Frei Carlos Mesters, O. Carm

 1          Por que as nações se revoltam,

            e os povos conspiram em vão?

 2          Os reis da terra se insurgem

            e os poderosos fazem aliança

            contra JHWH e contra seu Ungido:

 3          “Vamos quebrar suas correntes

            e libertar-nos das suas algemas!”

 4          Aquele que está nos céus se ri,

            o Senhor zomba deles.

 5          Por isso, na sua ira, declara,

            deixando-os  apavorados com o seu furor:

 6          “Fui eu que estabeleci o meu rei

            sobre Sião, meu santo monte!”

 7          Vou proclamar o decreto de JHWH:

            Ele me disse:   “Tu és o meu filho, eu hoje te gerei!

 8          Pede-me e te darei como herança as nações,

            e como tua propriedade os confins da terra.

 9          Tu as governarás com cetro de ferro,

            e as quebrarás como a potes de barro”.

 10        Agora, ó reis, sede prudentes;

            aceitai este aviso, juízes da terra:

 11        Servi a JHWH com temor

            e prestai-lhe homenagem com tremor,

 12        para que não se irrite e pereçais pelo caminho,

            pois sua ira se inflama de repente.

            Felizes os que nele se abrigam!

Título:            Tu és meu filho, minha filha! Eu hoje te gerei (Sl 2,7)

Frase: "Sirvam a JHWH com temor. Felizes os que nele se abrigam" (Sl 2,11.12)

Chave: Salmo de espiritualidade régia. Trata-se de uma oração que celebra a entronização de um rei em Jerusalém. O salmo fala de uma luta sem trégua entre os reis da terra e o projeto de Deus. Esta luta pode ser interpretada em duas perspectivas: A luta dos reis da terra e a luta pessoal de cada um de nós. A luta dos reis da terra: As monarquias daquela época traziam dentro de si o germe da explo­ração e do acúmulo do poder e da riqueza (1Sam 8,11-18). No povo de Deus, porém, os reis deveriam governar a partir do decreto de Deus. Apresentado como filho de JHWH, o rei devia defender o povo, promover a justiça e difundir o direito. Devia conduzir o povo através de atitudes justas e igualitárias, enfrentando com coragem as adversidades causadas pelos inimigos do decreto de Deus, e nunca favorecer os que buscam o poder, a injustiça e a opressão. Devia ir na contramão da política dos reis da terra que se revoltavam contra o decreto de Deus. A luta pessoal de cada um de nós consiste em viver a espiritualidade régia assumida no nosso batismo. Cada um de nós, como filho e filha de Deus, deve lançar-se nesta mesma luta, sendo prudente, deixando-nos corrigir pelo decreto de Deus, pela sua Palavra.

Rumo da prece

  1. 1-3: O tumulto da rebeldia cá em baixo, na terra.
  2. 4-6: A reação divertida de Deus lá em cima, no céu.
  3. 7-9: A decisão tomada lá em cima, no céu.
  4. 10-12: As conclusões a serem tiradas cá em baixo, na terra.

Trazer o salmo para dentro da vida.

1- Qual a frase deste salmo que mais me tocou e com que mais me identifiquei? Por que?

2- O espírito de competição e o desejo de poder e de riqueza levava os reis a se rebelarem contra o decreto de Deus. Até hoje este mesmo espírito faz com que as pessoas enfrentem o mundo inteiro para poder realizar os seus desejos pessoais. O projeto pessoal se impõe com mais força do que o projeto comunitário. Em você, quem leva vantagem: seu projeto pessoal ou o projeto comunitário?

3- Deus decreta: "Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei". Jesus disse: quem luta pela paz será chamado Filho de Deus (Mt 5,9). Eu luto pela paz a ponto de poder ser chamado Filho ou Filha de Deus?

4- Quais os traços do rosto de Deus que transparecem neste salmo?