Beato Frei Tito Brandsma, Carmelita, Mártir e Jornalista.

(Tradução: frei Bento Caspers, O. Carm. e Dom Vital Wilderink, O. Carm. Im Memoriam)

Elias, ao se ver abandonado, fugiu para o deserto e, desanimado, jaz prostrado por terra. Aparece-lhe um anjo que lhe ordena comer um pão assado sob cinzas, pão que o próprio anjo lhe dá. Come e recobra as for­ças. Por indicação do anjo, prossegue a caminhada pelo deserto até a montanha santa do Horeb. A Deus se lhe manifesta no sussurro de urna brisa suave. Agora se sabe unido a Deus, vê a Deus diante de si. "Deus vive -   exclama - e estou em sua santa presença". Na confortadora certeza da presença divina, na convicção de estar diante de Deus, põe-se a executar a tarefa que Deus lhe confiara. Quando esta missão lhe permite uma breve trégua, volta a. solidão do Carmelo, a fim de confirmar e fortalecer a sua união com o Senhor, nesse retiro.

Lições contidas no episódio

1- Ao vermos nossa miséria e fraqueza, também nós nos sentimos arniúde desanimados. O mesmo acontece quando vemos a nossa vida aparentemente tão inútil e infrutífera para nós mesmos e para os outros. Mas o anjo de Deus, o anjo da guarda, virá então consolar-nos e encora­jar-nos com as suas inspirações salutares.

2- O pão que o anjo deu de comer a Santo Elias é figura do Pão Ce­lestial da Eucaristia, que nos foi preparado por Jesus na Sagrada Paixão. "Piscis assus Christus est passus" (Peixe assado é Cristo padecido). "Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, e eu vos aliviarei".

3- Unidos a Jesus, poderemos também nós atravessar o deserto da vida com Santo Elias, até chegarmos ao monte santo da visão beatífica. "Per aspera ad astra" (Pelas asperezas até os astros).

4- O sussurro da brisa, no silêncio, símbolo da humildade e da man­sidão, representa a voz de Jesus a nos dizer: "Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e achareis repouso para as vossas almas".

5 - Como Santo Elias, devemos ter sempre diante dos olhos do Deus vivo, crer-nos sempre na sua santa presença e assim executar a nossa ta­refa.

6- A fim de guardar e consolidar esta crença - sempre que as nossas atividades o permitirem - devemos refugiar-nos na solidão e no silêncio do Carmelo.

Colóquio com Santo Elias

Alegrar-nos com ele pelo fato de que Deus nos manda o seu anjo, nas horas de dificuldades e desânimo, a fim de indicar-nos o caminho da con­templação divina e a fim de mostrar-nos, no Pão celeste, o alimento capaz de revigorar-nos para andar sem desfalecimento no caminho do deserto. Pedir-lhe que nos alcance a forca necessária para levantar-nos, á palavra do anjo, para comermos o Pão do céu e nos pormos a caminho. Deve ale­grar-nos sobremodo o fato de avistarmos no horizonte a montanha sagra­da, a perspectiva do céu. Sentir como Santo Elias o antegozo do paraíso. Predispor-nos para o exercício da presença de Deus no silêncio do nosso coração. Compenetrar-nos profundamente desta santa presença e viver nela.