A cidade de Venturosa (246 km do Recife) cidade sofre sem água nas torneiras desde fevereiro de 2013. Pior: os moradores também sofrem com uma onda de diarreia e culpam a água ofertada por carros-pipa.

Segundo boletim da Secretaria de Saúde de Pernambuco, desde janeiro a cidade está em situação de "epidemia de diarreia". É uma das seis cidades do Estado que não conseguiu, em nenhum trimestre sequer, deixar a zona epidêmica --cinco outras também sofrem com a estiagem. Venturosa será uma das beneficiadas em Pernambuco com a transposição do rio São Francisco –inicialmente prevista para ser concluída em 2010, agora programada para 2017. 

O UOL visitou a casa de vários moradores, e em todos os casos ouviu reclamações sobre a água e histórias de doenças causadas supostamente pela má qualidade. Também viu o armazenamento feito de maneira incorreta, facilitando a proliferação do mosquito Aedes Aegypti.

Na cidade, a água comprada chama atenção pela cor amarelada. Ao chegar mais perto, é possível também perceber um odor diferente. "Já tive diarreia quatro vezes desde que comecei a receber essa água. A gente bota no tanque e com dois dias já tem larva dentro. Tem que colocar bastante cloro para matar, mas aí temos problema pelo cloro", conta o feirante José Cícero Tibúrcio, 49.

Ele conta que gasta R$ 17 para comprar 1.000 litros de água. Como aos fins de semana o feirante recebe a visita das filhas de 6, 7 e 13 anos, existe um maior cuidado com a qualidade. "Elas já foram para o hospital por conta dessa água suja. É uma falta de respeito enorme, e não tem o que fazer. A gente só fica aqui nessa terra porque tem um negócio, ganha um trocadinho, mas é muito complicado", afirma.

Tibúrcio afirma que, para beber e cozinhar, após os casos de diarreia das filhas, passou a comprar água mineral. "Pago R$ 6 por um botijão de 20 litros. É terrível ter que gastar, mas faço especialmente pelas minhas filhas, que são pequenas e inocentes", diz.

O aposentado João Alves de Almeida, 72, é outro que conta ter tido problemas com diarreia pela da qualidade da água. Sem caixa d'água, ele armazena em tonéis descobertos. A água exposta tem mau cheiro e é repleta de larvas.

A aposentada Maria Quitéria da Silva, 65, diz que escapou de ter diarreia, mas sofreu com outro problema que atinge a cidade: a tríplice epidemia transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti. "Já tive duas vezes doenças, a última essa tal de chikungunya. É um sofrimento enorme, tenho muitas dores, já gastei o que não tinha para tentar melhorar, mas não tem jeito. São para sempre essas dores, me disseram. Acredito que seja essa água suja que cause tanta doença na cidade", afirmou.

Fonte: http://noticias.uol.com.br