A Festa de Pentecostes, coração do Mistério Pascal, é a Festa do Espírito Santo. Originariamente, era uma festa agrícola, na qual se agradecia a Deus a colheita da cevada e do trigo. No século I tornou-se a festa histórica que celebrava a aliança, o dom da Lei no Sinai e a constituição do Povo de Deus.

Nessa festa, eles renovavam os compromissos da Aliança com o Deus Libertador que cuidava do seu Povo que havia saído do Egito, que caminhou pelo deserto e fez aliança com ele através das tábulas da Lei.

No capítulo 2 do livro de Atos dos Apóstolos (primeira leitura deste domingo) Lucassitua esta Festa neste dia como uma celebração da nova Aliança que Deus faz com o novo povo de Deus animado pelo Espírito Santo. Ele é a nova Lei que anima a vida dos crentes, das comunidades que iam nascendo. O Espírito gera vida e está sempre presente no coração de cada uma e cada um dos discípulos. Ilumina o caminho da Igreja nascente, e ilumina seu caminhar, como havia dito Jesus: “O Espírito é que dá a vida, a carne não serve para nada. As palavras que eu disse a vocês são espírito e vida.” (Jo 6,63).

Jesus tinha prometido aos discípulos e discípulas que não os deixaria órfãos, porque ele voltaria. Também havia dito: “Quem aceita os meus mandamentos e a eles obedece, esse é que me ama. E quem me ama, será amado por meu Pai. Eu também o amarei e me manifestarei a ele”. Para compreender suas palavras ele promete o Espírito Santo, “o Advogado que o Pai vai enviar em meu nome, ele ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes disse.” (cfr Jo 14).

O Espírito Santo é quem ajuda a compreender as palavras de Jesus e a vida que o move a atuar com tanta liberdade. O Espírito é entendimento, força, sabedoria, discernimento, mas, como disse Paulo aos Coríntios, o Espírito é o mesmo.

No texto que lemos hoje, estamos no primeiro dia da semana. É o começo de uma nova semana, mas já está anoitecendo. O dia está desaparecendo no horizonte e a obscuridade começa a reinar: anoitece.

As dificuldades da perseguição e a crueldade da paixão vivida pelo Mestre abatiam os discípulos e discípulas que ainda sofriam suas consequências. Eles sabiam que Jesus estava ressuscitado, mas isso ainda não era uma alegria completa. Não era fácil entender o que havia acontecido. Eles permanecem com as portas fechadas: "estando fechadas as portas do lugar onde se achavam os discípulos por medo das autoridades dos judeus".

Essas portas fechadas por medo convidam-nos a perguntar-nos: quais são nossas portas fechadas? Fechamos nossa interioridade, e nossa aparência oculta atitudes, sofrimentos, nossa história, nossa origem?

Fechamos nossas comunidades às mudanças que traz o Espírito, porque nos desestabiliza, nos faz mudar os projetos, nos tira da nossa segurança? Fechamos nossos ouvidos para não escutar sua voz? Tapamos nosso olhar para não ver aquilo que nos compromete?

Obstruímos possíveis aberturas para que nenhum vento possa entrar e esfriar nosso bem-estar? Temos medo do quê? Pessoas, situações, experiências que não queremos viver de novo? Reconhecemo-nos necessitados da força do Espírito e ansiamos por sua presença?

Como a comunidade primitiva, precisamos do Espírito Santo, Espírito que fortaleça, Espírito que nos renove desde nossa mais profunda interioridade.

Apesar de estar com as portas fechadas, Jesus entra e o que oferece primeiro aos discípulos, e também a cada um e cada uma de nós, é sua paz.

A paz do Consolo, a paz da sua presença que nos reúne num só corpo. Uma paz que permanece em nós, serenando os conflitos interiores, pessoais, comunitários ou culturais. Uma paz que não se conquista com a luta, porque é a paz que oferece Jesus Ressuscitado pela força do seu Espírito que sopra sobre nós e nos enche de sua presença:“Jesus soprou sobre eles, dizendo: Recebam o Espírito Santo”.

Neste domingo, peçamos ao Espírito que sopre sobre cada um e cada uma de nóspara renovar-nos por dentro. Que nos encha de sua paz para que sejamos assim comunicadores de sua vida Ressuscitada, que desvende nossos olhos, liberte nossa mente, abra nossos ouvidos e sejamos reconstruídos pela sua Vida.

Por isso, neste domingo de Pentecostes, acolhamos humildemente o Amor do Pai e do Filho que é o Espírito Santo, para colaborar com a obra de Deus: “que todos sejam um, como tu Pai em mi e eu em Ti” (Jo 17,21).

Oração

Peçamos a Jesus que envie sobre todos os cristãos e cristãs, sobre toda a humanidade, seu Espírito Santo. Através desta oração busquemos conhecê-lo e crescer numa relação de amizade com Ele. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br