Dom Carlos José
Bispo de Apucarana (PR)

 

“Amei-te com amor eterno; por isso atraio-te a mim, cheio de misericórdia…” (Jr 31, 3). Ef. 2,4  

O amor de Deus pela humanidade é visível, palpável e real. Da criação do mundo aos nossos dias, o Senhor não se cansa de nos atrair a Si mesmo e ao seu Divino Coração, oferecendo-nos a sua infinita Misericórdia. Deus é Amor, no sentido mais verdadeiro que se possa sentir e partilhar. Um Amor que ultrapassa nosso entendimento, mas que se expressa em sinais, gestos, palavras e graças abundantes. O dom da fé propicia a cada um de nós essa experiência e vivência de amar e sermos amados por Deus, mesmo quando menos merecemos.

Na Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus pudemos experenciar toda bondade e compaixão do Pai para conosco e, para que possamos interiorizar essa grande experiência de amor e encontro com Cristo, a Igreja estende esses dias de júbilo a toda essa semana: estamos vivendo a Semana Pascal, que culmina no Domingo da Divina Misericórdia. Instituído oficialmente pelo Papa São João Paulo II no ano 2000 e comemorada imediatamente no primeiro domingo que sucede ao da Ressurreição, a Festa da Divina Misericórdia deseja nos fazer imergir diretamente na Fonte Única e repleta de compaixão e bondade: o Coração Misericordioso de Cristo. Impossível para nós alcançarmos a profundidade do Amor que Deus dispõe gratuitamente para que permaneçamos Nele. O Senhor é compassivo, paciente e acolhedor, é um Deus que ama incondicionalmente cada um de nós,  a ponto de nos salvar pelo sacrifício de seu Filho na Cruz. Oferece-se a Si mesmo, em Cristo Jesus, para que retornemos a Ele, para que não nos percamos nos tantos caminhos que o mundo oferece nos direcionando para longe Dele.

A Festa da Divina Misericórdia relembra aos homens a presença amorosa de Cristo em nosso meio, Vivo e Ressuscitado, caminhando conosco em todos os momentos, desejoso de que sejamos cada vez mais unidos ao Pai, numa proximidade tal que supra nossas necessidades reais de encontramos o verdadeiro Amor. É desejo do Filho que nos aproximemos do Pai, que tomemos posse da Misericórdia Divina e da graça imensa derramada sobre aqueles que O buscam. 

Do Coração de Cristo traspassado pela lança, jorrou Água e Sangue. Água que purifica, restaura e nos faz comprometidos com as promessas do Batismo que renovamos na noite Santa da Vigília Pascal. Sangue que, penetrando o mais profundo da Terra, tornou-nos merecedores da Salvação Eterna. “Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de Misericórdia para nós, eu confio em Vós!”  Sabemos que fomos salvos por compaixão e bondade de Deus, conforme nos fala a Sagrada Escritura: “Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isso não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus” (Ef 2,8). Temos um Deus Misericordioso que se revela paciente, bondoso, compassivo e repleto de ternura, sempre pronto a proteger, buscar, perdoar e, como na parábola do Filho pródigo, Deus é o Pai que festeja a volta do filho que estava distante. Se soubéssemos o quanto somos dependentes e necessitados da Misericórdia do Pai, não tardaríamos a tomar posse de tão grande Graça. 

Jesus Ressuscitado é fonte de amor e de perdão, de acolhimento e de Misericórdia, Nele podemos ver a chama ardente do amor misericordioso que se consome pela nossa salvação. Voltemo-nos para a Fonte Cristalina, onde jorram amor e compaixão infinitos, deixemo-nos inundar pelos raios misericordiosos do Salvador. Que sejamos homens e mulheres corajosos e decididos, que não tenhamos receio de irmos até a Fonte que é Jesus e nos encharcarmos com a sua infinita Misericórdia! Que a Virgem Maria, Mãe de Misericórdia nos auxilie, tomando-nos pelas mãos e nos guiando até Cristo Ressuscitado e Misericordioso. Fonte: www.cnbb.org.br