Frei Petrônio de Miranda, O. Carm

Convento do Convento de Angra dos Reis/RJ. Terça-feira, 27 de outubro-2020.

 

A Espiritualidade pequena

Bom dia, boa tarde e boa noite meu pequeno diário! Pequeno eu? Calma, calma... Quero dizer que você é tão grande na sensibilidade, tão grande no amor, tão grande no carinho, tão grande no perdão, tão grande no trato com as pessoas que- aparentemente- aos olhos dos outros você é um nada por valorizar tais sentimentos esquecidos em nossos dias, mas na verdade, você é grande aos olhos de Deus e grande aos meus olhos por conseguir enxergar na pequenez da vida, a grandeza do ser humano.

Tudo bem, mas vem cá, você acha que ajo assim por impulso? Não, não! Você já conhece a história de Jesus sobre o Reino de Deus comparado a uma pequena semente de mostarda em Mt 13, 18-21? Pois é... Nós, na mania exagerada e holidoana de pensar Deus, o vemos como todo o poderoso e destruidor do Antigo Testamento que pode tudo, destrói tudo e resolve tudo. Com ele não tem meia conversa, é vapt e vupt e pronto!  

Ah tá! Agora entendo quando neste mesmo Evangelho Ele fala sobre as três porções de fermento até tudo ficar fermentado e grande. Sim, cara, falo sobre esta pequenez aparente, mas na verdade é algo grande que só consegue ver quem tem os olhos de Deus. Olhos de Deus! Como assim? Lembra daquela santa carmelita, Teresinha de Jesus? Sim, sim, claro. Veja bem, no Carmelo de Lisieux, na França, ela não passava de uma freirinha mimada e filha de um casal devoto- Luís e Zélia Martin, que também são santos- mas aos olhos de Deus, era uma grande mulher. E o que falar de Davi- um pequeno jovem- derrotando o grande guerreiro filisteu Golias? E por aí vai  

É meu caro, na verdade nem temos culpa dessa visão errada de Deus e da espiritualidade exagerada e midiática, afinal, todos os dias somos direcionados pelas chamadas Tvs católicas a buscar o santo milagreiro para resolver os nossos problemas. E o que falar dos padres pop e superstar? E das Igrejas onde os santos choram e Nossa Senhora vem fazer uma visitinha para nos consolar? Tudo isso não passa de uma visão errônea de um Deus pequeno que se faz grande quando nos conhecemos limitados e frágeis na busca pelo sagrado.

Mas vem cá amigo diário, você tá dizendo que as aparições de Nossa Senhora reconhecidas pela Igreja são falsas? Calma! Estou dizendo que, enquanto a nossa fé depender de milagres grandiosos e santos mágicos, jamais nos encontraremos com o Deus de Jesus Cristo que se fez pequeno no pobre, no órfão e na viúva. E tenho dito!