Frei Claudio Van Balen, O. Carm. Convento do Carmo do Carmo Sion, Belo Horizonte-MG.

 

Suspeita plenitude no vazio,

amparo em pura insegurança,

tropeço a desafiar o não-saber.

 

Deus, à medida da criatura,

nobre projeção da total pequenez,

teimosa onipotência sem possessão.

 

Inesgotável imaginário

a lidar com mil carências,

justificando formas de poder.

 

Deus, luz abraçada com trevas;

imponência a esconder insignificância,

desesperada infinitude do nada.

 

Sorriso para o náufrago,

justificativa para sobreviventes,

sentido para os caminhantes.

 

Deus, reflexo do mistério da criação,

respiro do que é e não se explica,

suprema expressão de gratuidade.

 

Questionamento a anular respostas,

subterfúgio do pobre em ousadia,

exclamação dos que abraçam o existir.

 

Deus, no sorriso o pranto,

na eloquência o silêncio,

presença em extremado abandono.

 

Teimosia dos que buscam,

revolta dos que desistiram,

Deus, o próximo dos distantes.