Retiro Provincial, São José dos Campos, São Paulo.
De 08-10 de novembro-2019.
Tema: Viver a Fraternidade em Obséquio de Jesus Cristo.
Pregador: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Delegado Provincial
Vou Evangelizar
1-Senhor, eu quero te agradecer,
De todos os dias a gente poder conversar.
Senhor, às vezes me ponho a chorar,
Só tu és a força que anima o meu caminhar.
Eu quero te dizer agora
Que eu já vou embora
Evangelizar (bis)
2-Senhor, eu vejo irmãos a sofrer,
E sei pela fé que pedes a todos amar.
Senhor, o mundo precisa entender,
Que só com amor a justiça sobreviverá.
Texto-3
Tema: A Missão da Comunidade (Texto Bíblico. Lc 4, 18-19)
A missão não é uma tarefa que a comunidade pode executar, terminar e, depois, ficar livre dela. A missão é a natureza mesma da comunidade. Ela se expressa no novo estilo de vida que a comunidade assume. Toda nova experiência de Deus, quando de fato é verdadeira, traz mudanças profundas na maneira de viver e de conviver. A comunidade cristã ou é missionária ou não é comunidade cristã.
Através da descrição do início da missão de Jesus, Ele apresenta para as comunidades dos anos setenta os pontos principais que devem caracterizar a missão da comunidade cristã:
1- Criar comunidade. (Mc 1,16-20)
A primeira coisa que Jesus faz é chamar discípulos para segui-lo. O primeiro objetivo da missão é congregar as pessoas em torno de Jesus. É criar comunidade.
Ninguém deve aceitar o título de mestre, nem de pai, nem de guia, pois "um só é o mestre e todos vocês são irmãos" (Mt 23,8-10). A base da comunidade formadora não é o saber, nem o poder, nem a hierarquia, mas sim à igualdade de todos como irmãos. É a fraternidade ou irmandade de todos ao redor do mesmo Mestre.
Hoje eu estou prior, formador, tesoureiro, secretário… amanhã eu serei um irmão ou irmã para servir a comunidade e evangelizer a partir das minhas capacidades. A função, ou a missão que eu assumo no sodalício não é um poder ou um privilégio, mas um serviço na comunidade e para a comunidade.
A relação de poder e serviço é o ponto em que Jesus mais insiste. "Os reis das nações as dominam e os que as tiranizam são chamados bemfeitores. Entre vocês não seja assim" “Quem quiser ser o primeiro seja o último!”. Ele acrescenta ainda, "O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate para muitos".
2- Igualdade homem-mulher
Jesus muda o relacionamento homem-mulher. Tira o privilégio do homem com relação à mulher. Não só os homens, também as mulheres “seguem” Jesus, desde a Galileia. Ele revela os seus segredos tanto aos homens como às mulheres. À Samaritana revelou que é o Messias. À Madalena apareceu por primeiro depois de ressuscitado e lhe deu à ordenação de anunciar a Boa Nova aos apóstolos.
O sodalício não privilegia homem ou mulher, todos tem a mesma Missão de testemunhar o Cristo vivo e ressuscitado no cotidiano.
3- Partilha dos bens.
Na comunidade que se formou ao redor de Jesus, ninguém tinha nada de próprio, mas havia uma caixa comum que era partilhada também com os pobres. Nas viagens o missionário devia confiar no povo que o acolhia. Ele dependia da partilha que recebia. Jesus elogiou a viúva que soube doar até do seu necessário (Mc 12, 41-44).
Os bens de um sodalício pode ser motivo de missão ou divisão. A história da nossa comunidade Carmelita é passado e presente. Devemos zelar dos nossos bens enquanto doação e Missão. Uma mesa administrativa passa, o sodalício permanece.
4-Poder de perdoar e reconciliar.
O poder de perdoar em nome de Deus foi dado a Pedro, aos apóstolos e às comunidades. O perdão de Deus passa pela comunidade, que deve ser um lugar de perdão e de reconciliação, e não de condenação mútua.
