Pastor investigado por supostos desvios do MEC ora por ‘vitória financeira em tempo de crise’ durante culto

Na semana passada, ele foi alvo de operação da PF que apura corrupção e tráfico de influência no Ministério da Educação. Vídeo mostra momento da oração que foi realizada a fiéis de igreja em Goiânia.

 

Pastor Gilmar Goiânia — Foto: Reprodução/Instagram

 

Por Gabriela Macêdo, g1 Goiás

O pastor Gilmar Santos, que é investigado por supostos desvios no Ministério da Educação (MEC), orou por "vitória financeira em tempo de crise", durante culto realizado nesta terça-feira (28), em uma igreja de Goiânia. Vídeo mostra o momento da oração que foi realizada a fiéis de uma igreja da capital.

"Glória a Deus, sejamos abençoados financeiramente, Deus nos dê vitória financeira nesse tempo de crise", disse o pastor.

A fala de Gilmar Santos aconteceu durante um culto no Ministério Cristo para Todos, em Goiânia, e foi transmitida pelas redes sociais do pastor na noite de terça-feira (28). O pastor também publicou trecho da oração em suas redes sociais.

Mesmo tendo sido solto há apenas seis dias, o pastor não comentou sobre a prisão ou a investigação durante a oração.

g1 pediu uma nota ao Ministério da Educação no sábado (25), às 9h, por e-mail, sobre a suposta influência que o pastor teria na pasta e aguarda retorno. Na época em que o escândalo foi revelado, o religioso negou participação.

 

'Amigos do pastor Gilmar'

Gilmar Santos é um dos investigados por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do Ministério da Educação para municípios – em que, segundo prefeitos, houve pedidos de propina para liberação de verba da pasta.

A atuação de Gilmar e do também pastor Arilton Moura no Ministério da Educação – mesmo sem terem cargos no órgão – foi revelada pelo jornal "O Estado de São Paulo" em março.

Dias depois, o jornal "Folha de S.Paulo" revelou uma gravação em que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro disse, à frente do ministério, tinha como prioridade "atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", em referência a Gilmar Santos.

Segundo o ex-ministro da Educação, a atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar foi um pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A PF abriu um inquérito para investigar o caso e, na semana passada, fez buscas e prendeu Gilmar, Arilton, o ex-ministro Milton Ribeiro, o ex-assessor do MEC Luciano Musse e Helder Diego da Silva Bartolomeu, genro do outro pastor, Arilton Moura. Todos foram soltos após uma decisão do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

Segundo as investigações da Polícia Federal, o pastor Arilton Moura pediu R$ 100 mil ao empresário José Edvaldo Brito, em troca da realização de um evento em Odessa com a participação de Milton Ribeiro, então ministro da Educação.

O empresário disse que fez os depósitos a pedido do pastor Arilton Moura. Segundo ele, os recursos seriam para ações filantrópicas.

Documentos enviados pelo empresário José Edvaldo Brito à Controladoria-Geral da União (CGU) mostram a realização de depósito de R$ 17 mil na conta de Wesley Costa de Jesus, genro do pastor Gilmar Santos, e de R$ 20 mil para Musse (o ex-assessor do MEC); e R$ 30 mil Bartolomeu.

O evento do ministro Milton Ribeiro com prefeitos da região de Nova Odessa, aconteceu em 21 de agosto, 16 dias depois dos pagamentos. Fonte: https://g1.globo.com