A atitude contemplativa para com o mundo em torno de nós, que nos faz descobrir Deus presente nas nossas experiências quotidianas, leva-nos a encontrá-Lo especialmente nos nossos ir­mãos. Assim, somos levados a valorizar o mistério das pessoas que nos são próximas e com as quais compartilhamos a nossa vida. A nossa Regra quer que sejamos acima de tudo "fratres" e recorda-nos como a natureza das referências e das relações interpessoais, que ca­racteriza a vida da comu­nidade do Carmelo, se desenvolveu no exemplo inspirador daquela primitiva comunidade de Jerusa­lém. Ser "fratres" significa para nós crescer na comunhão e na unidade, na superação das distin­ções e privilégios, na participação e na corresponsabili­dade, na partilha dos bens, de um pro­jeto comum de vida e dos carismas pessoais; sig­nifica, também, amadurecer atitudes de atenção ao bem-estar espiritual e psicológico das pes­soas, percorrendo os caminhos do diálogo e da reconci­liação.

Estes valores da fraternidade são expressos e fortificam-se na Palavra, na Eucaristia e na oração.

Na Palavra escutada, rezada e vivida no silêncio, na solidão e na comunidade, espe­cialmente na forma da "lectio divina", os Carmelitas são guiados, diariamente, ao conhecimento experiencial do mistério de Jesus Cristo. Animados pelo Espírito e radicados em Jesus Cristo, permanecendo n'Ele dia e noite, inspiram na sua Palavra todas as suas opções e ações.

Inspirados pela Palavra e em comunhão com toda a Igreja, os "fratres" celebram juntos os louvores do Senhor e convidam outros a partilhar a experiência da oração.

Os "fratres", todos os dias, quanto possível, são chamados da solidão ou do trabalho apostólico à Eucaristia, fonte e cume da sua vida, a fim de que, em torno da mesa do Senhor, sejam «um só coração e uma só alma», vivendo a verdadeira comunhão fraterna na gratuida­de e no serviço mú­tuo, na fidelidade ao projeto comum e na reconciliação animada pela ca­ridade de Cristo.

Como fraternidade contemplativa, buscamos o rosto de Deus e servimos a Igreja no cora­ção do mundo ou, eventualmente, na solidão eremítica.

*DAS CONSTITUIÇÕES DA ORDEM DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO.