Frei Chalmers Joseph, O. Carm. Ex- Prior Geral da Ordem do Carmo.

Ela entrou no mosteiro carmelita de Santa Maria dos Anjos aos dezesseis anos em 1582, o ano da morte de Santa Teresa. Este era um vibrante mosteiro com quase oitenta monjas. Os cinco primeiros anos da vida religiosa de Maria Madalena foram marcados por visões, êxtases e outros fenômenos. Membros da comunidade escreveram suas declarações enlevadas e a eles devemos nosso conhecimento de Santa Maria Madalena.

Uma das marcas da espiritualidade de Santa Maria Madalena foi um grande amor pela Igreja, uma paixão por sua reforma e pela reforma da vida consagrada. Ela é uma eminente testemunha do zelo apostólico e de uma dimensão eclesial que é o fruto da verdadeira contemplação.

O mosteiro carmelita é uma parte vibrante da Igreja local e não é um refúgio do mundo. A monja carmelita, como Santa Maria Madalena, mergulha profundamente no coração da Igreja e em sua missão de espalhar a Boa Nova do Reino de Deus. A clausura é uma separação física do mundo para dar maior liberdade à monja carmelita de estar unida espiritualmente a todo ser humano. “A sua vida torna-se, assim, uma misteriosa fonte de fecundidade apostólica e de bênçãos para a comunidade cristã e para todo o mundo” (Verbi Sponsa, 7).

Santa Maria Madalena de Pazzi tinha uma profunda devoção pela paixão de Cristo e viu nela o caminho pelo qual o ser humano foi recriado. Sua espiritualidade era cristocêntrica e, ao mesmo tempo, mariana. Ela compreendeu a volta do ser humano a Deus como a luta entre dois amores: o amor pessoal e o amor de Deus. O orgulho destrói a união entre Deus e o ser humano e entre os próprios seres humanos. A humildade restabelece a união. O amor é a chave para o relacionamento humano-divino. A vida espiritual para a monja de Florença é circular: ela tem seu começo e seu fim em Deus. A pessoa transformada vive a vida de Deus e é de grande benefício para toda a Igreja.

A liturgia era o cenário para muitos dos êxtases de Santa Maria Madalena. Muitas vezes, após receber a Santa Comunhão, que ela compreendia como o sacramento do amor, ela entrava em profunda oração. A liturgia é um elemento essencial da vida da monja carmelita. Como os eremitas no Monte Carmelo, a monja carmelita vai da solidão de sua cela à capela no coração do mosteiro e depois volta à sua cela. Ela traz a oração da comunidade, que é a Oração de Cristo, cabeça e membros, um coração que foi purificado por sua comunhão com Deus na solidão da cela. Ela é fortalecida pela oração da comunidade a continuar sua busca por Deus.

A celebração fiel da Liturgia Divina é parte integrante da missão da comunidade de clausura. A celebração diária da Eucaristia e do ofício divino é uma partilha na contínua oração de Cristo ao Pai. Todo o ser da monja carmelita é ampliado através de sua vida de união com Deus e ela se abre a todas as necessidades da Igreja e do mundo e as apresenta por Cristo ao Pai pelo poder do Espírito Santo.