço ao Reino, e a fecundidade do amor até o fim. Precisamos aprender de Pedro e Paulo como ser discípulos, discípulas de Jesus, embaixadores de sua Misericórdia nos tempos que nos tocam viver. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br




