(Leituras: Sb 2,12.17-20 / Sl 53(54)/Tg 3,16-4,3 /Mc 9,30-37)

Viver em comunidade é encontrar espaço para viver uma nova experiência de Deus. Toda nova experiência de Deus, quando verdadeira, traz mudanças profundas na convivência humana. Viver em comunidade a proposta de Jesus é construir relações de fraternidade, de partilha e de reconciliação. Não é uma tarefa muito fácil nos dias de hoje. Vivemos numa sociedade violenta, egoísta e consumista. E estes valores mundanos entram na comunidade e vão roendo as relações, como cupins roem as madeiras que sustentam a casa. Uma hora, tudo desaba! Este é o alerta que Jesus nos faz hoje no Evangelho. Os valores do mundo trazem a competição, a disputa, a luta pelo poder. Tem gente que entra na comunidade e busca poder, grandezas e posições. Querem se destacar, querem dominar. Querem poder e não serviço.

Jesus vem nos ensinar os valores que sustentam a vida comunitária. Entramos na comunidade para viver a fraternidade, a igualdade e a partilha de bens e de serviços. Na comunidade existem pessoas amigas e não empregados. Por isso, o exercício do poder se manifesta na disponibilidade e no serviço mútuo. A vida em comunidade exige perdão e reconciliação. Jesus chama uma criança e a coloca como exemplo. Ele não nos pede que sejamos infantis. Mas devemos aprender com as crianças o espírito de companheirismo, a facilidade em perdoar e esquecer. As crianças rezam com amor e devoção, Mesmo o barulho feito pelas crianças é sinal de alegria e de vida. Se não nos tornarmos como criança, não entraremos no Reino de Deus.

Uma comunidade cristã não pode fechar-se em si mesma. Jesus não quer que nossas comunidades sejam grupos isolados, vivendo para si mesmos. Todo fechamento contraria a proposta do Reino. Também não podemos querer monopolizar o Evangelho de Jesus. Temos que construir parcerias com outras comunidades, igrejas ou grupos que buscam viver os valores transmitidos por Jesus. Como lembra a carta de Tiago, nossa opção por Jesus se traduz num comportamento humilde, pacífico, compreensivo, cheio de misericórdia e de bons frutos, sem discriminações nem hipocrisias. Temos que viver a proposta de Jesus dentro de um espírito ecumênico, aberto e tolerante.