Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

 

No dia 19 de março, celebramos a Solenidade de São José, Esposo de Maria e Patrono da Igreja universal. É um dia especial para o nosso Seminário São José. São José merece todo o nosso reconhecimento e a nossa devoção pois, ele soube proteger a Virgem Santa e o Filho Jesus. O ser guardião é a característica de José: é a sua grande missão, ser guardião. É nisso que ele expressa o seu amor a sua esposa e ao seu Filho adotivo.

         São José é chamado de “o príncipe de Nazaré”. Mas é, também, o príncipe da Igreja.  Pois, é padroeiro universal da Igreja Católica, presente no mundo inteiro. Porque razão São José se tornou um santo querido e com muita veneração popular? Por que ele foi escolhido pelo Pai Eterno para ser o guarda fiel e providente dos seus maiores tesouros: o Filho de Deus e a Virgem Maria. Esta missão ele a cumpriu com muita dedicação e fidelidade.

         A primeira lição é a proximidade com menino Jesus. José carregou Jesus, Filho de Deus, nos braços! Esta proximidade e intimidade com Jesus, do qual é Pai adotivo, o transformou num grande santo. Podemos dizer que a santidade de Jesus é transferida para José.  A segunda lição que podemos aprender com São José é do silêncio. José é chamado o santo do silêncio. O Evangelho não registra nenhuma palavra dita por ele. Construiu sua santidade na simplicidade, na humildade e no silêncio de Nazaré. Precisamos, hoje, cultivar a estima pelo silêncio, essa admirável e indispensável condição do espírito. Somos hoje, assediados por tantos clamores, ruídos e gritos da vida moderna barulhenta e estressante.

         O silêncio de Nazaré ensina-nos o sentido do recolhimento, da interioridade e da disposição para escutar a Deus e aos irmãos.  Assim como nos capacitamos para falar bem, devemos, também, nos capacitar para escutar bem as pessoas. É o que nós chamamos de escuta empática: sentir o que outro sente.  São José, o homem do silêncio! Aquele que mal é tocado pela palavra. O Evangelho só nos diz isto dele: Era um homem justo. Sempre sóbrio em palavras, o Evangelho é ainda mais sóbrio do que de costume ao falar de São José. Dir-se-ia que este homem, envolto em silêncio, inspira silêncio. O silêncio de São José produz silêncio ao redor de São José.

         A terceira lição é a vida familiar. Notamos em José uma presença atenta, carinhosa e permanente junto de Maria e o Menino Jesus. Era sua missão: proteger e guardar com fidelidade a Sagrada Família. Foi admirável a coragem de José em deixar tudo e seguir para o Egito a fim de proteger o Menino Jesus.

         São José é o protetor da Igreja, que peregrina em todo o orbe. Devemos ter uma profunda devoção por ele, afinal, protegeu Maria e Jesus e é modelo de todas as virtudes. Se confiamos aos seus cuidados à unidade da Igreja, as ordens e os movimentos religiosos, as famílias, ele as guardará; e ainda muitos outros como os jovens e as crianças para que não sejam arrastados pela maldade do mundo, mas caminhem segundo os planos de Deus.

         Na história da salvação coube a São José dar a Jesus um nome, fazendo-O descendente da linhagem de Davi, como era necessário para cumprir as promessas divinas. A José coube a honra e a glória de dar o nome a Jesus na Sua circuncisão. O Anjo disse-lhe: “Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21).

         São José, tal como a Virgem Maria, com o seu “sim” a Deus, no meio da noite, preparou a chegada do Salvador. Deus Pai contou com ele e não foi decepcionado. Que o Altíssimo possa contar também conosco! Cada um de nós também tem uma missão a cumprir no plano divino. E o mais importante é dizer “sim” a Deus como São José. “Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado” (Mt 1,24).

         Quanto a morte de São José, não se sabe quando. A identidade de José foi o trabalho. Por isso, é patrono dos Artesãos e daqueles que ganham o pão com o suor do rosto. Este apelido de José nos lembra de que o trabalho é parte da identidade humana. Somos conhecidos pelo que fazemos.

         O trabalho dignifica o homem e aperfeiçoa a obra criadora de Deus. O amor ao trabalho ajuda moldar o caráter das pessoas. Por isso, precisamos imprimir nas pessoas a cultura do trabalho! Deus criou o homem à sua imagem e semelhança e o colocou no mundo para ser o senhor da criação e administrá-la com seu trabalho. Neste sentido o trabalho é instrumento de santificação do homem, transformação do mundo e glorificação de Deus. Lembrai-vos de nós, São José, intercedei com orações junto de vosso filho adotivo, para que não faltem postos de trabalho e vida para todos!

         Celebrar a festa de São José é celebrar a santidade, a espiritualidade, o silêncio profundo e fértil. O pai adotivo de Jesus silencioso que nos deixou o Salvador pronto para começar a Sua missão. É como alguém destacou: “O servo que faz muito sem dizer nada; o especial agente secreto de Deus”. Rogamos a São José pelo fim da pandemia da COVID-19 e da insana e sangrenta Guerra envolvendo a Rússia e Ucrânia. Fonte: https://www.cnbb.org.br