“Quem crê não pode falar de pobreza e viver como um faraó”, Francisco

O Papa Francisco abriu, no final da tarde desta segunda-feira (21/05), a 71ª Assembleia Geral da Conferência Episcopal Italiana (CEI). Com o tema “Qual presença eclesial no atual contexto comunicativo”, os trabalhos da plenária prosseguirão até esta quinta-feira, 24 de maio.

Cidade do Vaticano

Se na região do Piemonte há poucas vocações e na Puglia há muitas, pensem numa partilha “fidei donum” dos sacerdotes. Administrem sempre de modo transparente os recursos das dioceses e se convidarem alguém para o jantar, usem o dinheiro de vocês, não da Igreja. Por fim, reduzam o número das dioceses, juntando as menores, como fazia Paulo VI em 1964.

Essas foram as preocupações expostas pelo Papa Francisco aos bispos italianos, ao abrir, no final da tarde desta segunda-feira (21/05) na Sala Nova do Sínodo, no Vaticano, a 71ª Assembleia Geral da Conferência Episcopal Italiana (CEI). Com o tema “Qual presença eclesial no atual contexto comunicativo”, os trabalhos da plenária prosseguirão até esta quinta-feira, 24 de maio.

Hemorragia de vocações, devido também ao testemunho morno

Sobre a hemorragia das vocações, num país de grande tradição como a Itália e em toda a Europa, o Santo Padre reiterou que este é “o fruto envenenado da cultura do provisório, do relativismo e do culto ao dinheiro”, que distancia os jovens da vocação, somando-se a isso os escândalos e o testemunho morno.

Partilha “fidei donum” de sacerdotes entre as dioceses

A proposta prática é a de uma mais concreta partilha “fidei donum” entre as dioceses italianas, que enriquece as dioceses que doam e as que recebem. No Piemonte, por exemplo, há uma grande aridez, e na Puglia, ao invés, há uma abundância de vocações. “Pensem numa criatividade bonita, vejamos se serão capazes disso”, exortou o Pontífice.

Pobreza evangélica e transparência

A segunda preocupação expressa por Francisco aos bispos italianos diz respeito à pobreza evangélica e à transparência. Para mim, como jesuíta, “a pobreza é sempre mãe e muro da vida apostólica, mãe porque a faz nascer e muro porque a protege.” Sem pobreza não há zelo apostólico, frisou.

Coerência dos pastores entre fé professada e fé vivida

“Quem crê não pode falar de pobreza e viver como um faraó”, observou. É escandaloso “administrar os bens da Igreja como se fossem bens pessoais”. E me faz mal ouvir que um eclesiástico deixou-se manipular administrando “os trocados da viúva”. É preciso regras claras e comuns, acrescentou.

Não convidem para o jantar com o dinheiro da diocese

“Conheço um de vocês que jamais convida alguém para o jantar utilizando o dinheiro da diocese, mas paga do próprio bolso. São pequenos gestos, mas são importantes”, contou o Papa. Tenho consciência e sou reconhecedor de “que na CEI se fez muito no âmbito da pobreza e da transparência, mas se pode fazer mais ainda”, acrescentou Francisco.

Dioceses maiores e em menor número; aspecto funcional

Por fim, sobre a redução e anexação das dioceses, “não é fácil, mas há dioceses que podem ser anexadas”, reconheceu o Pontífice. Já acenei isso em 23 de maio de 2013. Trata-se de “uma exigência pastoral estudada reiteradas vezes. Paulo VI em 1964, e depois em 1966, pediu a fusão de várias dioceses”, para criar circunscrições com territórios, habitantes, clero e obras suficientes para uma organização diocesana verdadeiramente funcional.

Concluir projeto de reforma solicitado pela Congregação para os Bispos

“Em 2016 a Congregação para os Bispos pediu às Conferências episcopais regionais que enviassem um projeto de reforma. É um projeto amadurecido e atual. É chegado a hora de concluí-lo o mais rápido possível!”

Agradeço a todos pela parresia (audácia, coragem, destemor, ndr) – foi o agradecimento final do Santo Padre. “Agora, a palavra a vocês bispos.” As portas da Sala do Sínodo se fecham para todos, menos para o Papa e os coirmãos bispos, concluiu Francisco. Fonte: www.vaticannews.va