*Rita de Cácia Ló.  

"Hoje vivemos também um momento de incertezas e conflitos. A pergunta que todos devemos fazer é: Que resposta nossa religião nos leva a dar? Vamos nos fechar em ritos e devoções ou vamos assumir um compromisso na prática? Quais nossas atitudes diante de problemas concretos: esperamos uma solução espiritual ou nossa fé nos leva a agir?

"O evangelho de hoje nos ajuda a aprofundar este questionamento. Durante sua atividade missionária e catequética, Jesus encontrou alguém que lhe fez a seguinte pergunta: “São poucos os que se salvam”? Para responder isso, é necessário, antes, refletir sobre o que significa “salvação”. 

 

Evangelho: Lucas 13,22-30

O evangelho de hoje nos ajuda a aprofundar este questionamento. Durante sua atividade missionária e catequética, Jesus encontrou alguém que lhe fez a seguinte pergunta: “São poucos os que se salvam”?

Para responder isso, é necessário, antes, refletir sobre o que significa “salvação”. No evangelho de Lucas, salvação não é simplesmente ir para o céu depois de morto. A salvação começa já aqui neste mundo, quando vivemos a paz, a vida, a esperança. Tudo o que queremos viver lá no reino do céu, somos convidados a fazer acontecer já aqui neste mundo. Podemos dizer que emprego, salário justo, moradia, saúde e educação são sinais de que a salvação começou a acontecer entre nós. Quando essas coisas não acontecem, é porque a salvação está longe. O perigo, então, é cada um querer se salvar sozinho.

Por isso, Jesus, ao invés de dar uma resposta pronta ou de falar de quantidades, ele dá uma resposta que faz pensar. Ele usa imagens conhecidas: porta estreita, comer e beber, dono da casa. O dono da casa é Deus; comer e beber são ações ligadas à religião judaica nos tempos de Jesus; a porta estreita é a atitude de quem não tem uma religião acomodada.

Jesus começa sua resposta exatamente alertando contra a tentação de cada um garantir sua própria vantagem. É o que ele afirma quando diz “Fazei todo esforço para entrar pela porta estreita”. Jesus sabe que a maioria das pessoas prefere a porta larga, isto é, o que é mais cômodo, prático e lucrativo.

A porta estreita é a porta do compromisso com o próximo e com a sociedade. Sem isso, é impossível estar verdadeiramente comprometido com Deus. Por isso, Jesus alerta contra o engano de pensar que é possível amar diretamente a Deus sem a necessidade de amar ao próximo. Jesus fala de gente que “comeu e bebeu na presença de Deus”, mas que Deus rejeita dizendo “Não sei quem vocês são”. Mais ainda, Jesus diz que as pessoas que têm uma religião fechada em si mesma e preocupada com ritos e devoções, mas que não se abrem para o próximo, são “praticantes da injustiça”.

Hoje celebramos o “dia do catequista”. Os catequistas têm uma grande missão na Igreja: educar de forma continuada e sempre mais profunda aqueles que se sentem atraídos pela proposta de Jesus. Como o profeta anônimo da primeira leitura, os catequistas têm a importante tarefa de indicar o caminho de Deus para crianças, jovens e adultos que vivem as inquietações da vida cotidiana. É deles que o profeta fala quando escreve que muitos irão para ilhas distantes e países desconhecidos para anunciar a glória de Deus? Onde é esta ilha distante? Onde é este país desconhecido? É a nossa paróquia. E quem são esses que vão até lá, com entusiasmo, anunciando a glória de Deus? Os nossos catequistas!

Mas os catequistas são também continuadores do anúncio que Jesus fez. Como Jesus, os catequistas são chamados a questionar os que buscam uma religião de comodismo e com respostas simples e imediatas; a fidelidade à missão pode levar os catequistas a incomodar cristãos que desejam uma religião interessada somente em milagres. Por isso, muitas vezes os catequistas sofrem oposição e recusa. Para muitos homens e muitas mulheres, o compromisso com a catequese é a porta estreita de que Jesus fala.

Que neste dia dos catequistas, rezemos para que os catequistas de nossas paróquias não se cansem nem desanimem, e que tenhamos atitudes positivas de encorajamento e gratidão. Que nossas paróquias e comunidades sejam reconhecidas e agradecidas a tantos cristãos leigos e leigas que dedicam parte de seu tempo e de suas energias para a catequese.

A todos e todas catequistas, que Deus abençoe e recompense todo o tempo e a dedicação ao anúncio do Reino de Deus. Coragem, catequistas... Vamos em frente com a força de Jesus ressuscitado!

*Leiga, graduada em Teologia pela Faculdade Teológica Sul Americana (2006) e mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (2006). Atualmente é professora de estudos bíblicos na Escola de Teologia e Espiritualidade Franciscana – ESTEF, de Porto Alegre/RS. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br