Congresso da OTC em Aparecida/SP. 3-4 de agosto-2019.

Frei Carlos Mesters, O. Carm.  

(Meditação pessoal ou comunitária por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm)  

 

A Regra do Carmo surgiu como proposta de vida naquele grupo de peregrinos que viviam no Monte Carmelo. Eles pediram ao Alberto para que, em nome da Igreja, confirmasse a proposta deles. A forma de vida que eles adotaram, desde o começo, era o novo tipo de Vida Religiosa que estava surgindo na Europa e que se chamava Movimento Mendicante.

A novidade da vida mendicante era a insistência na fraternidade como revelação da Boa Nova do amor de Deus para os pobres, os “menores”. A fraternidade mendicante era a fraternidade dos “menores”, do povo pobre que necessitava criar entre si laços de solidariedade para poder sobreviver nas cidades. Ser mendicante significava optar para viver numa fraternidade pobre, de “menores”. Eles eram chamados frades menores.

Esta raiz mendicante da nossa fraternidade carmelitana não pode ser esquecida, pois ela é a característica básica que afeta a nossa vida desde a sua origem e é uma dimensão muito atual para nós na América Latina, onde os “menores”, os pobres, são a grande maioria. Enumeramos aqui cinco características da fraternidade mendicante na Regra do Carmo, com quatro perguntas para nós da Ordem Terceira do Carmo,

 

A função do prior e o exercício da autoridade (Rc 4).

A primeira coisa que a Regra estabelece é ter um prior e não um abade. Os grandes mosteiros tinham como superior um abade, eleito ou nomeado para a vida inteira. Os mendicantes não tinham abade, mas sim um prior, eleito para três anos pelos próprios confrades. Depois dos três anos, o prior voltava a ser frade. Conforme a Regra, o prior deve exercer a sua autoridade em conjunto com os outros frades, na escolha do lugar (Rc 5), na indicação da cela (Rc 6). Devia envolver a todos e criar neles um senso de corresponsabilidade e de participação. Prevalecia a fraternidade sobre a hierarquia.

 

Meditação pessoal ou comunitária

1-Temos a liberdade de conversar com o prior sobre os diferentes desafios e problemas da nossa fraternidade ou temos medo?   

2-Ser prior é missão passageira. Somos chamados a ser carmelitas ou ser prior? Qual a diferença?

3-Faço os votos perpétuos para servir ou para mandar no sodalício?  

 

A dimensão comunitária e o contato entre os sodalícios (Rc 8).

Na Regra, os Carmelitas aparecem como eremitas que vivem em comunidade. Naquela época havia muitos eremitas itinerantes. Eles não viviam em comunidade. Tinham um compromisso com um monge “diretor espiritual”. Depois de um tempo de convivência com um monge, procuravam outro monge diretor em outro lugar. Os carmelitas mendicantes tinham compromisso não com um monge, mas com a comunidade e com o ideal expresso na Regra. Para impedir o retorno ao modo de viver dos eremitas itinerantes sem vida comunitária, onde cada um buscava seu próprio diretor lugar ou diretor espiritual, a Regra estabelece: Não é permitido a nenhum irmão, a não ser com licença do prior em exercício, mudar-se de lugar de moradia que lhe foi indicado ou trocá-lo com outro. Os primeiros carmelitas renunciavam à itinerância dos eremitas que viviam em busca de um guia espiritual. Eles eram eremitas que viviam em comunidade e submetiam sua vida às normas da comunidade. O mesmo vale para a cela do prior na entrada. Tanto os novos candidatos como os visitantes e peregrinos que vêm ao lugar, todos são acolhidos e orientados pelo prior que representa a comunidade.

 

Meditação pessoal ou comunitária

1-Somos da Ordem Terceira do Carmo que preza e vive a espiritualidade carmelitana FRATERNA. Somos um grupo de amigos, um clube ou Carmelitas?

2-No Monte Carmelo os primeiros monges viviam em COMUNIDADE. O Carmelo é COMUNIDADE! Sinto esta harmonia no Sodalício ou estamos longes desse sonho carmelitano?

3- Como é possível expressar a fraternidade real em nosso Sodalício?

 

Ter tudo em comum para que ninguém passe necessidade (Rc 12)

A comunhão de bens era um ponto característico das fraternidades mendicantes. A preocupação, para que tudo seja distribuída de acordo com as necessidades de cada um, é uma expressão desta fraternidade.

 

Meditação pessoal ou comunitária

1- Temos a preocupação com as necessidades dos nossos irmãos e irmãs do Sodalício?

2- Os bens da Ordem Terceira ou doações- moveis e imóveis- nos une ou nos separa da fraternidade e espiritualidade carmelitana?

3- Somos IRMÃOS! Em outras palavras, TEMOS TUDO EM COMUM. Sabemos dos reais gastos e ganhos do Sodalício ou isso é apenas coisa do Prior e seu conselho?

 

Todos são responsáveis pelo todo e pelo bem-estar de cada um (Rc 15)

A reunião semanal ou Capítulo era uma expressão típica, própria das fraternidades mendicantes. Nela se tratava de três coisas fundamentais para a vida comunitária: do bem comum do conjunto, do bem-estar de cada um e da correção fraterna, feita com caridade. O capítulo local semanal era o lugar da partilha e da direção espiritual.

 

Meditação pessoal ou comunitária

1-Enfrentamos os problemas do Sodalício ou “empurramos para baixo do tapete?

2-O nosso encontro mensal é motivo de alegria- encontro de família -ou de acusações?

3- Nos sentimos bem no Sodalício ou somos obrigados a fazer parte dos momentos de formação e confraternização?