Morre vigário-geral de Formosa acusado de desviar dinheiro da igreja

Epitácio Cardozo Pereira, 69 anos, teve complicações decorrentes de um quadro de pneumonia e morreu vítima de uma infecção generalizada

Morreu, nesta quinta-feira (28/3), aos 69 anos, o vigário-geral da cidade de Formosa, em Goiás, Epitácio Cardozo Pereira. O religioso era o número dois na hierarquia da Igreja no município e na região e não resistiu às complicações de um quadro de pneumonia. Ele estava internado desde o início do mês, antes de dar entrada no Hospital de Neurologia Santa Mônica, em Aparecida de Goiânia (GO), em estado grave. 

Epitácio era um dos investigados na Operação Caifás, do Ministério Público de Goiás (MPGO), que apura, desde o ano passado, o desvio de R$ 2 milhões dos cofres da Igreja Católica. De acordo com o atestado de óbito emitido por uma das médicas plantonistas do hospital, a morte ocorreu às 18h05 e foi provocada por uma infecção generalizada. Ainda não há detalhes sobre o velório ou o sepultamento de Epitácio. 

Os advogados do vigário lamentaram o fato e emitiram uma nota acerca do ocorrido. No texto, eles afirmam que a operação do MPGO se trata de uma "ação penal midiática sustentada tão-somente em condutas atípicas" e que têm a "firme convicção de que as injustiças e as misérias do processo penal também causam mortes diretas". O documento é assinado por 13 defensores dos envolvidos. 

Operação Caifás     

Deflagrada em 19 de março de 2018, a Operação Caifás resultou na acusação de 11 pessoas, devido a denúncias de envolvimento no esquema de desvio de bens. A suspeita é de que os investigados na operação tenham adquirido propriedades, veículos e joias com dinheiro pago pelos fiéis em casamentos, batizados e eventos promovidos pelas paróquias e cujos preços foram reajustados. Os envolvidos respondem por apropriação indébita, associação criminosa e alguns por lavagem de dinheiro. 

Além de Epitácio, foram investigados Thiago Wenseslau, juiz eclesiástico; Waldson José de Melo, pároco da Paróquia Sagrada Família, em Posse (GO); Guilherme Frederico Magallhães, secretário da Cúria de Formosa; Darcivan da Conceição Serracena, funcionário da Diocese de Formosa; Edmundo da Silva Borges Junior, advogado da Diocese de Formosa; Pedro Henrique Costa Augusto e Antônio Rubens Ferreira, empresários apontados como laranjas do esquema; Mario Vieira de Brito, pároco da Paróquia São José Operário, em Formosa; Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, também em Formosa; e José Ronaldo Ribeiro, bispo da mesma cidade.  

Assim que a ação foi deflagrada, nove dos acusados permaneceram presos por quase 30 dias. Mas, na terceira tentativa dos advogados na Justiça, a defesa conseguiu um habeas corpus no Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). Os advogados dos réus afirmaram que a denúncia era "uma verdadeira peça de ficção produzida desde as investigações exclusivas realizadas pelo Ministério Público, como que buscando transformar atividades corriqueiras do exercício religioso e sua gestão interna em tipos penais alheios à atividade da Igreja Católica". 

Em 5 de setembro, os defensores de seis dos réus encaminharam um pedido à corte para cancelar a ação penal e impedir que o processo continuasse. A justificativa era de que a verba seria privada e os religiosos poderiam dar qualquer finalidade a ela. No entanto, em 11 de setembro, a desembargadora Carmecy Rosa Maria Alves de Oliveira indeferiu o pedido. Agora, uma liminar tramita na 2ª Vara Criminal do município goiano, onde o caso será julgado. Em 12 de setembro, o bispo dom José Ronaldo Ribeiro, acusado de ser o mentor do esquema, renunciou ao cargo. Fonte: www.correiobraziliense.com.br