Frei Carlos Mesters, O. Carm  e Francisco Oronino                                

(Leituras: Gn 3,9-15 /Sl 129 (130) /2Cor 4,13-5,1 /Mc 3,20-35)

A primeira leitura da celebração de hoje traz o ensinamento central de toda a Bíblia. A questão é: entre a verdade que vem de Deus e a mentira que vem da serpente, por que o ser humano faz a opção pela mentira? E não assume suas responsabilidades diante do que fez. Quando Deus interroga “por acaso comeste do fruto da árvore que eu te proibi de comer?”, o homem não assume a verdade nem pede perdão por ter desobedecido a Deus. Simplesmente coloca a culpa na mulher. O texto conclui lembrando que, ao longo da história, haverá sempre uma luta entre os filhos da mulher contra os filhos da serpente. Sempre haverá conflito entre os que aceitam a verdade de Deus contra os que seguem e as mentiras das inúmeras serpentes que foram surgindo na caminhada da humanidade. Na celebração de hoje, as leituras pedem discernimento: de que lado eu me coloco? Vivo segundo o Espírito de Deus ou sigo os espíritos mundanos?

O Evangelho mostra que em Jesus se manifesta o Espírito de Deus. Agindo segundo este Espírito, Jesus traz a todos a mensagem da vida que vem de Deus. Muita gente se reúne em busca dos gestos e das palavras de Jesus. Ao mesmo tempo, aumentam as resistências. Os parentes de Jesus saem lá de Nazaré e querem trazê-lo de volta para casa amarrado. Pensavam que Jesus tinha ficado louco! Já os escribas e doutores da Lei, tentando desmoralizar Jesus frente ao povo. Acusam-no de estar possuído de um espírito impuro, chamado de Belzebu. São acusações graves que buscam deslegitimar a Boa Nova trazida por Jesus. Aqui está o pecado contra o Espírito Santo. Peca quem atribui ao demônio as palavras e os gestos libertadores que vem de Deus, através da ação de Jesus!

Então Jesus chama o povo e fala diretamente. Ele acusa os doutores da lei de estarem manipulando a Palavra de Deus. Eles deturpam a pregação de Jesus, transformando o bem em mal e o mal em bem. Invertem tudo! Quem ensina desta forma, não pode querem o bem do povo. E, diante da resistência de seus próprios parentes, Jesus acolhe o povo que estava sentado ao seu redor e ensina: “quem faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe!” A verdadeira família de Jesus são as pessoas  que se tornam filhos e filhas da Verdade através do Batismo. Nós somos hoje a família de Jesus.