Ao fazermos nossa profissão através dos votos de pobreza, castidade e obediência, nos comprometemos com um grupo de pessoas reais que são fundamentalmente boas, mas imperfeitas. Somos convidados à amar nosso próximo, que é um ser humano de carne e osso com sentimentos, que nem sempre reage como esperamos. É fácil amar outro ser humano na teoria, mas é mais difícil fazê-lo na prática.
Existe um certo paralelo entre a vida de um sodalício e a vida matrimonial. Sabemos que se um casal não mantém um diálogo, pequenas coisas se tornarão problemas maiores ou o casal se separará. A mesma questão está em atividade numa comunidade religiosa.
Um irmão (a) que não consegue conviver com o outro pode tentar evitá-lo pedindo uma transferência, mas existem alguns irmãos (as) que viveram em diversos sodalícios e não estão felizes em lugar algum. Muitos nunca perguntam se o problema pode estar vindo deles.
O encontro comunitário é uma ferramenta essencial para o crescimento de um grupo de indivíduos numa comunidade. Às vezes, surgirão tensões nos encontros comunitários. Isso é muito natural e não é algo que devemos temer. Se os encontros comunitários são realizados freqüentemente, de acordo com o que está estabelecido na regra da OTC, isso dá aos membros do sodalício a oportunidade de manifestar seus ressentimentos. Isso diminui o nível de tensão. Se os encontros comunitários não acontecem regularmente, não há foro no qual levantar as questões normais que emergem em toda comunidade. Na ausência de encontros comunitários regulares, à informação será transmitida por meio de discussões nos corredores. Isso também pode levar à apatia o que não é saudável.
5- Alegria.
Jesus diz aos discípulos: "Felizes são vocês!", porque seus nomes estão escritos no céu (Lc 10,20), seus olhos vêem a realização da promessa e o Reino é de vocês!
Estas são algumas das características da comunidade que nasceu ao redor de Jesus como amostra do Reino. Ela se tornou o modelo para a comunidade dos primeiros cristãos, descrita nos Atos dos Apóstolos e serve de modelo para todos nós! Este tipo de convivência humana é necessariamente formadora.
Na primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco, Evangelii Gaudium ou Alegria do Evangelho, ele deixa claro que o verdadeiro seguidor do Cristo é uma pessoa alegre, não no sentido de festa-passageira, mas a alegria que nasce da esperança, da misericordia e da convivência comunitária. Assim diz o Papa: “Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa” (n. 6). Ele ainda acrescenta; “Um evangelizador não deveria ter constantemente uma cara de funeral” (n. 10).
*Textos; ASSEMBLÉIA DA PROVÍNCIA CARMELITANA DE SANTO ELIAS-2017 e Frei Carlos Mesters. Adaptação, Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
Oração
Senhor Deus, na vossa imensa bondade suscitastes no coração dos primeiros carmelitas a iniciativa de criar a Família Carmelitana.
Como membros desta grande família, nosso maior desejo é viver em à Fraternidade em Obséquio de Jesus Cristo e praticar o que Ele nos ensinou sobre a oração, a fraternidade e o zelo profético.
Para nos ajudar na realização deste ideal, apontastes, desde o início, o duplo caminho da devoção à Virgem Maria e do exemplo do profeta Elias- Nosso Paia e Guia.
Nós vos agradecemos, porque, ao longo dos séculos, fizestes com que aquela pequena família, nascida há quase 800 anos lá no Monte Carmelo, mostrasse o seu vigor, crescendo e abrindo o seu carisma para todos.
Hoje, ela congrega, numa única família, homens e mulheres, religiosas, sacerdotes e leigos de quase todas as raças e línguas, nações e continentes.
Nós vos pedimos: que nossos Sodalícios sejam comunidades verdadeiras e Pequenos Carmelos, onde se cultiva a Vontade de Deus e onde o povo possa saborear a abundância dos teus frutos e matar sua sede de Deus, de fraternidade e de justiça.
Isto te pedimos por Jesus, teu Filho, que nos revelou a tua face, e pelo Espírito Santo que reza em nós e nos atrai para Ti que vives e reinas pelos séculos dos séculos. Amém.