Frei Donald Buggert, O. Carm.

Sabemos que a correção fraterna é uma ordem de Jesus (“Vá e avise a ele... traga a questão para a assembléia... faça aos outros”). É um comando semelhante ao do amor fraterno (Jo 13,34; cf. Lv 19,17-18). Também devemos saber que a correção feita por nós deve basear-se na pedagogia de Deus: “Ele corrige aqueles que ama” (Pr 3,12; Ap 3,19) e comporta-se frente à pessoa que erra como um médico ou um pai/mãe (Hb 12,7-11). Por esta razão, a tradição da Igreja sempre uniu a correção fraterna à caridade. Na verdade, ela afirma que devemos corrigir com caridade.

A partir disso, podemos chegar à nossa primeira conclusão: na medida em que não somos capazes de corrigir nosso irmão com caridade, falhamos em realizar o mandamento do amor fraterno. Existe outra razão que nos leva a considerar a importância da correção fraterna: a responsabilidade. Todo fiel é chamado a sentir-se responsável pelo outro, ser um guardião da vida e da vocação de seu irmão (Ecl 4,9-11; Lv 19,17; 2Tm 3,5; Gl 6,1-2). Na verdade, esta responsabilidade é outra dimensão do mandamento do amor fraterno.

A partir disso, podemos chegar a uma segunda conclusão: somos chamados a corrigir nosso irmão porque o amamos e nos sentimos responsáveis tanto por sua vida humana quanto pela vida cristã, além de nos sentirmos responsáveis também pelo mal que ele fez.

Qual é o critério fundamental da correção fraterna? A resposta é caridade. Esta é a virtude teológica que determina se a correção é ou não apropriada. Se a correção corre o risco de dividir a comunidade, se não é vista como uma ajuda, ou se provoca escândalo, é melhor adiá-la para um momento mais propício. Contudo, a correção não deveria ser adiada por causa da preguiça, da vergonha, da conivência, do medo de represálias ou do rancor. Nem deveria ser adiada quando existe um risco de que, por não corrigir um irmão, ele possa cair mais profundamente no pecado com dano irreparável tanto para ele quanto para a comunidade.

Além disso, não é apropriado corrigir alguém que nutre o ódio, a vingança ou um complexo de perseguição. Em vez disso, é apropriado corrigir alguém que deseja o bem do outro no seu coração, que é paciente e moderado, que odeia o pecado e ama o pecador.

Sob a luz deste critério fundamental da caridade, que predisposições são exigidas na pessoa que deve corrigir? Deveríamos explicar de imediato que estamos falando de pré-disposições por uma razão simples. A correção não é fácil, nem para a pessoa que a recebe, nem para a pessoa que a realiza. De fato, é a pessoa que administra a correção (dependendo das circunstâncias, outro irmão ou a pessoa responsável na comunidade) quem experimenta a maior dificuldade. É por isso que ela necessita da predisposição necessária, reconhecendo sua própria fraqueza e seu próprio pecado (Lc 6,39-42). Depois ela precisa jejuar e orar para que a eficácia da correção dependa apenas de Deus.

Esta predisposição nos permite abordar a outra pessoa de um modo desarmado sem quaisquer traços de orgulho ou vanglória, simplesmente sendo forte no Evangelho. Nosso método é aquele indicado em Mateus 18,15-20: primeiro uma abordagem pessoal, depois com um pequeno grupo e, finalmente, diante de toda a comunidade. Mas este método deveria ser integrado, se podemos dizer isso da Palavra de Deus, à proporção fraterna. Em outras palavras, o irmão que erra não deveria ser criticado apenas negativamente. Deveriam ser reconhecidos também seus pontos positivos e todo o seu potencial de bondade.

A experiência nos ensina que a correção pessoal e comunitária deveria agir da seguinte forma: começar com os atributos positivos do irmão, depois apontar os elementos negativos (a razão para a correção) e, finalmente, concluir com outra contribuição positiva, para que se possa vencer o mal pelo bem (Rm 12,21). É assim que nos tornamos instrumentos da vontade de Deus, que cria o que é bom nas pessoas a quem Ele ama. Podemos ver como a promoção fraterna pode ser compreendida como algo bem distinto da correção. Seu objetivo é abraçar tudo de bom, verdadeiro e belo que Deus está criando através da própria vida, do trabalho e dos esforços de nossos irmãos.