Santo Agostinho

 

Tarde te amei,
Ó tão antiga e tão nova beleza!
Tarde demais eu te amei!
Eis que habitavas dentro em mim,
e do lado de fora eu te procurava!
Disforme, eu me lançava
sobre as belas formas das tuas criaturas.
Comigo estavas,
mas não eu contigo.
Longe de ti me retinham as tuas criaturas,
elas que não existiriam
se em ti não existissem.
Tu me chamaste,
e teu grito rompeu a minha surdez.
Fulguraste e brilhaste,
e tua luz afugentou a minha cegueira.
Espargiste tua fragrância
e, respirando-a,
por ti suspirei.
Eu te saboreei,
e agora tenho fome e sede de ti.
Tu me tocaste,
e agora vivo ardendo no desejo de tua paz

Fonte: Agostinho de Hipona. In: Faustino Teixeira e VolneyBerkenbrock (Orgs). As orações da humanidade. Petrópolis: Vozes, 2018, p. 102.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br