Frei Petrônio de Miranda, O. Carm

Convento do Convento de Angra dos Reis/RJ. Sexta-feira, 30 de outubro-2020.

https://youtu.be/q2HJRzQvDtA

 

Olhar Contemplativo

Bom dia, boa tarde e boa noite meu amigo diário contemplativo. Contemplativo? Como assim amigo? Bem, vamos ver de perto o que diz o dicionário português sobre esta palavra? Vamos lá, tou curioso. Segundo o velho dicionário, contemplativo é aquele que se deleita na contemplação e se refere as antigas ordens religiosas cujos membros vivem em clausura- digo, Monges Beneditino, Carmelitas- e por aí vai. Ainda segundo o dicionário, sinônimo de contemplativo é ascético ou devoto.

Tudo bem meu caro, mas não sou de nenhuma ordem religiosa, logo não sou contemplativo meleca nenhuma! Calma cara. Presta atenção, para você entender melhor vou citar um pensamento de um frade carmelita vítima da Segunda Guerra Mundial, Frei Tito Brandsma. Este religioso nasceu na Holanda, no dia 23 de fevereiro de 1881 e morreu em Dachau, campo de concentração nazista da Alemanha no dia 26 de julho de 1942. Ele tem uma frase que nos faz compreender a nossa conversa. Como assim? Bem, este padre- que também era jornalista e professor universitário- dizia que “Devemos olhar o mundo com Deus no fundo”. Olhar o quê no fundo? Tenho quer ter os olhos de Deus? Isso é impossível! 

Veja bem companheiro diário, vivemos em uma sociedade recheada de diversos problemas, não é verdade? Sim, sim. Pois bem. Se a gente tem fé- Olhos de Deus- vamos perceber a sua presença em tudo, até mesmo na catástrofe do coronavírus, nas guerras e nas calamidades. Ou seja, para quem vive uma profunda espiritualidade tira lições de tudo para crescer na fé. Por outro lado, para quem não tem os olhos de Deus- Não tem fé- em tudo vê apenas o caos sobre a humanidade.   

Tudo bem, você explicou esta tal contemplação aos mínimos detalhes, mas vem cá, ser contemplativo então é ser monge, frade, freira...? E outra! Contemplação é viver no “mundo da lua” com cara de santo fora do mundo enclausurado a 7 chaves? Não, não! O verdadeiro contemplativo sabe olhar a presença do sagrado- Deus – no feijão com arroz do cotidiano. Digo, Deus perpassa em sua história às 24 horas, seja no trabalho, no lazer, na família. Em tudo é motivo de oração, louvor agradecimento. E tenho dito!