Por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.
Padre Carmelita e Jornalista/RJ.
Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 4 de maio-2017.
O melhor padre
Finge que está tudo bem na paróquia e na cidade
E fecha os olhos para as injustiças sociais.
O melhor padre
Almoça com os políticos, empresários e fazendeiros
E fecha a casa paroquial para os pobres não entrar.
O melhor padre
Não fala em problemas sociais
Para ter bons rendimentos na coleta e no dizimo.
O melhor padre
É profundamente tradicional e ama a doutrina
Mas não aceita o Evangelii gaudium de Francisco.
O melhor padre
Não mistura política e religião
Para não ter o seu poder ameaçado.
O melhor padre
Distorce a Palavra de Deus e a doutrina social da Igreja
Para não ferir as multinacionais e os conservadores.
O melhor padre
Usa as mídias sociais para evangelizar
Desde que não fale em protestos ou greve.
O melhor padre
É amado pelo povo e sente cheiro das ovelhas
Desde que não critique os corruptos.
O melhor padre
É fiel à Igreja e a sua vocação
Porém não apoia a inovação de Francisco.
O melhor padre
Canta, é jovem, dança e se vira nos trinta
Desde que tenha ibope e rendimento bancário.
O melhor padre
Pode ser carismático ou da teologia da libertação
Desde que conserve a ordem e não fale muito.
O melhor padre
É obediente ao seu bispo e ama o seu povo
Desde que não o ameace com uma transferência.
O melhor padre...
Bem, talvez não exista o melhor
Mas o PADRE, simplesmente o PADRE
Aquele que derramou o sangue no altar em El Salvador
Aquele Ezequiel Ramin que tombou por terra na Rondônia
Ou aqueles que nas paróquias anônimas semeiam a Boa Nova
E, mesmo contra a maré, AINDA SONHAM COM UM NOVO DIA.