Filho de uma prostituta e pai desconhecido, David Miranda ficou órfão aos 5 anos. Foi criado pela tia na favela do Jacarezinho, Zona Norte do Rio. Morou na rua, passou fome e viu seu destino mudar aos 19, quando conheceu o amor de sua vida, o jornalista Glenn Greenwald. Anos depois, decidiu entrar para a política, também por amor. Militante dos direitos humanos, assumiu o cargo de deputado federal há dois meses, quando Jean Wyllys, de quem era suplente, deixou o Brasil

Ouvir David Miranda, 33 anos, contar sobre o dia que mudou sua vida é como entrar em uma série de Fernando Meirelles feita de episódios (quase) sempre felizes. O cenário é o Rio de Janeiro de 2005. O sol já começa a esquentar as areias de Ipanema, na altura do Posto 9, quando uma bola de futevôlei acerta um copo de caipirinha de um norte-americano recém-chegado em terras fluminenses. David, então aos 19 e autor do chute, sai para recuperar a bola e faz questão de pedir desculpas pelo acidente, mesmo que em um inglês macarrônico. O gringo, um advogado de 37 anos especialista em direito constitucional, por sua vez, se esforça em desenvolver o português rudimentar aprendido meses antes em aulas particulares.

Nenhum cuidado das partes foi por boa educação, mas “por amor”, conta David, sentado no sofá de sua casa de paredes envidraçadas no bairro da Gávea, Zona Sul da capital, enquanto segura as mãos do marido – não por acaso, Glenn Greenwald, hoje com 52 anos, o turista da caipirinha. Fonte: https://revistamarieclaire.globo.com