Ordem Terceira de Carmo de Minas/MG

Encontro sobre a Espiritualidade Carmelitana.

Dias 9 e 10 de novembro-2017.

Com Frei Petrônio de Miranda, O.Carm.

Delegado Provincial para Ordem Terceira do Carmo.

(E-mail do Frei: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.)

Tema: Obediência na vida do Terceiro Carmelita.

Introdução aos conselhos evangélicos.

Aprovado para fazer os Votos Perpétuos, o candidato livre e conscientemente promete a Deus castidade, pobreza e obediência por toda a vida segundo o seu estado de vida (Casado, Solteiro, Viúvo), e desta maneira torna-se membro definitivo da Ordem Terceira com todos os direitos e todos os deveres de um Carmelita coloca-se a serviço.

            O serviço é parte integrante do nosso carisma. Embora todas as etapas sejam formação gradual para o serviço, esta, porém, se preocupa de modo especial com o tempo, que virá imediatamente depois da profissão perpetua, levando em conta a idade, os antecedentes e as capacidades.

            Pela profissão perpétua o candidato assume livremente, repito: LIVREMENTE como sua a família carmelita com o seu carisma próprio, para enriquecê-la e embelezá-la com os carismas pessoais e dedicar-se ao serviço, de acordo com as necessidades DO sodalício.

Os conselhos evangélicos que um terceiro ou terceira carmelita professa, deve ser compreendido num determinado contexto. Os votos são uma realidade vivida. São valores evangélicos proclamados publicamente na Igreja por homens e mulheres.

A reflexão teológica para nossa discussão sobre os votos é a encarnação de Jesus Cristo. Uma teologia Pré-Vaticano II enfocava a natureza escatológica dos votos, dando uma ênfase ao relacionamento espiritual com Cristo e com o mundo. Este conceito de vida religiosa como um estado de perfeição baseava sua teologia na interpretação da história do jovem rico (Mt 19,16-22), enfatizando a ideia de dois caminhos. Por outro lado, uma teologia inserida vê Jesus Cristo como a encarnação do amor de Deus por nós.

Para Dom Frei Vital  Wilderink, Carmelita, falecido no último dia 11 de junho-2014 no Alto do Rio das Pedras em Lídice, distrito de Rio Claro, Rio de Janeiro; “A experiência de Deus acontece na história”. Em outras palavras, não somos, não vivemos e jamais viveremos os votos evangélicos em uma dimensão espiritual fora do contexto da nossa vida diária.   A experiência humana e histórica é o principal veículo para a experiência do amor de Deus.

Em segundo lugar, a contribuição carmelitana para nossa discussão dos votos é a Regra de Santo Alberto. Ou seja, em resposta ao Espírito Santo os primeiros carmelitas desenvolveram um modo de vida no seguimento de Jesus Cristo a partir do contexto da idade média. Por sua vez nós, terceiros e terceiras carmelitas, continuamos o mesmo seguimento dos primeiros carmelitas sem esquecer ou fugir das contradições históricas em que vivemos.  

O espírito da Ordem é, naturalmente, a observância da regra. Um terceiro, sendo uma pessoa religiosa, vivendo os desafios do dia a dia, procura seguir Jesus Cristo e contrai deveres diante de Deus, deveres sérios, sagrados e, por isso é obrigado a cumpri-los sob pena de exclusão da fraternidade. A vida de um terceiro é, por isso, diferente da vida de um leigo ou leiga não consagrado (a).

Para o leigo Carmelita, o voto de obediência se intitula primariamente para aceitação da obediência dos estatutos da regra e da Província Carmelitana de Santo Elias. Como um ponto de clareza, o voto da obediência não significa que se torna submisso. Entretanto, ele realmente implica cultivar uma atitude de legitimidade tanto quanto um sério compromisso com os pedidos do diretor provincial em assuntos relacionados com a vida de um leigo Carmelita, como consolidar na regra e estatuto do Sodalício. Pela virtude do voto de obediência, o terceiro carmelita deve obedecer aos superiores da ordem e o assistente espiritual do grupo em tudo que é pedido a eles a fazer, de acordo com a regra para sua própria vida espiritual.

A obediência é a alma da vida do terceiro e da terceira carmelita; é o caminho mais seguro e mais curto para chegarmos à Santidade; é de todos os meios, mais eficaz para domarmos as nossas paixões; para submetermos e sujeitarmos a nossa vontade a vontade de Deus e para nos imolarmos inteiramente à sua gloria. Santa Teresa dizia a suas religiosas: - “Eu olho, como a graça mais preciosa, passar um só dia no exercício da humildade e da obediência, do que passar muitos dias em oração contínua... A alma não terá vantagens das longas orações, sem obediência e caridade”...

A obediência e a humildade são tanto mais admiráveis quanto mais elevadas são por natureza, as pessoas que obedecem e se humilham, e quanto mais baixo se colocam por sua livre escolha. A obediência e a humildade são a base essencial de todo o edifício espiritual, a guarda de toda a virtude, de tal modo que, sem elas, a virtude se corrompe e não passa duma impostura. A obediência é para nós, cristãos, e, principalmente para nós terceiros, uma coisa séria para chegarmos à presença de Deus.

Obediência não significa que a pessoa deva perder ou abdicar a sua vontade. Significa, ao contrário, ativar a própria vontade ao máximo, até ela estar em conformidade total com a vontade de Deus. Deste modo, a pessoa imita a Jesus que disse: "Nada faço por mim mesmo, mas falo como me ensinou o Pai... Faço sempre o que lhe agrada" (JO 8,28-29; JO 3,11; 8,38). "Quem me vê, vê o Pai!" (Jo 14,9).

A obediência se realiza no diálogo com nossa comunidade e sua liderança. O chamado para a vida comunitária é fundamental para o carisma carmelitano. Desse modo, acreditamos que o Espírito de Deus se move através da voz coletiva da comunidade e daqueles que escolhemos para liderá-la. Qualquer discernimento da vontade de Deus deve incluir necessariamente nossa escuta da comunidade.

Finalmente, a obediência é realmente o cultivo de uma união amorosa com Deus. Esta união se torna a base de todas as nossas escolhas que, por sua vez, nos une profundamente com Deus. Ao estarmos conscientemente mais unidos com Deus, começamos a ver tudo com os olhos de Deus e a buscar a verdade no amor. Em muitas circunstâncias pode existir apenas uma escolha para nós. No entanto, em outras situações podem existir várias escolhas.

Foi por obediência que Jesus morreu na cruz. Foi por obediência que o profeta Elias encontrou com o senhor Deus, (1º Reis, 19, 9-14). Foi por obediência que Santa Teresinha do Menino Jesus encontrou o caminho da santidade no Carmelo de Lisieux, na França. Graças à obediência São Pedro lançou as redes ao mar. (Lc 5, 5). Enfim, foi através da promessa da obediência que nós, frades, freiras, leigos e leigas carmelitas, nos consagramos a Deus. Portanto, quebrar tal compromisso é afirmar que estamos fora desta família mariana e Eliana.       

PARA REFLETIR:

1º O voto de obediência me ajuda a viver a alegria de ser carmelita ou me torna uma pessoa submissa e presa a leis e regras? (Lc 1, 46-56).