Org. Frei Petrônio de Miranda, O. Carm

 

Em dois momentos do ano, a Igreja comemora as dores da Santíssima Virgem. O primeiro é o da Semana Santa e o do dia 15 de setembro.

A primeira comemoração é a mais antiga. Teve seu início em Colônia e em outras partes da Europa no século XV e, em 1727, quando a festa se estendeu para toda a Igreja, com o nome das Sete Dores, manteve-se a referência original da Missa e do Ofício da Crucifixão do Senhor.

Na Idade Média, havia uma devoção popular pelas cinco alegrias da Virgem Mãe e, pela mesma época, a festa foi enriquecida com outra festa em honra de suas cinco dores durante a Paixão.

Posteriormente, as penas da Virgem Maria foram aumentadas para sete e não somente compreenderam sua marcha até o Calvário, mas sua vida inteira.

Quando foi fundada a Congregação dos Servitas, os frades receberam a autorização de celebrar a memória das Sete Dores no terceiro domingo de setembro, todos os anos.

As sete dores da Santíssima Virgem que suscitaram maior devoção são: a profecia de Simeão, a fuga para o Egito, os três dias que Jesus esteve perdido, o encontro com Jesus levando a cruz, sua morte no Calvário, a descida da cruz e o sepultamento de Jesus.

 

1ª- Dor: Maria acolhe, com fé, a profecia de Simeão.

O velho Simeão os abençoou e disse a Maria, Sua mãe: "Eis que este menino está destinado a ser ocasião de queda e elevação de muitos em Israel e sinal de contradição. Quanto a ti, uma espada te transpassará a alma" (Lc 2,34-35).

 

Uma Prece

Ó Virgem dolorosa, intercede junto ao teu Filho pelas mães que tem a espada da dor rasgando o coração ferido pelas drogas destruído a família de Passa Quarta. São jovens que, vitimados por tal vício, fazem as suas mães sofrerem e silenciarem diante das noites escuras da vida e do vício.

 

Canto

Oh Maria concebida, sem pecado original. Quero amar-vos toda a vida, com ternura filial. Vosso olhar a nós volvei, vossos filhos protegei. Oh Maria! Oh Maria! /Vossos filhos protegei (bis)

 

2ª- Dor: Maria foge para o Egito com Jesus e José.

O Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e disse: "Levanta, toma o menino e a mãe, foge para o Egito e fica lá até que te avise. Pois Herodes vai procurar o menino para matá-lo. Levantando-se, José tomou o menino e a mãe, e partiu para o Egito" (Mt 2,13-14).

 

Uma Prece

Ó Virgem dolorosa, leva até o teu Filho o lamento das Marias refugiadas e peregrinas a procura de paz e de pão em suas mesas. Enxuga com o teu manto as lagrimas das mães que- para fugirem da Guerra da Ucrania- deixaram para trás não apenas uma casa, mas a própria história. Acalenta as mulheres que vieram para Passa Quatro de outras cidades, estados e países.

 

Canto

Sois estrela de bonança, entre trevas a brilhar. Sois farol de segurança, a quem sulca o negro mar. Vosso olhar a nós volvei, vossos filhos protegei. Oh Maria! Oh Maria! /Vossos filhos protegei (bis)

 

3ª- Dor: Maria procura Jesus perdido em Jerusalém.

Romaria anual até a Jerusalém. Três ou quatro dias de viagem. Famílias inteiras caminhando. Muita gente! Em Jerusalém triplica a população. As crianças pequenas vão com os pais. Os jovens de doze anos para cima se agrupam entre parentes e pessoas mais achegadas do povoado. À noite do primeiro dia do regresso a Nazaré, Maria e José se dão conta de que Jesus não estava com os parentes, nem com as pessoas mais achegadas. Susto, medo e sofrimento. Imediatamente, voltam para Jerusalém à procura do menino.

Depois de três dias de busca, eles o encontram no Templo, sentado no meio dos doutores, escutando e fazendo perguntas. Menino inteligente! Emoção muito grande para os pais. Mas Maria não esconde seu sofrimento e sua preocupação: "Meu filho por que fez isso conosco? Olhe, seu pai e eu, aflitos, te procurávamos". Maria não tem medo de dizer o que pensa e de perguntar pelo motivo das coisas que ela não entende e a fazem sofrer.

 

Uma Prece

Ó Virgem das Dores, Mãe de Deus e nossa! Consola as mães das 4 crianças assassinadas no dia de hoje em uma creche em Blumenau (SC). Leva até o teu Filho as preces de socorro das mães aflitas diante da fome, do desemprego e ajuda-nos a colocar em pratica a mensagem da Campanha da Fraternidade deste ano: “Dai-lhes vós mesmos de comer”.

 

Canto

Ao voltar do templo, Jesus não achais, que mágoa sofrestes. Bendita sejais.

Bendita sejais, Senhora das Dores, ouvi nossos rogos, Mãe dos pecadores.

