Dom Carmo João Rhoden

Bispo Emérito de Taubaté (SP) 

 

Domingo de Ramos ou da Paixão do Senhor: (24/03/24) 

Jesus, entrando em Jerusalém, é ovacionado, no entanto, Ele mesmo, se comovendo, chora sobre a cidade profética (a sua), da qual, não ficará pedra sobre pedra. 

Hoje, não seria tanto de escrever, mas de ficar estarrecido, por um lado e de religiosamente impactado, diante da grandeza da vida e da paixão do Senhor. Vejamos: 1.1- Ele é traído por um dos seus discípulos, julgado pifiamente pelos homens do templo ou do sistema religioso de então, e, executado pelo poder dominante: o romano. Para estes, o lema era: “Fiat justitia etsi pereat mundus” (Faça-se justiça, mesmo que pereça o mundo). Mas, no caso, onde, se deveria admitir: “Justitia semper suprema lex esto”, infelizmente, aconteceu o contrário, se tornou a suprema injustiça. Como? Fizeram Jesus carregar a cruz para o Calvário. Inocentemente, trocando-O por um assassino, no caso, Barrabás. Traído por Judas (um dos apóstolos). Como? Mediante um sinal. Qual? O do beijo. Gesto convencional de amor e de respeito, de gratidão, no caso, infelizmente – da pior traição. Repito: vergonhosamente, traído por Judas e imitado pelos demais, chegando um mesmo, a fugir nú (Marcos?). E Pedro? Este, despudoradamente, se envergonhou do Mestre, diante de uma inofensiva empregadinha (não é bulling). E dos sumos pontífices, que direi? Grandes patifes desalmados. Contudo, a natureza gemeu de dor: o véu do templo se rasgou de alto a baixo e muitos mortos ressuscitaram. O galo cantou, envergonhado, três vezes, diante da nada patética atitude de Pedro, afirmando: “Não conheço este homem”.  

De outro lado, vemos Jesus: calado, amoroso, com toda a sua dignidade, chegando a suar sangue, além de carregar uma coroa de espinhos. 

Mas, quem está, de fato, atrás de tudo isto? Nós! Os pecadores de todos os tempos. Nós, os salvando, de hoje, de ontem e de sempre. Repito: o Mestre não acusa e nem usa seu poder. Cala. Pede ao Pai clemência, garantindo ao ladrão arrependido, a obtenção da salvação (ainda hoje estarás comigo no Paraíso). 

Mais uma vez, afirmo: diante do que vimos e ouvimos, não nos cabe fazer longos discursos, mas recorrer à introspecção. Para a conversão, assumindo, assim, mais e melhor nossa vocação e missão. 

O que o Domingo de Ramos ou da Paixão nos tem a dizer, hoje? A exigir? A pergunta é minha, a resposta é de todos. Fonte: https://www.cnbb.org.br