Frei Petrônio de Miranda, O. Carm

Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 9 de outubro-2020.

 

Não basta ser de uma pastoral, associação religiosa ou exercer uma função “evangelizadora” na comunidade. É necessário ter as vestes da amorosidade, porque as vezes somos verdadeiros pit bulls!

Quando as pessoas se aproximam atacamos, ferimos e, muitas vezes, até matamos e condenamos o nosso “irmão” de comunidade com o nosso olhar e atitudes de indiferença, discriminação e rejeição.

Não basta estar no convento, seminário, mosteiro ou comunidade de vida. É necessário termos as vestes do perdão, do diálogo, da humildade e da mansidão.    

Quantos religiosos, religiosas, seminaristas, consagrados e consagradas que vivem em um verdadeiro inferno comunitário. São obrigados a rezarem juntos, viverem juntos e celebrarem juntos, mas na verdade são incapazes de falar um Bom dia, uma Boa tarde e uma Boa noite.  São incapazes de perdoar o seu irmão (a) de comunidade- mesmo falando no perdão- e se fecha no individualismo, moralismo e conservadorismo, criando assim uma máscara para se protegerem.  

Não basta se apresentar no altar ou testemunhar o amor conjugal em retiros, conferências, palestras e formação. É necessário usar as vestes do diálogo na família, é necessário usar as vestes da compreensão, da tolerância e da amizade com os filhos e a família.

Quantos casais “igrejeiros” não conseguem aceitar os filhos por questões sexuais? Quantos casais líderes de movimentos que são incapazes de ser família nas questões de ecumenismo ou no trato com as diferenças econômicas e raciais no seio da família?

Não basta usar um Escapulário de Nossa Senhora do Carmo ou o hábito carmelita- Seja na ordem primeira, segunda ou terceira- é necessário usarmos as vestes evangélicas para termos assim uma vida com “sabor do Evangelho”, como afirma o Sumo pontífice, o Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti. 

Não basta dizer que é candidato do Movimento A ou do Movimento B da Igreja Católica. É necessário usar as vestes da ética nas relações políticas, econômicas, religiosas e sociais com o próximo.

Quantos políticos ditos “cristãos” foram presos ou condenados na operação lava-jato? Quantos candidatos “igrejeiros” que agem e vivem completamente contra a Boa Nova do Evangelho no que se refere aos menos favorecidos e vulneráveis?

Sim, em nossas relações diárias precisamos usar as vestes evangélicas anunciadas, “vendidas” e defendidas por Jesus Cristo. Caso o contrário, não passamos de intrusos na Festa do Banquete e verdadeiros estrupícios que, em nome de uma fé, de uma religião ou de uma “verdade” que professamos, não passamos de fariseus e hipócritas aproveitadores do sagrado. E tenho dito!