 

4ª- Dor: Maria encontra-se com Jesus no caminho do Calvário.

"Ao conduzir Jesus, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que vinha do campo, e o encarregaram de levar a cruz atrás de Jesus. Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres que batiam no peito e o lamentavam" (Lc 23,26-27).

 

Uma Prece

Ó minha Mãe das Dores, suplico-vos pelas mães que são pais e mães na educação, alimentação e manutenção do lar, muitas vezes carregando a cruz do desemprego, da incompreensão da comunidade e da própria família.

 

Canto

Com a cruz às costas, Jesus encontrais, que dor indizível. Bendita sejais.

Bendita sejais, Senhora das Dores, ouvi nossos rogos, Mãe dos pecadores.

 

5ª -Dor: Maria permanece junto à cruz do seu Filho.

A mãe de Jesus está em pé junto à cruz do filho. Ela não fala. Mas o seu silêncio é mais eloquente que mil palavras! Ela é apoio silencioso ao filho na hora suprema da sua missão. Enfrenta a noite escura da Cruz e aguarda a madrugada da ressurreição

Jesus “disse à mãe: "Mulher, eis aí o seu filho." Depois disse ao discípulo: "Eis aí a sua mãe." E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa”. (João 19,26-27). É o "Discípulo Amado" que acolhe a Mãe de Jesus em sua casa. O Discípulo Amado é a nova Comunidade que cresceu ao redor de Jesus, é o filho que nasceu do Antigo Testamento. A pedido de Jesus, o filho, o Novo Testamento, recebe a Mãe, o Antigo Testamento, em sua casa. Os dois devem caminhar juntos. Pois o Novo não se entende sem o Antigo. Seria um prédio sem fundamento. E o Antigo sem o Novo ficaria incompleto. Seria uma árvore sem fruto. (Jo 19,15-27a).

 

Uma Prece

Ó Virgem Dolorosa, rogamos a vós pelas mães que permanecem junto aos seus filhos- Não importando o que eles fizeram ou como eles vivem- Simplesmente são mães  que não desprezam o sangue do seu sangue, a carne da sua carne. A sua presença de mãe muitas vezes é silenciosa mas de suma importância para reerguenes muitos filhos caídos no mundo da depressão e da compreensão da sociedade.  

 

Canto

Uma dura espada, de dores mortais, o peito Vos passa, Bendita sejais.

Bendita sejais, Senhora das Dores, ouvi nossos rogos, Mãe dos pecadores.

 

6ª- Dor: Maria recebe nos braços o Corpo de Jesus deposto da cruz.

"Chegada à tarde- porque era o dia da Preparação- isto é, a véspera de sábado, veio José de Arimateia, entrou decidido na casa de Pilatos e pediu o Corpo de Jesus. Pilatos, então, deu o cadáver a José, que retirou o Corpo da cruz" (Mc 15,42).

 

Uma Prece

Ó Santíssima Virgem Maria, Mãe das Dores e advogada nossa. Vos suplicamos pelas mães que choram os seus filhos vítimas da pandemia do novo coronavírus, da violência no trânsito, das catástrofes e tragédias. Ajuda-nos a valorizar a vida e, mesmo diante da morte sejamos também nós- a exemplo de José de Arimteia- exemplo de consolo, esperança e fé para tantos que choram os seus mortos.

 

Canto

Ó Virgem dolorosa, que aflita chorais, repleta de angústia, Bendita sejais.
Bendita sejais, Senhora das Dores, ouvi nossos rogos, Mãe dos pecadores.

 

7ª-Dor: Maria leva ao sepulcro o Corpo de Jesus à espera da ressurreição.

"Os discípulos tiraram o Corpo de Jesus e envolveram em faixas de linho com aromas, conforme é o costume de sepultar dos judeus. Havia perto do local, onde fora crucificado, um jardim, e no jardim um sepulcro novo onde ninguém ainda fora depositado. Foi ali que puseram Jesus" (Jo 19,40-42a).

 

Uma Prece

Ó Virgem dolorosa, consola as mães que na pandemia, na guerra ou nas tragédias, não poderam está junto ao corpo de seus filhos e filhas. Leva até Jesus as suas preces e acalenta os corações feridos e quebrados por tantas situações de morte e noites escuras que atormentam as nossas famílias.

 

Canto

Manda o céu um anjo, dizer que fujais, do ímpio Herodes. Bendita sejais.

Bendita sejais, Senhora das Dores, ouvi nossos rogos, Mãe dos pecadores.

 

Oração final

Nós vos louvamos, Santa Maria. Mãe fiel junto à cruz do Filho. Bendita sois vós, Rainha dos mártires. Associada à Paixão de Cristo, vos tornastes nossa mãe, sinal de esperança em nosso caminho. Amém!

 

Fontes; Frei Carlos Mesters, O. Carm, https://site.ucdb.br; https://www.miliciadaimaculada.org.br