Frei Carlos Mesters, Carmelita.

Os critérios de Deus são diferentes dos nossos critérios

Um primeiro ponto que o evangelho de Mateus nos informa a respeito de Maria é o registro do seu nome na genealogia de Jesus, onde se diz: Jacó foi o pai de José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Messias. A genealogia traz o registro de quarenta e duas gerações (3x14=42), desde Abraão até "José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Messias". Toda esta longa história de quase dois mil anos encontra o seu ponto de chegada em Jesus, o filho de Maria. Nesta genealogia, ao lado dos nomes de quarenta e dois homens, aparecem os nomes de cinco mulheres. Uma delas, a última, é Maria, a mãe de Jesus. As outras quatro são:

Tamar, uma Cananéia, viúva, que se vestiu de prostituta para obrigar o sogro Judá a ser fiel à Lei de Deus e dar-lhe um filho (Gn 38,1-30).  Raab, uma Cananéia, prostituta de Jericó, que fez aliança com os israelitas (Js 2,1-21). Rute, uma Moabita, viúva pobre, que optou para ficar do lado de Noemi e aderiu ao Povo de Deus (Rt 1,16-18).

Betsabea, uma Hitita, mulher de Urias, que foi seduzida, violentada e engravidada pelo rei Davi, que, além disso, mandou matar o marido dela (2 Sm 11,1-27). Estas quatro mulheres são as companheiras de Maria. Foi através destas cinco mulheres e de muitas outras cujos nomes não foram registrados, que Deus realizou o seu plano de salvação e enviou o Messias prometido. Por que será que Mateus escolheu estas quatro mulheres para estar ao lado de Maria: uma viúva, uma prostituta, uma estrangeira e uma violentada? Nenhuma rainha, nenhuma matriarca, nenhuma juíza! Realmente, o jeito de agir de Deus surpreende e faz pensar! Por que será?