Jonestown, Heaven's Gate e o cerco de Waco são outros casos de cultos religiosos que terminaram com até milhares de mortes

 

Jim Jones liderou seita americana que levou seus membros para a Guiana — Foto: Reprodução

 

Por O Globo

O caso do pastor queniano Paul Mackenzie Nthenge, líder de uma seita que teria levado ao menos 90 pessoas à morte através de jejuns extremos "para ver Jesus", não é único. Ao longo da história, outros episódios semelhantes, nos quais lideranças religiosas estimulara ou provocaram a morte de seus próprios seguidores foram registrados, como o caso de Jonestown, do culto Heaven's Gate e o cerco de Waco.

Paul Nthenge foi preso na última semana, suspeito de ser o responsável pelas mortes. Seus seguidores eram estimulados a fazerem longos jejuns com o objetivo de "conhecerem Jesus", segundo as autoridades locais. De acordo com a Cruz Vermelha do Quênia, 212 pessoas foram dadas como desaparecidas. Ao longo dos últimos dias, ao menos 90 corpos foram encontrados em covas na floresta de Shakahola, no leste do Quênia.

Segundo fontes ouvidas pela agência de notícias AFP, cerca de 50% das vítimas seriam crianças. A grande quantidade de corpos exumados obrigou a uma paralisação nas buscas, já que os necrotérios locais ficaram lotados com a repentina chegada de dezenas de cadáveres. Nas buscas, cerca de 34 pessoas foram encontradas com vida.

 

Jim Jones (Templo do Povo)

Fundado em meados dos anos 50, a congregação Templo do Povo dos Discípulos de Cristo se tornou popular no estado americano de Indiana, tendo ganho força na Califórnia na década seguinte. Por trás do grupo religioso, estava o pastor Jim Jones, que, nos anos 70, provocou o maior suicídio coletivo da história, com mais de 913 mortes.

Anos antes, denuncias sobre seu estilo messiânico e ditatorial, feitas por ex-membros, levaram Jones a deixar os Estados Unidos e buscar refúgio na Guiana, onde adquiriu um terreno em 1974. Três anos depois, ele e centenas de seguidores se mudaram para o assentamento, batizado em homenagem ao próprio pastor: Jonestown.

A comunidade era isolada, e os contatos com o mundo externo raros. Relatos de punições severas e a presença de guardas armados começaram a surgir. Em 1978, o deputado americano Leo Ryan viajou para a Guiana com o objetivo de verificar a situação do assentamento. Quando se preparava para deixar o local, foi alvo de um atentado e morto a tiros pelos seguidores de Jones. Horas depois, os membros do Templo do Povo ingeriram veneno. Dos 913 mortos, 275 eram crianças e 12 bebês.

 

Waco, Texas

Liderada pelo americano Vernon Howell, que julgava ser a segunda vinda de Jesus Cristo, uma dissidência dos adventistas do sétimo dia envolveu-se em um conflito com agentes de segurança americanos na cidade de Waco, no estado do Texas, em 1993.

Agentes responsáveis pela fiscalização de armas haviam sido acionados para cumprir um mandado de busca na sede do grupo, em uma propriedade conhecida como Monte Carmel. Acreditava-se que os membros da seita estavam em posse de armamentos proibidos.

Ao tentarem entrar na casa, uma troca de tiros entre os dois grupos teve início, resultando na morte de cinco agentes e cinco seguidores de Howell, que havia mudado o nome para David Koresh. 16 pessoas ficaram feridas no episódio.

Cerca de 50 dias depois, as autoridades americanos fariam a investida final na propriedade. Durante o conflito, um incêndio levou a morte de 76 seguidores da seita.

 

Marshall Applewhite (Heaven's Gate)

A crença de que a cauda do cometa Hale-Bopp escondia uma nave espacial fez com que 39 pessoas da seita Heaven's Gate (Portão do Paraíso) ingerissem veneno em março de 1997. Na época, a investigação policial concluiu que os mortos não haviam apresentado sinais de resistência.

A seita era baseada na mistura de ideias tiradas da Bíblia e na crença de que os Objetos Voadores Não Identificados tinham origem alienígena.

Iniciado nos anos 70, o grupo teve diferentes nomes ao longo das décadas, mas se manteve sempre sob o comando do casal Marshall Applewhite e Bonnie Nettles, que viajavam pelos Estados Unidos angariando seguidores. Aqueles que se juntavam a seita cortavam os laços com o mundo exterior.

Após a morte de Nettles, o grupo passou a residir na cidade de San Diego, na Califórnia, onde as mortes aconteceram. Em meados dos anos 90, desenvolveram a ideia de que caso, caso morressem durante a passagem do cometa Hale-Bopp, suas almas adrentariam a nave espacial que viajava escondida no rastro da rocha espacial. Fonte: https://oglobo.globo.com