Os Carmelitas aportaram ao Brasil, nos primórdios de nossa colonização, sendo que sua vinda oficial se deu em nau do Frutuoso Barbosa, em 1580. (1) Espalharam-se logo por todo o território nacional, promovendo missões entre os índios, levantando Conventos e Igrejas, erigindo confrarias do Escapulário e fundando núcleos da Ordem Terceira, de tão grande expressão na história da nossa Pátria.

A sua passagem pelos mais remotos rincões de nossa terra ainda se faz notar nos nomes de lugares e cidades, ruas e praças e montanhas, igrejas e capelas. Das pouquíssimas Basílicas menores, de que se pode ufanar o Brasil, duas pertencem à Ordem do Carmo: a do Recife e a de São Paulo.

Respeitados por colonizadores e indígenas como homens de Deus e missionários de Cristo, desenvolveu-se o Carmelo brasileiro de um modo extraordinário, atingindo o seu apogeu no tempo colonial. (2) No Império começou a entrar em declínio a tal ponto que, no Segundo Império, se encontrava em verdadeira agonia. (3) A maçonaria agia então à larga, proibindo a aceitação de novos candidatos, seguindo as pegadas do Marquês de Pombal. Os claustros esvaziam-se: os bens da Ordem são seqüestrados; os Frades vão desaparecendo paulatinamente, até restarem apenas oito. Parece o fim... (4)

 

Mas, não! Com o advento da república, quando se pensava dar o golpe de misericórdia nas Ordens Religiosas, pelo decreto da separação da Igreja e do estado, na realidade, o que acontece, é a concessão da liberdade à Igreja. Como as árvores que, durante o inverno, conservam incubadas as suas energias, ou recebem a poda providencial, para desabrochar com maior vigor, na primavera, assim o Carmelo torna a vicejar, depois deste período de letargia, a que esteve obrigado, durante o Império. (5)

Inicia-se assim a restauração; primeiro com os Carmelitas espanhóis; em seguida com os holandeses, em 1904. (6) A Ordem torna a florescer, em todo o Brasil, contando atualmente com inúmeros Conventos e Paróquias em vários Estados. A Província de Pernambuco abrange os estados de Pernambuco e da Paraíba; a Província Carmelitana de Santo Elias abrange os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Guanabara, Minas Gerais, Goiás e, também a capital da República; a Província da Bahia foi anexada à Província Carmelitana de Santo Elias. Além disso, muitos Carmelitas da Província Alemã Superior se encontram no Estado do Paraná, onde se dedicam a diversos tipos de apostolado.

Desde 1953, a nossa Província vem lutando para restaurar a Ordem do Carmo em Portugal, onde perecera. Contudo os crescentes progressos do Comissariado de Portugal são promissores de uma futura Província, em terras lusitanas.

Além de dar homens famosos pela santidade, o Carmelo brasileiro deu também à Pátria personagens ilustres e valorosos como Frei Caneca, o célebre mártir da revolução Pernambucana de 1817 - 1824; Frei Leandro do SSmo. Sacramento, fundador do Jardim Botânico do Rio; Dom Frei Pedro de Santa Madalena, perceptor do Imperador D. Pedro II; Dom Frei Francisco de Lima, primeiro Bispo do Maranhão e Pará; Frei José da Madalena, o introdutor da vacina contra a varíola.

 

Nota: Crônica da Província Carmelitana Fluminense.

1) 1º Vol. Janeiro de 1580.

2) 1º Vol. 13-04-1780 - Número dos religiosos 180.

3) 2º Vol. 19-05-1855 - Proibição de aceitar noviços.

4) 3º Vol. 17-11-1889 - Só restam 4 religiosos na Província Fluminense

5) 3º Vol. 18-01-1896 - Os Carmelitas Espanhóis chegam ao Rio de Janeiro.

6) 4º Vol. 27-11-1904 - Os Carmelitas Holandeses aportaram no Rio de Janeiro.

*Fonte: DA CRÔNICA DA PROVÍNCIA CARMELITANA FLUMINENSE, POR FREI CARMELO COX- 8º Volume)