Em Constança, na Alemanha, e em Roma, na Itália, no último fim de semana, falava-se de quatro papas. No Concílio de Constança, do qual se celebra este ano o 600º aniversário da data de início, três papas tiveram que se retirar para que um quarto pudesse assumir o cargo e, assim, permitir o fim do cisma.

A reportagem é de Klaus Nientiedt, publicada no sítio do jornal Konradsblatt, da arquidiocese de Friburgo, 28-04-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Por outro lado, em Roma, se falava da canonização de dois papas e do fato de que o papa no cargo, Francisco, tinha convidado o seu antecessor Bento para participar da celebração da canonização. Assim, juntos, eram quatro.

Por mais diferentes que sejam os eventos de Constança e de Roma, existe uma relação. Mesmo um ano depois da retirada de Bento XVI, a presença de um papa emérito ao lado de um papa reinante ainda é percebida como algo especial. Isso tem a ver com as experiências do século XV.

O temor de uma cisão na Igreja sempre foi um dos principais motivos pelos quais, no passado, havia dificuldades para enfrentar o problema de uma retirada prematura de um papa. E esse temor não era infundado.

Imagine-se se o Papa Bento XVI atualmente concedesse entrevistas frequentes, se expressasse sobre questões doutrinais e político-eclesiásticas dos últimos pontificados, prejudicando, assim, a atividade do seu sucessor. Isso limitaria a liberdade de movimento do sucessor e convidaria alguns fiéis a considerá-lo o verdadeiro sucessor de Pedro.

Mas esse perigo não nos ameaça. Mesmo que em Constança e em Roma o discurso se referisse a quatro papas, a situação da época e a atual não são comparáveis. O perigo de governar como papa emérito a despeito do sucessor está bem presente ao Papa Bento XVI. Já no anúncio da sua surpreendente renúncia ele expressou obediência inequívoca ao sucessor.

Porém, há uma coisa que une absolutamente Constança e Roma: em todos os tempos, deve ficar claro que não é o papa o centro da nossa fé. O bispo de Roma é instrumento da unidade dos crentes em Cristo.

No início do século XVI, em Constança, isso não era diferente – ou ao menos não deve ter sido – em comparação com Roma em 2014.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br