1. Cristo não levou a cabo a salvação dos homens como um forasteiro ou um estranho à história do mundo. Antes, Se quis identificar tanto com o seu povo como com todo o gênero humano. E aqueles «que seguem a Cristo ouçam o seu apelo: "Tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e vestistes-me, enfermo e visitastes-me, prisioneiro e viestes ver-me"» .
  2. Vivemos num mundo cheio de injustiça e de inquietude. É nosso dever ajudar a descobrir as causas, ser solidários com os sofrimentos dos marginalizados, participar da sua luta pela justiça e pela paz, lutar pela sua libertação integral, ajudando-os a realizar o seu anseio por uma vida digna .
  3. Os pobres, os "minores", constituem a grande maioria dos povos do mundo. Os seus complexos problemas dependem e são também causados pelas atuais relações internacionais e, mais diretamente, pelos sistemas económicos e políticos que hoje regem toda a humanidade. Portanto, não se pode permanecer indiferente diante do grito dos oprimidos, que clamam por justiça.
  4. Devemos escutar e ler a realidade a partir do ponto de vista do pobre, oprimido por situações econômicas e políticas que governam a humanidade hoje em dia. Os seus problemas são muitos e devemos estabelecer uma prioridade no confronto com eles. Assim, descobriremos de novo o Evangelho como boa nova e Jesus Cristo como libertador de qualquer forma de opressão.
  5. A realidade social interpela-nos. Atentos ao grito dos pobres e fiéis ao Evangelho, colocamo-nos ao seu lado, fazendo opção pelos "minores". «Na Ordem está a crescer o desejo de fazer uma escolha de partilha com os "minores" da história, para dizer a partir de dentro, mais com a vida do que com a boca, uma palavra de esperança e salvação a estes irmãos... Nós a recomendamos, por estar em linha com o carisma da Ordem, sintetizado no "vivere in obsequio Jesu Christi": viver no obséquio de Jesus significa também viver no obséquio dos pobres e daqueles nos quais se espelha de preferência o rosto de Cristo» .
  6. A nossa inspiração eliana, fundamento do nosso carisma profético, convida-nos a refazer hoje com os "minores" o caminho que o profeta percorreu no seu tempo; caminho de justiça, contra as falsas ideologias e para uma experiência concreta do verdadeiro Deus; caminho da solidariedade, defendendo e colocando-se do lado das vítimas da injustiça; caminho da mística, lutando para restituir aos pobres a confiança em si mesmos, através de uma renovada tomada de consciência de que Deus está do seu lado .
  7. Para nos educar no assumir, de maneira evangélica, a "situação dos pobres" propomo-nos reler a Bíblia também do ponto de vista dos pobres, dos oprimidos e dos marginalizados; considerar os princípios cristãos de justiça e paz como parte integrante da nossa formação em todos os níveis; imergir-nos na situação dos pobres; utilizar a análise social à luz da fé, como meio para descobrir o pecado que se encarna em certas estruturas políticas, sócio-econômicas e culturais ; defender e promover qualquer pequeno sinal de vida.

*CONSTITUIÇÕES DA ORDEM DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO- Aprovadas pelo Capítulo Geral  celebrado em Roma no ano de 1995.